O ano era 1994. Lembro-me muito bem, eu tinha uns 11 anos, fui na locadora e aluguei uma fita VHS recém-lançada de um filme preto e branco do mesmo diretor do meu então filme favorito, ‘Parque dos Dinossauros’. Na época, eu já era cinéfila, mas não sabia o que o novo filme de Steven Spielberg iria fazer comigo. Lembro-me de, aos 11 anos, terminar de assistir ‘A Lista de Schindler’ sozinha, em casa, aos prantos, sem conseguir acreditar no que tinha acabado de ver.
Hoje, aos trinta e cinco anos, é num misto de felicidade e tristeza que vejo ‘A Lista de Schindler’ voltar aos cinemas, mais atual do que nunca.
A nova versão, remasterizada, volta aos cinemas no entardecer do feriado do Dia do Trabalho, mas para a cultura judaica significa muito mais: ‘A Lista de Schindler’ entra em cartaz durante o Yom HaShoah, o dia de relembrar o Holocausto. O filme será exibido na rede Cinemark a partir de 1º de maio, no Clube Hebraica (SP); de 2 a 8 de maio no Shopping Higienópolis (SP) e no Downtown (RJ); e de 2 a 7 de maio no Cinemark Iguatemi (SP); e apenas no dia 7 de maio Pier 21 (Brasília) e RioMar (Recife). As oportunidades são poucas, porém, é um evento realmente imperdível assistir a este filme na tela grande. E cheguem cedo, porque antes da sessão tem um recadinho do diretor. 😉
Um novo trailer foi especialmente confeccionado para ocasião, e você pode vê-lo aqui:
Vencedor de 7 Oscars – incluindo Melhor Filme, Melhor Diretor (Spielberg), Melhor Roteiro Adaptado (Steven Zaillian, baseado no livro de mesmo nome de Thomas Keneally), Melhor Fotografia e Melhor Trilha Sonora Original (o impecável John Williams), e indicado para mais 5, entre eles Melhor Ator (Liam Neeson) e Melhor Ator Coadjuvante (Ralph Fiennes) – o filme faz jus a todos os prêmios recebidos na época, e merecia mesmo uma versão restaurada da obra, cuja história parece mais atual do que nunca.
Em 1939, em plena II Guerra Mundial, o exército nazista alemão está realocando judeus nos guetos de Cracóvia. Isso atinge diretamente o Herr Direktor Oskar Schindler (Liam Neeson), industrial cujo maquinário era majoritariamente operado por trabalhadores judeus. Nos três anos seguintes acompanhamos um verdadeiro jogo de poder e de egos entre os superiores da SS e o Herr Commandant Amon Göth (Ralph Fiennes, terrivelmente cruel neste papel, mesmo tão jovem), um oficial da SS enviado para construir e administrar o campo de concentração de Plaszów, na Polônia. Durante todo esse período, vemos a transformação que ocorre em Schindler, e as artimanhas que elabora para conseguir salvar vidas judias de formas legais perante os olhos nazistas. A sutileza e a tensão andam lado a lado em todos os episódios dessa dramática história, levando aos prantos os espectadores quando, por fim, chegamos à única cena colorida da trama.
Apesar do filme estar disponível na Netflix e de ser exibido em muitas escolas para debates em sala de aula sobre o tema do Holocausto e do nazismo (descobri isso na sala de imprensa, conversando com colegas mais jovens que eu, e fiquei bastante feliz em saber disso), a experiência de assistir à ‘A Lista de Schindler’ em tela grande, além de ser uma oportunidade imperdível, é, também, imprescindível para compreender os rumos que o mundo está tomando nos últimos anos. ‘A Lista de Schindler’ permanece, ainda hoje, fundamental, atemporal e essencial.