domingo , 22 dezembro , 2024

‘A Rainha dos Condenados’ | Os 20 Anos da Continuação Obscura de ‘Entrevista com o Vampiro’

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Em 2022 o nome da cultuada autora Anne Rice voltou aos holofotes e sua principal obra atraiu novamente a atenção dos fãs, assim como despertou o interesse das novas gerações que não eram muito familiarizadas com ela. Falamos de Entrevista com o Vampiro, é claro, parte da série de 13 livros que formam as crônicas vampirescas da escritora e que em 1994 se tornou uma superprodução da Warner, dirigida por Neil Jordan e estrelada por Tom Cruise e Brad Pitt. O filme se tornou sucesso instantâneo apesar de certa controvérsia em especial no que diz respeito à violência e sanguinolência; status que mantém até hoje, ainda muito querido e enaltecido 28 anos depois de sua estreia. Entrevista com o Vampiro é o primeiro livro da saga escrita por Rice, e este ano se tornou uma série de TV do canal AMC – a mesma rede responsável pelo sucesso The Walking Dead.

Tendo estreado no dia 2 de outubro, a série Entrevista com o Vampiro já exibiu todos os 7 episódios de sua primeira temporada – que chegou ao fim no dia 6 de novembro. O sucesso do programa já garantiu uma segunda temporada para 2023, que promete fazer jus ao texto de Anne Rice e quem sabe adaptar também os livros seguintes da chamada crônicas vampirescas. Porém, embora muitos possam não ter conhecimento, Entrevista com o Vampiro não foi o único projeto deste universo a ser levado às telonas. Há exatos 20 anos, Entrevista com o Vampiro receberia uma obscura e fracassada continuação, que rapidamente cairia no anonimato, mas que marcaria devido à morte de uma promissora jovem estrela.



Sucesso e fracasso. ‘Entrevista com o Vampiro’ tem uma obscura continuação chamada ‘A Rainha dos Condenados’.

A Rainha dos Condenados é na verdade o terceiro livro da franquia de Anne Rice e não o segundo. Mas a ideia da Warner, então detentora dos direitos de adaptação das obras, foi mesclar os dois livros seguintes (livros grossos, diga-se), O Vampiro Lestat e A Rainha dos Condenados, numa única produção, de 1h 41 minutos de duração. E pensar que O Senhor dos Anéis e Harry Potter estavam em voga com tudo, produções que adaptam de forma precisa e nada condensada seus complexos livros, e inclusive pertenciam ao mesmo estúdio. Dizem as más línguas que a Warner estava a ponto de perder os direitos, que iriam expirar e ser revertidos novamente para a criadora Anne Rice – isso permitiria que a autora negociasse as vindouras adaptações com qualquer outro grande estúdio de Hollywood. E assim, a Warner precisou correr para tirar do papel um filme.

A pressa dos produtores em fazer A Rainha dos Condenados de qualquer jeito e não do jeito certo, começou a trazer um cheiro de desespero que podia ser sentido em Hollywood. Não ajudou o fato de Tom Cruise ter recusado reprisar o papel do protagonista Lestat – pelo qual recebeu tantos elogios no filme original, já que fugiu completamente do tipo de personagem que o ator estava acostumado a interpretar. Ironicamente, Anne Rice quase jogou bomba no estúdio ao saber que Cruise viveria seu experiente vampiro nas telonas. Rice queria Rutger Hauer, ou alguém com seu biotipo. Após assistir ao filme, escreveu uma carta de desculpas para Cruise. O fato de que o novo projeto não teria qualquer envolvimento dos produtores do original, do diretor Neil Jordan e até mesmo de Anne Rice, que adaptou o roteiro de Entrevista com o Vampiro para o cinema, sem dúvida contribuíram para a recusa do astro – que no mesmo ano fez a escolha acertadíssima de estrelar Minority Report, sucesso dirigido por Steven Spielberg, na primeira colaboração da dupla.

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O pouco expressivo Stuart Townsend descolaria o papel de Lestat, substituindo ninguém menos que Tom Cruise.

Assim, as portas estavam abertas para um novo Lestat. Na história, conhecemos um pouco mais do passado do vampiro, como as circunstâncias em que foi transformado numa criatura da noite, quem foi o responsável por sua nova condição e inclusive sua paixão pela música, pincelada no original em momentos que toca piano. Aqui, aliás, parte do que move a trama é essa paixão, que faz o vampiro ingressar na carreira musical como cantor em uma banda de rock. É sério! Um vampiro roqueiro até poderia funcionar, mas o resultado no filme fica parecendo até paródia. E sim, ao invés do anonimato, Lestat rapidamente escala para se tornar um astro da música, extremamente famoso, atraindo todo tipo de atenção para si. Atores como o falecido Heath Ledger e Josh Hartnett foram considerados para o papel principal, e Wes Bentley, de Beleza Americana (1999) chegou a ser contratado, mas depois desistiu. A vaga terminou nas mãos de Stuart Townsend.

Um dos atores mais azarados de Hollywood, Stuart Townsend foi noivo de Charlize Theron durante 8 anos e se separaram em 2009. A dupla chegou a fazer três filmes juntos. O que acontece é que ao contrário da ex-companheira, que foi conquistando cada vez mais espaço em sua área de atuação, protagonizando inúmeros sucessos e inclusive a vitória no Oscar (com direito a algumas outras indicações), Townsend nunca decolou, ficando preso ao time B (ou C) de Hollywood. O ator nunca conseguiu verdadeiramente demonstrar a que veio, e quando parecia que a coisa ia finalmente dar certo para ele, ao ser escalado para algum blockbuster ou projeto de alto conceito, tal produção terminava se tornando uma bomba homérica. Foi o caso com A Liga Extraordinária (2003) e com este A Rainha dos Condenados. Aliás, o ator só conseguiu vaga aqui porque foi demitido de outra produção, a qual havia sido contratado e já estava filmando há quatro dias. Um tal de O Senhor dos Anéis, no qual havia conseguido o papel de Aragorn. Depois de quatro dias, os realizadores perceberam que Townsend era muito jovem para o papel (ao menos é o que alegaram) e ele seria substituído por Viggo Mortensen. É ou não azarado?

A bela, talentosa e saudosa Aaliyah rouba os holofotes como Akasha, mesmo tendo apenas 26 minutos em tela.

Voltando para A Rainha dos Condenados, muito mais do que Stuart Townsend e seu Lestat apagado, o assunto em torno do filme é a personagem título da obra e sua intérprete. A vampira Akasha é uma das personagens mais importantes destas histórias de Anne Rice, isso porque é considerada basicamente uma entidade: a vampira original, que criou todos os demais. Ou seja, ela é praticamente uma Deusa vampira. Para um papel impactante como este algumas atrizes que estavam deslanchando na época e se encaixavam no perfil desejado foram cogitadas, vide Halle Berry, Jada Pinkett Smith, Rosario Dawson, Vivica A. Fox, Vanessa Williams e Samantha Mumba – que no mesmo ano ficaria com o papel feminino de destaque em outra produção ambiciosa da Warner, mas que também se tornou um flop: A Máquina do Tempo.

Por fim, quem terminou com o papel da Rainha Akasha foi uma jovem promissora estrela da música hip hop e que estava escalando para o sucesso nas telonas, após uma estreia bem-sucedida em seu primeiro papel. Aaliyah tinha 21 aninhos quando estrelou seu primeiro longa-metragem para a própria Warner, o filme de ação Romeu tem que Morrer (2000), com o astro chinês Jet Li. Antes disso, no entanto, já havia participado das trilhas sonoras da animação Anastasia (1997) e de Dr. Dolittle (1998), com Eddie Murphy; além, é claro, de uma carreira como cantora, estrelando em videoclipes desde 1994. Ela era conhecida como a princesinha do hip hop. A Rainha dos Condenados foi seu segundo trabalho como atriz no cinema, e um do qual ela estava muito empolgada em participar. Aaliyah era grande fã da literatura de horror e em especial do tema de vampiros na ficção. Fora isso, era fascinada pela mitologia egípcia, que tem forte ligação com as origens de sua personagem – embora no resultado final do filme isso seja apenas pincelado.

Jovem estrela promissora no cinema, Aaliyah faleceu antes dos 25 anos e não viu a estreia de ‘A Rainha dos Condenados’.

Como muitos sabem, infelizmente a jovem revelação da música e do cinema Aaliyah viria a falecer em 25 de agosto de 2001 devido a um trágico acidente de avião. Aaliyah sequer conseguir ver o resultado final de A Rainha dos Condenados. É dito que a atriz havia conseguido filmar todas as suas cenas para o filme, mas não conseguiu fazer gravações de voz para a pós-produção e nem gravar cenas adicionais. Assim, seu irmão Rashad Haughton foi convocado pela produção para dublar algumas das cenas da estrela, por terem vozes parecidas – uma tecnologia de mixagem de voz foi usada também para deixar a voz de Haughton mais feminina. De todas as lacunas que A Rainha dos Condenados deixou a desejar sem preencher, um elemento é digno de admiração: a performance de Aaliyah como Akasha.

A Rainha dos Condenados foi lançado 6 meses após a trágica morte de Aaliyah e foi dedicado à sua memória. Apesar de ter seu nome acima do título, e ser a personagem que dá nome ao filme (além de muitos a considerarem a protagonista), Aaliyah só tem 26 minutos de tempo em tela, e só aparece após quase 1 hora de exibição do longa.

Nas bilheterias, ‘A Rainha dos Condenados’ não foi um fiasco e evitou o Framboesa, mas foi deserdado por Anne Rice.

Para a direção com a ingrata tarefa de substituir Neil Jordan foi trazido o ilustre desconhecido Michael Rymer, produtor de séries de sucesso como Battlestar Galactica e Hannibal. Sem qualquer aprofundamento ou desenvolvimento destes complexos personagens, como havia sido feito no filme de 1994, Rymer cria A Rainha dos Condenados como um videoclipe de um pouco mais de 90 minutos. E talvez isso tenha sido pedido dele pelos produtores. Afinal pudera, já que foi feito às pressas e espremendo dois livros grandes em um filme curto. A produção privilegia sua trilha sonora rock n roll e as intermináveis narrações do protagonista. O visual deveria ser outro elemento de foco, mas a direção de Rymer não consegue entregar uma identidade distinta, muito pelo contrário, o resultado soa como amálgama de toda e qualquer peça audiovisual do início dos anos 2000 – da era ruim da MTV.

Naturalmente, Anne Rice, que queria a adaptação do segundo livro O Vampiro Lestat, deserdou o resultado final e não poupou críticas. A Rainha dos Condenados estreou no dia 22 de fevereiro de 2002 nos EUA (época morta para o cinema, onde são lançados filmes que os estúdios não possuem fé). Apesar disso, o longa estreou em primeira posição no ranking das bilheterias em seu fim de semana de lançamento ficando acima de Um Ato de Coragem (com Denzel Washington) e Crossroads – Amigas para Sempre (com Britney Spears), além da outra estreia O Mistério da Libélula (com Kevin Costner). Com orçamento de US$35 milhões, A Rainha dos Condenados fez US$30 milhões nos EUA, e US$45 milhões mundiais – o fazendo passar longe de ser um fracasso retumbante.

Talvez em homenagem à memória da querida Aaliyah, o filme recebeu algumas indicações a prêmio menores, ligados ao gênero do terror e da fantasia e se esquivou completamente do infame Framboesa de Ouro – apesar de ter sido massacrado pelos críticos da época. Atualmente, soma irrisórios 17% de aprovação no Rotten Tomatoes, apesar de junto ao grande público constar com uma nota mediana de 52 de 100.

A Rainha dos Condenados ficou aquém do que os fãs e a própria autora esperavam de uma continuação do clássico moderno Entrevista com o Vampiro. É como se o cliente esperasse aquele prato refinado em um restaurante chique e tivesse recebido um fast food da esquina. Mas o universo criado por Anne Rice parece finalmente redimido, com a aprovação máxima de quase 100% dos críticos para a primeira temporada da série da AMC. Aguardemos as próximas temporadas e quem sabe possamos ver o retorno de Akasha.

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Em 2022 o nome da cultuada autora Anne Rice voltou aos holofotes e sua principal obra atraiu novamente a atenção dos fãs, assim como despertou o interesse das novas gerações que não eram muito familiarizadas com ela. Falamos de Entrevista com o Vampiro, é claro, parte da série de 13 livros que formam as crônicas vampirescas da escritora e que em 1994 se tornou uma superprodução da Warner, dirigida por Neil Jordan e estrelada por Tom Cruise e Brad Pitt. O filme se tornou sucesso instantâneo apesar de certa controvérsia em especial no que diz respeito à violência e sanguinolência; status que mantém até hoje, ainda muito querido e enaltecido 28 anos depois de sua estreia. Entrevista com o Vampiro é o primeiro livro da saga escrita por Rice, e este ano se tornou uma série de TV do canal AMC – a mesma rede responsável pelo sucesso The Walking Dead.

Tendo estreado no dia 2 de outubro, a série Entrevista com o Vampiro já exibiu todos os 7 episódios de sua primeira temporada – que chegou ao fim no dia 6 de novembro. O sucesso do programa já garantiu uma segunda temporada para 2023, que promete fazer jus ao texto de Anne Rice e quem sabe adaptar também os livros seguintes da chamada crônicas vampirescas. Porém, embora muitos possam não ter conhecimento, Entrevista com o Vampiro não foi o único projeto deste universo a ser levado às telonas. Há exatos 20 anos, Entrevista com o Vampiro receberia uma obscura e fracassada continuação, que rapidamente cairia no anonimato, mas que marcaria devido à morte de uma promissora jovem estrela.

Sucesso e fracasso. ‘Entrevista com o Vampiro’ tem uma obscura continuação chamada ‘A Rainha dos Condenados’.

A Rainha dos Condenados é na verdade o terceiro livro da franquia de Anne Rice e não o segundo. Mas a ideia da Warner, então detentora dos direitos de adaptação das obras, foi mesclar os dois livros seguintes (livros grossos, diga-se), O Vampiro Lestat e A Rainha dos Condenados, numa única produção, de 1h 41 minutos de duração. E pensar que O Senhor dos Anéis e Harry Potter estavam em voga com tudo, produções que adaptam de forma precisa e nada condensada seus complexos livros, e inclusive pertenciam ao mesmo estúdio. Dizem as más línguas que a Warner estava a ponto de perder os direitos, que iriam expirar e ser revertidos novamente para a criadora Anne Rice – isso permitiria que a autora negociasse as vindouras adaptações com qualquer outro grande estúdio de Hollywood. E assim, a Warner precisou correr para tirar do papel um filme.

A pressa dos produtores em fazer A Rainha dos Condenados de qualquer jeito e não do jeito certo, começou a trazer um cheiro de desespero que podia ser sentido em Hollywood. Não ajudou o fato de Tom Cruise ter recusado reprisar o papel do protagonista Lestat – pelo qual recebeu tantos elogios no filme original, já que fugiu completamente do tipo de personagem que o ator estava acostumado a interpretar. Ironicamente, Anne Rice quase jogou bomba no estúdio ao saber que Cruise viveria seu experiente vampiro nas telonas. Rice queria Rutger Hauer, ou alguém com seu biotipo. Após assistir ao filme, escreveu uma carta de desculpas para Cruise. O fato de que o novo projeto não teria qualquer envolvimento dos produtores do original, do diretor Neil Jordan e até mesmo de Anne Rice, que adaptou o roteiro de Entrevista com o Vampiro para o cinema, sem dúvida contribuíram para a recusa do astro – que no mesmo ano fez a escolha acertadíssima de estrelar Minority Report, sucesso dirigido por Steven Spielberg, na primeira colaboração da dupla.

O pouco expressivo Stuart Townsend descolaria o papel de Lestat, substituindo ninguém menos que Tom Cruise.

Assim, as portas estavam abertas para um novo Lestat. Na história, conhecemos um pouco mais do passado do vampiro, como as circunstâncias em que foi transformado numa criatura da noite, quem foi o responsável por sua nova condição e inclusive sua paixão pela música, pincelada no original em momentos que toca piano. Aqui, aliás, parte do que move a trama é essa paixão, que faz o vampiro ingressar na carreira musical como cantor em uma banda de rock. É sério! Um vampiro roqueiro até poderia funcionar, mas o resultado no filme fica parecendo até paródia. E sim, ao invés do anonimato, Lestat rapidamente escala para se tornar um astro da música, extremamente famoso, atraindo todo tipo de atenção para si. Atores como o falecido Heath Ledger e Josh Hartnett foram considerados para o papel principal, e Wes Bentley, de Beleza Americana (1999) chegou a ser contratado, mas depois desistiu. A vaga terminou nas mãos de Stuart Townsend.

Um dos atores mais azarados de Hollywood, Stuart Townsend foi noivo de Charlize Theron durante 8 anos e se separaram em 2009. A dupla chegou a fazer três filmes juntos. O que acontece é que ao contrário da ex-companheira, que foi conquistando cada vez mais espaço em sua área de atuação, protagonizando inúmeros sucessos e inclusive a vitória no Oscar (com direito a algumas outras indicações), Townsend nunca decolou, ficando preso ao time B (ou C) de Hollywood. O ator nunca conseguiu verdadeiramente demonstrar a que veio, e quando parecia que a coisa ia finalmente dar certo para ele, ao ser escalado para algum blockbuster ou projeto de alto conceito, tal produção terminava se tornando uma bomba homérica. Foi o caso com A Liga Extraordinária (2003) e com este A Rainha dos Condenados. Aliás, o ator só conseguiu vaga aqui porque foi demitido de outra produção, a qual havia sido contratado e já estava filmando há quatro dias. Um tal de O Senhor dos Anéis, no qual havia conseguido o papel de Aragorn. Depois de quatro dias, os realizadores perceberam que Townsend era muito jovem para o papel (ao menos é o que alegaram) e ele seria substituído por Viggo Mortensen. É ou não azarado?

A bela, talentosa e saudosa Aaliyah rouba os holofotes como Akasha, mesmo tendo apenas 26 minutos em tela.

Voltando para A Rainha dos Condenados, muito mais do que Stuart Townsend e seu Lestat apagado, o assunto em torno do filme é a personagem título da obra e sua intérprete. A vampira Akasha é uma das personagens mais importantes destas histórias de Anne Rice, isso porque é considerada basicamente uma entidade: a vampira original, que criou todos os demais. Ou seja, ela é praticamente uma Deusa vampira. Para um papel impactante como este algumas atrizes que estavam deslanchando na época e se encaixavam no perfil desejado foram cogitadas, vide Halle Berry, Jada Pinkett Smith, Rosario Dawson, Vivica A. Fox, Vanessa Williams e Samantha Mumba – que no mesmo ano ficaria com o papel feminino de destaque em outra produção ambiciosa da Warner, mas que também se tornou um flop: A Máquina do Tempo.

Por fim, quem terminou com o papel da Rainha Akasha foi uma jovem promissora estrela da música hip hop e que estava escalando para o sucesso nas telonas, após uma estreia bem-sucedida em seu primeiro papel. Aaliyah tinha 21 aninhos quando estrelou seu primeiro longa-metragem para a própria Warner, o filme de ação Romeu tem que Morrer (2000), com o astro chinês Jet Li. Antes disso, no entanto, já havia participado das trilhas sonoras da animação Anastasia (1997) e de Dr. Dolittle (1998), com Eddie Murphy; além, é claro, de uma carreira como cantora, estrelando em videoclipes desde 1994. Ela era conhecida como a princesinha do hip hop. A Rainha dos Condenados foi seu segundo trabalho como atriz no cinema, e um do qual ela estava muito empolgada em participar. Aaliyah era grande fã da literatura de horror e em especial do tema de vampiros na ficção. Fora isso, era fascinada pela mitologia egípcia, que tem forte ligação com as origens de sua personagem – embora no resultado final do filme isso seja apenas pincelado.

Jovem estrela promissora no cinema, Aaliyah faleceu antes dos 25 anos e não viu a estreia de ‘A Rainha dos Condenados’.

Como muitos sabem, infelizmente a jovem revelação da música e do cinema Aaliyah viria a falecer em 25 de agosto de 2001 devido a um trágico acidente de avião. Aaliyah sequer conseguir ver o resultado final de A Rainha dos Condenados. É dito que a atriz havia conseguido filmar todas as suas cenas para o filme, mas não conseguiu fazer gravações de voz para a pós-produção e nem gravar cenas adicionais. Assim, seu irmão Rashad Haughton foi convocado pela produção para dublar algumas das cenas da estrela, por terem vozes parecidas – uma tecnologia de mixagem de voz foi usada também para deixar a voz de Haughton mais feminina. De todas as lacunas que A Rainha dos Condenados deixou a desejar sem preencher, um elemento é digno de admiração: a performance de Aaliyah como Akasha.

A Rainha dos Condenados foi lançado 6 meses após a trágica morte de Aaliyah e foi dedicado à sua memória. Apesar de ter seu nome acima do título, e ser a personagem que dá nome ao filme (além de muitos a considerarem a protagonista), Aaliyah só tem 26 minutos de tempo em tela, e só aparece após quase 1 hora de exibição do longa.

Nas bilheterias, ‘A Rainha dos Condenados’ não foi um fiasco e evitou o Framboesa, mas foi deserdado por Anne Rice.

Para a direção com a ingrata tarefa de substituir Neil Jordan foi trazido o ilustre desconhecido Michael Rymer, produtor de séries de sucesso como Battlestar Galactica e Hannibal. Sem qualquer aprofundamento ou desenvolvimento destes complexos personagens, como havia sido feito no filme de 1994, Rymer cria A Rainha dos Condenados como um videoclipe de um pouco mais de 90 minutos. E talvez isso tenha sido pedido dele pelos produtores. Afinal pudera, já que foi feito às pressas e espremendo dois livros grandes em um filme curto. A produção privilegia sua trilha sonora rock n roll e as intermináveis narrações do protagonista. O visual deveria ser outro elemento de foco, mas a direção de Rymer não consegue entregar uma identidade distinta, muito pelo contrário, o resultado soa como amálgama de toda e qualquer peça audiovisual do início dos anos 2000 – da era ruim da MTV.

Naturalmente, Anne Rice, que queria a adaptação do segundo livro O Vampiro Lestat, deserdou o resultado final e não poupou críticas. A Rainha dos Condenados estreou no dia 22 de fevereiro de 2002 nos EUA (época morta para o cinema, onde são lançados filmes que os estúdios não possuem fé). Apesar disso, o longa estreou em primeira posição no ranking das bilheterias em seu fim de semana de lançamento ficando acima de Um Ato de Coragem (com Denzel Washington) e Crossroads – Amigas para Sempre (com Britney Spears), além da outra estreia O Mistério da Libélula (com Kevin Costner). Com orçamento de US$35 milhões, A Rainha dos Condenados fez US$30 milhões nos EUA, e US$45 milhões mundiais – o fazendo passar longe de ser um fracasso retumbante.

Talvez em homenagem à memória da querida Aaliyah, o filme recebeu algumas indicações a prêmio menores, ligados ao gênero do terror e da fantasia e se esquivou completamente do infame Framboesa de Ouro – apesar de ter sido massacrado pelos críticos da época. Atualmente, soma irrisórios 17% de aprovação no Rotten Tomatoes, apesar de junto ao grande público constar com uma nota mediana de 52 de 100.

A Rainha dos Condenados ficou aquém do que os fãs e a própria autora esperavam de uma continuação do clássico moderno Entrevista com o Vampiro. É como se o cliente esperasse aquele prato refinado em um restaurante chique e tivesse recebido um fast food da esquina. Mas o universo criado por Anne Rice parece finalmente redimido, com a aprovação máxima de quase 100% dos críticos para a primeira temporada da série da AMC. Aguardemos as próximas temporadas e quem sabe possamos ver o retorno de Akasha.

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