Chegou recentemente ao Brasil o excelente streaming HBO Max que trouxe mais uma grande variedade de filmes e séries para os cinéfilos de nosso país. Tem muita coisa boa, algumas produções inclusive que nunca tiveram lançamentos no Brasil. Para ajudar você leitor que procura bons filmes nesse catálogo, segue abaixo 5 ótimos filmes mas nada badalados do catálogo da HBO MAX:
Paterno
Produzido especialmente para a Tv com o selo de qualidade da HBO, o novo trabalho do mito Al Pacino, Paterno, explora um drama da vida real que abalou a estrutura dos esportes universitários norte-americanos um par de décadas atrás. Ao longo dos intensos 105 minutos, vamos montando um grande quebra-cabeça através do olhar de todos que viveram perto de Paterno esse grande escândalo que até hoje gera polêmicas versões.
Na trama, conhecemos o veterano e super vencedor treinador da equipe de Futebol Americano da Universidade de Penn State Joe Paterno (Al Pacino), um homem adorado por toda sua comunidade que viu seu legado desmoronar quando denúncias sobre um assédio sexual a jovens jogadores da equipe, feita por um dos integrantes de sua equipe, levaram o aclamado coach a um mar de pressão culminando em sua demissão.
O filme explora com muita eficácia a visão e drama da família do protagonista sobre o ocorrido, o caos psicológico que Paterno atravessa por estar em conflito sobre todas as decisões que poderia ter tomado para conter os assédios, as manobras políticas da universidade que trabalha para encontrar os culpados e limpar o nome da faculdade de alguma forma, o aprofundamento da mídia aos olhos de uma jovem repórter em busca das verdades sobre o caso e o sofrimento dos jovens agredidos e suas respectivas famílias.
É um caso de vida real que chocou os Estados Unidos. Paterno mandava e desmandava em todo o staff e equipe que comandava. O longa-metragem da a entender em diversos momentos que o treinador tinha sido avisado sobre as primeiras denúncias mas parece que não se importou pois na cabeça dele o vencer dos jogos ocupava todas as camadas de seus pensamentos, dia e noite.
Locke
O amor é um conflito entre nossos reflexos e nossas reflexões. Um carro, diversos diálogos intrigantes, uma estrada que nunca termina e um homem no volante. Filme chato? Nada disso! O novo trabalho do cineasta inglês Steven Knight (que dirigiu o interessante filme Redenção) é um suspense com alta carga dramática, fruto da espetacular atuação de um dos melhores atores em atividade no mundo do cinema, Tom Hardy.
No inteligente roteiro, somos o ‘carona’ do engenheiro de construção Ivan Locke. Após receber um telefonema, entra em seu carro correndo e dirige até o hospital onde uma mulher está tendo um filho seu. A questão é que não é a esposa dele! Durante o trajeto até o hospital, Locke precisa contar a verdade para sua esposa, lutar para não ser demitido e encarar da melhor maneira possível as consequências de um ato infiel do passado.
Quando lemos a sinopse curta deste filme, pensamos: esse filme deve ser um porre! Mas inacreditavelmente se torna um dos grandes filmes da carreira de Hardy. O longa foi filmado em tempo real. Isso realmente é um diferencial. A adrenalina fica mais nítida na tela. A direção de Knight é competente mas deixa praticamente o trabalho todo para Tom Hardy. Ainda bem que esse, é um dos grandes atores do momento, um verdadeiro camaleão cinematográfico e consegue a todo tempo prender a atenção do público.
Há uma desconstrução profunda do personagem ao longo dos 90 minutos de projeção. Encarando tantos problemas ao mesmo tempo, Locke busca uma redenção entre suas convicções. As fraquezas do personagem são expostas naturalmente a cada novo diálogo. Ao longo dessa trajetória eletrizante, sentimos pena, o culpamos e tentamos descobrir qual será o desfecho dessa história que beira ao espetacular. Não perca! Bravo!
Caminho de Volta
As segundas chances para quem precisa e as oportunidades diferentes que a vida oferece. Com um background bem definido falando sobre o alcoolismo, The Way Back é um poderoso drama que dribla os clichês com bastante proximidade com a realidade, fruto de uma interpretação bastante honesta do intérprete do protagonista, Ben Affleck, sem dúvidas, um dos seus grandes trabalhos na carreira. Dirigido pelo cineasta nova iorquino Gavin O’Connor (O Contador) e roteirizado por Brad Ingelsby (Tudo por Justiça).
Na trama, acompanhamos o desiludido, deprimido, alcóolatra, ex-astro dos campeonatos de basquete do high school na década de 90 e atualmente trabalhador de obras Jack (Ben Affleck). O protagonista passa seus dias entre um gole e outro, tendo uma relação bastante explosiva com sua irmã e um distanciamento da ex-esposa. As coisas parecem tentar mudar para Jack quando seu telefone toca e uma inesperada oportunidade de treinar um time de basquete de um colégio onde estudou aparece. Mas problemas do seu passado voltam a atormentar e o personagens trilhará um caminho complicado em busca de uma luz no fim do túnel.
Muito mais do que vencer partidas como treinador de um time de jovens, Jack busca encontrar um real sentido para sua vida após uma perda irreparável e o abismo de um vício terrível que assombra milhares de pessoas mundo à fora.
Má Educação
Li essa frase em algum lugar recentemente: ‘A ganância insaciável é um dos tristes fenômenos que apressam a autodestruição do homem.’, não sei de quem é mas ela ilustra muito bem o que assistimos no ótimo longa-metragem produzido pela HBO, Bad Education. O projeto busca recriar um dos maiores escândalo envolvendo roubos quando falamos na ajuda que o governo norte-americano oferece as escolas públicas. Reunindo uma série de situações que mostram toda a ganância e princípios evidentes de sociopatia dos envolvidos, o filme além de bombástico do ponto de vista humano é um espetáculo de boas atuações do ponto de vista cinematográfico. Hugh Jackman, na pele do protagonista, mostra que como herói ele foi muito bom ator mas como vilão é muito melhor.
Com direção de Cory Finley (em seu segundo longa-metragem) e roteiro assinado pelo nova iorquino Mike Makowsky (baseado no artigo de Robert Kolker para a New York Magazine), Bad Education, conta a história de duas pessoas amadas pela comunidade de Roslyn (Nova Iorque), nos Estados Unidos, Pam Gluckin (Allison Janney) e Frank Tassone (Hugh Jackman). A primeira é uma espécie de chefe do financeiro e o segundo o chefe da administração da escola. Dois exemplares funcionários que conseguiram levar, junto com o resto da equipe, a escola pública de Roslyn até a quarta posição no ranking nacional de escolas públicas. O problema é que após um deslize e uma investigação amadora feita por uma aluna que faz estágio no jornal da escola, colocam em xeque a personalidade e caráter dessas duas figuras.
Os absurdos do roubo que acontece é vista muito pela ótica de Tassone, um homem respeitado pela comunidade, cheio de manias, metrossexual e que parece ter o mundo em suas mãos. Quando seu castelo de cartas começa a desmoronar, principalmente quando Pam é ‘condenada’ pelo conselho que achou suas falcatruas, o personagem entra em uma grande transformação, ou melhor, aquela parede que não nos permitia enxergar quem ele realmente é, cai por terra levando-o a uma série de cinismos e um relacionamento extraconjugal mais prolongado. O mais chocante disso tudo é que ninguém desconfiava de nada, pois, a escola era uma das referências na região, fazendo inclusive aumentarem os próximos dos imóveis que a cercavam.
O roteiro, que possui arcos muito bem definidos, alterna ótimos diálogos com cenas impactantes de como a ganância deixa uma pessoa completamente cega e que no final do dia vale mais a pena ver chorar a outra família do que a sua, pelo menos para os envolvidos nesse roubo que ocorreu de verdade em 2004 (inclusive, o roteirista Mike Makowsky era aluno do high school numa região próxima ao ocorrido.).
Um ótimo filme, profundo, impactante e que mostra verdades chocantes de um escândalo que abalou as estruturas do ensino norte-americano.
O Mago das Mentiras
O cofre do banco contém apenas dinheiro; frusta-se quem pensar que lá encontrará riqueza. The Wizard of Lies, no português, O Mago das Mentiras, é um impactante drama, e uma biografia sobre o nova-ioquino Bernard Lawrence “Bernie” Madoff responsável por uma das maiores fraudes financeiras da história mundial. Dirigido pelo veteraníssimo cineasta Barry Levinson (de clássicos como: Bugsy, Bom Dia Vietnã, Rain Man) o longa-metragem, com pouco mais de 130 minutos, faz um pequeno raio-x de um esquema conhecido como Pirâmide (nesse caso comparado ao famoso Esquema Ponzi), além de ir a fundo no drama familiar que Bernie deixou de herança e que mudou a vida e a rotina de seus filhos e esposa para sempre. No papel do protagonista, a lenda, Robert De Niro, que desenvolve uma de suas melhores atuações dos últimos anos, muito bom ver o bom e velho Touro Indomável de volta a uma grande atuação.
Na trama, conhecemos a vida de fortuna e status de Bernie Madoff (Robert de Niro), ex-guarda-vidas que fundou aos poucos uma empresa mundialmente conhecida, principalmente em Wall Street, se tornando presidente de uma sociedade de investimento que tem o seu nome e que fundou no início da década de 60. Bernie mantinha sua empresa ao lado de seus únicos dois filhos Andrew (Nathan Darrow) e Mark (Alessandro Nivola) que trabalhavam para ele mesmo eles não tendo um controle sobre realmente tudo que acontecia por ali. No ano de 2008, resolveu se entregar a polícia norte americana assumindo a culpa de um esquema fraudulento que deixou o mercado financeiro mundial em total colapso com perdas na casa dos 60 bilhões de dólares. Após assumir a culpa e praticar se entregar (seus filhos quando souberem tomaram a frente nesse sentido) Bernie, isolado em uma prisão de segurança máxima, vai enfrentar não só a ira de todos que foram roubados, da imprensa e do governo norte-americano mas também verá a decadência de sua família que nunca mais encontrou uma gota de esperança em ser feliz.
The Wizard of Lies (O Mago das Mentiras) é muito mais que um filme sobre o Mercado financeiro, é um drama impactante, com ótimas atuações e uma direção firme que nos leva a pensar a todo instante em que mundo vivemos.