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32º Mostra Internacional de Cinema de São Paulo

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26 de Outubro de 2008 –



Uma qualidade das mostras é tomarmos contato com as novidades. Uma grata surpresa deste ano foi o filme franco-belga “9 MM”, de Taylan Barman.

Primeiro vemos algumas imagens, como um vestuário e um cemitério. Na outra seqüência, a câmera se aproxima de uma porta. Depois de parar, ouvimos um tiro. O filme regride para o começo do dia, onde conheceremos Roger, o pai, Nadine, a mãe, e Laurent, o filho.

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O pai é ex-bombeiro, desempregado por um acidente. A mãe é policial. E o filho um jovem refugiado em um grupo de rebeldes do bairro. O primeiro é infeliz com sua condição de inválido; a segunda, infeliz com a vida de casada; o terceiro, infeliz com sua família. A quem foi endereçada a bala???

Acompanhamos um dia dessa família, pelos pontos de cada membro. Como em obras do gênero, uma cena desmente a outra: quando construímos uma idéia de uma personagem, a seqüência seguinte o desconstrói. Barman faz isso muito bem.

O diretor demonstra destreza ao revelar detalhes do psicológico das personagens usando elementos de cena: um traveling ao redor do quarto de Laurent: revistas de rip Rop, cartaz de Che, fotos.

As atuações são fortes, transmitindo todo desequilíbrio instaurado naquela família. Não se trata de um filme para relaxar, mas para gerar reflexão.

Barman é jovem e tem poucos filmes no currículo, segundo o site da Mostra, com este são três. Ele não tem fez nenhum curso. Começou com uma câmera na mão, uma idéia na cabeça e uns amigos como atores. Dirigiu curtas-metragens e venceu um festival de cinema amador. Segundo disse antes da projeção do filme, “9 MM” é o seu trabalho mais, digamos, profissional: foi, por exemplo, o primeiro com um roteiro fechado.

Abaixo, uma entrevista com o simpático Taylan Barman:


Taylan Barman

Cinepop: Como foi fazer o primeiro filme profissional, deixando os filmes caseiros?

Taylan Barman: Não tem muito diferença no final, porque sempre quero falar sobre algo… Bom, claro, tem mais meios, a estrutura, a experiência, mas sempre com essa vontade de falar através da imagem, transmitir uma mensagem. Não é um cinema muito para diversão ou entretenimento, mas para a conscientização de algumas realidades.

Cinepop: E no que você se inspirou para fazer “9MM”?

Taylan Barman: Vi vários acontecimentos e comecei a me perguntar e a analisar um pouco sobre o que eu estava vendo, e também o porquê eu estava vendo certas coisas, como o mal estar das pessoas e o excesso de pressão da sociedade sobre cada individuo. Fiquei meio chocado também a respeito do suicídio. E essa história é na verdade o meu ponto de interrogação sobre o suicídio. Não tem explicações sobre o porquê aconteceu. Em nenhum momento do filme se tem uma indicação de que ele vai se suicidar no final.

Cinepop: Você falou antes da exibição que este foi o primeiro filme com estrutura mais elaborada, com roteiro fechado. O quanto você pretende manter de improviso e o quanto pretende manter de estrutura mais fechada, como roteiro, nos próximos trabalhos?

Taylan Barman: Eu dei liberdade para os atores. O mais importante era os atores serem autênticos, sem parecerem superficiais nas suas falas. Os diálogos estavam no roteiro, mas eles tinham a liberdade, pois cada ator tinha sua técnica. Eles realmente aprenderam os diálogos e aturam sem percebermos que se tratava de um roteiro. Até porque eles tinham a liberdade de falar com as próprias palavras. O principal é se sair bem no final. Eles tinham muita liberdade para atuarem. Na verdade os atores gravaram em planos seqüenciais, o que era mais cansativo para eles, mas os deixavam mais envolvidos com a personagem. Depende muito também dos atores com quem se trabalha: antes, estava acostumado a trabalhar com atores amadores. Com eles eu deixava mais livre a atuação, pois o roteiro fechado os deixavam muito presos. E os profissionais podem gravar um texto e improvisar ao mesmo tempo.

Cinepop: Quais as suas influencias?

Taylan Barman: Não sou muito cinéfilo… Um filme, por exemplo, é “Era Uma Vez América” [de Sergio Leone], que não tem nada haver com “9MM”. O cinema para mim foi algo bem natural, sempre a procura da realidade. Eu também gosto de um cineasta inglês que faz filmes realistas, mas que não me lembra o nome agora.

Cinepop: Quais são os seus próximos projetos e o que você está achando da Mostra?

Taylan Barman: Eu tenho algumas idéias, mas como ando super ocupado com a divulgação do filme, prefiro ver o “9 MM” ser bem lançado e depois me afundar em outros projetos. Porque eu não consigo fazer dois projetos ao mesmo tempo. Então, vou aguardar. Quanto a Mostra, acho muito bom essa oportunidade de poder mostrar o filme ao público e de me encontrar com ele, de compartilhar experiências e de ter um retorno. E a Mostra tem muito público que vai assistir ao filme. E é bom, faz bem para o direto.

Cinepop: Obrigado!

Taylan Barman: Obrigado!

26 de Outubro de 2008 –

COLEÇÃO APLAUSO LANÇA ONZE ROTEIROS DE GRANDES FILMES DA PRODUÇÃO NACIONAL RECENTE

Os roteiros integram a Série Cinema Brasil, que traz também fotos do making-off das produções e apresentação dos diretores e roteiristas. No roteiro de Fim da Linha, por exemplo, o leitor poderá ver o storyboard criado pelos gêmeos Fabio Moon e Gabriel Bá. A lista dos livros com lançamento marcado para a 32ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, no dia 28 de outubro, inclui roteiros de filmes premiados e de grande sucesso de público, como O Céu de Suely, O Ano em que Meus Pais Saíram de Férias, Estômago e Cidade dos Homens.

O escritor de telenovelas, minisséries e seriados de televisão e roteirista Doc Comparato uma vez afirmou que “um bom roteiro não é garantia de um bom filme, mas sem um roteiro não é possível fazer um bom filme”. É com a proposta de mostrar a importância do roteiro na produção cinematográfica aos leitores, cinéfilos e estudantes da área de áudio-visual que a Imprensa Oficial do Estado de São Paulo lança onze novos roteiros de grandes filmes da produção nacional dos últimos anos.Na lista, figuram filmes aclamados pela crítica e pelo público, no Brasil e no exterior, como O Céu de Suely, O Ano em que Meus Pais Saíram de Férias, Estômago, Chega de Saudade, Cidade dos Homens, Não por acaso, Batismo de Sangue, Onde andará Dulce Veiga, Os 12 trabalhos, Fim da Linha e Quanto vale ou é por quilo? O lançamento será na próxima terça-feira, dia 28 de outubro, no Shopping Frei Caneca (Rua Frei Caneca, 569 – 4º andar), a partir das 19 horas. No mesmo dia, também serão lançadas 20 biografias entre as quais a de Walmor Chagas, Joana Fomm e Lolita Rodrigues.

Além dos roteiros, os livros trazem fotos dos making-off dos filmes, apresentações de diretores e roteiristas e informações sobre o processo de produção. É o caso de Fim da Linha, cujo livro reproduz o storyboard feito especialmente para o filme pelos premiados artistas Fábio Moon e Gabriel Bá, e revela como essa ferramenta é útil durante as filmagens. Em Estômago, uma novidade: a relação das receitas preparadas no filme, com indicação das cenas em que aparecem.

Para os apaixonados por cinema, e que provavelmente já viram esses filmes na grande tela, a leitura dos roteiros trará surpresas. A explicação é simples: o resultado final, depois das filmagens e da montagem, pode ser, e normalmente é, bastante diferente do roteiro inicial. Um exemplo é o de Os 12 Trabalhos, dirigido por Ricardo Elias e com roteiro de Cláudio Yosida. A proposta inicial sofreu tantas alterações que diretor e roteirista decidiram publicar as duas versões.

A produção do roteiro, desde a concepção até a versão final, envolve uma série de mudanças, muita transpiração e tempo de maturação. Caso emblemático é o do diretor e roteirista Philippe Barcinski, de Não por Acaso, que escreveu o texto ao longo de cinco anos. As primeiras linhas foram escritas em 2001 e o filme foi lançado somente no ano passado, no Festival de Cinema do Rio. Lusa Silvestre, roteirista de Estômago, levou quase dois anos para escrever o roteiro do filme até chegar ao texto apresentado no livro publicado pela Imprensa Oficial. “No começo, era só uma brochura com um monte de papel junto. No quase-fim, já era um filme bom, com pegada, personalidade. No fim, fim mesmo, é isso: ele publicado em forma de livro. Fomos das palavras às cenas, e agora voltamos às palavras”, conta.

Histórias interessantes não faltam na criação de um roteiro. A mais inusitada delas é a do roteirista Luiz Bolognesi e da diretora Laís Bodanzky. Num dia de semana qualquer, entre uma cerveja e outra no Clube Piratininga, ao som da Orquestra Tabajara, começou a ser escrito o roteiro de Chega de Saudade, motivado principalmente pela paixão dos amigos pelos tradicionais bailes de salão.

Essas e outras histórias da sétima arte brasileira podem ser conferidas com os lançamentos da Coleção Aplauso. Criada pela Imprensa Oficial do Estado de São Paulo em 2004, ela já conta com 156 títulos entre biografias de cineastas, atores, atrizes e dramaturgos, peças de teatro, roteiros de cinema e histórias de emissoras de televisão.


Confira a lista completa dos roteiros com lançamento na Mostra de Cinema

BATISMO DE SANGUE (Helvécio Ratton e Dani Patarra)

Ganhador do Prêmio Jabuti de 1985, Batismo de Sangue foi escrito por Frei Betto e conta a história dos frades dominicanos que apoiaram a luta armada contra o regime militar. Na versão roteirizada pelo diretor do filme, Helvécio Ratton, e por Dani Patarra para a Imprensa Oficial, o personagem central da história é Frei Tito, um dos frades dominicanos que, no final dos anos 60, ajudaram o grupo guerrilheiro Ação Libertadora Nacional (ALN), liderado por Carlos Marighella, no combate à ditadura. Os dominicanos foram presos e torturados por integrantes dos órgãos clandestinos de repressão, comandados pelo delegado Fleury, que organizou a emboscada em que Marighella foi morto, em dezembro de 1969. Um ano depois, Frei Tito saiu da prisão em um processo de troca para libertar o embaixador da Suíça, Giovani Enrico Bucher, seqüestrado pela Vanguarda Popular Revolucionária (VPR). Tito seguiu para o Chile, passou pela Itália e mais tarde fixou-se na França, nos arredores do convento de La Tourtelle, onde se suicidou em 1974. Neste livro da Coleção Aplauso, o roteirista e o protagonista do filme têm uma história comum. Helvécio Ratton conheceu Frei Tito no Chile, onde ambos viviam exilados, fato que explica ter escrito o roteiro de Batismo de Sangue.

QUANTO VALE OU É POR QUILO? (Sérgio Bianchi)

Se o cinema não se cansa de beber na fonte da literatura, pode-se dizer que Sérgio Bianchi selecionou o que havia de melhor no mundo das letras quando levou para as telas Quanto Vale ou é por Quilo? O filme é uma livre adaptação do conto “Pai contra Mãe”, de Machado de Assis, entremeada com pequenas crônicas do pesquisador Nireu Cavalvanti sobre escravidão no Brasil, e revela as mazelas e contradições de um país em permanente crise de valores. O roteiro agora publicado pela Coleção Aplauso é de Newton Cannito e Eduardo Benaim, além do próprio diretor do filme, Sérgio Bianchi. A narrativa costura dois recortes históricos em intervalos de tempo diferentes: o antigo comércio de escravos do século XVIII e a exploração da miséria pelo marketing social dos dias atuais. Misturando as duas épocas, com a repetição de alguns personagens em situações análogas, o roteiro aponta dois desfechos para o filme, criando uma duplicação de possibilidades que surpreende o leitor. Como “extras”, o livro traz o conto de Machado de Assis que inspirou o filme, algumas crônicas de Nireu Cavalcanti, além de uma pequena coletânea de críticas de jornais e revistas que analisam o filme.

NÃO POR ACASO (Philippe Barcinski, Fabiana Werneck Barcinski e Eugênio Puppo)

Após ter dirigido vários curtas, Philippe Barcinski estreou no longa-metragem com Não por Acaso, ganhando vários prêmios no Brasil e no exterior, como o de Melhor Ator do Festival de Huelva, na Espanha, e de Novo Diretor do Prêmio Hugo, em Chicago. O roteiro foi escrito ao longo de cinco anos, de 2001 a 2006, em parceria com Fabiana Werneck Barcinski e Eugênio Puppo. Toda essa dedicação justifica a tese de Philippe Barcinski para a construção de um bom filme. “Com um bom roteiro nas mãos, escolhendo-se bem os atores, tem-se um bom filme. A partir de um roteiro mal escrito, será muito difícil, por mais eficaz que seja a realização, gerar um bom filme”. O filme se desenvolve a partir de um acidente de trânsito, entrelaçando os dois personagens centrais da história: Ênio (Leonardo Medeiros), um engenheiro controlador de tráfico que vive na Praça Roosevelt, e Pedro (Rodrigo Santoro), construtor de mesas de sinuca. Ênio possui uma mania de controle que também se reflete em sua casa, onde suas ações são extremamente controladas. Ele se surpreende quando reencontra Mônica (Graziella Moretto), sua ex-mulher, que lhe diz que sua filha Bia (Rita Batata), de 16 anos, deseja conhecê-lo. O encontro é adiado devido a um acidente sofrido por Mônica, que atropela Teresa (Branca Messina), namorada de Pedro. Seis meses depois Bia encontra Ênio, mas pai e filha enfrentam dificuldades em se relacionar. Já Pedro é forçado a visitar o antigo apartamento de Teresa, onde agora vive Lúcia (Letícia Sabatella).

CIDADE DOS HOMENS (Elena Soárez e Paulo Morelli)

A fama da dupla Laranjinha (Darlan Cunha) e Acerola (Douglas Silva), do elogiado Cidade de Deus, de Fernando Meirelles, originou a criação de Cidade dos Homens, filme que tem roteiro de Elena Soárez e encerrou a série de TV da Rede Globo produzida em parceria com a produtora O2 Filmes. O filme foi produzido por Paulo Morelli, que já havia feito três episódios da série. A idéia nasceu dos relatos colhidos numa pesquisa feita com moradores do Rio. A partir daí, Elena Soárez escreveu o texto. “Mas o roteiro final só veio mesmo nos ensaios, quando os próprios atores davam o tom de suas falas. Essa foi a idéia que usamos na série e que deu muito certo”, explica Morelli. A trama aborda uma cena comum nas favelas do Rio e do Brasil: a precoce paternidade de jovens que na maioria das vezes não assumem os filhos, deixando a tarefa para as mães e avós. “A situação é ainda pior porque essas crianças irão crescer tendo o traficante como imagem paterna, do pai poderoso, com dinheiro, mulheres e a ilusão de um futuro melhor”. É a partir das experiências pessoais de Laranjinha, que decide procurar o pai, e de Acerola, que precisa cuidar de um filho pequeno, que o roteiro se desenvolve e traz para discussão uma questão social mais ampla. “Ao contar a história do nascimento de um pai que luta para cuidar do filho em um lugar incrivelmente hostil, de alguma maneira, contamos a história de muitos.
E, a despeito do seu abandono, esses jovens são fortes o bastante para guiar suas vidas com alegria e esperança”, ressalta Morelli.

O CÉU DE SUELY (Mauricio Zacharias, Felipe Bragança e Karim Aïnouz)

Fato raro na cena cinematográfica nacional, O Céu de Suely teve sua estreia fora do país, mais precisamente na Mostra Orizzonti, do Festival de Veneza 2006, sendo o único filme brasileiro selecionado para o evento. Era apenas o início de uma seqüência de conquistas na carreira do diretor Karim Aïnouz, conhecido também por Madame Satã e Abril Despedaçado. Assinam o roteiro do livro da Coleção Aplauso, Mauricio Zacharias, Felipe Bragança, além do próprio Karim Aïnouz. O filme conta a história de uma jovem que volta de São Paulo com seu filho recém-nascido para a casa de sua família, no interior do Ceará. Ela espera a chegada do marido que deve reencontrá-la. Sozinha, Hermila tenta reinventar sua vida, mas continua com o sonho de ir embora para um lugar o mais longe possível. Outra curiosidade do filme está relacionada à atuação da protagonista, Hermila Guedes. Ovacionada pela crítica e pelo público, este foi apenas o seu primeiro papel no cinema.

ONDE ANDARÁ DULCE VEIGA? (Guilherme de Almeida Prado)

Aclamado pela crítica como o melhor filme do diretor Guilherme de Almeida Prado, Onde andará Dulce Veiga? foi lançado no Festival do Rio de Janeiro em 2007. Baseado na obra de Caio Fernando Abreu, o roteiro já havia sido selecionado cinco anos antes, em 2002, para o VI Laboratório de Sundance no Brasil, propiciando o início das filmagens em 2005. O filme conta a história de um jornalista que vai entrevistar uma jovem cantora de rock e descobre que ela é filha da famosa Dulce Veiga, cantora desaparecida no auge da carreira. Atraído pela história, o protagonista passa a investigar o que teria acontecido com Dulce, envolvendo-se em uma trama de surpresas, mistérios e revelações. Diretor e autor deste roteiro, Guilherme de Almeida Prado fez seu primeiro longa, Flor do Desejo, em 1984. Quatro anos depois ganhou o Festival de Gramado com A Dama do Cine Shangai. Para ele, existem dois tipos de cineastas: aqueles que pretendem mudar o mundo e aqueles que podem mudar nossa percepção de mundo. “Prefiro a segunda opção. Acredito que, sem mudar nossa percepção de mundo, não poderemos mudar efetivamente o mundo”.

CHEGA DE SAUDADE (Luiz Bolognesi)

A parceria entre a diretora Laís Bodanzky e o roteirista Luiz Bolognesi vem desde a produção de Bicho de Sete Cabeças, um dos sucessos do cinema nacional na última década. Agora, a dupla aproveita a paixão pelos bailes para fazer Chega de Saudade, ainda em cartaz no Brasil. Premiado no Festival de Brasília nas categorias Melhor Roteiro, Melhor Direção e Escolha do Público, o filme se passa em um Salão de Baile no bairro paulistano da Lapa, onde um grupo de meia-idade se reúne semanalmente. Segundo Bolognesi, que produziu o roteiro, a idéia surgiu quando saiu para tomar uma cerveja com a amiga Laís Bodanzky e ver os casais dançarem no Clube Piratininga ao som da Orquestra Tabajara. “A partir daquele fim de tarde em que a cidade fervilhava na hora do rush, nós descobríamos um novo mundo dentro dos salões e começamos a trabalhar a idéia de um filme. Doze anos se passaram entre essa tarde e a noite em que Chega de Saudade foi projetado pela primeira vez no Festival de Brasília. E se tem alguma coisa que ganhou com essa passagem de tempo, foi o roteiro. Um bom roteiro deve envelhecer na gaveta”, diz Bolognesi na apresentação do livro. No filme, um par de crooners (Elza Soares é um deles) se diverte no salão ao som de uma orquestra. O sonoplasta (Paulinho Vilhena) leva sua namorada (Maria Flor) para conhecer o local, quebrando a rotina dos freqüentadores. A garota provoca ciúmes no namorado quando é cortejada por um cliente assíduo do baile (Stepan Nercessian). A confusão está armada.

OS 12 TRABALHOS (Cláudio Yosida)

Com referências claras ao mito grego de Hércules, Os 12 Trabalhos mostra uma faceta do retrato social de São Paulo por meio de um personagem conhecido, porém pouco compreendido pela população das grandes metrópoles: o motoboy. Dirigido por Ricardo Elias e com roteiro de Cláudio Yosida, o filme conta a história de Herácles, um jovem negro que tenta refazer a sua vida após sair de um reformatório para menores infratores. Um dado que o leitor pode estranhar, mas que será bastante útil para entender a produção de um filme, é o fato de o livro contar com duas versões de roteiro. “Os 12 Trabalhos passou por muitas mudanças desde a versão inicial até a que foi filmada e depois também na montagem. Para que fique mais fácil para o leitor identificar as mudanças, resolvemos publicar as duas versões”, conta Yosida. No primeiro dia no novo emprego, o garoto irá passar por doze provações, cruzando com os mais diferentes tipos de São Paulo. Enquanto o personagem mitológico Hércules enfatiza a grandiosidade dos trabalhos, no caso de Herácles não é isto que se ressalta no filme, e sim a força de vontade necessária aos jovens pobres das metrópoles para sobreviver à sedução do tráfico de drogas, à violência urbana, ao trânsito caótico, às pressões enormes no trabalho e à falta de escolaridade adequada. É da tensão entre a fragilidade aparente de Herácles diante de todos os problemas que se colocam para ele e da sua convicção de buscar um caminho fora da marginalidade que surge o retrato realista de uma das principais questões sociais brasileiras da atualidade: a da falta de perspectivas para a juventude.

FIM DA LINHA (Gustavo Steinberg e Guilherme Werneck – roteiro, e Fábio Moon e Gabriel Bá – storyboard)

Em visita ao Brasil, um alto funcionário do Banco Mundial teria dito que, neste país, jogar dinheiro de um helicóptero é a única forma eficaz de redistribuição de renda. Fim da Linha transforma esta lenda em filme e faz chover dinheiro sobre uma manifestação pela paz em uma grande avenida da cidade de São Paulo.O filme é uma metáfora tensa e bem-humorada das dificuldades, dilemas e seduções criadas por uma sociedade estruturada pela fé no poder do dinheiro. Um político cercado de assessores e seu filho, um jornalista de televisão, sua mulher e seu filho, dois motoristas de táxi, um catador de papel, uma ladra surda-muda (negra e analfabeta), um bebê seqüestrado, um grupo de velhinhos de um asilo e uma tribo de índios. O destino de cada um destes personagens vai se cruzar quando ocorre uma inusitada chuva de dinheiro em pleno centro da cidade de São Paulo. Fim da Linha é o primeiro filme dirigido por Gustavo Steinberg. O roteiro para a Coleção Aplauso é assinado por Guilherme Werneck e Gustavo Steinberg. Um dos destaques do roteiro, e do livro, é a utilização do storyboard – uma espécie de ilustração usada pelos cineastas para visualizar as cenas e os planos antes das filmagens. Para o roteiro de Fim da Linha, foram responsáveis pela produção do storyboard os desenhistas Fábio Moon e Gabriel Bá.

ESTÔMAGO (Lusa Silvestre, Marcos Jorge e Cláudia da Natividade)

Ainda em cartaz nos cinemas, Estômago trata de dois temas universais: a comida e o poder. Mais especificamente, a comida como meio de adquirir poder. O filme foi inspirado no conto “Presos pelo Estômago”, de Lusa Silvestre, que assina, junto com o diretor Marcos Jorge, o argumento do filme. O roteiro, publicado pela Coleção Aplauso da Imprensa Oficial, é de Lusa Silvestre, Marcos Jorge e Cláudia da Natividade. Foram quase dois anos até chegar ao texto final. “No começo, era só uma brochura com um monte de papel junto. No quase-fim, já era um filme bom, com pegada, personalidade. No fim, fim mesmo, é isso: ele publicado em forma de livro. Fomos das palavras às cenas, e agora voltamos às palavras”, conta Lusa Silvestre. Em seu lançamento mundial no Festival do Rio 2007, o filme foi consagrado como grande vencedor, recebendo quatro prêmios: Melhor Filme pelo Público, Melhor Diretor, Melhor Ator e Prêmio Especial do Júri. Em 2008, Estômago teve participação especial no Festival de Berlim, com direito a jantar inspirado nos pratos do filme, e também venceu o Festival Internacional de Punta Del Este, no Uruguai, com os prêmios de Melhor Filme e Menção Especial de Melhor Ator. O filme marca a estreia de Marcos Jorge na direção de longas-metragens, depois de uma bem-sucedida carreira como diretor de curtas, filmes publicitários e artista-plástico especializado em vídeo-instalações.
Estômago é a primeira co-produção cinematográfica realizada a partir do acordo de co-produção bilateral Brasil-Itália, assinado no início dos anos 1970. Ao final do livro, está a relação das principais receitas feitas no filme, com indicação das cenas em que elas são preparadas.

O ANO EM QUE MEUS PAIS SAÍRAM DE FÉRIAS (Cláudio Galperin, Bráulio Mantovani, Anna Muylaert e Cao Hamburger)

Sucesso de público e crítica no Brasil e no exterior, O Ano em que Meus Pais Saíram de Férias, dirigido por Cao Hamburger, é um dos filmes mais premiados do cinema nacional nos últimos anos, sendo inclusive o representante brasileiro que concorreu ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro em 2008. Quem viu o filme certamente terá surpresas quando ler o roteiro publicado pela Imprensa Oficial, pois há diferenças entre o texto final e o longa-metragem, o que torna o livro um instrumento de grande valia para aqueles que querem compreender a dinâmica do processo de produção cinematográfico. Mais conhecido pela série TV e pelo longa-metragem Castelo Rá-Tim-Bum (1999), Cao Hamburger diz que o roteiro final pareceu tão sólido e maduro que foi possível fazer, com segurança, modificações e inventar novas cenas durante as filmagens. O roteiro final é resultado de tratamentos prévios, ao longo dos quais os personagens, os conflitos e os aspectos específicos da trama foram sendo desenvolvidos. A solidez à qual se refere o cineasta é conseqüência desse árduo trabalho de escrita, que envolveu, além do próprio Hamburger, os co-roteiristas Cláudio Gasperin, Bráulio Mantovani e Anna Muylaert.

O filme conta a história de Mauro (Michael Joelsas), um garoto de 12 anos apaixonado por futebol, que acompanha a Copa do Mundo de 1970, no México. Os pais, militantes de esquerda perseguidos pelo regime militar, deixam o menino na casa do avô no bairro paulistano do Bom Retiro, sem saber que esse havia morrido justamente naquele dia. A trama mostra os “anos de chumbo” da ditadura por meio do olhar ingênuo do menino, que sofre com o distanciamento dos pais, a morte do avô, a necessidade de viver com com uma pessoa estranha, em uma nova comunidade. Soma-se ao enredo, a experiência do primeiro amor, quando Mauro se apaixona por Hanna (Daniela Piepszyk). No filme, Hamburger articula o drama individual com o coletivo, em um trabalho de sutileza e sensibilidade raras.

 

25 de Outubro de 2008 –

TRINTA E UM NOVOS TÍTULOS DA COLEÇÃO APLAUSO SÃO LANÇADOS NA 32ª MOSTRA DE CINEMA DE SÃO PAULO

Com esses novos livros, a Coleção Aplauso chega ao 156º título e comemora seu quinto ano de resgate do cenário cultural brasileiro. Criada em 2004 e desde então com lançamentos especiais na Mostra de Cinema, a coleção lança, agora, 31 novos livros, entre os quais as biografias dos atores Walmor Chagas e Joana Fomm, do cineasta Orlando Senna e roteiros de filmes da recente safra do cinema nacional, como Não por acaso e Estômago.

As biografias de Walmor Chagas, Joana Fomm, Sonia Guedes, Lolita Rodrigues, Louise Cardoso, Geórgia Gomide, Celso Nunes, Regina Braga, Orlando Senna, Ivan Cardoso, Mauro Alice e Agostinho Martins Pereira estão entre os 31 títulos que a Imprensa Oficial do Estado de São Paulo lança pela Coleção Aplauso no dia 28 de outubro, no Shopping Frei Caneca (Rua Frei Caneca, 569 – 4º andar), durante a 32º Mostra Internacional de Cinema de São Paulo. Além de contar a história desses atores e cineastas que participaram ativamente da formação e evolução do cinema, teatro e da televisão no Brasil, a coleção lançará onze roteiros de filmes produzidos depois da chamada “Retomada do Cinema Nacional”.

Na festa de lançamento, já tradicional durante a Mostra de Cinema, atores, autores, diretores e convidados serão recebidos pelo crítico e comentarista Rubens Ewald Filho, coordenador da coleção, e Hubert Alquéres, presidente da Imprensa Oficial e idealizador da Aplauso.

Com 156 títulos já lançados, a coleção traça o perfil de dramaturgos, atores, atrizes e diretores de televisão, cinema e teatro, e também publica roteiros cinematográficos e peças de teatro. Além de ser um documento sobre toda a produção cultural brasileira, ela presta homenagem ainda em vida a personagens da cena artística do País.

O perfil dos biografados pela Coleção Aplauso é fruto de várias entrevistas colhidas por jornalistas experientes, que tiveram a tarefa de escrever o texto em primeira pessoa – o que confere aos livros o caráter de um relato autobiográfico, com direito às lembranças da infância e dos momentos mais marcantes da vida de cada artista. O resultado, um retrato profundamente humano de homens e mulheres que deram sua vida para a arte, poderá agora ser conferido por estudantes, pesquisadores e o público em geral. Para facilitar o acesso dos alunos da rede estadual, a Imprensa Oficial preparou uma edição especial com 20 títulos em capa dura que foram enviados a todas as escolas. Desde o início deste ano, essas obras podem ser lidas pelos cerca de quatro mil estudantes da rede pública.

“A Coleção Aplauso tem como proposta lançar livros com informações que corriam o risco de se perder por falta de recursos, interesse comercial e até pela inexistência de uma política voltada para resgatar, valorizar e consolidar a rica trajetória da produção brasileira nas artes cênicas”, diz Hubert Alquéres, presidente da Imprensa Oficial do Estado de São Paulo.

A cada ano, a Imprensa Oficial consolida sua longa parceria com a Mostra de Cinema. Um dos exemplos deste trabalho é a produção gráfica dos catálogos da Mostra, realizada pela Imprensa Oficial.

“Nosso lançamento em 2007 foi um sucesso enorme e vimos com satisfação toda a classe artística reunida em momentos emocionantes, como a última aparição pública de Rubens de Falco e homenagens a veteranos como Tatiana Belinky”, lembra Rubens Ewald Filho.

Os lançamentos da Coleção Aplauso custam R$ 15,00 (formato de bolso) e R$ 30,00 (especiais) e podem ser adquiridos nas livrarias ou pelo site www.imprensaoficial.com.br.

Os lançamentos


Série Especial

Walmor Chagas – Ensaio Aberto para Um Homem Indignado (Djalma Limongi Batista)


Série Cinema Brasil

Agostinho Martins Pereira – O Idealista (Maximo Barro)

Antonio Carlos da Fontoura – Espelho da Alma (Rodrigo Murat)

Geraldo Moraes – O Cineasta do Interior (Klecius Henrique)

Ivan Cardoso – O Mestre do Terrir (Remier Lion Rocha)

Mauro Alice – Um Operário do Filme (Sheila Schvarzman)

Miguel Borges – Um Lobisomem Sai das Sombras (Antônio Leão da Silva Neto)

Orlando Senna – O Homem da Montanha (Hermes Leal)

Vladimir Carvalho – Pedras da Lua e Pelejas no Planalto (Carlos Alberto Mattos)

José Antonio Garcia (Marcel Nadale)


Série Perfil

Arllete Montenegro – Fé, Amor e Emoção (Alfredo Sternheim)

Geórgia Gomide – Uma atriz brasileira (Eliana Pace)

Isabel Ribeiro – Iluminada (Luís Sergio Lima e Silva)

Joana Fomm – Minha História é Viver (Vilmar Ledesma)

Lolita Rodrigues – De Carne e Osso (Eliana Castro)

Louise Cardoso – A mulher do Barbosa (Vilmar Ledesma)

Regina Braga – Talento é um Aprendizado (Marta Goés)

Sônia Guedes – Chá das Cinco (Adélia Nicolete)

Vera Nunes – Raro Talento (Eliana Pace)


Série Teatro Brasil

Celso Nunes – Sem Amarras (Eliana Rocha)


Roteiros

Fim de Linha, Estômago, Cidade dos Homens, Batismo de Sangue, Onde andará Dulce Veiga?, Os 12 Trabalhos, O Ano em que meus pais saíram de férias, Chega de Saudade, O Céu de Suely, Quanto Vale ou é por Quilo, Não por acaso.

 

21 de Outubro de 2008 –

Sobre “Katyn” – A Mostra de Cinema deste ano traz o útlimo trabalho do veterano diretor polonês Andrzej Wajda. “Katyn” retrata as mudanças provocadas pela 2ª Guerra e pela ocupação Comunista, centrando-se no “Massacre da Floresta de Katyn”. Nesse episódio, milhares de oficiais poloneses foram fusilados e enterrados em vala comum. Para contar essa história, o diretor filma a vida de quatro famílias polonesas.

Tem destaque na trama um General polonês assassinado e sua esposa. No começo, acompanhamos a invasão russa e a prisão dos militares poloneses. Enquanto isso, a esposa do nosso general tenta chegar na Cracóvia.

O filme de organiza para só sabermos o que realmente aconteceu com os prisioneiros no fim, juntamente com a protagonista, quando lê o diário escrito pelo marido. Entenda-se: duas versões se chocaram na época: os alemães acusaram os soviéticos, e no pós-guerra, a acusação de inverteu. Atualmente, é reconhecida a culpa dos soviéticos. Assistindo sem saber desses detalhes, ficamos na mesma situação dos poloneses à época.

Dois aspectos formais chamam atenção: o diretor não nos mostra dias ensolarados, como se reproduzisse o estado de incertezas no futuro vivido pelo país. Mesmo com o fim da guerra, há só a vontade de seguir em frente sem muitos questinamentos, apenas não escutar os bombardeios.

Outro aspecto: há muitos saltos temporais auxiliados por fade-in / fade-out (aquela escurecimento da tela e posterior aparecimento da imagens). Quando a imagem reaparece, estamos anos a frente. E justamente quando os militares são levados para fuzilamento há uma desses saltos.

Ignoramos quem morreu o a realidade dos fatos. As dúvidas terminam com a leitura do diário do general.

Ainda terão mais 2 exibições desse filme. Assistam!


Trailer de Katyn

17 de Outubro de 2008 –

Desta sexta, 17, à quinta, 30, de Outubro, Sampa recebe a 32ª Mostra de Cinema de São Paulo. Serão 453 filmes, de 75 países, distribuídos por 22 salas.

Ufa! Para ajudar o “cinepopista” a aproveitar ao máximo a mostra, vale algumas dicas:

» Procure ler a programação antes de decidir qual sala ir, você pode se organizar e assistir maior quantidade de filmes do que indo no escuro;
» Se não tem um filme específico, dê preferência para locais onde tem uma maior quantidade de salas, como o Cine Bombril e a Cinemateca;
» Alguns filmes entram em cartaz no circuito comercial logo em Dezembro ou durante o ano seguinte. Se você não fizer questão da pré-estreia, procure saber quais são esses filmes e assista aqueles exibidos somente na Mostra;
» Compre a Folha de São Paulo do dia 17: o Guia Especial da Mostra é uma arma valiosa;
» Evite filmes iraniano – hehehehe;
E, principalmente, não tenha medo de arriscar, você verá boas e más obras, e a aventura será divertida!

Neste ano, duas retrospectivas prometem: uma com filme de Ingmar Bergman, diretor sueco falecido ano passado, e outra do japonês Kihachi Okamoto. O primeiro é o maior nome do cinema sueco, e filmou singularmente o desespero humano. Se não quer ver algo denso, não vá! O segundo dirigiu filmes de samurai e influenciou diretores como Jim Jarmusch e Quentin Tarantino.

Entre os filmes que estarão em cartaz no circuito normal logo depois – ou um bom tempo depois – da Mostra: “Vicky Cristina Barcelona”, de Woody Allen, “O Casamento de Rachel”, de Jonathan Demme, “Adoração” de Atom Egoyan, “Queime Depois de Ler”, Irmãos Coen.


O Casamento de Rachel

Para os fãs do Che, o Guevara, temos dois filmes: o ficcional “Che”, de Steven Soderbergh, com Benicio Del Toro no papel-título (recebeu troféu de melhor ator em Cannes) e o curioso “Chevolution”, documentário que a “vida” da famosa foto batida por Alberto Korda.

E temos muito mais, como o novo filme do polonês Andrzej Wajda, a adaptação do romance “O Menino de Pijama Listrado” e dois trabalhos do português Domingos Oliveira, além de Pablo Trapero e Jia Zhang-ke.

Muito comentado é o italiano “Gomorra”, de Matteo Garrone, onde vemos a história da máfia napolitana. Rendeu ao diretor um prêmio em Cannes e ameaças de morte. Considerado o “Cidade de Deus” italiano.

E para os que têm fôlego: os 900 minutos de “Berlin Alexandreplatz”, telessérie do alemão Rainer Werner Fassbinder serão divididos em sete dias!

Vale conferir as palestras e conversas com diretores promovidos pela Mostra. E quem quiser ver o melhor da Mostra de 2007, vá ao vão livre do Masp. Aproveitem!

Materia por: Georgenor de S. Franco Neto

 

 

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32º Mostra Internacional de Cinema de São Paulo

 

26 de Outubro de 2008 –

Uma qualidade das mostras é tomarmos contato com as novidades. Uma grata surpresa deste ano foi o filme franco-belga “9 MM”, de Taylan Barman.

Primeiro vemos algumas imagens, como um vestuário e um cemitério. Na outra seqüência, a câmera se aproxima de uma porta. Depois de parar, ouvimos um tiro. O filme regride para o começo do dia, onde conheceremos Roger, o pai, Nadine, a mãe, e Laurent, o filho.

O pai é ex-bombeiro, desempregado por um acidente. A mãe é policial. E o filho um jovem refugiado em um grupo de rebeldes do bairro. O primeiro é infeliz com sua condição de inválido; a segunda, infeliz com a vida de casada; o terceiro, infeliz com sua família. A quem foi endereçada a bala???

Acompanhamos um dia dessa família, pelos pontos de cada membro. Como em obras do gênero, uma cena desmente a outra: quando construímos uma idéia de uma personagem, a seqüência seguinte o desconstrói. Barman faz isso muito bem.

O diretor demonstra destreza ao revelar detalhes do psicológico das personagens usando elementos de cena: um traveling ao redor do quarto de Laurent: revistas de rip Rop, cartaz de Che, fotos.

As atuações são fortes, transmitindo todo desequilíbrio instaurado naquela família. Não se trata de um filme para relaxar, mas para gerar reflexão.

Barman é jovem e tem poucos filmes no currículo, segundo o site da Mostra, com este são três. Ele não tem fez nenhum curso. Começou com uma câmera na mão, uma idéia na cabeça e uns amigos como atores. Dirigiu curtas-metragens e venceu um festival de cinema amador. Segundo disse antes da projeção do filme, “9 MM” é o seu trabalho mais, digamos, profissional: foi, por exemplo, o primeiro com um roteiro fechado.

Abaixo, uma entrevista com o simpático Taylan Barman:


Taylan Barman

Cinepop: Como foi fazer o primeiro filme profissional, deixando os filmes caseiros?

Taylan Barman: Não tem muito diferença no final, porque sempre quero falar sobre algo… Bom, claro, tem mais meios, a estrutura, a experiência, mas sempre com essa vontade de falar através da imagem, transmitir uma mensagem. Não é um cinema muito para diversão ou entretenimento, mas para a conscientização de algumas realidades.

Cinepop: E no que você se inspirou para fazer “9MM”?

Taylan Barman: Vi vários acontecimentos e comecei a me perguntar e a analisar um pouco sobre o que eu estava vendo, e também o porquê eu estava vendo certas coisas, como o mal estar das pessoas e o excesso de pressão da sociedade sobre cada individuo. Fiquei meio chocado também a respeito do suicídio. E essa história é na verdade o meu ponto de interrogação sobre o suicídio. Não tem explicações sobre o porquê aconteceu. Em nenhum momento do filme se tem uma indicação de que ele vai se suicidar no final.

Cinepop: Você falou antes da exibição que este foi o primeiro filme com estrutura mais elaborada, com roteiro fechado. O quanto você pretende manter de improviso e o quanto pretende manter de estrutura mais fechada, como roteiro, nos próximos trabalhos?

Taylan Barman: Eu dei liberdade para os atores. O mais importante era os atores serem autênticos, sem parecerem superficiais nas suas falas. Os diálogos estavam no roteiro, mas eles tinham a liberdade, pois cada ator tinha sua técnica. Eles realmente aprenderam os diálogos e aturam sem percebermos que se tratava de um roteiro. Até porque eles tinham a liberdade de falar com as próprias palavras. O principal é se sair bem no final. Eles tinham muita liberdade para atuarem. Na verdade os atores gravaram em planos seqüenciais, o que era mais cansativo para eles, mas os deixavam mais envolvidos com a personagem. Depende muito também dos atores com quem se trabalha: antes, estava acostumado a trabalhar com atores amadores. Com eles eu deixava mais livre a atuação, pois o roteiro fechado os deixavam muito presos. E os profissionais podem gravar um texto e improvisar ao mesmo tempo.

Cinepop: Quais as suas influencias?

Taylan Barman: Não sou muito cinéfilo… Um filme, por exemplo, é “Era Uma Vez América” [de Sergio Leone], que não tem nada haver com “9MM”. O cinema para mim foi algo bem natural, sempre a procura da realidade. Eu também gosto de um cineasta inglês que faz filmes realistas, mas que não me lembra o nome agora.

Cinepop: Quais são os seus próximos projetos e o que você está achando da Mostra?

Taylan Barman: Eu tenho algumas idéias, mas como ando super ocupado com a divulgação do filme, prefiro ver o “9 MM” ser bem lançado e depois me afundar em outros projetos. Porque eu não consigo fazer dois projetos ao mesmo tempo. Então, vou aguardar. Quanto a Mostra, acho muito bom essa oportunidade de poder mostrar o filme ao público e de me encontrar com ele, de compartilhar experiências e de ter um retorno. E a Mostra tem muito público que vai assistir ao filme. E é bom, faz bem para o direto.

Cinepop: Obrigado!

Taylan Barman: Obrigado!

26 de Outubro de 2008 –

COLEÇÃO APLAUSO LANÇA ONZE ROTEIROS DE GRANDES FILMES DA PRODUÇÃO NACIONAL RECENTE

Os roteiros integram a Série Cinema Brasil, que traz também fotos do making-off das produções e apresentação dos diretores e roteiristas. No roteiro de Fim da Linha, por exemplo, o leitor poderá ver o storyboard criado pelos gêmeos Fabio Moon e Gabriel Bá. A lista dos livros com lançamento marcado para a 32ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, no dia 28 de outubro, inclui roteiros de filmes premiados e de grande sucesso de público, como O Céu de Suely, O Ano em que Meus Pais Saíram de Férias, Estômago e Cidade dos Homens.

O escritor de telenovelas, minisséries e seriados de televisão e roteirista Doc Comparato uma vez afirmou que “um bom roteiro não é garantia de um bom filme, mas sem um roteiro não é possível fazer um bom filme”. É com a proposta de mostrar a importância do roteiro na produção cinematográfica aos leitores, cinéfilos e estudantes da área de áudio-visual que a Imprensa Oficial do Estado de São Paulo lança onze novos roteiros de grandes filmes da produção nacional dos últimos anos.Na lista, figuram filmes aclamados pela crítica e pelo público, no Brasil e no exterior, como O Céu de Suely, O Ano em que Meus Pais Saíram de Férias, Estômago, Chega de Saudade, Cidade dos Homens, Não por acaso, Batismo de Sangue, Onde andará Dulce Veiga, Os 12 trabalhos, Fim da Linha e Quanto vale ou é por quilo? O lançamento será na próxima terça-feira, dia 28 de outubro, no Shopping Frei Caneca (Rua Frei Caneca, 569 – 4º andar), a partir das 19 horas. No mesmo dia, também serão lançadas 20 biografias entre as quais a de Walmor Chagas, Joana Fomm e Lolita Rodrigues.

Além dos roteiros, os livros trazem fotos dos making-off dos filmes, apresentações de diretores e roteiristas e informações sobre o processo de produção. É o caso de Fim da Linha, cujo livro reproduz o storyboard feito especialmente para o filme pelos premiados artistas Fábio Moon e Gabriel Bá, e revela como essa ferramenta é útil durante as filmagens. Em Estômago, uma novidade: a relação das receitas preparadas no filme, com indicação das cenas em que aparecem.

Para os apaixonados por cinema, e que provavelmente já viram esses filmes na grande tela, a leitura dos roteiros trará surpresas. A explicação é simples: o resultado final, depois das filmagens e da montagem, pode ser, e normalmente é, bastante diferente do roteiro inicial. Um exemplo é o de Os 12 Trabalhos, dirigido por Ricardo Elias e com roteiro de Cláudio Yosida. A proposta inicial sofreu tantas alterações que diretor e roteirista decidiram publicar as duas versões.

A produção do roteiro, desde a concepção até a versão final, envolve uma série de mudanças, muita transpiração e tempo de maturação. Caso emblemático é o do diretor e roteirista Philippe Barcinski, de Não por Acaso, que escreveu o texto ao longo de cinco anos. As primeiras linhas foram escritas em 2001 e o filme foi lançado somente no ano passado, no Festival de Cinema do Rio. Lusa Silvestre, roteirista de Estômago, levou quase dois anos para escrever o roteiro do filme até chegar ao texto apresentado no livro publicado pela Imprensa Oficial. “No começo, era só uma brochura com um monte de papel junto. No quase-fim, já era um filme bom, com pegada, personalidade. No fim, fim mesmo, é isso: ele publicado em forma de livro. Fomos das palavras às cenas, e agora voltamos às palavras”, conta.

Histórias interessantes não faltam na criação de um roteiro. A mais inusitada delas é a do roteirista Luiz Bolognesi e da diretora Laís Bodanzky. Num dia de semana qualquer, entre uma cerveja e outra no Clube Piratininga, ao som da Orquestra Tabajara, começou a ser escrito o roteiro de Chega de Saudade, motivado principalmente pela paixão dos amigos pelos tradicionais bailes de salão.

Essas e outras histórias da sétima arte brasileira podem ser conferidas com os lançamentos da Coleção Aplauso. Criada pela Imprensa Oficial do Estado de São Paulo em 2004, ela já conta com 156 títulos entre biografias de cineastas, atores, atrizes e dramaturgos, peças de teatro, roteiros de cinema e histórias de emissoras de televisão.


Confira a lista completa dos roteiros com lançamento na Mostra de Cinema

BATISMO DE SANGUE (Helvécio Ratton e Dani Patarra)

Ganhador do Prêmio Jabuti de 1985, Batismo de Sangue foi escrito por Frei Betto e conta a história dos frades dominicanos que apoiaram a luta armada contra o regime militar. Na versão roteirizada pelo diretor do filme, Helvécio Ratton, e por Dani Patarra para a Imprensa Oficial, o personagem central da história é Frei Tito, um dos frades dominicanos que, no final dos anos 60, ajudaram o grupo guerrilheiro Ação Libertadora Nacional (ALN), liderado por Carlos Marighella, no combate à ditadura. Os dominicanos foram presos e torturados por integrantes dos órgãos clandestinos de repressão, comandados pelo delegado Fleury, que organizou a emboscada em que Marighella foi morto, em dezembro de 1969. Um ano depois, Frei Tito saiu da prisão em um processo de troca para libertar o embaixador da Suíça, Giovani Enrico Bucher, seqüestrado pela Vanguarda Popular Revolucionária (VPR). Tito seguiu para o Chile, passou pela Itália e mais tarde fixou-se na França, nos arredores do convento de La Tourtelle, onde se suicidou em 1974. Neste livro da Coleção Aplauso, o roteirista e o protagonista do filme têm uma história comum. Helvécio Ratton conheceu Frei Tito no Chile, onde ambos viviam exilados, fato que explica ter escrito o roteiro de Batismo de Sangue.

QUANTO VALE OU É POR QUILO? (Sérgio Bianchi)

Se o cinema não se cansa de beber na fonte da literatura, pode-se dizer que Sérgio Bianchi selecionou o que havia de melhor no mundo das letras quando levou para as telas Quanto Vale ou é por Quilo? O filme é uma livre adaptação do conto “Pai contra Mãe”, de Machado de Assis, entremeada com pequenas crônicas do pesquisador Nireu Cavalvanti sobre escravidão no Brasil, e revela as mazelas e contradições de um país em permanente crise de valores. O roteiro agora publicado pela Coleção Aplauso é de Newton Cannito e Eduardo Benaim, além do próprio diretor do filme, Sérgio Bianchi. A narrativa costura dois recortes históricos em intervalos de tempo diferentes: o antigo comércio de escravos do século XVIII e a exploração da miséria pelo marketing social dos dias atuais. Misturando as duas épocas, com a repetição de alguns personagens em situações análogas, o roteiro aponta dois desfechos para o filme, criando uma duplicação de possibilidades que surpreende o leitor. Como “extras”, o livro traz o conto de Machado de Assis que inspirou o filme, algumas crônicas de Nireu Cavalcanti, além de uma pequena coletânea de críticas de jornais e revistas que analisam o filme.

NÃO POR ACASO (Philippe Barcinski, Fabiana Werneck Barcinski e Eugênio Puppo)

Após ter dirigido vários curtas, Philippe Barcinski estreou no longa-metragem com Não por Acaso, ganhando vários prêmios no Brasil e no exterior, como o de Melhor Ator do Festival de Huelva, na Espanha, e de Novo Diretor do Prêmio Hugo, em Chicago. O roteiro foi escrito ao longo de cinco anos, de 2001 a 2006, em parceria com Fabiana Werneck Barcinski e Eugênio Puppo. Toda essa dedicação justifica a tese de Philippe Barcinski para a construção de um bom filme. “Com um bom roteiro nas mãos, escolhendo-se bem os atores, tem-se um bom filme. A partir de um roteiro mal escrito, será muito difícil, por mais eficaz que seja a realização, gerar um bom filme”. O filme se desenvolve a partir de um acidente de trânsito, entrelaçando os dois personagens centrais da história: Ênio (Leonardo Medeiros), um engenheiro controlador de tráfico que vive na Praça Roosevelt, e Pedro (Rodrigo Santoro), construtor de mesas de sinuca. Ênio possui uma mania de controle que também se reflete em sua casa, onde suas ações são extremamente controladas. Ele se surpreende quando reencontra Mônica (Graziella Moretto), sua ex-mulher, que lhe diz que sua filha Bia (Rita Batata), de 16 anos, deseja conhecê-lo. O encontro é adiado devido a um acidente sofrido por Mônica, que atropela Teresa (Branca Messina), namorada de Pedro. Seis meses depois Bia encontra Ênio, mas pai e filha enfrentam dificuldades em se relacionar. Já Pedro é forçado a visitar o antigo apartamento de Teresa, onde agora vive Lúcia (Letícia Sabatella).

CIDADE DOS HOMENS (Elena Soárez e Paulo Morelli)

A fama da dupla Laranjinha (Darlan Cunha) e Acerola (Douglas Silva), do elogiado Cidade de Deus, de Fernando Meirelles, originou a criação de Cidade dos Homens, filme que tem roteiro de Elena Soárez e encerrou a série de TV da Rede Globo produzida em parceria com a produtora O2 Filmes. O filme foi produzido por Paulo Morelli, que já havia feito três episódios da série. A idéia nasceu dos relatos colhidos numa pesquisa feita com moradores do Rio. A partir daí, Elena Soárez escreveu o texto. “Mas o roteiro final só veio mesmo nos ensaios, quando os próprios atores davam o tom de suas falas. Essa foi a idéia que usamos na série e que deu muito certo”, explica Morelli. A trama aborda uma cena comum nas favelas do Rio e do Brasil: a precoce paternidade de jovens que na maioria das vezes não assumem os filhos, deixando a tarefa para as mães e avós. “A situação é ainda pior porque essas crianças irão crescer tendo o traficante como imagem paterna, do pai poderoso, com dinheiro, mulheres e a ilusão de um futuro melhor”. É a partir das experiências pessoais de Laranjinha, que decide procurar o pai, e de Acerola, que precisa cuidar de um filho pequeno, que o roteiro se desenvolve e traz para discussão uma questão social mais ampla. “Ao contar a história do nascimento de um pai que luta para cuidar do filho em um lugar incrivelmente hostil, de alguma maneira, contamos a história de muitos.
E, a despeito do seu abandono, esses jovens são fortes o bastante para guiar suas vidas com alegria e esperança”, ressalta Morelli.

O CÉU DE SUELY (Mauricio Zacharias, Felipe Bragança e Karim Aïnouz)

Fato raro na cena cinematográfica nacional, O Céu de Suely teve sua estreia fora do país, mais precisamente na Mostra Orizzonti, do Festival de Veneza 2006, sendo o único filme brasileiro selecionado para o evento. Era apenas o início de uma seqüência de conquistas na carreira do diretor Karim Aïnouz, conhecido também por Madame Satã e Abril Despedaçado. Assinam o roteiro do livro da Coleção Aplauso, Mauricio Zacharias, Felipe Bragança, além do próprio Karim Aïnouz. O filme conta a história de uma jovem que volta de São Paulo com seu filho recém-nascido para a casa de sua família, no interior do Ceará. Ela espera a chegada do marido que deve reencontrá-la. Sozinha, Hermila tenta reinventar sua vida, mas continua com o sonho de ir embora para um lugar o mais longe possível. Outra curiosidade do filme está relacionada à atuação da protagonista, Hermila Guedes. Ovacionada pela crítica e pelo público, este foi apenas o seu primeiro papel no cinema.

ONDE ANDARÁ DULCE VEIGA? (Guilherme de Almeida Prado)

Aclamado pela crítica como o melhor filme do diretor Guilherme de Almeida Prado, Onde andará Dulce Veiga? foi lançado no Festival do Rio de Janeiro em 2007. Baseado na obra de Caio Fernando Abreu, o roteiro já havia sido selecionado cinco anos antes, em 2002, para o VI Laboratório de Sundance no Brasil, propiciando o início das filmagens em 2005. O filme conta a história de um jornalista que vai entrevistar uma jovem cantora de rock e descobre que ela é filha da famosa Dulce Veiga, cantora desaparecida no auge da carreira. Atraído pela história, o protagonista passa a investigar o que teria acontecido com Dulce, envolvendo-se em uma trama de surpresas, mistérios e revelações. Diretor e autor deste roteiro, Guilherme de Almeida Prado fez seu primeiro longa, Flor do Desejo, em 1984. Quatro anos depois ganhou o Festival de Gramado com A Dama do Cine Shangai. Para ele, existem dois tipos de cineastas: aqueles que pretendem mudar o mundo e aqueles que podem mudar nossa percepção de mundo. “Prefiro a segunda opção. Acredito que, sem mudar nossa percepção de mundo, não poderemos mudar efetivamente o mundo”.

CHEGA DE SAUDADE (Luiz Bolognesi)

A parceria entre a diretora Laís Bodanzky e o roteirista Luiz Bolognesi vem desde a produção de Bicho de Sete Cabeças, um dos sucessos do cinema nacional na última década. Agora, a dupla aproveita a paixão pelos bailes para fazer Chega de Saudade, ainda em cartaz no Brasil. Premiado no Festival de Brasília nas categorias Melhor Roteiro, Melhor Direção e Escolha do Público, o filme se passa em um Salão de Baile no bairro paulistano da Lapa, onde um grupo de meia-idade se reúne semanalmente. Segundo Bolognesi, que produziu o roteiro, a idéia surgiu quando saiu para tomar uma cerveja com a amiga Laís Bodanzky e ver os casais dançarem no Clube Piratininga ao som da Orquestra Tabajara. “A partir daquele fim de tarde em que a cidade fervilhava na hora do rush, nós descobríamos um novo mundo dentro dos salões e começamos a trabalhar a idéia de um filme. Doze anos se passaram entre essa tarde e a noite em que Chega de Saudade foi projetado pela primeira vez no Festival de Brasília. E se tem alguma coisa que ganhou com essa passagem de tempo, foi o roteiro. Um bom roteiro deve envelhecer na gaveta”, diz Bolognesi na apresentação do livro. No filme, um par de crooners (Elza Soares é um deles) se diverte no salão ao som de uma orquestra. O sonoplasta (Paulinho Vilhena) leva sua namorada (Maria Flor) para conhecer o local, quebrando a rotina dos freqüentadores. A garota provoca ciúmes no namorado quando é cortejada por um cliente assíduo do baile (Stepan Nercessian). A confusão está armada.

OS 12 TRABALHOS (Cláudio Yosida)

Com referências claras ao mito grego de Hércules, Os 12 Trabalhos mostra uma faceta do retrato social de São Paulo por meio de um personagem conhecido, porém pouco compreendido pela população das grandes metrópoles: o motoboy. Dirigido por Ricardo Elias e com roteiro de Cláudio Yosida, o filme conta a história de Herácles, um jovem negro que tenta refazer a sua vida após sair de um reformatório para menores infratores. Um dado que o leitor pode estranhar, mas que será bastante útil para entender a produção de um filme, é o fato de o livro contar com duas versões de roteiro. “Os 12 Trabalhos passou por muitas mudanças desde a versão inicial até a que foi filmada e depois também na montagem. Para que fique mais fácil para o leitor identificar as mudanças, resolvemos publicar as duas versões”, conta Yosida. No primeiro dia no novo emprego, o garoto irá passar por doze provações, cruzando com os mais diferentes tipos de São Paulo. Enquanto o personagem mitológico Hércules enfatiza a grandiosidade dos trabalhos, no caso de Herácles não é isto que se ressalta no filme, e sim a força de vontade necessária aos jovens pobres das metrópoles para sobreviver à sedução do tráfico de drogas, à violência urbana, ao trânsito caótico, às pressões enormes no trabalho e à falta de escolaridade adequada. É da tensão entre a fragilidade aparente de Herácles diante de todos os problemas que se colocam para ele e da sua convicção de buscar um caminho fora da marginalidade que surge o retrato realista de uma das principais questões sociais brasileiras da atualidade: a da falta de perspectivas para a juventude.

FIM DA LINHA (Gustavo Steinberg e Guilherme Werneck – roteiro, e Fábio Moon e Gabriel Bá – storyboard)

Em visita ao Brasil, um alto funcionário do Banco Mundial teria dito que, neste país, jogar dinheiro de um helicóptero é a única forma eficaz de redistribuição de renda. Fim da Linha transforma esta lenda em filme e faz chover dinheiro sobre uma manifestação pela paz em uma grande avenida da cidade de São Paulo.O filme é uma metáfora tensa e bem-humorada das dificuldades, dilemas e seduções criadas por uma sociedade estruturada pela fé no poder do dinheiro. Um político cercado de assessores e seu filho, um jornalista de televisão, sua mulher e seu filho, dois motoristas de táxi, um catador de papel, uma ladra surda-muda (negra e analfabeta), um bebê seqüestrado, um grupo de velhinhos de um asilo e uma tribo de índios. O destino de cada um destes personagens vai se cruzar quando ocorre uma inusitada chuva de dinheiro em pleno centro da cidade de São Paulo. Fim da Linha é o primeiro filme dirigido por Gustavo Steinberg. O roteiro para a Coleção Aplauso é assinado por Guilherme Werneck e Gustavo Steinberg. Um dos destaques do roteiro, e do livro, é a utilização do storyboard – uma espécie de ilustração usada pelos cineastas para visualizar as cenas e os planos antes das filmagens. Para o roteiro de Fim da Linha, foram responsáveis pela produção do storyboard os desenhistas Fábio Moon e Gabriel Bá.

ESTÔMAGO (Lusa Silvestre, Marcos Jorge e Cláudia da Natividade)

Ainda em cartaz nos cinemas, Estômago trata de dois temas universais: a comida e o poder. Mais especificamente, a comida como meio de adquirir poder. O filme foi inspirado no conto “Presos pelo Estômago”, de Lusa Silvestre, que assina, junto com o diretor Marcos Jorge, o argumento do filme. O roteiro, publicado pela Coleção Aplauso da Imprensa Oficial, é de Lusa Silvestre, Marcos Jorge e Cláudia da Natividade. Foram quase dois anos até chegar ao texto final. “No começo, era só uma brochura com um monte de papel junto. No quase-fim, já era um filme bom, com pegada, personalidade. No fim, fim mesmo, é isso: ele publicado em forma de livro. Fomos das palavras às cenas, e agora voltamos às palavras”, conta Lusa Silvestre. Em seu lançamento mundial no Festival do Rio 2007, o filme foi consagrado como grande vencedor, recebendo quatro prêmios: Melhor Filme pelo Público, Melhor Diretor, Melhor Ator e Prêmio Especial do Júri. Em 2008, Estômago teve participação especial no Festival de Berlim, com direito a jantar inspirado nos pratos do filme, e também venceu o Festival Internacional de Punta Del Este, no Uruguai, com os prêmios de Melhor Filme e Menção Especial de Melhor Ator. O filme marca a estreia de Marcos Jorge na direção de longas-metragens, depois de uma bem-sucedida carreira como diretor de curtas, filmes publicitários e artista-plástico especializado em vídeo-instalações.
Estômago é a primeira co-produção cinematográfica realizada a partir do acordo de co-produção bilateral Brasil-Itália, assinado no início dos anos 1970. Ao final do livro, está a relação das principais receitas feitas no filme, com indicação das cenas em que elas são preparadas.

O ANO EM QUE MEUS PAIS SAÍRAM DE FÉRIAS (Cláudio Galperin, Bráulio Mantovani, Anna Muylaert e Cao Hamburger)

Sucesso de público e crítica no Brasil e no exterior, O Ano em que Meus Pais Saíram de Férias, dirigido por Cao Hamburger, é um dos filmes mais premiados do cinema nacional nos últimos anos, sendo inclusive o representante brasileiro que concorreu ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro em 2008. Quem viu o filme certamente terá surpresas quando ler o roteiro publicado pela Imprensa Oficial, pois há diferenças entre o texto final e o longa-metragem, o que torna o livro um instrumento de grande valia para aqueles que querem compreender a dinâmica do processo de produção cinematográfico. Mais conhecido pela série TV e pelo longa-metragem Castelo Rá-Tim-Bum (1999), Cao Hamburger diz que o roteiro final pareceu tão sólido e maduro que foi possível fazer, com segurança, modificações e inventar novas cenas durante as filmagens. O roteiro final é resultado de tratamentos prévios, ao longo dos quais os personagens, os conflitos e os aspectos específicos da trama foram sendo desenvolvidos. A solidez à qual se refere o cineasta é conseqüência desse árduo trabalho de escrita, que envolveu, além do próprio Hamburger, os co-roteiristas Cláudio Gasperin, Bráulio Mantovani e Anna Muylaert.

O filme conta a história de Mauro (Michael Joelsas), um garoto de 12 anos apaixonado por futebol, que acompanha a Copa do Mundo de 1970, no México. Os pais, militantes de esquerda perseguidos pelo regime militar, deixam o menino na casa do avô no bairro paulistano do Bom Retiro, sem saber que esse havia morrido justamente naquele dia. A trama mostra os “anos de chumbo” da ditadura por meio do olhar ingênuo do menino, que sofre com o distanciamento dos pais, a morte do avô, a necessidade de viver com com uma pessoa estranha, em uma nova comunidade. Soma-se ao enredo, a experiência do primeiro amor, quando Mauro se apaixona por Hanna (Daniela Piepszyk). No filme, Hamburger articula o drama individual com o coletivo, em um trabalho de sutileza e sensibilidade raras.

 

25 de Outubro de 2008 –

TRINTA E UM NOVOS TÍTULOS DA COLEÇÃO APLAUSO SÃO LANÇADOS NA 32ª MOSTRA DE CINEMA DE SÃO PAULO

Com esses novos livros, a Coleção Aplauso chega ao 156º título e comemora seu quinto ano de resgate do cenário cultural brasileiro. Criada em 2004 e desde então com lançamentos especiais na Mostra de Cinema, a coleção lança, agora, 31 novos livros, entre os quais as biografias dos atores Walmor Chagas e Joana Fomm, do cineasta Orlando Senna e roteiros de filmes da recente safra do cinema nacional, como Não por acaso e Estômago.

As biografias de Walmor Chagas, Joana Fomm, Sonia Guedes, Lolita Rodrigues, Louise Cardoso, Geórgia Gomide, Celso Nunes, Regina Braga, Orlando Senna, Ivan Cardoso, Mauro Alice e Agostinho Martins Pereira estão entre os 31 títulos que a Imprensa Oficial do Estado de São Paulo lança pela Coleção Aplauso no dia 28 de outubro, no Shopping Frei Caneca (Rua Frei Caneca, 569 – 4º andar), durante a 32º Mostra Internacional de Cinema de São Paulo. Além de contar a história desses atores e cineastas que participaram ativamente da formação e evolução do cinema, teatro e da televisão no Brasil, a coleção lançará onze roteiros de filmes produzidos depois da chamada “Retomada do Cinema Nacional”.

Na festa de lançamento, já tradicional durante a Mostra de Cinema, atores, autores, diretores e convidados serão recebidos pelo crítico e comentarista Rubens Ewald Filho, coordenador da coleção, e Hubert Alquéres, presidente da Imprensa Oficial e idealizador da Aplauso.

Com 156 títulos já lançados, a coleção traça o perfil de dramaturgos, atores, atrizes e diretores de televisão, cinema e teatro, e também publica roteiros cinematográficos e peças de teatro. Além de ser um documento sobre toda a produção cultural brasileira, ela presta homenagem ainda em vida a personagens da cena artística do País.

O perfil dos biografados pela Coleção Aplauso é fruto de várias entrevistas colhidas por jornalistas experientes, que tiveram a tarefa de escrever o texto em primeira pessoa – o que confere aos livros o caráter de um relato autobiográfico, com direito às lembranças da infância e dos momentos mais marcantes da vida de cada artista. O resultado, um retrato profundamente humano de homens e mulheres que deram sua vida para a arte, poderá agora ser conferido por estudantes, pesquisadores e o público em geral. Para facilitar o acesso dos alunos da rede estadual, a Imprensa Oficial preparou uma edição especial com 20 títulos em capa dura que foram enviados a todas as escolas. Desde o início deste ano, essas obras podem ser lidas pelos cerca de quatro mil estudantes da rede pública.

“A Coleção Aplauso tem como proposta lançar livros com informações que corriam o risco de se perder por falta de recursos, interesse comercial e até pela inexistência de uma política voltada para resgatar, valorizar e consolidar a rica trajetória da produção brasileira nas artes cênicas”, diz Hubert Alquéres, presidente da Imprensa Oficial do Estado de São Paulo.

A cada ano, a Imprensa Oficial consolida sua longa parceria com a Mostra de Cinema. Um dos exemplos deste trabalho é a produção gráfica dos catálogos da Mostra, realizada pela Imprensa Oficial.

“Nosso lançamento em 2007 foi um sucesso enorme e vimos com satisfação toda a classe artística reunida em momentos emocionantes, como a última aparição pública de Rubens de Falco e homenagens a veteranos como Tatiana Belinky”, lembra Rubens Ewald Filho.

Os lançamentos da Coleção Aplauso custam R$ 15,00 (formato de bolso) e R$ 30,00 (especiais) e podem ser adquiridos nas livrarias ou pelo site www.imprensaoficial.com.br.

Os lançamentos


Série Especial

Walmor Chagas – Ensaio Aberto para Um Homem Indignado (Djalma Limongi Batista)


Série Cinema Brasil

Agostinho Martins Pereira – O Idealista (Maximo Barro)

Antonio Carlos da Fontoura – Espelho da Alma (Rodrigo Murat)

Geraldo Moraes – O Cineasta do Interior (Klecius Henrique)

Ivan Cardoso – O Mestre do Terrir (Remier Lion Rocha)

Mauro Alice – Um Operário do Filme (Sheila Schvarzman)

Miguel Borges – Um Lobisomem Sai das Sombras (Antônio Leão da Silva Neto)

Orlando Senna – O Homem da Montanha (Hermes Leal)

Vladimir Carvalho – Pedras da Lua e Pelejas no Planalto (Carlos Alberto Mattos)

José Antonio Garcia (Marcel Nadale)


Série Perfil

Arllete Montenegro – Fé, Amor e Emoção (Alfredo Sternheim)

Geórgia Gomide – Uma atriz brasileira (Eliana Pace)

Isabel Ribeiro – Iluminada (Luís Sergio Lima e Silva)

Joana Fomm – Minha História é Viver (Vilmar Ledesma)

Lolita Rodrigues – De Carne e Osso (Eliana Castro)

Louise Cardoso – A mulher do Barbosa (Vilmar Ledesma)

Regina Braga – Talento é um Aprendizado (Marta Goés)

Sônia Guedes – Chá das Cinco (Adélia Nicolete)

Vera Nunes – Raro Talento (Eliana Pace)


Série Teatro Brasil

Celso Nunes – Sem Amarras (Eliana Rocha)


Roteiros

Fim de Linha, Estômago, Cidade dos Homens, Batismo de Sangue, Onde andará Dulce Veiga?, Os 12 Trabalhos, O Ano em que meus pais saíram de férias, Chega de Saudade, O Céu de Suely, Quanto Vale ou é por Quilo, Não por acaso.

 

21 de Outubro de 2008 –

Sobre “Katyn” – A Mostra de Cinema deste ano traz o útlimo trabalho do veterano diretor polonês Andrzej Wajda. “Katyn” retrata as mudanças provocadas pela 2ª Guerra e pela ocupação Comunista, centrando-se no “Massacre da Floresta de Katyn”. Nesse episódio, milhares de oficiais poloneses foram fusilados e enterrados em vala comum. Para contar essa história, o diretor filma a vida de quatro famílias polonesas.

Tem destaque na trama um General polonês assassinado e sua esposa. No começo, acompanhamos a invasão russa e a prisão dos militares poloneses. Enquanto isso, a esposa do nosso general tenta chegar na Cracóvia.

O filme de organiza para só sabermos o que realmente aconteceu com os prisioneiros no fim, juntamente com a protagonista, quando lê o diário escrito pelo marido. Entenda-se: duas versões se chocaram na época: os alemães acusaram os soviéticos, e no pós-guerra, a acusação de inverteu. Atualmente, é reconhecida a culpa dos soviéticos. Assistindo sem saber desses detalhes, ficamos na mesma situação dos poloneses à época.

Dois aspectos formais chamam atenção: o diretor não nos mostra dias ensolarados, como se reproduzisse o estado de incertezas no futuro vivido pelo país. Mesmo com o fim da guerra, há só a vontade de seguir em frente sem muitos questinamentos, apenas não escutar os bombardeios.

Outro aspecto: há muitos saltos temporais auxiliados por fade-in / fade-out (aquela escurecimento da tela e posterior aparecimento da imagens). Quando a imagem reaparece, estamos anos a frente. E justamente quando os militares são levados para fuzilamento há uma desses saltos.

Ignoramos quem morreu o a realidade dos fatos. As dúvidas terminam com a leitura do diário do general.

Ainda terão mais 2 exibições desse filme. Assistam!


Trailer de Katyn

17 de Outubro de 2008 –

Desta sexta, 17, à quinta, 30, de Outubro, Sampa recebe a 32ª Mostra de Cinema de São Paulo. Serão 453 filmes, de 75 países, distribuídos por 22 salas.

Ufa! Para ajudar o “cinepopista” a aproveitar ao máximo a mostra, vale algumas dicas:

» Procure ler a programação antes de decidir qual sala ir, você pode se organizar e assistir maior quantidade de filmes do que indo no escuro;
» Se não tem um filme específico, dê preferência para locais onde tem uma maior quantidade de salas, como o Cine Bombril e a Cinemateca;
» Alguns filmes entram em cartaz no circuito comercial logo em Dezembro ou durante o ano seguinte. Se você não fizer questão da pré-estreia, procure saber quais são esses filmes e assista aqueles exibidos somente na Mostra;
» Compre a Folha de São Paulo do dia 17: o Guia Especial da Mostra é uma arma valiosa;
» Evite filmes iraniano – hehehehe;
E, principalmente, não tenha medo de arriscar, você verá boas e más obras, e a aventura será divertida!

Neste ano, duas retrospectivas prometem: uma com filme de Ingmar Bergman, diretor sueco falecido ano passado, e outra do japonês Kihachi Okamoto. O primeiro é o maior nome do cinema sueco, e filmou singularmente o desespero humano. Se não quer ver algo denso, não vá! O segundo dirigiu filmes de samurai e influenciou diretores como Jim Jarmusch e Quentin Tarantino.

Entre os filmes que estarão em cartaz no circuito normal logo depois – ou um bom tempo depois – da Mostra: “Vicky Cristina Barcelona”, de Woody Allen, “O Casamento de Rachel”, de Jonathan Demme, “Adoração” de Atom Egoyan, “Queime Depois de Ler”, Irmãos Coen.


O Casamento de Rachel

Para os fãs do Che, o Guevara, temos dois filmes: o ficcional “Che”, de Steven Soderbergh, com Benicio Del Toro no papel-título (recebeu troféu de melhor ator em Cannes) e o curioso “Chevolution”, documentário que a “vida” da famosa foto batida por Alberto Korda.

E temos muito mais, como o novo filme do polonês Andrzej Wajda, a adaptação do romance “O Menino de Pijama Listrado” e dois trabalhos do português Domingos Oliveira, além de Pablo Trapero e Jia Zhang-ke.

Muito comentado é o italiano “Gomorra”, de Matteo Garrone, onde vemos a história da máfia napolitana. Rendeu ao diretor um prêmio em Cannes e ameaças de morte. Considerado o “Cidade de Deus” italiano.

E para os que têm fôlego: os 900 minutos de “Berlin Alexandreplatz”, telessérie do alemão Rainer Werner Fassbinder serão divididos em sete dias!

Vale conferir as palestras e conversas com diretores promovidos pela Mostra. E quem quiser ver o melhor da Mostra de 2007, vá ao vão livre do Masp. Aproveitem!

Materia por: Georgenor de S. Franco Neto

 

 

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