Uma advogada de alto escalão do Departamento de Justiça dos EUA revelou recentemente que foi demitida após se recusar a recomendar a restauração dos direitos de posse de armas de Mel Gibson.
Segundo o Deadline, Elizabeth G. Oyer alegou que a reintegração dos direitos de Gibson estava sendo considerada devido ao seu status como recém-nomeado embaixador especial de Hollywood, ao lado de figuras como Jon Voight e Sylvester Stallone.
“Isso é perigoso. Não é uma questão política, é uma questão de segurança”, declarou Oyer ao New York Times em uma entrevista.
Oyer relatou que foi designada para um grupo de trabalho encarregado de restaurar o acesso a armas para indivíduos condenados por crimes. O grupo elaborou uma lista de 95 pessoas para consideração, que foi posteriormente reduzida a nove.
Em seguida, surgiu o pedido para adicionar Gibson à lista, acompanhado de uma carta de seu advogado que defendia a restauração dos direitos de posse de armas devido à sua nomeação especial e sucesso na indústria cinematográfica.
“Devolver armas a agressores domésticos é uma questão séria que, na minha visão, não é algo que eu poderia recomendar levianamente, pois há consequências reais de pessoas com histórico de violência doméstica possuindo armas de fogo”, explicou Oyer sobre o caso. Estudos indicam que a reincidência entre agressores domésticos é “comum”.
Quando Oyer informou seus superiores no departamento que não poderia recomendar a restauração, ela recebeu uma ligação do escritório do vice-procurador-geral dos EUA, Todd Blanche.
“Ele basicamente me explicou que Mel Gibson tem um relacionamento pessoal com o presidente Trump e que isso deveria ser base suficiente para eu fazer a recomendação e que eu seria sábia em fazer a recomendação”, relatou Oyer.
Após comentar com um colega: “Não consigo acreditar nisso, mas realmente acho que Mel Gibson vai ser minha ruína”, Oyer foi demitida no dia seguinte.
Mel Gibson perdeu seus direitos de posse de armas em 2011, após uma condenação por violência doméstica contra sua ex-namorada. Na época, ele se declarou inocente como parte de um acordo para evitar a prisão, recebendo três anos de liberdade condicional informal, serviço comunitário, um ano de aconselhamento sobre violência doméstica e uma multa de US$ 570.
Gibson descreveu a situação como “terrivelmente humilhante e dolorosa para minha família”, acrescentando que “nunca tratei ninguém de forma ruim ou discriminatória com base em gênero, raça, religião ou sexualidade”.
De acordo com a lei federal nos EUA, indivíduos condenados por crimes, incluindo crimes graves e certas infrações de violência doméstica, são proibidos de comprar ou possuir armas de fogo.
Um oficial do Departamento de Justiça afirmou que o desacordo sobre Gibson não teve papel na demissão de Oyer.
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