Altos e baixos são comuns na carreira de qualquer ator, ou qualquer profissional. Quando falamos em artistas do ramo do entretenimento, todos almejam como ápice de trajetória estrelar uma produção cinematográfica e se tornar o novo astro de Hollywood. E de fato, como você pode conferir a seguir, todos os nomes contidos na matéria de fato conquistaram este tão almejado sucesso, ocupando o posto mais alto da cadeia alimentar da maior indústria de cinema do mundo. Porém, quanto mais alto se está, maior pode vir a ser a queda. E a proposta desta nova matéria fala justamente sobre cair em desgraça, mas saber levantar, sacudir a poeira e dar a volta por cima. Nessa matéria dupla, irei abordar as carreiras de alguns atores e atrizes tiveram uma ascensão meteórica, mas nos últimos anos não têm acertado muito em suas escolhas de projetos, precisando de forma urgente fazer as pazes com o sucesso. Agora seguimos com os homens. Confira abaixo.
Jared Leto
Começamos a lista com um vencedor do Oscar. Jared Leto foi premiado pela Academia em 2014 ao viver um personagem que talvez fosse visto com outros olhos pelo público do politicamente correto atual. Acontece que no longa Clube de Compras Dallas, que deu o Oscar para Leto, o ator interpreta um travesti – e hoje isso é um assunto delicado. O que chama atenção na carreira do artista, no entanto, é que ele parece ter caído na chamada “maldição do Oscar”, a mesma que acomete gente como Halle Berry, por exemplo, e fala sobre o declínio na carreira após a vitória do prêmio máximo. Leto, após vencer, parece ter se envolvido apenas em fracassos. Veja essa trilha: foi o pior Coringa do cinema em Esquadrão Suicida (2016), foi detonado em sua parceria com a Netflix em Dívida Perigosa (2017), esteve irreconhecível e caricato em Casa Gucci e está atualmente em cartaz com o altamente genérico Morbius.
O ponto de virada pode ser: Adrift, terror de Darren Aronofsky em fase de pré-produção, e Tron 3, que está anunciado. Fora isso, adoraríamos ver a redenção de Leto como o Coringa – o projeto solo do vilão segue anunciado na filmografia do ator.
Michael Fassbender
Quem? Pois é, sumido por um bom tempo dos holofotes, parece que tudo o que ganhamos de Michael Fassbender nos últimos tempos é seu desempenho sem brilho e contratualmente obrigado na pele do mutante Magneto nos cada vez piores filmes da franquia X-Men (ainda bem que foram parar nas mãos da Disney). Seu desempenho em especial nos dois últimos filmes da franquia foram o oposto da “alegria de atuação”, com muitos sequer lembrando que o ator está em tais filmes. Nem sempre foi o caso, já que Fassbender surgiu em cena com a imensa promessa de se tornar um dos maiores astros de Hollywood, graças a filmes como Shame, Um Método Perigoso e X-Men: Primeira Classe. Depois em filmes como Prometheus, 12 Anos de Escravidão e Frank, trouxe novos níveis de coragem e performances poderosas. A escorregada ocorreria no fatídico ano de 2016, quando entregou obras como X-Men: Apocalypse e Assassin’s Creed. E Fassbender nunca mais seria o mesmo. No ano seguinte, com fracassos do nível de Alien Covenant e em especial Boneco de Neve, o ator daria um tempo na carreira (participando somente de X-Men – Fênix Negra por obrigação) para estabilizar as coisas e poder recomeçar.
O ponto de virada pode ser: a comédia esportiva sobre futebol Next Goal Wins, de Taika Waititi, programada para esse ano. Fassbender também estará no próximo suspense policial de David Fincher intitulado The Killer, e no remake do western Meu Ódio Será Sua Herança.
Eddie Redmayne
Outro ator que parece ter sofrido a maldição do Oscar, o britânico Eddie Redmayne conseguiu um feito impressionante em sua carreira: surgiu para o mundo com duas indicações ao Oscar consecutivas de ator principal. A primeira foi a que o rendeu a vitória, por A Teoria de Tudo, e no ano seguinte seria lembrado novamente por um papel de igual dificuldade em A Garota Dinamarquesa. Na hora de aceitar sua cota de blockbuster e se tornar um astro, escolher o protagonismo em uma série derivada de Harry Potter parece ser o caminho certo a percorrer. E o primeiro Animais Fantásticos de fato foi o que mais agradou, apesar de não se igualar aos filmes da franquia do bruxinho. O que parece é que Redmayne está preso a este navio afundando chamado Animais Fantásticos, que chega agora ao seu terceiro exemplar, já quase sem fôlego. Entre um e outro da franquia, ele arriscou em Os Aeronautas, mas quem de fato viu esse filme?
O ponto de virada pode ser: Redmayne encerrou a franquia Animais Fantásticos, com o criticado terceiro filme. A sorte mesmo pode estar no suspense The Good Nurse, com Jessica Chastain, baseado numa história real sobre uma infame enfermeira, da Netflix.
Matthew McConaughey
Talvez nenhum outro ator da lista tenha vivido tantos altos e baixos em sua carreira quanto o texano Matthew McConaughey. Até emplacar em Tempo de Matar, ele teve que sofrer com tranqueiras como O Massacre da Serra Elétrica – O Retorno. Depois, sua carreira caiu num looping eterno de comédias românticas esquecíveis, onde na maioria ele sempre vivia o galã. Até a chamada “McConaissance”, a renascença do ator no início dos anos 2010, que culminaram na sua vitória no Oscar em 2014. Nessa fase, McConaughey veria um novo despertar em sua carreira – que duraria até o ano de 2015. De lá para cá, seguiram produções que foram fracasso ou que ninguém assistiu, vide: Mar de Árvores, Um Estado de Liberdade, Ouro e Cobiça, A Torre Negra, White Boy Rick, Calmaria e The Beach Bum: Levando a Vida Numa Boa. Até quando conseguiu emplacar um sucesso moderado com Magnatas do Crime, o filme não foi exibido nos cinemas de grande parte do mundo, como no Brasil. O fato fez o ator dar uma pausa em sua carreira.
O ponto de virada pode ser: McConaughey lançou o segundo Sing, animação da Universal Pictures, e não possui projetos anunciados neste momento.
Hugh Jackman
Sim, até mesmo o astro Hugh Jackman, intérprete do mutante Wolverine, encontrou lugar em nossa lista. De fato, o último grande sucesso do ator foi justamente há cinco anos, quando interpretou o herói musculoso pela última vez nos cinemas, na “despedida” Logan (2017). Para muitos atores, como os apresentados na matéria até agora, fracassos consecutivos e filmes que ninguém assistiu em sequência são o que fizeram suas carreiras saírem dos eixos. Mas às vezes basta se desiludir com um único projeto no qual apostava todas as suas fichas. É o caso com Hugh Jackman, ator surgido dos musicais dos palcos, que voltava às origens com O Rei do Show (2017). O filme era para ter sido um sucesso unânime na carreira do ator, mirando inclusive indicações ao Oscar, mas terminou recebendo críticas mornas, não emplacando da forma planejada pelos envolvidos. Depois disso, a carreira de Jackman nunca mais foi a mesma, realizando filmes menores até bons, mas que quase ninguém assistiu, vide O Favorito, Má Educação, Link Perdido e Caminhos da Memória.
O ponto de virada pode ser: The Son, continuação inusitada do sucesso Meu Pai, com Anthony Hopkins, do mesmo diretor Florian Zeller, já em fase de pós-produção. Jackman ainda estará no drama de espionagem The Good Spy e no religioso Apostle Paul, sobre o Apóstolo Paulo. Ah sim, e teremos ‘Wolverine e Deadpool‘.
Miles Teller
Com seu jeito debochado e fala rápida que muitas vezes soa como improviso, Miles Teller tem um estilo que até lembra o de Shia LaBeouf no que diz respeito à atuação. Teller, é claro, foi revelado ao mundo devido a coming of ages poderosos e melancólicos como O Maravilhoso Agora e, principalmente, Whiplash – Em Busca da Perfeição. Era certo que depois do protagonismo no filme indicado ao Oscar a carreira de Teller iria decolar. E o rapaz até tentou, mas escolhas de projetos duvidosos como a franquia Divergente e o desastroso Quarteto Fantástico de 2015, no qual interpretou o protagonista Reed Richards, terminaram por fazê-lo declinar numa queda vertiginosa. O impacto negativo destas duas empreitadas foi tão sentido na carreira de Teller, que o ator ainda não conseguiu se recuperar – seguindo para filmes sem muita popularidade como Arrume um Emprego, Sangue Pela Glória, Honra ao Mérito e Homens de Coragem – todos lançados direto em vídeo por aqui. Nem na TV o ator teve muita sorte, estrelando o letárgico seriado de Nicolas Winding Refn Muito Velho para Morrer Jovem.
O ponto de virada pode ser: Teller tem muitos projetos adiante, a começar por Top Gun: Maverick, continuação do sucesso de 1986 novamente protagonizado por Tom Cruise, no qual interpreta o novo piloto de caças arrogante. Depois o ator segue para Spiderhead, da Netflix, ficção protagonizada por Chris Hemsworth. E finalmente, um dos projetos mais esperados, The Offer é a aposta da Paramount Plus para impulsionar seu serviço de streaming e fala sobre os bastidores do clássico O Poderoso Chefão. A série traz Teller protagonizando.
Jake Gyllenhaal
O mundo começou a se dar conta de que Jake Gyllenhaal era um dos grandes atores de sua geração há mais ou menos dez anos, quando ele estrelou o drama policial Marcados para Morrer. Daí em diante seguiram trabalhos significativos em filmes como Os Suspeitos e O Homem Duplicado – ambos de Denis Villeneuve. Mas o auge para o ator ocorreria com O Abutre, trabalho divisor de águas em sua carreira, uma impressionante transformação física digna de Robert De Niro nos tempos áureos, numa produção que parecia ter saído exatamente da década de 1970. Porém, depois da bonança vem a tempestade, e depois de seu auge em 2014, Gyllenhaal enfrentaria um 2015 difícil, com quatro filmes lançados e quatro fracassos consecutivos. Nocaute, Demolição e Evereste são filmes mornos que ninguém prestou atenção, mas Amor por Acidente é um daqueles desastres de trem que resultam em tragédia para uma carreira. Assim, o precedente estava aberto, e a filmografia do ator não seria mais a mesma, continuando para obras medianas ou obscuras, como Vida, Okja, O Que Te Faz Mais Forte, Vida Selvagem, Os Irmãos Sister e Toda Arte é Perigosa – todos longe de figurarem na boca dos fãs. O ator até emplacou como o vilão Mysterio de Homem-Aranha: Longe de Casa, e obteve elogios no recente remake O Culpado – mas no primeiro ele é apenas uma peça num produto bem maior e o segundo não se tornou algo tão inovador assim em comparação ao original dinamarquês.
O ponto de virada pode ser: esperava-se que o thriller de ação Ambulância – Um Dia de Crime fosse o novo sucesso de Gyllenhaal, porém, apesar de críticas até favoráveis, o filme se tornou a pior estreia de um filme do diretor Michael Bay nos EUA. Seja como for, Gyllenhaal tem inúmeros outros projetos agendados, dos quais destaco The Division, adaptação de um famoso game coestrelado por Jessica Chastain; The Interpreter, novo drama policial de Guy Ritchie; Matadora de Aluguel, remake do clássico da década de 1980, agora protagonizado por uma mulher; e Francis and the Godfather, outro projeto sobre os bastidores de O Poderoso Chefão.
Ben Affleck
Outro ator que conheceu como ninguém os altos e baixos de uma carreira, Ben Affleck tornou-se um astro ainda no fim da década de 1990 – com filmes como Gênio Indomável e Armageddon. Logo, o ator estava em todos os lugares, desde inúmeras comédias românticas até filmes de super-heróis, onde interpretou o vigilante cego da Marvel Demolidor. Após se tornar diretor, seu status foi subindo a cada novo projeto até culminar em Argo – o vencedor do Oscar em 2013. Justamente por isso, gerou grande expectativa quando foi confirmado como Batman, em meados da década passado. Mas o que era para ser uma nova guinada rumo às estrelas na carreira de Affleck, mostrou-se um novo baque, graças aos desempenhos trágicos consecutivos de filmes como Batman vs Superman, Esquadrão Suicida e Liga da Justiça, ou seja, todos em que o ator interpretou o Homem Morcego. Depois disso, Affleck resolveu aposentar a capa, mas a uruca não deixou o ator, seguindo-o para seus seis últimos filmes (Operação Fronteira, A Última Coisa que Ele Queria, O Caminho de Volta, O Último Duelo, Bar Doce Lar e Águas Profundas).
O ponto de virada pode ser: ironicamente, Affleck pode vir a obter sucesso vestindo o uniforme do Batman mais uma vez. O ator fará ponta no filme solo de outro personagem da DC, The Flash. Fora isso, também está no elenco do novo suspense de Robert Rodriguez, Hypnotic; na continuação de O Contador; e em dois projetos que irá dirigir – o drama de guerra Ghost Army e a adaptação de Agatha Christie, Witness of the Prosecution.