Hoje, muitos reclamam da falta de originalidade que toma conta de Hollywood. Mas isso não é novidade, a prova é que basta voltarmos 30 anos no passado, o suficiente para formar uma nova geração, e percebermos que naquela época os cinemas já estavam lotados de marcas muito familiares para o público. Acontece que é natural do psicológico humano buscar o que já conhece como ponto de referência. Afinal, dar voto de confiança a uma produção completamente nova pode causar frustração e decepção. Assim como grande parte do público prefere saber do que se trata o filme que estão indo assistir, para saber se a premissa os interessa, muitos fãs preferem investir seu tempo e dinheiro em um universo que os cativou no passado. A coisa funciona também como boa estratégia financeira – o que não significa que o novo exemplar de uma franquia de sucesso será automaticamente bom, e pode vir a colocar tudo a perder. Assim como o sucesso de um filme novo pode vir a gerar sua própria franquia.
Abaixo, separamos mais uma matéria nostálgica para você, apresentando as principais continuações de franquias muito famosas há 30 anos. Confira e veja se você conhece todas.
A Família Addams 2
Saídos das páginas das charges de Charles Addams, criados ainda na década de 1930, ‘A Família Addams’ ganhava as telas pela primeira vez numa série de TV em live-action na década de 1960. Já no cinema, sua chegada foi em grande estilo, numa superprodução de 1991, encabeçada por Raul Julia, Anjelica Huston e Christopher Lloyd, que se tornou febre e serviu para apresentar os estranhos personagens assustadores para toda uma nova geração. O sucesso foi tanto que dois anos depois chegava esta sequência – talvez ainda mais querida dos fãs, com direito a um novo bebê, uma noiva serial killer para tio Funério e a inesquecível colônia de férias de Wandinha e Feioso.
Top Gang 2! A Missão
Outra franquia inesquecível para todos que cresceram nos anos 80 e 90, o primeiro Top Gang!, como diz o título aqui no Brasil, pegava carona no sucesso de Top Gun (1986) para realizar sua paródia bem no estilo ‘Apertem os Cintos, o Piloto Sumiu’ e ‘Corra que a Polícia Vem Aí! – nos bons tempos do subgênero. Dois anos depois surgia esta continuação, cuja alvo agora era a franquia de Sylvester Stallone, Rambo – com direito a Charlie Sheen “bombado”, de cabelos compridos e faixa na cabeça.
Quanto Mais Idiota Melhor 2
Seguimos no terreno da comédia, que foi o gênero que mais ganhou continuação há 30 anos no cinema. Aqui, temos a sequência do sucesso de 1992, ‘Wayne’s World’ (no título original). Na trama, Mike Myers e Dana Carvey vivem dois jovens desmiolados, aficionados por rock n’ roll, e que transmitem do porão de sua casa em Aurora, Illinois, um programa de TV em um canal público. Muitos podem não saber, mas a comédia da Paramount é baseada no esquete criado por Myers e Carvey para o programa humorístico Saturday Night Live, de qual fizeram parte. Na continuação, a dupla resolve criar um festival de música no estilo Woodstock, com direito a participação do Aerosmith.
Mudança de Hábito 2
Recentemente escrevi sobre a franquia estrelada pela veterana Whoopi Goldberg – texto que você pode conferir abaixo no link. Em breve, a atriz retornará ao papel de Deloris Van Cartier para uma terceira aventura, que será lançada diretamente na plataforma da Disney+. Tudo começou com ‘Mudança de Hábito’ em 1992, filme em que Goldberg interpreta uma cantora de cabaré que presencia um assassinato e precisa aderir ao serviço de proteção à testemunha se não quiser ser a próxima da lista. O local escolhido para escondê-la é num convento como freira, último lugar onde a procurariam. No local, no entanto, seu estilo boêmio e noturno irá colidir com o das irmãs. Logo no ano seguinte, Deloris retornava para dar aulas e impedir que uma escola para jovens carentes seja fechada.
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Robocop 3
Essa foi outra franquia da qual falei recentemente, e que se encontra inteiramente disponível na Amazon Prime Video. O primeiro Robocop – O Policial do Futuro (1987), foi revolucionário e até hoje continua enaltecido como um dos melhores filmes de ação com conteúdo saído dos anos 80. As continuações nunca chegaram à altura, com o segundo (de 1990) sendo a melhor das sequências. Mas quando falamos em ‘Robocop 3’, o principal problema foi a censura baixa, mirada a um público mais infantil – o que eliminou um dos melhores atrativos da franquia, a violência extrema, mas justificável. Aqui, até mesmo o protagonista Peter Weller saiu de cena sendo substituído por outro ator. A trama coloca Robocop no meio de uma guerra entre uma empresa japonesa que deseja desapropriar uma parte pobre da cidade, e seus moradores.
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As Tartarugas Ninja 3
Não foi só ‘Robocop 3’ que serviu como prego no caixão para uma franquia promissora dos anos 90, o mesmo ocorria com os filmes em live-action baseados em um dos desenhos mais populares da época com a garotada. ‘As Tartarugas Ninja’ eram febre no fim dos anos 80, e logo em 1990 ganhavam seu primeiro filme com atores reais para o cinema em grande estilo. Mas aí veio a reclamação dos pais de que era muito sombrio e violento. O segundo filme, de 1991, melhorou isso, criando um tom mais leve e divertido – mas mantendo o sucesso. O problema aqui neste terceiro foi que ao invés de criarem algo próximo do que as crianças queriam ver do desenho, o roteiro resolve optar por uma trama enfadonha, que leva os quatro ninjas adolescentes mutantes para o Japão feudal – talvez como forma de economizar. Não colou.
Jason Vai para o Inferno – A Última Sexta-Feira
Depois de filmes de comédia e ação, agora chegamos ao primeiro filme de terror da lista. E aqui temos uma das franquias mais duradouras do gênero slasher no cinema. ‘Sexta-Feira 13’, o original, foi lançado em 1980, e depois disso dominou a década com suas incessantes continuações – lançadas praticamente de forma anual. Depois de oito filmes nos anos 80, todos produzidos pela Paramount, o estúdio resolveu que já tinha dado, e vendeu os direitos para a New Line. Assim, para o nono filme, os produtores resolveram explodir o imortal Jason logo no início, mas trazê-lo de volta da forma mais estranha possível: como uma entidade mística passada de corpo em corpo, como se fossem zumbis infectados. A parte mais legal é a brincadeira com o crossover com Freddy Krueger antes dos créditos.
Olha Quem Está Falando Agora!
Recentemente, a saudosa Kirstie Alley nos deixou. A atriz para sempre será lembrada por essa franquia mirada a toda família, na qual interpreta a mãe solteira Mollie. Tudo começou com ‘Olha Quem Está Falando’, ainda em 1989, quando a personagem de Alley engravida do chefe canalha, que por acaso é casado e inclusive possui outras amantes. No dia em que vai dar à luz, ela conhece James (John Travolta), um motorista de Táxi que a leva ao hospital. Um tempo depois eles se envolvem, e ele a ajuda a criar o bebê Mikey, que tem a voz de Bruce Willis em seus pensamentos. No ano seguinte, ‘Olha Quem Está Falando Também’ trouxe Alley, Travolta e Willis de novo, e deu uma irmãzinha para Mikey, com a voz de Roseanne Barr. Três anos depois e chegava esse aqui, no qual alguém teve a “brilhante” ideia de cachorros falantes (com as vozes de Danny DeVito e Diane Keaton) ao invés de bebês.
Um Morto Muito Louco 2
Com uma das tramas mais insanas para um filme de comédia jamais tentadas, que por sua vez se inspira muito no clássico de Alfred Hitchcock, ‘O Terceiro Tiro’ (The Trouble With Harry, 1955). No clássico, diferentes pessoas encontram um homem morto e tentam se livrar do corpo acreditando que serão associadas ao crime. Em 1989, ‘Um Morto Muito Louco’ seguiu esta mesma linha, mas ao invés de simplesmente se livrar do corpo, dois jovens yuppies que trabalhavam para o morto, resolvem fingir que ele ainda está vivo durante uma festa realizada pelo próprio num fim de semana numa ilha paradisíaca. E tudo o que basta é colocar óculos escuros no cadáver. O longa se tornou cult graças às locadoras. Quatro anos depois, saía do papel uma sequência, que dessa vez trazia o morto mais famoso do cinema realmente se mexendo, andando e dançando através da magia do vudu – e daí surgiu a música de funk inspirada no longa.
O Filho da Pantera Cor-de-Rosa
Embora seja relativamente obscura para a geração mais nova hoje em dia, a franquia de comédia ‘A Pantera Cor-de-Rosa’ fez enorme sucesso nas décadas de 1960 até 1980. E não, não tem nada a ver com o herói da Marvel ‘Pantera Negra’. Muitos podem não saber, mas o desenho animado de mesmo título com o felino rosado surgiu graças ao sucesso do filme original de 1963 e suas duas continuações, de 1964 e 1968 – já que a série animada estreou em 1969. Depois disso, foram mais três sequências nos anos 1970, e duas nos anos 1980, até esta espécie de reboot, centrado no filho do infame Inspetor Jacques Clouseau (imortalizado pelo inesquecível Peter Sellers). Tão incompetente e desastrado quanto, Jacques Gambrelli era vivido pelo italiano Robert Benigni, que tentava sua entrada em Hollywood na época.
Uma Nova Tocaia
Finalizando a lista com as principais continuações de 30 anos atrás no cinema, temos um filme de ação e comédia policial, que é um dos buddy cop movies menos falados hoje em dia, mas que fez sucesso suficiente para gerar uma continuação – que é mais do que podemos dizer de grande parte de longas do gênero. Com produção da Touchstone Pictures, subsidiária da Disney, os parceiros Chris Lecce e Bill Reimers eram vividos respectivamente por Richard Dreyfuss e Emilio Estevez no filme ‘Tocaia’, de 1987. Como diz o título, sua missão era simplesmente observar a casa da frente, da namorada de um criminoso, papel de Madeleine Stowe. O filme fez sucesso, mas a continuação demorou um pouquinho para acontecer, seis anos para ser mais exato. Novamente com o mesmo time, incluindo roteirista e diretor, Dreyfuss e Estevez retornavam para ‘Uma Nova Tocaia’, desta vez com uma parceria a tiracolo, vivida por Rosie O’Donnell, então no auge da fama graças aos sucessos de ‘Uma Equipe Muito Especial’ e ‘Sintonia de Amor’.