Inspirado no livro homônimo de Marcelo Rubens Paiva, o longa ‘Ainda Estou Aqui‘, dirigido por Walter Salles, e aplaudido por 10 minutos em sua estreia mundial no Festival de Veneza, pode fazer história na próxima temporada de premiações.
Em um recente artigo do jornal The New York Times, a lendária atriz Fernanda Torres foi citada como uma das favoritas não apenas a ser indicada ao Oscar de Melhor Atriz, como também faturar a cobiçada estatueta dourada em cima da atual favorita, Nicole Kidman (que venceu o prêmio em Veneza pelo filme ‘Babygirl’).
A matéria diz:
“O troféu de Veneza ajudará Kidman a construir um caso para sua sexta indicação ao Oscar (ela ganhou por ‘As Horas’), embora ela enfrente um excedente de fortes concorrentes a atriz principal que também emergiram dos festivais de outono: Angelina Jolie como a diva da ópera Maria Callas em ‘Maria’; a estrela brasileira Fernanda Torres em ‘Ainda Estou Aqui’; Marianne Jean-Baptiste como uma descontente tagarela em ‘Hard Truths’, de Mike Leigh; e a dupla atuação de Tilda Swinton e Julianne Moore no empático ‘The Room Next Door’, de Pedro Almodóvar, que ganhou o prêmio máximo em Veneza, o Leão de Ouro”.
Vale lembrar que o longa irá estrear na 48ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo.
O festival acontece de 17 a 30 de outubro, em São Paulo.
O elenco principal do filme estará presente na sessão de estreia, assim como o diretor, Walter Salles, e os roteiristas Murilo Hauser e Heitor Lourega.
O filme recebeu o prêmio de melhor roteiro para Murilo Hauser e Heitor Lorega, na competição oficial do 81º Festival de Veneza, o Golden Osella, entregue na cerimônia de encerramento.
Ver essa foto no Instagram
O filme recebeu 94% de aprovação no Rotten Tomatoes, com base em 16 avaliações.
Os críticos elogiaram amplamente o filme, destacando a forma humanizada com que retrata os eventos reais, bem como o desempenho notável de Salles e de Torres.
Confira os comentários:
“Fazer com que o destino desta casa bem equipada, de classe média alta, remeta ao de um Brasil cada vez mais oprimido pode parecer uma metáfora forçada, mas o empenho de Salles na direção é notável por sua elegância e realismo”, disse Stephanie Bunbury do Deadline.
“Clássico na forma, mas radical na empatia, I’m Still Here (Ainda Estou Aqui) talvez não precise das seções adicionais que alteram um pouco o ritmo emocional. Mas, por outro lado, esses personagens são tão vívidos que não queremos deixá-los também”, disse Jessica Kiang da Variety.
“Ainda Estou Aqui é um filme envolvente e profundamente tocante, que revela uma rica camada de emoção. Sem dúvida, é uma das melhores obras de Salles”, disse David Rooney do The Hollywood Reporter.
“O excelente filme de Walter Salles, baseado em fatos reais — uma vez que ele foi amigo da família Paiva na adolescência — é um tributo profundo e comovente a uma mulher e sua família notáveis”, disse Wendy Ide do Screen International.
“O relato baseado em fatos de [Walter Salles] sobre a situação dos desaparecidos é compreensivelmente afetado e pode carregar uma certa dose de sentimentalismo. No entanto, I’m Still Here (Ainda Estou Aqui) continua sendo um drama profundo e comovente sobre os desaparecidos da nação”, disse Xan Brooks do The Guardian.
“Vibrante e comovente, com uma performance excepcional de Fernanda Torres no papel de Eunice Paiva, o filme se destaca por nos fazer experimentar a essência da absoluta arbitrariedade”, disse Fernando E. Juan Lima do Otroscines.
“Fernanda Torres oferece uma atuação que, sem dúvida, será aclamada como um dos maiores marcos de sua carreira e, provavelmente, a tornará mais reconhecida internacionalmente”, disse Nicholas Bell da IonCinema.
“O respeito que ele demonstra pela família Paiva, com a qual mantém uma relação próxima, comprova que ele foi a escolha certa para este filme”, disse Robert Ruggio do AwardsWatch.
“Talvez, se Ainda Estou Aqui fosse apresentado como a vida de Eunice através dos olhos de Marcelo, a maior parte dos amplos e idealizadores traços desse retrato santificado seriam muito mais aceitáveis”, disse Savina Petkova do The Film Stage.
“Independentemente de qualquer vínculo pessoal com esse período sombrio, os espectadores serão cativados pela história desta família corajosa e, especialmente, pela força de Eunice, tudo graças à atuação de Torres”, disse Ema Sasic do Next Best Picture.
O longa-metragem é inspirado no livro homônimo de Marcelo Rubens Paiva sobre a história de sua família. O relato começa no início dos anos 70, quando um ato de violência muda a história da família Paiva para sempre. O livro e o filme abraçam o ponto de vista daqueles que sofrem uma perda em um regime de exceção, mas não se dobram.
No elenco principal, estão nomes como Valentina Herszage, Luiza Kosovski, Bárbara Luz, Guilherme Silveira e Cora Ramalho, que interpretam os filhos na primeira fase do filme, e Olivia Torres, Antonio Saboia, Marjorie Estiano, Maria Manoella e Gabriela Carneiro da Cunha, integrando a família no segundo momento.