domingo , 22 dezembro , 2024

A A24 é a SALVAÇÃO do cinema? A consolidação no mercado até se tornar grife

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A consagração



Continuando a nossa saga pela história da A24, vamos para a nova era do estúdio, onde a empresa dessa vez virou sinônimo não apenas de qualidade, mas de longas premiados ou cultuados. ‘A Lagosta‘ mostrou um lado mais acessível do grego Yorgos Lanthimos, ainda que mantivesse a essência do cineasta. ‘Swiss Army Man‘ foi outro título que brigaram muito para tê-lo em seu catálogo, até porque a ideia da dupla de diretores Daniel Kwan e Daniel Scheinert era insanamente inovadora. ‘Krisha‘ também saiu em 2016, e esteve presente, por exemplo, na minha lista de melhores do ano.

Alguns documentários também foram feitos como o da banda Oasis, do Brian De Palma e do Morris. Mas ninguém esperava que pouco depois de entrar no mercado, um filme produzido pela A24 levasse um Oscar principal de Melhor Filme, no caso o lindíssimo ‘Moonlight‘. Talvez nem eles pensaram nisso. Por sinal, foi um prêmio merecidíssimo. O longa de Barry Jenkins é incrível por si só, mas possui diversas camadas nos temas abordados. O elenco então casou como uma luva. Aliás foi com ele que o sensacional Mahershala Ali levou seu primeiro Oscar.

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Depois de tudo isso, a A24 crava de vez seu nome na história do cinema e decide expandir o negócio também para a TV, fazendo algumas parcerias com a própria HBO, Hulu e Netflix. Além de alguns filmes lançados direto pra tv, houve também algumas séries documentais e stand-ups. E atualmente ‘Euphoria‘, da HBO Max, estrelada pela Zendaya (a Mary Jane do novo Homem-Aranha) é uma das séries mais aclamadas. Não à toa o show é mesmo impressionante e fala com muita propriedade sobre experiências e relacionamentos traumáticos na juventude.

Em 2017, apesar da A24 lançar ‘Lady Bird‘, da maravilhosa Greta Gerwig, e do sensacional Artista do Desastre, de James Franco, ambos longas de grande repercussão e que também tiveram indicação ao Oscar, outros dois filmes em particular me chamaram atenção.

Verdadeiras obras-primas

O primeiro, ‘Ao Cair da Noite‘, é mais um filme de terror bastante incomum, que mesmo numa narrativa mais intimista e numa roupagem indie, trouxe como poucos o clima de desconfiança, devido a uma espécie de maldição ou vírus semelhante a raiva, que transformava as pessoas em monstros, mas não de forma aparente, e sim no modo de agir. De gelar a espinha.

Mas aí chegamos em ‘A Ghost Story’, que é o meu filme favorito da A24, e outro que também é um dos grandes filmes da década. Mas esse é um que me pegou de surpresa, pois demorou bastante pra chegar aqui no Brasil, e ainda assim foi direto pra home video, e fui vê-lo novamente como mais uma das produções da A24, como o próprio ‘Ao cair da Noite’, só que aqui tudo transcende de maneira incomum e genuína.

David Lowery cria uma metáfora inacreditável sobre vida e morte, amor e solidão, distância e melancolia. Onde tudo parece no lugar, cada plano ou ideia tem funções claras e intuitos certeiros no fazer do filme. Não vou me estender mais, porém foi aí que pra mim, a A24, que já tinha somado bastante, me ganhou pra sempre.

No ano seguinte, o já longínquo 2018, dois projetos em especial se destacaram entre os lançamentos do estúdio. O veterano Paul Schrader lançou ‘No Coração da Escuridão‘ no Festival de Veneza e logo em seguida a A24 adquiriu os direitos pra lança-lo internacionalmente, e de fato é um trabalho que mexe bastante com as intuições religiosa e aparece quase como um filme denúncia. O próprio Schrader fala que foi bastante inspirado pelo longa Ida, de 2013, uma porrada.

A outra produção de destaque foi o longa ‘Hereditário‘, do também então novato Ari Aster, que causou uma histeria absurda pelo mundo. Onde muitos até passavam mal nas sessões, iam embora antes do fim. E muita gente foi atormentada com tamanha intensidade da trama e na atmosfera criada pelo Aster. Percebam quantos cineastas debutaram pela A24 e hoje são venerados nos gêneros que transitam. Mas de fato Hereditário é um grande filme de Aster sobre crença, sobre loucura e principalmente sobre família.

Explorando novos horizontes

Chegamos então em 2019, outro ano fantástico para A24, que nos brindou com um cinema mais pulsante que o intimista visto anteriormente. A começar por ‘Climax‘, do doidão Gaspar Noé, que fez incialmente um musical dançante que trouxe a história real de um grupo de jovens que foi pra uma boate numa festa, e depois de muitas drogas alucinógenas ficaram presos nesse lugar, numa espécie de terror mental. O filme não para, as batidas são incessantes.

Tivemos também o lindíssimo e tocante ‘High Life‘, da Claire Denis; o novo trabalho de David Robert Mitchell (‘It Follows’), que havia deixado todo mundo maluco com seu It Follows, e aqui com ‘Under the Silver Lake‘ repete a vibe Carpenteana, bastante corajoso e até meio confuso em uns pontos, mas sem ter medo de ser complexo.

Algo parecido com o aconteceu ao próprio Ari Aster, de ‘Hereditário’, com o seu novo filme lançado um ano depois, chamado de ‘Midsommar‘. Uma espécie de estudo antropológico, onde aborda uma seita com pegadas que remetem bastante ao clássico ‘O Homem de Palha‘. Mas que muita gente achou chatíssimo.

Robert Eggers, o homem por trás de ‘A Bruxa‘, também deu as caras em 2019 com o obscuro ‘O Farol‘. Um filme que traz temas de horror e lendas marinhas de tritões, sereias, netuno e gaivotas assassinas que fazem gelar a alma. Com uma atmosfera opressora muito ajudada por seu enquadramento 4:3, do som ensurdecedor do farol, nos planos. Tendo clara inspiração em dois cineastas com obras bem distintas e ao mesmo tempo geniais e genuínas: Bergman e Hitchcock.

Tivemos também ‘Joias Brutas‘, parceria junto a Netflix que colocou Adam Sandler em outro patamar na categoria de ator – ainda que já tivesse feitos bons trabalhos como no genial ‘Embriagado de Amor‘, por exemplo – mas aqui a dupla Josh e Benny Safdie, que já haviam brilhado anteriormente na A24 com o também alucinante Bom Comportamento, faz um filme que sobe mais uma casinha nessa mesma linha de narrativa agitada. É cinema em movimento, em total êxtase. Talvez eles até tenham criado um novo subgênero, pois, honestamente, eu não sei bem descrever o que vi.

Virou grife

Após o ano de 2020, o nome da A24 passou a ser considerado uma grife para filmes de alta qualidade e grandes realizadores. ‘First Cow – A Primeira Vaca da América’, dirigido por Kelly Reichardt, com roteiro dela e Jonathan Raymond foi baseado no romance The Half Life, de Raymond, teve sua estreia mundial no Festival de Cinema de Telluride em 30 de agosto de 2019, e também foi selecionado para concorrer ao Urso de Ouro na seção de competição principal do 70º Festival Internacional de Cinema de Berlim.

Já ‘Minari – Em Busca da Felicidade‘ foi dirigido por Lee Isaac Chung. É estrelado por Steven Yeun, Han Ye-ri, Alan Kim, Noel Kate Cho, Youn Yuh-jung, e Will Patton, que estreou mundialmente no Festival Sundance de Cinema em janeiro de 2020 e venceu o Grande Prêmio do Júri.

O mesmo autor do genial ‘A Ghost Story‘, David Lowery, lançou o longa arturiano épico de fantasia ‘The Green Knight‘, baseado no romance Sir Gawain e o Cavaleiro Verde do século 14. Um filme que honra e desconstrói seu material de origem em igual medida, produzindo uma aventura envolvente que lança um feitiço fantástico. Recebendo aclamação mundial da crítica especializada.

E no último tivemos um recorte espetacular, com várias produções de altíssimos nível, onde dentre elas estão Lamb, Sempre em Frente, Red Rocket, A Tragédia de Macbeth, X e Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo. E em breve Alex Garland deve voltar com ‘Men‘, dentro do gênero do terror, após Aniquilação. Ou seja, a A24 aparece como um estúdio que se importa em produzir obras autorais e de proposta genuína em meio a tantas produções genéricas lançadas. Que continuem então firme e

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Wilker Medeiroshttps://www.youtube.com/imersaocultural
Wilker Medeiros, com passagem pela área de jornalismo, atuou em portais e podcasts como editor e crítico de cinema. Formou-se em cursos de Fotografia e Iluminação, Teoria, Linguagem e Crítica Cinematográfica, Forma e Estilo do Cinema. Sempre foi apaixonado pela sétima arte e é um consumidor voraz de cultura pop.

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Continuando a nossa saga pela história da A24, vamos para a nova era do estúdio, onde a empresa dessa vez virou sinônimo não apenas de qualidade, mas de longas premiados ou cultuados. ‘A Lagosta‘ mostrou um lado mais acessível do grego Yorgos Lanthimos, ainda que mantivesse a essência do cineasta. ‘Swiss Army Man‘ foi outro título que brigaram muito para tê-lo em seu catálogo, até porque a ideia da dupla de diretores Daniel Kwan e Daniel Scheinert era insanamente inovadora. ‘Krisha‘ também saiu em 2016, e esteve presente, por exemplo, na minha lista de melhores do ano.

Alguns documentários também foram feitos como o da banda Oasis, do Brian De Palma e do Morris. Mas ninguém esperava que pouco depois de entrar no mercado, um filme produzido pela A24 levasse um Oscar principal de Melhor Filme, no caso o lindíssimo ‘Moonlight‘. Talvez nem eles pensaram nisso. Por sinal, foi um prêmio merecidíssimo. O longa de Barry Jenkins é incrível por si só, mas possui diversas camadas nos temas abordados. O elenco então casou como uma luva. Aliás foi com ele que o sensacional Mahershala Ali levou seu primeiro Oscar.

Depois de tudo isso, a A24 crava de vez seu nome na história do cinema e decide expandir o negócio também para a TV, fazendo algumas parcerias com a própria HBO, Hulu e Netflix. Além de alguns filmes lançados direto pra tv, houve também algumas séries documentais e stand-ups. E atualmente ‘Euphoria‘, da HBO Max, estrelada pela Zendaya (a Mary Jane do novo Homem-Aranha) é uma das séries mais aclamadas. Não à toa o show é mesmo impressionante e fala com muita propriedade sobre experiências e relacionamentos traumáticos na juventude.

Em 2017, apesar da A24 lançar ‘Lady Bird‘, da maravilhosa Greta Gerwig, e do sensacional Artista do Desastre, de James Franco, ambos longas de grande repercussão e que também tiveram indicação ao Oscar, outros dois filmes em particular me chamaram atenção.

Verdadeiras obras-primas

O primeiro, ‘Ao Cair da Noite‘, é mais um filme de terror bastante incomum, que mesmo numa narrativa mais intimista e numa roupagem indie, trouxe como poucos o clima de desconfiança, devido a uma espécie de maldição ou vírus semelhante a raiva, que transformava as pessoas em monstros, mas não de forma aparente, e sim no modo de agir. De gelar a espinha.

Mas aí chegamos em ‘A Ghost Story’, que é o meu filme favorito da A24, e outro que também é um dos grandes filmes da década. Mas esse é um que me pegou de surpresa, pois demorou bastante pra chegar aqui no Brasil, e ainda assim foi direto pra home video, e fui vê-lo novamente como mais uma das produções da A24, como o próprio ‘Ao cair da Noite’, só que aqui tudo transcende de maneira incomum e genuína.

David Lowery cria uma metáfora inacreditável sobre vida e morte, amor e solidão, distância e melancolia. Onde tudo parece no lugar, cada plano ou ideia tem funções claras e intuitos certeiros no fazer do filme. Não vou me estender mais, porém foi aí que pra mim, a A24, que já tinha somado bastante, me ganhou pra sempre.

No ano seguinte, o já longínquo 2018, dois projetos em especial se destacaram entre os lançamentos do estúdio. O veterano Paul Schrader lançou ‘No Coração da Escuridão‘ no Festival de Veneza e logo em seguida a A24 adquiriu os direitos pra lança-lo internacionalmente, e de fato é um trabalho que mexe bastante com as intuições religiosa e aparece quase como um filme denúncia. O próprio Schrader fala que foi bastante inspirado pelo longa Ida, de 2013, uma porrada.

A outra produção de destaque foi o longa ‘Hereditário‘, do também então novato Ari Aster, que causou uma histeria absurda pelo mundo. Onde muitos até passavam mal nas sessões, iam embora antes do fim. E muita gente foi atormentada com tamanha intensidade da trama e na atmosfera criada pelo Aster. Percebam quantos cineastas debutaram pela A24 e hoje são venerados nos gêneros que transitam. Mas de fato Hereditário é um grande filme de Aster sobre crença, sobre loucura e principalmente sobre família.

Explorando novos horizontes

Chegamos então em 2019, outro ano fantástico para A24, que nos brindou com um cinema mais pulsante que o intimista visto anteriormente. A começar por ‘Climax‘, do doidão Gaspar Noé, que fez incialmente um musical dançante que trouxe a história real de um grupo de jovens que foi pra uma boate numa festa, e depois de muitas drogas alucinógenas ficaram presos nesse lugar, numa espécie de terror mental. O filme não para, as batidas são incessantes.

Tivemos também o lindíssimo e tocante ‘High Life‘, da Claire Denis; o novo trabalho de David Robert Mitchell (‘It Follows’), que havia deixado todo mundo maluco com seu It Follows, e aqui com ‘Under the Silver Lake‘ repete a vibe Carpenteana, bastante corajoso e até meio confuso em uns pontos, mas sem ter medo de ser complexo.

Algo parecido com o aconteceu ao próprio Ari Aster, de ‘Hereditário’, com o seu novo filme lançado um ano depois, chamado de ‘Midsommar‘. Uma espécie de estudo antropológico, onde aborda uma seita com pegadas que remetem bastante ao clássico ‘O Homem de Palha‘. Mas que muita gente achou chatíssimo.

Robert Eggers, o homem por trás de ‘A Bruxa‘, também deu as caras em 2019 com o obscuro ‘O Farol‘. Um filme que traz temas de horror e lendas marinhas de tritões, sereias, netuno e gaivotas assassinas que fazem gelar a alma. Com uma atmosfera opressora muito ajudada por seu enquadramento 4:3, do som ensurdecedor do farol, nos planos. Tendo clara inspiração em dois cineastas com obras bem distintas e ao mesmo tempo geniais e genuínas: Bergman e Hitchcock.

Tivemos também ‘Joias Brutas‘, parceria junto a Netflix que colocou Adam Sandler em outro patamar na categoria de ator – ainda que já tivesse feitos bons trabalhos como no genial ‘Embriagado de Amor‘, por exemplo – mas aqui a dupla Josh e Benny Safdie, que já haviam brilhado anteriormente na A24 com o também alucinante Bom Comportamento, faz um filme que sobe mais uma casinha nessa mesma linha de narrativa agitada. É cinema em movimento, em total êxtase. Talvez eles até tenham criado um novo subgênero, pois, honestamente, eu não sei bem descrever o que vi.

Virou grife

Após o ano de 2020, o nome da A24 passou a ser considerado uma grife para filmes de alta qualidade e grandes realizadores. ‘First Cow – A Primeira Vaca da América’, dirigido por Kelly Reichardt, com roteiro dela e Jonathan Raymond foi baseado no romance The Half Life, de Raymond, teve sua estreia mundial no Festival de Cinema de Telluride em 30 de agosto de 2019, e também foi selecionado para concorrer ao Urso de Ouro na seção de competição principal do 70º Festival Internacional de Cinema de Berlim.

Já ‘Minari – Em Busca da Felicidade‘ foi dirigido por Lee Isaac Chung. É estrelado por Steven Yeun, Han Ye-ri, Alan Kim, Noel Kate Cho, Youn Yuh-jung, e Will Patton, que estreou mundialmente no Festival Sundance de Cinema em janeiro de 2020 e venceu o Grande Prêmio do Júri.

O mesmo autor do genial ‘A Ghost Story‘, David Lowery, lançou o longa arturiano épico de fantasia ‘The Green Knight‘, baseado no romance Sir Gawain e o Cavaleiro Verde do século 14. Um filme que honra e desconstrói seu material de origem em igual medida, produzindo uma aventura envolvente que lança um feitiço fantástico. Recebendo aclamação mundial da crítica especializada.

E no último tivemos um recorte espetacular, com várias produções de altíssimos nível, onde dentre elas estão Lamb, Sempre em Frente, Red Rocket, A Tragédia de Macbeth, X e Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo. E em breve Alex Garland deve voltar com ‘Men‘, dentro do gênero do terror, após Aniquilação. Ou seja, a A24 aparece como um estúdio que se importa em produzir obras autorais e de proposta genuína em meio a tantas produções genéricas lançadas. Que continuem então firme e

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Wilker Medeiroshttps://www.youtube.com/imersaocultural
Wilker Medeiros, com passagem pela área de jornalismo, atuou em portais e podcasts como editor e crítico de cinema. Formou-se em cursos de Fotografia e Iluminação, Teoria, Linguagem e Crítica Cinematográfica, Forma e Estilo do Cinema. Sempre foi apaixonado pela sétima arte e é um consumidor voraz de cultura pop.

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