quinta-feira , 21 novembro , 2024

‘A Chance de Fahim’ – Diretor comenta “A FRATERNIDADE é a única coisa que nenhum governo pode nos tirar”

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Com estreia marcada para a próxima quinta-feira (6/02), o longa ‘A Chance de Fahim’ é baseado na história real do jovem bengalês Fahim, que foi obrigado a deixar tudo para trás e imigrar com o pai para a França, em busca de sobrevivência. Com uma temática tão atual, nós, do CinePop, conversamos com o diretor do longa, Pierre-François Martin-Laval, que contou que ficou “profundamente comovido pelo o que Fahim disse em uma entrevista que concedeu à uma emissora de televisão e corri para comprar Um Rei Clandestino (livro sobre a vida de Fahim). As emoções e a força do texto me convenceram a passar essa história para o cinema.”



Lembrando que a história de Fahim é uma em um milhão que deu certo – afinal, o garoto é campeão de xadrez –, Pierre confessa que em seu filme “queria que nós nos déssemos conta que essas pessoas com quem cruzamos nas ruas, que nos vendem uma rosa ou um souvenir de Paris, não estão no nosso país a lazer. A maioria tem como alternativa sobreviver aqui ou correr risco de morte no seu país de origem.”

Com os constantes protestos em Paris e com uma crítica social de pano de fundo em seu filme, o diretor abriu o jogo e falou que “financeiramente foi complicado [fazer o filme], principalmente porque os atores principais são estrangeiros e desconhecidos. Na França, as emissoras de televisão atuam na coprodução e exigem que escolhamos atores famosos nos papéis principais. As emissoras se preocupam, acima de tudo, com a audiência do filme na televisão, transmitido dois anos após o seu lançamento nos cinemas.” Apesar de todas essas dificuldades, o público se surpreendeu com o filme no lançamento na França.

Em ‘A Chance de Fahim’, os atores falam duas línguas o tempo todo: o francês e o bengalês. Imaginem a Babel que foi as gravações desse longa!

Mas sobre isso, Pierre tirou vários pontos positivos da experiência: “O jovem Assad [que é mesmo bengalês] tinha vergonha de não entender nosso idioma. Tive que explicar a ele que eu me alegrava de ele não entender, pois seu personagem também não entendia francês quando chegou no país. Assad, assim como o Fahim, aprendeu francês durante as gravações. Já Mizanur Rahaman [que faz o pai de Fahim no longa] se comunicava comigo em inglês. E isso fazia minha equipe inteira rir, pois falo muito pouco inglês! E ainda tivemos um terceiro problema, porque o Mizanur fala bengalês de Dacca, enquanto o jovem Assad, que interpreta seu filho, fala um outro dialeto do sul do Bangladesh. Quando eu pedia que improvisassem na cena, a compreensão truncava um pouco.”

O que mais chama a atenção em ‘A Chance de Fahim’ são, claro, as partidas de xadrez, e Pierre comenta como construiu as cenas: “coloquei os alunos de Depardieu em um curso intensivo de 4 semanas antes das gravações. Assad, que não sabia jogar, fez questão de participar de um torneio com apenas 9 dias de curso. Ele ganhou as partidas, subiu no podium e disse “eu sou o Fahim!”. Para as gravações eu chamei 200 jovens jogadores da federação francesa para jogarem de verdade; todos estavam cercados de árbitros de verdade, etc… Eu fiz questão que tudo parecesse verdadeiro.”

Com Gérard Depardieu no papel do professor de xadrez de Fahim, é claro que tivemos que perguntar como foi trabalhar com essa lenda do cinema! “Para mim, Depardieu é um dos dez maiores atores do mundo. Eu não tinha absolutamente nada a lhe ensinar”, comentou o diretor. “No início ele não queria aprender xadrez, mas como pedi que ele executasse as jogadas em cena, ele precisou dar ouvidos ao nosso treinador. Gérard é uma pessoa matutina. Às vezes, ele chegava com 45 minutos de antecedência, eu lhe mostrava meu plano de direção de cena, e ele não comentava nada. Mas, eu confiava no que ele faria após eu gritar “AÇÃO”. Depardieu é tão acostumado com o cinema, que suas cenas são as primeiras escolhidas na montagem o filme.”

E o diretor também é só elogios sobre o jovem ator bengalês! “Assad, é uma outra história! Ele tinha acabado de chegar na França para encontrar com o pai, que é um refugiado político. Ele não sabia uma palavra de francês. Durante os testes, eu logo vi que ele faria o personagem, mas ele não acreditava e, também nunca se soltava. Ele se recusava a ficar com raiva, por exemplo. Então, desenvolvi um trabalho com ele, como se fosse seu professor de atuação. Coisa que também fiz com o Mizanur Rahaman, que era cozinheiro.”

Baseado numa história real, ‘A Chance de Fahim’ fala da forma como os países europeus têm tratado os imigrantes que buscam sobreviver naqueles países. Como o tema também está presente no Brasil, o diretor Pierre-François manda seu recado: “O lema da França é “Liberdade, Igualdade, Fraternidade”. Porém, nós dispomos cada vez menos de liberdades, e a igualdade, infelizmente, nem sempre é para todos. Meu filme trata sobre a Fraternidade. Essa é a única coisa que nenhum governo pode nos privar.”

A Chance de Fahim’ estreia esta quinta (06) nos cinemas.

 

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Janda Montenegrohttp://cinepop.com.br
Escritora, autora de 6 livros, roteirista, assistente de direção. Doutora em Literatura Brasileira Indígena UFRJ.

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Lembrando que a história de Fahim é uma em um milhão que deu certo – afinal, o garoto é campeão de xadrez –, Pierre confessa que em seu filme “queria que nós nos déssemos conta que essas pessoas com quem cruzamos nas ruas, que nos vendem uma rosa ou um souvenir de Paris, não estão no nosso país a lazer. A maioria tem como alternativa sobreviver aqui ou correr risco de morte no seu país de origem.”

Com os constantes protestos em Paris e com uma crítica social de pano de fundo em seu filme, o diretor abriu o jogo e falou que “financeiramente foi complicado [fazer o filme], principalmente porque os atores principais são estrangeiros e desconhecidos. Na França, as emissoras de televisão atuam na coprodução e exigem que escolhamos atores famosos nos papéis principais. As emissoras se preocupam, acima de tudo, com a audiência do filme na televisão, transmitido dois anos após o seu lançamento nos cinemas.” Apesar de todas essas dificuldades, o público se surpreendeu com o filme no lançamento na França.

Em ‘A Chance de Fahim’, os atores falam duas línguas o tempo todo: o francês e o bengalês. Imaginem a Babel que foi as gravações desse longa!

Mas sobre isso, Pierre tirou vários pontos positivos da experiência: “O jovem Assad [que é mesmo bengalês] tinha vergonha de não entender nosso idioma. Tive que explicar a ele que eu me alegrava de ele não entender, pois seu personagem também não entendia francês quando chegou no país. Assad, assim como o Fahim, aprendeu francês durante as gravações. Já Mizanur Rahaman [que faz o pai de Fahim no longa] se comunicava comigo em inglês. E isso fazia minha equipe inteira rir, pois falo muito pouco inglês! E ainda tivemos um terceiro problema, porque o Mizanur fala bengalês de Dacca, enquanto o jovem Assad, que interpreta seu filho, fala um outro dialeto do sul do Bangladesh. Quando eu pedia que improvisassem na cena, a compreensão truncava um pouco.”

O que mais chama a atenção em ‘A Chance de Fahim’ são, claro, as partidas de xadrez, e Pierre comenta como construiu as cenas: “coloquei os alunos de Depardieu em um curso intensivo de 4 semanas antes das gravações. Assad, que não sabia jogar, fez questão de participar de um torneio com apenas 9 dias de curso. Ele ganhou as partidas, subiu no podium e disse “eu sou o Fahim!”. Para as gravações eu chamei 200 jovens jogadores da federação francesa para jogarem de verdade; todos estavam cercados de árbitros de verdade, etc… Eu fiz questão que tudo parecesse verdadeiro.”

Com Gérard Depardieu no papel do professor de xadrez de Fahim, é claro que tivemos que perguntar como foi trabalhar com essa lenda do cinema! “Para mim, Depardieu é um dos dez maiores atores do mundo. Eu não tinha absolutamente nada a lhe ensinar”, comentou o diretor. “No início ele não queria aprender xadrez, mas como pedi que ele executasse as jogadas em cena, ele precisou dar ouvidos ao nosso treinador. Gérard é uma pessoa matutina. Às vezes, ele chegava com 45 minutos de antecedência, eu lhe mostrava meu plano de direção de cena, e ele não comentava nada. Mas, eu confiava no que ele faria após eu gritar “AÇÃO”. Depardieu é tão acostumado com o cinema, que suas cenas são as primeiras escolhidas na montagem o filme.”

E o diretor também é só elogios sobre o jovem ator bengalês! “Assad, é uma outra história! Ele tinha acabado de chegar na França para encontrar com o pai, que é um refugiado político. Ele não sabia uma palavra de francês. Durante os testes, eu logo vi que ele faria o personagem, mas ele não acreditava e, também nunca se soltava. Ele se recusava a ficar com raiva, por exemplo. Então, desenvolvi um trabalho com ele, como se fosse seu professor de atuação. Coisa que também fiz com o Mizanur Rahaman, que era cozinheiro.”

Baseado numa história real, ‘A Chance de Fahim’ fala da forma como os países europeus têm tratado os imigrantes que buscam sobreviver naqueles países. Como o tema também está presente no Brasil, o diretor Pierre-François manda seu recado: “O lema da França é “Liberdade, Igualdade, Fraternidade”. Porém, nós dispomos cada vez menos de liberdades, e a igualdade, infelizmente, nem sempre é para todos. Meu filme trata sobre a Fraternidade. Essa é a única coisa que nenhum governo pode nos privar.”

A Chance de Fahim’ estreia esta quinta (06) nos cinemas.

 

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Escritora, autora de 6 livros, roteirista, assistente de direção. Doutora em Literatura Brasileira Indígena UFRJ.

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