KON-TIKI É AVENTURA DE PRIMEIRA PARA ADULTOS
“A Aventura de Kon-Tiki” foi um dos indicados ao Oscar desse ano na categoria de filme estrangeiro. A produção representou a Noruega na disputa ao maior prêmio da sétima arte, mas ficou “a ver navios” (com o perdão do trocadilho) quando o impactante “Amor”, de Michael Haneke arrebatou a estatueta. Baseada em fatos reais, essa co-produção entre Reino Unido, Noruega, Dinamarca, Alemanha e Suécia, pode ser considerada uma obra grande em escala, mesmo tendo custado apenas um pouco mais de $16 milhões.
Sem rostos conhecidos no elenco, e falado basicamente todo em outro idioma que não o inglês, o filme é de muito fácil acesso e digestão para qualquer tipo de público, mesmo os que não são chegados em obras fora do circuito de Hollywood. A história narra a vida do icônico explorador e aventureiro Thor Heyerdahl. Logo no início do filme, o encontramos ao lado da esposa vivendo com uma tribo numa ilha. É justamente a temporada no local que o leva a formular sua próxima aventura.
O protagonista descobre que a tribo local da Polinésia era hereditária de sul americanas, e decide provar para o mundo que os antigos fizeram a travessia numa jangada por oito mil quilômetros. Saindo do Peru, a tribo Inca se fixou na Polinésia, e lá deixou o totem conhecido como Kon-Tiki, uma homenagem ao Deus Sol. É justamente ao ver tal imagem, que o protagonista fez da travessia um dos objetivos de sua vida.
Narrado de forma dinâmica pelos diretores Joachim Ronnin e Espen Sandberg, o filme leva seu tempo para desenvolver seus personagens antes de jogá-los ao mar. E assim vemos o protagonista tentando arrecadar fundos para a sua jornada e tentando convencer estudiosos de sua teoria. O patrocínio só chegou quando o próprio governo peruano decidiu bancar a investida.
O filme rende ainda momentos divertidos de alívio cômico antes da grande viagem, como quando Heyerdahl confunde o presidente sul americano com seus serventes no palácio. A travessia em si ocupa boa parte da obra, e são momentos de tirar o fôlego. Uma fotografia belíssima, intercalada com todos os momentos de tensão imagináveis e problemas surgidos com uma missão tão perigosa.
Desde tubarões (que causam mais nervosismo do que filmes voltados somente a isso), até tempestades e falta de comunicação. A esposa abandonada, e então parceira de aventuras do protagonista, também se torna um elemento importante na obra, assim como a personalidade de cada um dos explorados que ao lado de Heyerdahl se jogam ao infinito, tendo como referência apenas a determinação de seu líder.
O interessante aqui são as possibilidades de acontecimentos e a imprevisibilidade da trama, que apesar de ser baseada em eventos reais, guarda incerteza para pessoas que não sabem nada dessa história, e entraram totalmente no escuro para assistir ao filme, como o que vos fala. E assim se torna uma experiência mais satisfatória ainda, sabendo apenas a sinopse geral dos eventos, e a adrenalina trazida por situações e cenas que nos emergem nos acontecimentos apresentados como se fizéssemos parte do grupo.
Justamente por isso “A Aventura de Kon-Tiki” causa grande atração para todo tipo de público, desde os que procuram uma história edificante de vida, aos que querem apenas distração e diversão recheadas de adrenalina. Os diretores noruegueses foram responsáveis pelo fraco faroeste “Bandidas”, que juntou as amigas Salma Hayek e Penélope Cruz, mas após “Kon-Tiki” foram escalados para o comando de “Piratas do Caribe 5”, que contará com um orçamento mais enxuto após o fiasco de “O Cavaleiro Solitário”. Quem dera o próximo filme do Capitão Jack Sparrow pudesse ter a qualidade dessa aventura marítima.