sexta-feira , 27 dezembro , 2024

A Ótima Safra do Cinema Nacional – E Por que o Público Não Comparece?

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Neste fim de semana, um fato triste chamou atenção dos cinéfilos e defensores do bom cinema nacional. Canastra Suja, de Caio Sóh, um dos pontos altos da primeira metade de 2018, saiu de cartaz no Rio de Janeiro – a segunda maior praça do país – com apenas uma semana de exibição no circuito. O motivo? Pura e simplesmente, apesar de sua indiscutível qualidade, o público não compareceu.

A distribuição de um filme deste porte, uma produção pequena (o que poderíamos chamar de obra independente e autoral), já é bem restrita, ficando relegada a pouquíssimas salas do circuito. Isso, no entanto, não é um procedimento destoante apenas de nosso país, ocorrendo em grande parte do mundo, inclusive num mercado como o norte-americano, destaque quando o tópico é indústria cinematográfica. Produções elogiadíssimas por lá, vide Ex-Machina: Instinto Artificial (2014), A Bruxa (2015) – produzido pelo brasileiro Rodrigo Teixeira – e Sombras da Vida (A Ghost Story), distribuídas pelo estúdio A24, sinônimo de qualidade na cena indie atual, tiveram lançamento restrito, permanecendo escondidos de grande parte do público.



 

Os exibidores fazem a sua parte, já que manter um cinema custa caro, e se o filme não dá público, ele precisa abrir espaço para outro que faça – mesmo que seja na semana seguinte. Portanto, aí adentramos na questão do espectador fazer a sua parte. Quem trabalha avaliando cinema ouve muito: “os filmes estão todos iguais”, “cadê os filmes bons”, “falta criatividade no cinema”, vindo de grande parte do público. Nestes casos a recomendação é: busque filmes fora do circuito dos multiplex de shopping. Busque cinema de rua. É a casa do cinema autoral, do cinema independente, onde os realizadores possuem mais liberdade para criar obras diferenciadas, longe de padrões, fora de caixinhas e fórmulas. É claro também que nem tudo irá agradar e que o paladar para este tipo de cinema se adquire com o tempo. Mas a chance de encontrar algo que você não está acostumado a ver, ou que viu pouco, é bem maior.

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Os grandes filmes, chamados blockbusters, também não são culpados da padronização, já que é o público o responsável por moldá-los. Se algo dá certo, o mercado irá se voltar para isso e a produção deste conceito irá aumentar. É claro também que os realizadores aos poucos vão imprimindo nas obras certas ideias e expressões para ir moldando o público e ampliando assim sua visão, o reeducando. Aos poucos o espectador casual começa a assimilar certos aspectos cinematográficos, estilos artísticos – seja de roteiro ou narrativa e parte técnica – e a aumentar seu paladar para novos sabores. Na infância, temos certeza de gostar somente de um tipo de comida e com o passar dos anos, na fase adulta, somos despertados para outros tipos de pratos que podem ser igualmente saborosos.

Em resumo, o sucesso ou fracasso de uma obra cinematográfica está ligado a diversos fatores – muitas vezes que sequer dizem respeito a sua qualidade artística. O que devemos tirar disso é a ampliação de nossos horizontes, dar chance a outros tipos de filmes, aos quais não estamos acostumados, pois sair de nossa zona de conforto – como espectadores – é muito importante para o crescimento e uma lição a se levar para a vida.

O cinema nacional goza atualmente de uma de suas melhores fases, produzindo obras de temperos diversos e muitas tentativas de gênero. Nunca nosso cinema esteve tão bem visto lá fora, representando bem o país em festivais internacionais, dificultando a escolha dos especialistas por uma lista justa dos melhores. Este ano não foi diferente, e tivemos filmes como Aos Teus Olhos, As Boas Maneiras, Paraíso Perdido, Berenice Procura, Tungstênio, Além do Homem e Mulheres Alteradas – só para citar os mais recentes ainda em cartaz. Canastra Suja, o mais injustiçado do lote, chega como cereja no topo do bolo.

Ou seja, procurem filmes diferentes, saiam da rota do esperado, ampliem suas mentes, abracem o inusitado e celebrem os filmes nacionais.

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Neste fim de semana, um fato triste chamou atenção dos cinéfilos e defensores do bom cinema nacional. Canastra Suja, de Caio Sóh, um dos pontos altos da primeira metade de 2018, saiu de cartaz no Rio de Janeiro – a segunda maior praça do país – com apenas uma semana de exibição no circuito. O motivo? Pura e simplesmente, apesar de sua indiscutível qualidade, o público não compareceu.

A distribuição de um filme deste porte, uma produção pequena (o que poderíamos chamar de obra independente e autoral), já é bem restrita, ficando relegada a pouquíssimas salas do circuito. Isso, no entanto, não é um procedimento destoante apenas de nosso país, ocorrendo em grande parte do mundo, inclusive num mercado como o norte-americano, destaque quando o tópico é indústria cinematográfica. Produções elogiadíssimas por lá, vide Ex-Machina: Instinto Artificial (2014), A Bruxa (2015) – produzido pelo brasileiro Rodrigo Teixeira – e Sombras da Vida (A Ghost Story), distribuídas pelo estúdio A24, sinônimo de qualidade na cena indie atual, tiveram lançamento restrito, permanecendo escondidos de grande parte do público.

 

Os exibidores fazem a sua parte, já que manter um cinema custa caro, e se o filme não dá público, ele precisa abrir espaço para outro que faça – mesmo que seja na semana seguinte. Portanto, aí adentramos na questão do espectador fazer a sua parte. Quem trabalha avaliando cinema ouve muito: “os filmes estão todos iguais”, “cadê os filmes bons”, “falta criatividade no cinema”, vindo de grande parte do público. Nestes casos a recomendação é: busque filmes fora do circuito dos multiplex de shopping. Busque cinema de rua. É a casa do cinema autoral, do cinema independente, onde os realizadores possuem mais liberdade para criar obras diferenciadas, longe de padrões, fora de caixinhas e fórmulas. É claro também que nem tudo irá agradar e que o paladar para este tipo de cinema se adquire com o tempo. Mas a chance de encontrar algo que você não está acostumado a ver, ou que viu pouco, é bem maior.

Os grandes filmes, chamados blockbusters, também não são culpados da padronização, já que é o público o responsável por moldá-los. Se algo dá certo, o mercado irá se voltar para isso e a produção deste conceito irá aumentar. É claro também que os realizadores aos poucos vão imprimindo nas obras certas ideias e expressões para ir moldando o público e ampliando assim sua visão, o reeducando. Aos poucos o espectador casual começa a assimilar certos aspectos cinematográficos, estilos artísticos – seja de roteiro ou narrativa e parte técnica – e a aumentar seu paladar para novos sabores. Na infância, temos certeza de gostar somente de um tipo de comida e com o passar dos anos, na fase adulta, somos despertados para outros tipos de pratos que podem ser igualmente saborosos.

Em resumo, o sucesso ou fracasso de uma obra cinematográfica está ligado a diversos fatores – muitas vezes que sequer dizem respeito a sua qualidade artística. O que devemos tirar disso é a ampliação de nossos horizontes, dar chance a outros tipos de filmes, aos quais não estamos acostumados, pois sair de nossa zona de conforto – como espectadores – é muito importante para o crescimento e uma lição a se levar para a vida.

O cinema nacional goza atualmente de uma de suas melhores fases, produzindo obras de temperos diversos e muitas tentativas de gênero. Nunca nosso cinema esteve tão bem visto lá fora, representando bem o país em festivais internacionais, dificultando a escolha dos especialistas por uma lista justa dos melhores. Este ano não foi diferente, e tivemos filmes como Aos Teus Olhos, As Boas Maneiras, Paraíso Perdido, Berenice Procura, Tungstênio, Além do Homem e Mulheres Alteradas – só para citar os mais recentes ainda em cartaz. Canastra Suja, o mais injustiçado do lote, chega como cereja no topo do bolo.

Ou seja, procurem filmes diferentes, saiam da rota do esperado, ampliem suas mentes, abracem o inusitado e celebrem os filmes nacionais.

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