O TÓRRIDO CASO DE AMOR DE MARIA ANTONIETA
O consagrado cineasta francês Benoît Jacquot entrega a sua visão da corte durante a Revolução Francesa (baseado no livro de Chantal Thomas). No filme acompanhamos tudo através dos olhos de Sidonie Laborde, uma jovem servente do palácio real, cuja função era ler e recomendar livros para a Rainha Maria Antonieta, papel da bela Diane Kruger (“Bastardos Inglórios”). Sidonie é interpretada pela igualmente bela e jovial Léa Seydoux, atriz francesa de 27 anos que vem se destacando também em Hollywood, tendo participado de filmes como “Robin Hood” e “Bastardos Inglórios”, e marcado presença no prestigiado “Meia Noite em Paris”, de Woody Allen, e no blockbuster “Missão: Impossível –Protocolo Fantasma”, no qual interpretava a vilã Sabine.
O diretor Jacquot, presente após a exibição do filme para um debate, confessa que Seydoux foi sua primeira escolha para o papel, e a primeira escalada na produção, afinal sua personagem é a força e alma do filme. A personagem precisava ser uma mescla de inocência e astúcia. Sonhadora, apaixonada pela ideia do que significava a Rainha, como todos ao redor tratavam de apontar, mas esperta o suficiente para fazer seus próprios jogos com a verdade, o que incluía a grande amizade com o idoso funcionário dos arquivos reais.
Seydoux já mostrou poder ser a dama fatal, mas faz o caminho inverso aqui, apenas como uma jovem da qual os outros funcionários do castelo nada sabem. A atriz exibe suas belas formas nuas num dos momentos de maior emoção e dramaticidade no filme, em que muito é pedido dela por seu objeto de afeto. “Adeus, Minha Rainha” nos joga num período crítico para a realeza francesa da época, nos momentos decisivos quando o povo tomava o poder, e escorraçava os regentes, obrigados a saírem fugidos do castelo.
Ao contrário do filme de Sofia Coppola de 2006, protagonizado por Kirsten Dunst, o filme de Jacquot não deseja criar simpatia com a Rainha francesa, nas palavras do próprio diretor, sua Maria Antonieta é comparável a um animal perigoso, uma regente distante e indiferente. O filme de Jacquot tem como parte de sua trama a Revolução Francesa, mas foca numa espécie de triângulo amoroso entre três mulheres.
Apresenta o amor de Maria Antonieta declarado pela Duquesa Gabrielle de Polignac, papel de Virginie Ledoyan (“A Praia”), com quem o diretor já trabalhou anteriormente duas outras vezes, em “La fille seule” (1995) e “Marianne” (1997). E mostra a obsessão da jovem Sidonie pela Rainha, sempre atrás de portas entre-abertas, espreitando e ouvindo conversas. É assim que o diretor nos situa na obra entreouvindo sem nunca nos deixar participar ou tomar frente.
Em partes “Adeus, Minha Rainha” se assemelha a “Assassinato em Gosford Park”, de Robert Altman, ao nos mostrar e inserir mais no contexto dos funcionários da burguesia, e na maneira em que se relacionam, na hierarquia dos serventes, seus cômodos e refeitórios. Dessa forma nos transportando diretamente para tal era e local. Jacquot em seu discurso ao vivo não deixou de apresentar seu currículo, e de nos enaltecer com sua presença.
Disse que sua experiência de carreira lhe permite fazer filmes com grandes orçamentos, e que ficou cético por apenas receber críticas positivas de sua obra. Sobre a presença mais hollywoodiana de seu projeto, a atriz alemã Diane Kruger, o diretor foi categórico: “Ela me procurou quando soube do filme, e conseguiu o papel colocando uma arma na minha cabeça”, brinca o diretor.