2024 já está chegando ao fim e, como é de praxe, chegou o momento de selecionar as melhores produções cinematográficas do ano.
Nos últimos doze meses, tivemos diversos títulos incríveis que chegaram aos cinemas – como a elogiada sequência ‘Duna: Parte 2’, que ampliou o incrível universo imortalizado por Denis Villeneuve na sétima arte, a dramédia romântica esportiva ‘Rivais’, que contou com nomes como Zendaya, Josh O’Connor e Mike Faist, e a incrível adaptação de ‘Wicked’, estrelada por Ariana Grande e Cynthia Erivo.
Pensando nisso, preparamos nossa costumeira lista elencando os dez melhores filmes de 2024. Para tanto, estamos incluindo as produções que chegaram oficialmente ao circuito nacional neste ano – como ‘Pobres Criaturas’, que estreou nos Estados Unidos ano passado.
Confira abaixo as nossas escolhas:
10. SUPER/MAN: A HISTÓRIA DE CHRISTOPHER REEVE
Christopher Reeve eternizou o papel de Superman no cinema ao encarnar a primeira versão em live-action do icônico herói da DC. E o documentário ‘Super/Man: A História de Christopher Reeve’ revela que o astro não apenas foi um herói nas telonas, mas também na vida real: dirigida por Ian Bonhôte e Peter Ettedgui, a produção é uma carta de amor ao legado deixado por Reeve, explorando sua ascensão e sua queda, bem como seus esforços imparáveis de auxiliar aqueles em necessidade. Tocante através de breves uma hora e quarenta de duração, o longa funciona tanto como uma bela peça fílmica quanto um presente aos fãs inveterados do ator.
9. OS REJEITADOS
Se Alexander Payne já havia nos comovido com suas produções anteriores, o aclamado diretor voltaria à sua mais bela forma com o lançamento de ‘Os Rejeitados’. A dramédia é pensada em seus mínimos detalhes narrativos e estéticos, arquitetado sob uma ótica envolvente e aprazível do começo ao fim que explora os anseios da condição humana – e que conta com atuações magníficas de um elenco de ponta (com destaque, obviamente, a Paul Giamatti e a Da’Vine Joy Randolph, ambos amplamente condecorados na última temporada de premiações).
8. A SUBSTÂNCIA
Ninguém imaginava o sucesso indescritível de ‘A Substância’ quando o projeto havia sido anunciado. O body-horror comandado por Coralie Fargeat é uma sátira à busca inalcançável da perfeição – seja ela da maneira que for – e uma crítica despojada que mescla elementos de ironia e de terror em um espetacular tour-de-force que merece lugar na nossa lista. Como a cereja do bolo, Demi Moore e Margaret Qualley dominam as telonas com interpretações fabulosas e viscerais que nos envolvem do começo ao fim em uma jornada nada menos que angustiante e envolvente.
7. TUDO QUE IMAGINAMOS COMO LUZ
Vencedor do grande Prêmio do Júri no Festival de Cannes 2024, ‘Tudo que Imaginamos como Luz’ acompanha Prabha e Anu são enfermeiras malaias que vivem em Mumbai e estão preocupadas com seus relacionamentos. As duas embarcam em uma viagem para uma cidade litorânea onde a floresta mística se torna um espaço para a manifestação de seus sonhos. O longa tem como força-motriz uma humanidade apaixonante e envolvente que apresenta um retrato moderno da Índia, rompendo com estigmas seculares e condenáveis, além de reafirmar a sólida direção de Payal Kapadia e de sua perspectiva única sobre o mundo.
6. WICKED
‘Wicked’ nos arrebata desde os primeiros minutos com performances aplaudíveis de Cynthia Erivo e Ariana Grande. Ao encarnar Elphaba, Erivo consegue desfrutar de sua carreira no teatro (sendo detentora de um prêmio Tony, inclusive) e trazer novos aspectos àquela que se transformaria na icônica Bruxa Má do Oeste – singrando pelas complexidades de uma justiceira social que sabe o que é ser diferente e ser marginalizada pelos outros; Grande, por sua vez, explode como um hilário escape cômico, pintado na mais pura egolatria e vaguidão que, na verdade, esconde um coração benévolo que está apenas tropeçando ao se encontrar. Funcionando sozinhas e em conjunto, a química das duas atrizes é tocante e invejável do começo ao fim – e não ficaria surpreso se ambas conquistassem indicações ao Oscar.
5. ANORA
Apesar de descrito como um drama, ‘Anora’ emerge como uma obra fílmica que consegue borrar os limites delineados entre os gêneros narrativos. Percebemos desde os primeiros minutos que o escopo atmosférico, pincelado com o hedonismo estético e artístico de um realismo mágico que divide os múltiplos atos. A ideia é fundir o prazer fugaz com a dureza de uma realidade sóbria, seja no conflito entre as paletas de cores, seja na oscilação de uma bem estruturada fotografia assinada por Drew Daniels. No final das contas, não é possível colocá-lo apenas em um rótulo, conforme o escopo escala a níveis estratosféricos e aposta fichas na maximização das complicadas relações humanas.
4. RIVAIS
A imersão promovida por Luca Guadagnino em ‘Rivais’ não se restringe apenas à condução magistral do projeto, e sim a ramificações que incluem uma montagem frenética e pautada em um ritmo aplaudível (cortesia das habilidosas mãos de Marco Costa), e de uma trilha sonora que oscila entre orquestrações dissonantes e um apreço significativo pela nostálgica originalidade do techno-house (assinada por Atticus Ross e Trent Reznor, frequentes colaboradores do diretor). É notável como o mínimo deslize poderia transformar todo esse escopo em um festival camp cansativo, mas o time criativo sabe como caminhar por ensejos tortuosos – guiados pelo didático e provocante roteiro de Justin Kuritzkes, que nos oferece uma nova visão de um cosmos explorado ad nauseam pela sétima arte.
3. AINDA ESTOU AQUI
Mesmo em meados da década de 2020, há pessoas que rendem-se ao vira-latismo cultural ao acreditar que o Brasil não produz filmes bons. Walter Salles veio para provar novamente que isso não é verdade ao encabeçar o visceral e impactante drama ‘Ainda Estou Aqui’. Ambientado no obscuro período da Ditadura Militar, o longa funciona como um retrato cru de um dos momentos mais duros da história nacional – e, além de contar com uma soberba produção técnica e artística, é encabeçado por uma performance arrebatadora de Fernanda Torres, que se reitera como uma das melhores atrizes de todos os tempos.
2. POBRES CRIATURAS
Em ‘Pobres Criaturas’, o diretor Yorgos Lanthimos mergulha em uma reflexão sobre a imutabilidade da condição humana dentro de um contexto de época, prezando por uma atemporalidade que em nenhum momento soa anacrônica, mas que fornece os elementos necessários para criar um elo entre passado, presente e futuro – um retrato que, ao mesmo tempo, é otimista e pessimista, infundido em uma celebração surrealista das pulsões do indivíduo. Como se não bastasse, o cineasta reitera seu importante status na sétima arte e entrega um dos grandes títulos das últimas décadas.
1. DUNA: PARTE 2
Ambicioso, estupendo e majestoso são apenas alguns dos adjetivos que conseguem resumir, grosso modo, ‘Duna: Parte 2’. O novo longa de Denis Villeneuve é um deleite para os olhos, uma aula de como fazer cinema e, de forma imediata, posta-se como um dos melhores títulos não apenas da década, mas do século – e, caso tudo ocorra como o planejado, é bem claro como o surpreendente gancho nos prepara para o terceiro capítulo da saga.