quinta-feira , 27 fevereiro , 2025

A Ótima Safra do Cinema Nacional – E Por que o Público Não Comparece?


Neste fim de semana, um fato triste chamou atenção dos cinéfilos e defensores do bom cinema nacional. Canastra Suja, de Caio Sóh, um dos pontos altos da primeira metade de 2018, saiu de cartaz no Rio de Janeiro – a segunda maior praça do país – com apenas uma semana de exibição no circuito. O motivo? Pura e simplesmente, apesar de sua indiscutível qualidade, o público não compareceu.

A distribuição de um filme deste porte, uma produção pequena (o que poderíamos chamar de obra independente e autoral), já é bem restrita, ficando relegada a pouquíssimas salas do circuito. Isso, no entanto, não é um procedimento destoante apenas de nosso país, ocorrendo em grande parte do mundo, inclusive num mercado como o norte-americano, destaque quando o tópico é indústria cinematográfica. Produções elogiadíssimas por lá, vide Ex-Machina: Instinto Artificial (2014), A Bruxa (2015) – produzido pelo brasileiro Rodrigo Teixeira – e Sombras da Vida (A Ghost Story), distribuídas pelo estúdio A24, sinônimo de qualidade na cena indie atual, tiveram lançamento restrito, permanecendo escondidos de grande parte do público.



canatra suja cinepop1

 

Os exibidores fazem a sua parte, já que manter um cinema custa caro, e se o filme não dá público, ele precisa abrir espaço para outro que faça – mesmo que seja na semana seguinte. Portanto, aí adentramos na questão do espectador fazer a sua parte. Quem trabalha avaliando cinema ouve muito: “os filmes estão todos iguais”, “cadê os filmes bons”, “falta criatividade no cinema”, vindo de grande parte do público. Nestes casos a recomendação é: busque filmes fora do circuito dos multiplex de shopping. Busque cinema de rua. É a casa do cinema autoral, do cinema independente, onde os realizadores possuem mais liberdade para criar obras diferenciadas, longe de padrões, fora de caixinhas e fórmulas. É claro também que nem tudo irá agradar e que o paladar para este tipo de cinema se adquire com o tempo. Mas a chance de encontrar algo que você não está acostumado a ver, ou que viu pouco, é bem maior.


aos teus olhos cinepop

Os grandes filmes, chamados blockbusters, também não são culpados da padronização, já que é o público o responsável por moldá-los. Se algo dá certo, o mercado irá se voltar para isso e a produção deste conceito irá aumentar. É claro também que os realizadores aos poucos vão imprimindo nas obras certas ideias e expressões para ir moldando o público e ampliando assim sua visão, o reeducando. Aos poucos o espectador casual começa a assimilar certos aspectos cinematográficos, estilos artísticos – seja de roteiro ou narrativa e parte técnica – e a aumentar seu paladar para novos sabores. Na infância, temos certeza de gostar somente de um tipo de comida e com o passar dos anos, na fase adulta, somos despertados para outros tipos de pratos que podem ser igualmente saborosos.

as boas maneiras cinepop

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Em resumo, o sucesso ou fracasso de uma obra cinematográfica está ligado a diversos fatores – muitas vezes que sequer dizem respeito a sua qualidade artística. O que devemos tirar disso é a ampliação de nossos horizontes, dar chance a outros tipos de filmes, aos quais não estamos acostumados, pois sair de nossa zona de conforto – como espectadores – é muito importante para o crescimento e uma lição a se levar para a vida.

O cinema nacional goza atualmente de uma de suas melhores fases, produzindo obras de temperos diversos e muitas tentativas de gênero. Nunca nosso cinema esteve tão bem visto lá fora, representando bem o país em festivais internacionais, dificultando a escolha dos especialistas por uma lista justa dos melhores. Este ano não foi diferente, e tivemos filmes como Aos Teus Olhos, As Boas Maneiras, Paraíso Perdido, Berenice Procura, Tungstênio, Além do Homem e Mulheres Alteradas – só para citar os mais recentes ainda em cartaz. Canastra Suja, o mais injustiçado do lote, chega como cereja no topo do bolo.

Ou seja, procurem filmes diferentes, saiam da rota do esperado, ampliem suas mentes, abracem o inusitado e celebrem os filmes nacionais.


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Neste fim de semana, um fato triste chamou atenção dos cinéfilos e defensores do bom cinema nacional. Canastra Suja, de Caio Sóh, um dos pontos altos da primeira metade de 2018, saiu de cartaz no Rio de Janeiro – a segunda maior praça do país – com apenas uma semana de exibição no circuito. O motivo? Pura e simplesmente, apesar de sua indiscutível qualidade, o público não compareceu.

A distribuição de um filme deste porte, uma produção pequena (o que poderíamos chamar de obra independente e autoral), já é bem restrita, ficando relegada a pouquíssimas salas do circuito. Isso, no entanto, não é um procedimento destoante apenas de nosso país, ocorrendo em grande parte do mundo, inclusive num mercado como o norte-americano, destaque quando o tópico é indústria cinematográfica. Produções elogiadíssimas por lá, vide Ex-Machina: Instinto Artificial (2014), A Bruxa (2015) – produzido pelo brasileiro Rodrigo Teixeira – e Sombras da Vida (A Ghost Story), distribuídas pelo estúdio A24, sinônimo de qualidade na cena indie atual, tiveram lançamento restrito, permanecendo escondidos de grande parte do público.

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Os exibidores fazem a sua parte, já que manter um cinema custa caro, e se o filme não dá público, ele precisa abrir espaço para outro que faça – mesmo que seja na semana seguinte. Portanto, aí adentramos na questão do espectador fazer a sua parte. Quem trabalha avaliando cinema ouve muito: “os filmes estão todos iguais”, “cadê os filmes bons”, “falta criatividade no cinema”, vindo de grande parte do público. Nestes casos a recomendação é: busque filmes fora do circuito dos multiplex de shopping. Busque cinema de rua. É a casa do cinema autoral, do cinema independente, onde os realizadores possuem mais liberdade para criar obras diferenciadas, longe de padrões, fora de caixinhas e fórmulas. É claro também que nem tudo irá agradar e que o paladar para este tipo de cinema se adquire com o tempo. Mas a chance de encontrar algo que você não está acostumado a ver, ou que viu pouco, é bem maior.

aos teus olhos cinepop

Os grandes filmes, chamados blockbusters, também não são culpados da padronização, já que é o público o responsável por moldá-los. Se algo dá certo, o mercado irá se voltar para isso e a produção deste conceito irá aumentar. É claro também que os realizadores aos poucos vão imprimindo nas obras certas ideias e expressões para ir moldando o público e ampliando assim sua visão, o reeducando. Aos poucos o espectador casual começa a assimilar certos aspectos cinematográficos, estilos artísticos – seja de roteiro ou narrativa e parte técnica – e a aumentar seu paladar para novos sabores. Na infância, temos certeza de gostar somente de um tipo de comida e com o passar dos anos, na fase adulta, somos despertados para outros tipos de pratos que podem ser igualmente saborosos.

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Em resumo, o sucesso ou fracasso de uma obra cinematográfica está ligado a diversos fatores – muitas vezes que sequer dizem respeito a sua qualidade artística. O que devemos tirar disso é a ampliação de nossos horizontes, dar chance a outros tipos de filmes, aos quais não estamos acostumados, pois sair de nossa zona de conforto – como espectadores – é muito importante para o crescimento e uma lição a se levar para a vida.

O cinema nacional goza atualmente de uma de suas melhores fases, produzindo obras de temperos diversos e muitas tentativas de gênero. Nunca nosso cinema esteve tão bem visto lá fora, representando bem o país em festivais internacionais, dificultando a escolha dos especialistas por uma lista justa dos melhores. Este ano não foi diferente, e tivemos filmes como Aos Teus Olhos, As Boas Maneiras, Paraíso Perdido, Berenice Procura, Tungstênio, Além do Homem e Mulheres Alteradas – só para citar os mais recentes ainda em cartaz. Canastra Suja, o mais injustiçado do lote, chega como cereja no topo do bolo.

Ou seja, procurem filmes diferentes, saiam da rota do esperado, ampliem suas mentes, abracem o inusitado e celebrem os filmes nacionais.

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