terça-feira , 17 dezembro , 2024

‘Alien 5’ | O Filme que Nunca Aconteceu e a queda do diretor Neill Blomkamp

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Projeto que jamais chegou a ter uma produção oficial marcou recuo na carreira do diretor

Atualmente os filmes de ficção científica veem na figura de três cineastas em particular a responsabilidade de sustentar o gênero com obras que conseguem equilibrar apelo popular com refino técnico, sendo eles Christopher Nolan, James Cameron e Denis Villeneuve. O primeiro já provou desde A Origem e, principalmente, Interestelar que possui extremo interesse em discutir conceitos científicos quase abstratos em suas obras sem sacrificar o apelo ao maior público possível, e consequentemente tendo que lançar mão de ferramentas narrativas expositivas para isso.



O segundo já é um veterano da área, tendo sido responsável pelo cultuado O Exterminador do Futuro e sua sequência revolucionária Dia do Julgamento (entrando tranquilamente como favorito em quaisquer discussões sobre qual o melhor filme de ação já feito). Depois de conquistar o mundo com o dramático Titanic, Cameron revolucionou outra vez em 2009 a ainda tímida tecnologia 3D com Avatar; atingindo dessa vez tanto o recorde de maior bilheteria da história quanto deixando a promessa de que as sequências vão revolucionar novamente.

Villeneuve se tornou uma referência da área por adaptação, visto que a filmografia do início da sua carreira se debruçou muito sobre abordagens dramáticas de menor escala. A mudança só viria após o lançamento de A Chegada, no qual o cineasta combinou um tema bem tradicional da ficção científica como alienígenas à dramas pessoais referentes a protagonista de Amy Adams

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Avatar” é indiscutivelmente uma das mais importantes ficções cientificas do século XXI

Em seguida, com Blade Runner 2049 o diretor entregou tanto um dos grandes exemplares do gênero na década passada como uma das melhores sequências já produzidas. Por fim, com Duna a promessa é de elevar a escala para um patamar ainda não alcançado em sua carreira, entregando sua produção mais ousada até então.

No entanto, na década passada houve um nome que se destacou no campo da ficção científica antes de Villeneuve e inclusive de Christopher Nolan por entregar abordagens com críticas claras ao modelo de sociedade atual, pincelados com elementos tecnológicos ou fantásticos; esse cineasta é nenhum outro senão Neill Blomkamp.

Natural da África do Sul, Blomkamp se revelou desde o princípio de sua carreira (no começo dos anos 2000) como um representante do nicho de ficção científica na corrente mais crítica possível; um tema comum em suas primeiras obras era mostrar como um determinado avanço tecnológico automaticamente dialoga com a sociedade a ele apresentada, porém, nem sempre levando à consequências positivas para homem e máquina.

Em 2004, por exemplo, ele lançou um curta intitulado Tetra Vaal sobre as reflexões de um robô projetado para policiar uma determinada área extremamente pobre. Em pouco menos de dois minutos ele apresenta conceitos como o questionamento feito pela máquina sobre a inexistência de um sistema que atendesse toda a pobreza que ela observava ao seu redor. A ideia de uma máquina projetada para combate mas que desenvolve questionamentos viria a servir de base para o filme Chappie em 2015.

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O curta “Tetra Vaal” estabeleceu a tendência de Blomkamp para histórias socialmente criticas

Ao longo dos anos 2000 Blomkamp foi construindo sua carreira, bem como uma legião de fãs, ao redor de suas opiniões sobre como a ficção científica poderia ser um espelho do mundo real. Depois de produzir mais alguns curtas ele teve seu grande momento com Distrito 9; a obra que apresenta um cenário onde uma raça alienígena entra em contato com a população de Johanesburgo mas, devido a um problema em sua nave, não conseguem sair da Terra.

Dessa maneira os visitantes se veem obrigados a se mesclar com a sociedade local, tendo participações até mesmo na vida criminosa da cidade. Com isso o governo os trancou em um gueto conhecido como distrito 9 que rapidamente se tornou um local onde ações criminosas acontecem com a mesma frequência que forças de segurança entram no lugar em operações violentas.

Não muito depois ele assinaria Elysium, uma obra recheada de nomes conhecidos (até o do brasileiro Wagner Moura) e que não fugia de seu estilo tradicional de tecer comentários críticos. Ainda que a obra, a longo prazo, não tenha se tornado um clássico cult como Distrito 9, ela serviu para mostrar que Blomkamp não teria problemas em comandar elencos estelares ou obras de grandes orçamentos.

A partir desse momento o diretor ganhou reconhecimento mundial, o que levou ao ano de 2015 quando foi anunciado que ele dirigiria Alien 5; aquele que seria o mais novo capítulo da franquia iniciada em 1979 com Alien, O Oitavo Passageiro. Segundo o diretor a trama traria Sigourney Weaver de volta ao papel de Ripley, após o fracassado Alien: A Ressurreição, e Michael Biehn, de Aliens.

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Artes conceituais mostram o retorno de Sigourney Weaver e Michael Biehn em “Alien 5

Ainda no ano de 2015 foi confirmado pelo cineasta que a Fox havia dado o sinal verde para a produção, que o teria na direção e Ridley Scott como produtor. Junto a isso Blomkamp soltava com frequência artes conceituais de cenários envolvendo a nave do xenomorfo e a própria tenente Ripley. Os primeiros sinais vermelhos, porém, vieram em abril de 2016 quando a própria Sigourney informou que Ridley Scott teria pedido ao diretor sul-africano que não iniciasse a produção de Alien 5 até que Covenant (segunda prequel da franquia que foi dirigida por Scott) tivesse sido lançado.

A partir do início de 2017 a sensação de que o projeto não estava bem ficou evidente por meio de declarações de Blomkamp, que passaram a ser bem pessimistas sobre a possibilidade das gravações algum dia sequer começarem. Em meados daquele ano Scott deu o golpe final ao afirmar que nunca houve sequer um roteiro finalizado para o filme, apenas conceitos vagos.

Fato é que após o cancelamento de Alien 5 a carreira de Blomkamp sofreu um nítido recuo, com o mesmo se afastando dos grandes longas a que ele vinha se acostumando e voltando a se concentrar na produção de curtas. Isso não apaga o fato  de que ele foi um nome muito importante da ficção científica do início do século XXI, muito antes de outros pesos pesados se estabelecerem na área.

Este ano, Neill Blomkamp lançará seu primeiro longa-metragem em seis anos. Demonic será seu primeiro filme de terror da carreira. Protagonizado por Carly Pope, o longa traz uma jovem aderindo a um experimento tecnológico capaz de introduzi-la em seu próprio subconsciente. Ah sim, o diretor não esqueceu seus laços com a ficção científica, e a trama a utiliza como mote da libertação demoníaca.

 

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Atualmente os filmes de ficção científica veem na figura de três cineastas em particular a responsabilidade de sustentar o gênero com obras que conseguem equilibrar apelo popular com refino técnico, sendo eles Christopher Nolan, James Cameron e Denis Villeneuve. O primeiro já provou desde A Origem e, principalmente, Interestelar que possui extremo interesse em discutir conceitos científicos quase abstratos em suas obras sem sacrificar o apelo ao maior público possível, e consequentemente tendo que lançar mão de ferramentas narrativas expositivas para isso.

O segundo já é um veterano da área, tendo sido responsável pelo cultuado O Exterminador do Futuro e sua sequência revolucionária Dia do Julgamento (entrando tranquilamente como favorito em quaisquer discussões sobre qual o melhor filme de ação já feito). Depois de conquistar o mundo com o dramático Titanic, Cameron revolucionou outra vez em 2009 a ainda tímida tecnologia 3D com Avatar; atingindo dessa vez tanto o recorde de maior bilheteria da história quanto deixando a promessa de que as sequências vão revolucionar novamente.

Villeneuve se tornou uma referência da área por adaptação, visto que a filmografia do início da sua carreira se debruçou muito sobre abordagens dramáticas de menor escala. A mudança só viria após o lançamento de A Chegada, no qual o cineasta combinou um tema bem tradicional da ficção científica como alienígenas à dramas pessoais referentes a protagonista de Amy Adams

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Avatar” é indiscutivelmente uma das mais importantes ficções cientificas do século XXI

Em seguida, com Blade Runner 2049 o diretor entregou tanto um dos grandes exemplares do gênero na década passada como uma das melhores sequências já produzidas. Por fim, com Duna a promessa é de elevar a escala para um patamar ainda não alcançado em sua carreira, entregando sua produção mais ousada até então.

No entanto, na década passada houve um nome que se destacou no campo da ficção científica antes de Villeneuve e inclusive de Christopher Nolan por entregar abordagens com críticas claras ao modelo de sociedade atual, pincelados com elementos tecnológicos ou fantásticos; esse cineasta é nenhum outro senão Neill Blomkamp.

Natural da África do Sul, Blomkamp se revelou desde o princípio de sua carreira (no começo dos anos 2000) como um representante do nicho de ficção científica na corrente mais crítica possível; um tema comum em suas primeiras obras era mostrar como um determinado avanço tecnológico automaticamente dialoga com a sociedade a ele apresentada, porém, nem sempre levando à consequências positivas para homem e máquina.

Em 2004, por exemplo, ele lançou um curta intitulado Tetra Vaal sobre as reflexões de um robô projetado para policiar uma determinada área extremamente pobre. Em pouco menos de dois minutos ele apresenta conceitos como o questionamento feito pela máquina sobre a inexistência de um sistema que atendesse toda a pobreza que ela observava ao seu redor. A ideia de uma máquina projetada para combate mas que desenvolve questionamentos viria a servir de base para o filme Chappie em 2015.

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O curta “Tetra Vaal” estabeleceu a tendência de Blomkamp para histórias socialmente criticas

Ao longo dos anos 2000 Blomkamp foi construindo sua carreira, bem como uma legião de fãs, ao redor de suas opiniões sobre como a ficção científica poderia ser um espelho do mundo real. Depois de produzir mais alguns curtas ele teve seu grande momento com Distrito 9; a obra que apresenta um cenário onde uma raça alienígena entra em contato com a população de Johanesburgo mas, devido a um problema em sua nave, não conseguem sair da Terra.

Dessa maneira os visitantes se veem obrigados a se mesclar com a sociedade local, tendo participações até mesmo na vida criminosa da cidade. Com isso o governo os trancou em um gueto conhecido como distrito 9 que rapidamente se tornou um local onde ações criminosas acontecem com a mesma frequência que forças de segurança entram no lugar em operações violentas.

Não muito depois ele assinaria Elysium, uma obra recheada de nomes conhecidos (até o do brasileiro Wagner Moura) e que não fugia de seu estilo tradicional de tecer comentários críticos. Ainda que a obra, a longo prazo, não tenha se tornado um clássico cult como Distrito 9, ela serviu para mostrar que Blomkamp não teria problemas em comandar elencos estelares ou obras de grandes orçamentos.

A partir desse momento o diretor ganhou reconhecimento mundial, o que levou ao ano de 2015 quando foi anunciado que ele dirigiria Alien 5; aquele que seria o mais novo capítulo da franquia iniciada em 1979 com Alien, O Oitavo Passageiro. Segundo o diretor a trama traria Sigourney Weaver de volta ao papel de Ripley, após o fracassado Alien: A Ressurreição, e Michael Biehn, de Aliens.

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Artes conceituais mostram o retorno de Sigourney Weaver e Michael Biehn em “Alien 5

Ainda no ano de 2015 foi confirmado pelo cineasta que a Fox havia dado o sinal verde para a produção, que o teria na direção e Ridley Scott como produtor. Junto a isso Blomkamp soltava com frequência artes conceituais de cenários envolvendo a nave do xenomorfo e a própria tenente Ripley. Os primeiros sinais vermelhos, porém, vieram em abril de 2016 quando a própria Sigourney informou que Ridley Scott teria pedido ao diretor sul-africano que não iniciasse a produção de Alien 5 até que Covenant (segunda prequel da franquia que foi dirigida por Scott) tivesse sido lançado.

A partir do início de 2017 a sensação de que o projeto não estava bem ficou evidente por meio de declarações de Blomkamp, que passaram a ser bem pessimistas sobre a possibilidade das gravações algum dia sequer começarem. Em meados daquele ano Scott deu o golpe final ao afirmar que nunca houve sequer um roteiro finalizado para o filme, apenas conceitos vagos.

Fato é que após o cancelamento de Alien 5 a carreira de Blomkamp sofreu um nítido recuo, com o mesmo se afastando dos grandes longas a que ele vinha se acostumando e voltando a se concentrar na produção de curtas. Isso não apaga o fato  de que ele foi um nome muito importante da ficção científica do início do século XXI, muito antes de outros pesos pesados se estabelecerem na área.

Este ano, Neill Blomkamp lançará seu primeiro longa-metragem em seis anos. Demonic será seu primeiro filme de terror da carreira. Protagonizado por Carly Pope, o longa traz uma jovem aderindo a um experimento tecnológico capaz de introduzi-la em seu próprio subconsciente. Ah sim, o diretor não esqueceu seus laços com a ficção científica, e a trama a utiliza como mote da libertação demoníaca.

 

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