quarta-feira, agosto 20, 2025
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    Artigo | Novo Universo DC está em boas mãos com James Gunn após ‘Superman’

    Superman segue com sua bela trajetória pelos cinemas, arrecadando algo muito superior a “apenas” bilheteria: críticas positivas. Um dos comentários mais comuns que rondam o filme é aquele que aponta algo como “não gostava do Superman antes, mas agora ele é meu herói favorito”. Isso, por mais simples e bobo que possa parecer, é fundamental para o plano da Warner para o novo Universo DC nos cinemas. E eles não poderiam ter escolhido alguém melhor que James Gunn para liderar essa missão.

    Após uma década de produções irregulares no falecido Universo Estendido DC, guiado parcialmente pela visão do diretor Zack Snyder, que sofreu diversas interferências dos acionistas do estúdio, a DC parece ter compreendido a riqueza do próprio universo e ter desistido dessa proposta de seguir uma visão única para todos os personagens. E o primeiro passo para o sucesso é reconhecer os erros. Isso foi reconhecido e vem sendo trabalhado para não se repetir. A centralização dos rumos desse universo nas mãos de Gunn foi o segundo passo. O diretor é um exímio conhecedor das histórias em quadrinhos e já explicitou algumas vezes que o ‘seu’ DCU será marcado pela diversidade. Não é porque Gotham City é sombria e perigosa que Metrópolis também será assim. Ele sabe que existem diferenças e elas podem coexistir neste novo universo.

    Foto: Jessica Miglio © 2025 Warner Bros. Entertainment Inc. All Rights Reserved.

    Mais do que isso, James Gunn não está dividindo esse universo em fases definidas previamente. Ele define cerca de três projetos capitais e vai aprovando novos filmes e séries conforme acredita que possam agregar ao imaginário coletivo do público sobre a DC. Esse trabalho é muito mais do que formular um novo universo, ele precisa conseguir apagar a imagem negativa que o DCEU e suas controvérsias deixaram na audiência, algo que a própria Marvel vem enfrentando neste momento. Ele entende que é hora de trazer projetos que façam o público assistir as produções do estúdio e as associem a qualidade. Mesmo que a bilheteria não arrebente a marca do bilhão a cada seis meses, o importante agora é a galera assistir e sair da sala, seja de casa ou do cinema, falando bem do que acabou de ver. É incentivar a propaganda boca-a-boca, criar o burburinho positivo.

    É por isso que ele vem trabalhando em três frentes: animações, universo regular e o Elseworlds. A ideia é trazer produções que façam da DC referência de muito mais do que só ‘filmes de heróis’. É por isso, por exemplo, que The Batman 2 segue como uma prioridade do estúdio. Mesmo que o herói de Robert Pattinson não integre o universo regular, o mundo idealizado e trabalhado por Matt Reeves nos cinemas e no streaming tem acumulado avaliações positivas e indicações aos principais prêmios. Pinguim acabou de receber 24 indicações ao Emmy Awards. Mesmo com o filme distante, a série coloca o nome da DC na elite da TV mundial.

    Divulgação/ Warner Bros. Pictures.

    É por isso também que filmes como Cara de Barro, que vem sendo descrito como um Body Horror, foi prontamente aprovado. A ideia é expandir o DCU para diferentes gêneros. É para o público assistir uma aventura leve e otimista, como Superman, e pensar na DC. Um suspense cheio de mistérios? DC. Um terror favorito? DC. É limpar a barra do estúdio, da marca, colocando-a no topo em várias frentes, mas sem a necessidade de acompanhar tudo para compreender o universo. Nem tudo precisa estar conectado. A ideia não é precisar ver isso para entender aquilo, mas ver isso e ter vontade de assistir mais aquilo.

    Quando esse projeto de excelência estiver abraçado pelo público, aí sim a Warner vai começar a cobrar mais a questão das bilheterias, caso elas mesmas já não estejam falando por si. É uma visão ambiciosa e ousada, mas extremamente lógica.

    Divulgação/ HBO Max.

    Mas o que mais me fez acreditar nesse projeto do novo Universo DC, fora o altíssimo nível das produções lançadas até aqui – Comando das Criaturas, Pinguim e Superman –, foi a conversa que tivemos com o próprio James Gunn durante a passagem do diretor pelo Rio de Janeiro. Comentei que Superman havia despertado em mim a sensação de estar vendo a um grande episódio de Liga da Justiça Sem Limites, a espetacular animação que marcou a popularidade da DC junto às gerações dos anos 1990 e 2000. Perguntei se ele havia se inspirado nas animações, e a resposta foi muito animadora.

    “Sim! Que ótimo ouvir isso! Eu mergulhei no universo das animações da DC para fazer Superman e há muito material de excelência nas produções animadas da DC. Certamente vamos trabalhar bastante com inspiração nessas obras, porque tem muita coisa boa nesse meio”, disse o CEO.

    Divulgação/ DC Entertainment.

    Para quem está chegando agora no meio das adaptações DC, isso pode não significar muita coisa, mas quem viveu os anos 2000 e 2010 do estúdio sabe que os níveis de liberdade e excelência das produções animadas nesse período foram realmente muito acima da média. Tanto que essas animações sustentaram um título de Home Video próprio com excelentes índices de venda. Enquanto a Marvel dominava as telonas, a DC reinava soberana nas telinhas. Eram produções com um senso fantástico de coesão, com histórias muito boas de acompanhar. Sem contar as produções clássicas de Paul Dini e Bruce Timm, como Batman: The Animated Series e a própria Liga da Justiça, que conseguiram respeitar o cânone dos quadrinhos, enquanto adicionavam novidades e trabalhavam diversos personagens com maestria. São referenciais muito promissores.

    Enfim, é muito cedo para afirmar que essa proposta dará certo, mas é um projeto extremamente animador para lidar com esse universo. Prezar pela excelência dos projetos com inspiração em obras conhecidas justamente por sua qualidade e liberdade de abordagens é tudo que um universo cinematográfico precisa. Focar individualmente nas produções, pincelando personagens e abrindo portas para novas situações, é um caminho muito seguro a se seguir. Por mais cedo que seja, tudo indica que o novo Universo DC está em boas mãos com James Gunn.

    Divulgação/ Warner Bros. Pictures.

    Superman está em cartaz nos cinemas.

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