É notável como o gênero do terror sempre foi subestimado no cenário das premiações, principalmente na história do Oscar. É claro que, volta e meia, alguns títulos conseguiram indicações e estatuetas da Academia – mas nada comparado a, por exemplo, drama e musicais, que se consagram até hoje como os favoritos da crítica para conquistarem as cobiçadas estatuetas.
Dentre alguns exemplos, podemos citar a merecida indicação de Ellen Burstyn e de Linda Blair por seus trabalhos excepcionais em ‘O Exorcista’, a vitória de Fredric March em 1932 pelo clássico ‘O Médico e o Monstro’ e de Natalie Portman em 2011 por ‘Cisne Negro’, ou a nomeação de Sigourney Weaver pelo aplaudido ‘Aliens – O Resgate’.
Todavia, inúmeras atuações foram completamente esnobadas no circuito da premiação e, pensando nisso, preparamos uma breve lista elencando cinco performances femininas que mereciam, ao menos, terem sido indicadas.
Veja abaixo:
JENNIFER LAWRENCE, mãe! (2017)
Até hoje, ninguém entendeu a recepção negativa da performance de Jennifer Lawrence no potente e chocante thriller psicológico ‘mãe!’, de Darren Aronofsky. Inexplicavelmente, a atriz, que já havia saído vitoriosa do Oscar por ‘O Lado Bom da Vida’, foi indicada ao Framboesa de Ouro de Pior Atriz – mas entregou-se de corpo e alma à performance titular do longa-metragem, nos guiando em uma derradeira, angustiante e claustrofóbica jornada que recontou os principais eventos da mitologia católica e que reiterou sua incrível versatilidade criativa nos cinemas.
ANYA TAYLOR-JOY, A Bruxa (2015)
Antes de ganhar o mundo com títulos como ‘O Gambito da Rainha’ e o vindouro ‘Furiosa: Uma Saga Mad Max’, Anya Taylor-Joy fez sua gloriosa estreia no circuito fílmico com o terror psicológico ‘A Bruxa’. Comandado por Robert Eggers em seu début diretorial, o longa-metragem deu destaque a performances irretocáveis e que colocaram a jovem atriz no centro dos holofotes, permitindo que ela explorasse todas as nuances de Thomasin em um tour-de-force arrepiante e petrificante do começo ao fim – e que merecia muito mais reconhecimento do que já teve.
TONI COLLETTE, Hereditário (2018)
‘Hereditário’ consagrou-se como um dos favoritos do gênero na década passada – e o sucesso do filme veio acompanhado de performances arrebatadoras e de tirar o fôlego. Por essa razão, é inadmissível que uma atriz do calibre de Toni Collette, que protagonizou as melhores sequências do projeto (incluindo uma avassaladora jornada pelo luto e pela dor), não tenha sequer faturado uma indicação ao Oscar. Rendendo-se por completo a uma mãe que navega pela tênue linha entre a sanidade e a loucura, Collette nos deixou à beira de um ataque de nervos e nos presenteou com o melhor papel de sua carreira.
LUPITA NYONG’O, Nós (2019)
Depois de ter conquistado o planeta com o aclamado ‘Corra!’, Jordan Peele superou a si próprio com o terror ‘Nós’. Explorando os conceitos dos döppelgangers em uma pungente e crítica narrativa psicossocial, Peele reuniu-se com a premiada Lupita Nyong’o, colocando-a como protagonista dupla do enredo e arrancando da atriz duas interpretações que ficaram marcadas no cenário mainstream como uma das melhores da memória recente – e que arrancaram suspiros de decepção ao serem esnobadas pela Academia.
FLORENCE PUGH, Midsommar (2019)
Um ano depois de ‘Hereditário’, Ari Aster voltou a alimentar seu microcosmos do terror psicológico com o ambicioso ‘Midsommar’. O longa-metragem, apesar de não ter tido tanto sucesso crítico como o título predecessor, conquistou o público por um elenco de peso que trouxe à frente a extraordinária Florence Pugh em um dos melhores papéis de sua carreira: aqui, a atriz dá vida a Dani, uma traumatizada jovem que viaja para um retiro sueco e se vê no centro de um violento culto e em um inescapável labirinto de terror. Sua comprometida performance foi alvo de diversos elogios e ajudou a calcar sua carreira futura – que lhe garantiria a primeira indicação ao Oscar por ‘Adoráveis Mulheres’.