domingo , 22 dezembro , 2024

A Freira | Antes da estreia da sequência, relembre o spin-off de ‘Invocação do Mal 2’

YouTube video

Em 2018, a franquia Invocação do Mal ganhava mais uma entrada em seu expansivo universo – A Freira. Servindo como pré-sequência do segundo filme da saga original, a trama nos apresentava as origens de Valak, o demônio que se materializava em forma de freira e que atacava a própria fé de Lorraine Warren (Vera Farmiga), além de ter premedito a brutal morte de seu marido, Ed (Patrick Wilson). E, dias antes da estreia oficial da sequência, que chega aos cinemas nacionais em 07 de setembro, estamos revisitando o primeiro capítulo e analisando de que forma ele envelheceu após cinco anos.

Para essa nova empreitada, o diretor britânico Corin Hardy fora contratado – e ele já havia nos dado um gostinho de sua predileção pelo terror com o lançamento do elogiado A Maldição da Floresta, três anos antes de A Freira. Não é surpresa que encontremos sua identidade espalhada pela estrutura artística e técnica do filme, mas sem abandonar algumas idiossincrasias eternizadas por James Wan, David F. Sandberg e outros nomes que o precederam nesse angustiante e aterrorizante universo. Logo, era mais que esperado que a cena de abertura já tivesse início com um profundo apreço pelo macabro e pelo sobrenatural, apostando fichas em uma sequência regada a rezas, sacrifícios, perseguição, cruzes – e, é claro, Valak.



Mas a história não é centrada nas freiras de um convento romeno, e sim nos acontecimentos que as sucedem. Após o suicídio de uma delas ter chamado a atenção do Vaticano, cabe ao Padre Burke (Demián Bichir) investigar o que de fato aconteceu e determinar se a isolada abadia ainda é um lugar sagrado. Para tanto, ele recruta a ajuda de uma noviça chamada Irene (Taissa Farmiga) e de um fazendeiro apelidado de Frenchie (Jonas Bloquet), que encontrou o corpo da freira sendo devorado por corvos e pendurado de uma alta janela. Ao chegarem lá, eles descobrem que o que teria sido tratado apenas como um pecado pode estar relacionado com forças malignas e seculares que ameaçam escapar das fortificadas paredes do monastério.

Revisitando o longa-metragem cinco anos mais tarde, é notável dizer que as duras críticas não foram merecidas. Afinal, podemos perceber que Hardy, bem como um extenso elenco que ainda conta com Bonnie Aarons reprisando seu papel como Valak, tem as melhores intenções em apenas expandir esse explosivo microcosmos do terror. O problema é que, em boa parte, ele tenta dar um passo maior que a perna, apostando fichas em jump scares baratos e não sabendo de que forma conduzir uma narrativa que tinha tudo para ser impecável – e para chegar aos pés dos filmes protagonizados por Farmiga e Wilson. Eventualmente, a diversão é garantida, mas não sem demonstrar um cansaço criativo que viria a ser reiterado com ‘A Maldição da Chorona’, ‘Annabelle 3’ e Invocação do Mal 3’.

Assista também:
YouTube video


A verdadeira protagonista da trama é Farmiga: conhecida por seu trabalho na aclamada antologia ‘American Horror Story’ e no subestimado slasher ‘Terror nos Bastidores’, a atriz parece apática frente às tragédias da abadia, mas devemos nos lembrar que, logo no primeiro ato, ela apresenta às crianças de uma escola religiosa os paralelos entre fé e ciência – e, por esse motivo, é engolfada em uma crendice que permanece com ressalvas. Todavia, essa backstory inteligentemente colocada de início não é mantida e desvirtua uma lógica necessária para compreendermos as motivações de Valak e dos outros personagens. E, acompanhando-a de perto, Bichir, Bloquet e Aarons fazem um trabalho sólido e que, por vezes, consegue desviar nossa atenção dos múltiplos equívocos.

A Freira ousa onde não deveria (em seu marketing) e deixa o potencial de lado quando joga na zona de conforto. Em várias passagens, é possível ver a cautela imagética do diretor e de seu habilidoso time criativo – como, por exemplo, na cena em que Irene e as outras irmãs estão rezando, ou então na sequência em que várias noviças emulam uma espécie de ‘Silent Hill’ enquanto a personagem de Taissa é possuída por Valak. Mas mesmo com esses momentos de respiro e de originalidade, o resultado é muito aquém do esperado e denota um medo de se permitir e de brincar com clichês do gênero que poderiam ser remodelados ou ressignificados dentro do que, ao que tudo indicava, seria o capítulo mais aterrorizante da franquia. Ora, até mesmo o embate entre o bem e o mal e a imagética religiosa como fonte de terror não são usadas como deveriam.

Agora, estamos às vésperas do lançamento do segundo filme – e, com sorte, os erros serão corrigidos e poderemos ver uma sólida e instigante origem de um dos demônios mais assustadores do cinema contemporâneo.

YouTube video

YouTube video

Mais notícias...

Thiago Nollahttps://www.editoraviseu.com.br/a-pedra-negra-prod.html
Em contato com as artes em geral desde muito cedo, Thiago Nolla é jornalista, escritor e drag queen nas horas vagas. Trabalha com cultura pop desde 2015 e é uma enciclopédia ambulante sobre divas pop (principalmente sobre suas musas, Lady Gaga e Beyoncé). Ele também é apaixonado por vinho, literatura e jogar conversa fora.

Siga-nos!

2,000,000FãsCurtir
372,000SeguidoresSeguir
1,620,000SeguidoresSeguir
195,000SeguidoresSeguir
162,000InscritosInscrever

ÚLTIMAS NOTÍCIAS

MATÉRIAS

CRÍTICAS

A Freira | Antes da estreia da sequência, relembre o spin-off de ‘Invocação do Mal 2’

Em 2018, a franquia Invocação do Mal ganhava mais uma entrada em seu expansivo universo – A Freira. Servindo como pré-sequência do segundo filme da saga original, a trama nos apresentava as origens de Valak, o demônio que se materializava em forma de freira e que atacava a própria fé de Lorraine Warren (Vera Farmiga), além de ter premedito a brutal morte de seu marido, Ed (Patrick Wilson). E, dias antes da estreia oficial da sequência, que chega aos cinemas nacionais em 07 de setembro, estamos revisitando o primeiro capítulo e analisando de que forma ele envelheceu após cinco anos.

Para essa nova empreitada, o diretor britânico Corin Hardy fora contratado – e ele já havia nos dado um gostinho de sua predileção pelo terror com o lançamento do elogiado A Maldição da Floresta, três anos antes de A Freira. Não é surpresa que encontremos sua identidade espalhada pela estrutura artística e técnica do filme, mas sem abandonar algumas idiossincrasias eternizadas por James Wan, David F. Sandberg e outros nomes que o precederam nesse angustiante e aterrorizante universo. Logo, era mais que esperado que a cena de abertura já tivesse início com um profundo apreço pelo macabro e pelo sobrenatural, apostando fichas em uma sequência regada a rezas, sacrifícios, perseguição, cruzes – e, é claro, Valak.

Mas a história não é centrada nas freiras de um convento romeno, e sim nos acontecimentos que as sucedem. Após o suicídio de uma delas ter chamado a atenção do Vaticano, cabe ao Padre Burke (Demián Bichir) investigar o que de fato aconteceu e determinar se a isolada abadia ainda é um lugar sagrado. Para tanto, ele recruta a ajuda de uma noviça chamada Irene (Taissa Farmiga) e de um fazendeiro apelidado de Frenchie (Jonas Bloquet), que encontrou o corpo da freira sendo devorado por corvos e pendurado de uma alta janela. Ao chegarem lá, eles descobrem que o que teria sido tratado apenas como um pecado pode estar relacionado com forças malignas e seculares que ameaçam escapar das fortificadas paredes do monastério.

Revisitando o longa-metragem cinco anos mais tarde, é notável dizer que as duras críticas não foram merecidas. Afinal, podemos perceber que Hardy, bem como um extenso elenco que ainda conta com Bonnie Aarons reprisando seu papel como Valak, tem as melhores intenções em apenas expandir esse explosivo microcosmos do terror. O problema é que, em boa parte, ele tenta dar um passo maior que a perna, apostando fichas em jump scares baratos e não sabendo de que forma conduzir uma narrativa que tinha tudo para ser impecável – e para chegar aos pés dos filmes protagonizados por Farmiga e Wilson. Eventualmente, a diversão é garantida, mas não sem demonstrar um cansaço criativo que viria a ser reiterado com ‘A Maldição da Chorona’, ‘Annabelle 3’ e Invocação do Mal 3’.

A verdadeira protagonista da trama é Farmiga: conhecida por seu trabalho na aclamada antologia ‘American Horror Story’ e no subestimado slasher ‘Terror nos Bastidores’, a atriz parece apática frente às tragédias da abadia, mas devemos nos lembrar que, logo no primeiro ato, ela apresenta às crianças de uma escola religiosa os paralelos entre fé e ciência – e, por esse motivo, é engolfada em uma crendice que permanece com ressalvas. Todavia, essa backstory inteligentemente colocada de início não é mantida e desvirtua uma lógica necessária para compreendermos as motivações de Valak e dos outros personagens. E, acompanhando-a de perto, Bichir, Bloquet e Aarons fazem um trabalho sólido e que, por vezes, consegue desviar nossa atenção dos múltiplos equívocos.

A Freira ousa onde não deveria (em seu marketing) e deixa o potencial de lado quando joga na zona de conforto. Em várias passagens, é possível ver a cautela imagética do diretor e de seu habilidoso time criativo – como, por exemplo, na cena em que Irene e as outras irmãs estão rezando, ou então na sequência em que várias noviças emulam uma espécie de ‘Silent Hill’ enquanto a personagem de Taissa é possuída por Valak. Mas mesmo com esses momentos de respiro e de originalidade, o resultado é muito aquém do esperado e denota um medo de se permitir e de brincar com clichês do gênero que poderiam ser remodelados ou ressignificados dentro do que, ao que tudo indicava, seria o capítulo mais aterrorizante da franquia. Ora, até mesmo o embate entre o bem e o mal e a imagética religiosa como fonte de terror não são usadas como deveriam.

Agora, estamos às vésperas do lançamento do segundo filme – e, com sorte, os erros serão corrigidos e poderemos ver uma sólida e instigante origem de um dos demônios mais assustadores do cinema contemporâneo.

YouTube video

YouTube video
Thiago Nollahttps://www.editoraviseu.com.br/a-pedra-negra-prod.html
Em contato com as artes em geral desde muito cedo, Thiago Nolla é jornalista, escritor e drag queen nas horas vagas. Trabalha com cultura pop desde 2015 e é uma enciclopédia ambulante sobre divas pop (principalmente sobre suas musas, Lady Gaga e Beyoncé). Ele também é apaixonado por vinho, literatura e jogar conversa fora.

Siga-nos!

2,000,000FãsCurtir
372,000SeguidoresSeguir
1,620,000SeguidoresSeguir
195,000SeguidoresSeguir
162,000InscritosInscrever

ÚLTIMAS NOTÍCIAS

MATÉRIAS

CRÍTICAS