sexta-feira , 22 novembro , 2024

Altered Carbon | Primeiras Impressões – ‘Blade Runner’ para a TV (ou quase)

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Calma. Antes que os puristas comecem a pegar suas pedras, vale dizer que a comparação expressa no título se deve unicamente a termos comparativos de gêneros – e subgêneros. Ambos Blade Runner – O Caçador de Androides (1982), sua sequência Blade Runner 2049 (2017) e este Altered Carbon são ficções científicas noir, que embora se passem no futuro chuvoso de luzes neon e carros voadores, ainda reservam muitas semelhanças com filmes de detetives da década de 1940 – com o protagonista narrando seu mais recente caso.

Altered Carbon é a aguardada nova série original da Netflix, e uma de suas mais ambiciosas. Baseado no livro de Richard Morgan, o programa estreia no dia 2 de fevereiro na plataforma – nós do CinePOP tivemos a oportunidade de conferir de antemão (em breve a análise completa da primeira temporada).



O programa, que tem entre seus produtores Laeta Kalogridis (roteirista de Ilha do Medo e produtora de Avatar) e James Vanderbilt (roteirista de Zodíaco e diretor do subestimado Conspiração e Poder, com Cate Blanchett e Robert Redford), é um complexo thriller distópico e pode afastar o público que for esperando uma obra recheada de ação e adrenalina. Aqui, iremos falar sobre os três primeiros episódios, de um total de dez, de Altered Carbon, e até o momento, o que deu para sentir é que seu ritmo e narrativa realmente são mais semelhantes aos filmes citados no início deste texto, baseados no conto de Philip K. Dick, do que de produções hollywoodianas recheadas de explosões e ritmo acelerado. Portanto, prepare-se e não diga que não avisei.

Esses fatores citados acima não são algo que geralmente incomode este que vos fala – desde que tenhamos um roteiro forte o suficiente para criar conexão e despertar nosso interesse de seguir esta trama. Confesso também que uma melhoria significativa é sentida do segundo episódio em diante, especialmente no terceiro, e que espero que só cresça. É claro que também ainda é cedo para julgar o resultado, e por se tratar de um admirável e intrincado novo mundo, onde as regras e os mínimos detalhes precisam ser adereçados detalhadamente, é somente depois de se ter estabelecidas as suas bases que estas engrenagens começarão verdadeiramente a rodar. E de começo, o que se tem é muito estilo sobre sustância.

A trama começa, e logo de cara um conhecido terrorista (papel de Byron Mann) é encurralado e abatido pelas autoridades em um apartamento. O mote aqui é que no futuro a humanidade encontrou uma forma de evitar a morte – basta digitalmente reenviar sua consciência para outro corpo. Desta forma, pessoas da alta sociedade (já que o procedimento custa caro) conseguem praticamente eternizar sua existência, vivendo por centenas de anos. O governo também participa do programa e fornece corpos para pessoas sem condições de arcar com tal despesa – mas como era de se esperar, as condições dos novos corpos cedidos são bem precárias (crianças mortas são devolvidas aos pais na forma de pessoas mais velhas, ou idosas), o que traça um interessante paralelo em forma de crítica social – este é justamente o cerne das melhores ficções, criticar o presente através do futuro (Black Mirror que o diga).

E através deste procedimento é que conhecemos a nova forma de nosso protagonista Takeshi Kovacs, de terrorista asiático agora preso no corpo do fortão sueco Joel Kinnaman (o RoboCop, de José Padilha). Seu “avatar” é um policial caído em desgraça. Policial e terrorista, corpo e mente, recebem uma segunda chance mais de 200 anos depois de seu “congelamento” (pense em O Demolidor, com Stallone e Wesley Snipes, misturado com Matrix) para investigar um crime – no melhor estilo do cinema noir.

O magnata Laurens Bancroft (papel de James Purefoy, o clone de Thomas Jane) é quem tira o protagonista da aposentadoria para que investigue… seu próprio assassinato. Sim, o ricaço foi morto em sua própria casa, e prontamente devolvido ao próprio corpo (quando não há danos irreparáveis), mas é incapaz de lembrar, devido a um defeito técnico neste programa, quem foi o responsável por explodir seus miolos na parede. Uma das principais suspeitas é a femme fatale Miriam Bancroft, sua esposa, papel da estonteante Kristin Lehman – dona de cenas sensuais fumegantes – ou qualquer um de seus vinte e um filhos.

Assim se desenrola a trama de Altered Carbon, com o personagem de Kinnaman num verdadeiro emaranhado onde não pode confiar em ninguém, nem mesmo em seu próprio contratante.  Se tirarmos a ambientação, esta história poderia ser facilmente transportada para meados do Século XIX, num verdadeiro suspense whodunit (quem é o culpado).

É claro que os elementos de ficção aqui são imprescindíveis, e fazem tanto parte desta narrativa quanto o suspense noir. Os detalhes são interessantíssimos, e obviamente como ainda estamos no terceiro episódio, eles ainda estão apenas arranhando a superfície – tenho certeza que iremos ver novos itens futurísticos introduzidos nesta história.  Por enquanto vale destacar o hotel AI (constituído por funcionários que na realidade são hologramas criados por inteligência artificial, aonde o protagonista está alojado), a ousada “brincadeira” da filha do magnata de Purefoy, que gosta de fazer sexo selvagem “hospedada” no corpo nota 10 da mamãe (alguém aí precisa de terapia?), e o parceiro involuntário do protagonista, Vernon Elliott (papel de Ato Essandoh), um ex-militar que tenta se comunicar com a filha morta através de uma gravação. Outra personagem que merece destaque é Kristin Ortega (Martha Higareda), policial latina que investiga de perto a situação do protagonista.

Com tantos elementos tecnológicos inovadores, e uma visão de mundo tão distinta de seus criadores, seja no livro ou no programa, Altered Carbon é com uma versão adulterada e menos dark de outro sucesso da casa, o citado Black Mirror. Embora não tenhamos grandes nomes impulsionando esta produção, nem à frente e nem atrás das câmeras, Altered Carbon se vende por suas ideias, e principalmente seu visual – que de tão impressionante não fica devendo nada às mais deslumbrantes visões do futuro na sétima arte. E se isso não for um baita elogio, não sei o que é. Apesar de tudo parecer estar no lugar, o programa possui um ritmo narrativo inicial problemático, oscilando em tons, que aparentemente decide um caminho a seguir. Bem, volto aqui para contar a vocês qual o resultado final deste novo produto. Por enquanto está bom e tem o meu aval – o que em absoluto não quer dizer que irá agradar a gregos e troianos. Aguardem as cenas dos próximos capítulos.

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Altered Carbon é a aguardada nova série original da Netflix, e uma de suas mais ambiciosas. Baseado no livro de Richard Morgan, o programa estreia no dia 2 de fevereiro na plataforma – nós do CinePOP tivemos a oportunidade de conferir de antemão (em breve a análise completa da primeira temporada).

O programa, que tem entre seus produtores Laeta Kalogridis (roteirista de Ilha do Medo e produtora de Avatar) e James Vanderbilt (roteirista de Zodíaco e diretor do subestimado Conspiração e Poder, com Cate Blanchett e Robert Redford), é um complexo thriller distópico e pode afastar o público que for esperando uma obra recheada de ação e adrenalina. Aqui, iremos falar sobre os três primeiros episódios, de um total de dez, de Altered Carbon, e até o momento, o que deu para sentir é que seu ritmo e narrativa realmente são mais semelhantes aos filmes citados no início deste texto, baseados no conto de Philip K. Dick, do que de produções hollywoodianas recheadas de explosões e ritmo acelerado. Portanto, prepare-se e não diga que não avisei.

Esses fatores citados acima não são algo que geralmente incomode este que vos fala – desde que tenhamos um roteiro forte o suficiente para criar conexão e despertar nosso interesse de seguir esta trama. Confesso também que uma melhoria significativa é sentida do segundo episódio em diante, especialmente no terceiro, e que espero que só cresça. É claro que também ainda é cedo para julgar o resultado, e por se tratar de um admirável e intrincado novo mundo, onde as regras e os mínimos detalhes precisam ser adereçados detalhadamente, é somente depois de se ter estabelecidas as suas bases que estas engrenagens começarão verdadeiramente a rodar. E de começo, o que se tem é muito estilo sobre sustância.

A trama começa, e logo de cara um conhecido terrorista (papel de Byron Mann) é encurralado e abatido pelas autoridades em um apartamento. O mote aqui é que no futuro a humanidade encontrou uma forma de evitar a morte – basta digitalmente reenviar sua consciência para outro corpo. Desta forma, pessoas da alta sociedade (já que o procedimento custa caro) conseguem praticamente eternizar sua existência, vivendo por centenas de anos. O governo também participa do programa e fornece corpos para pessoas sem condições de arcar com tal despesa – mas como era de se esperar, as condições dos novos corpos cedidos são bem precárias (crianças mortas são devolvidas aos pais na forma de pessoas mais velhas, ou idosas), o que traça um interessante paralelo em forma de crítica social – este é justamente o cerne das melhores ficções, criticar o presente através do futuro (Black Mirror que o diga).

E através deste procedimento é que conhecemos a nova forma de nosso protagonista Takeshi Kovacs, de terrorista asiático agora preso no corpo do fortão sueco Joel Kinnaman (o RoboCop, de José Padilha). Seu “avatar” é um policial caído em desgraça. Policial e terrorista, corpo e mente, recebem uma segunda chance mais de 200 anos depois de seu “congelamento” (pense em O Demolidor, com Stallone e Wesley Snipes, misturado com Matrix) para investigar um crime – no melhor estilo do cinema noir.

O magnata Laurens Bancroft (papel de James Purefoy, o clone de Thomas Jane) é quem tira o protagonista da aposentadoria para que investigue… seu próprio assassinato. Sim, o ricaço foi morto em sua própria casa, e prontamente devolvido ao próprio corpo (quando não há danos irreparáveis), mas é incapaz de lembrar, devido a um defeito técnico neste programa, quem foi o responsável por explodir seus miolos na parede. Uma das principais suspeitas é a femme fatale Miriam Bancroft, sua esposa, papel da estonteante Kristin Lehman – dona de cenas sensuais fumegantes – ou qualquer um de seus vinte e um filhos.

Assim se desenrola a trama de Altered Carbon, com o personagem de Kinnaman num verdadeiro emaranhado onde não pode confiar em ninguém, nem mesmo em seu próprio contratante.  Se tirarmos a ambientação, esta história poderia ser facilmente transportada para meados do Século XIX, num verdadeiro suspense whodunit (quem é o culpado).

É claro que os elementos de ficção aqui são imprescindíveis, e fazem tanto parte desta narrativa quanto o suspense noir. Os detalhes são interessantíssimos, e obviamente como ainda estamos no terceiro episódio, eles ainda estão apenas arranhando a superfície – tenho certeza que iremos ver novos itens futurísticos introduzidos nesta história.  Por enquanto vale destacar o hotel AI (constituído por funcionários que na realidade são hologramas criados por inteligência artificial, aonde o protagonista está alojado), a ousada “brincadeira” da filha do magnata de Purefoy, que gosta de fazer sexo selvagem “hospedada” no corpo nota 10 da mamãe (alguém aí precisa de terapia?), e o parceiro involuntário do protagonista, Vernon Elliott (papel de Ato Essandoh), um ex-militar que tenta se comunicar com a filha morta através de uma gravação. Outra personagem que merece destaque é Kristin Ortega (Martha Higareda), policial latina que investiga de perto a situação do protagonista.

Com tantos elementos tecnológicos inovadores, e uma visão de mundo tão distinta de seus criadores, seja no livro ou no programa, Altered Carbon é com uma versão adulterada e menos dark de outro sucesso da casa, o citado Black Mirror. Embora não tenhamos grandes nomes impulsionando esta produção, nem à frente e nem atrás das câmeras, Altered Carbon se vende por suas ideias, e principalmente seu visual – que de tão impressionante não fica devendo nada às mais deslumbrantes visões do futuro na sétima arte. E se isso não for um baita elogio, não sei o que é. Apesar de tudo parecer estar no lugar, o programa possui um ritmo narrativo inicial problemático, oscilando em tons, que aparentemente decide um caminho a seguir. Bem, volto aqui para contar a vocês qual o resultado final deste novo produto. Por enquanto está bom e tem o meu aval – o que em absoluto não quer dizer que irá agradar a gregos e troianos. Aguardem as cenas dos próximos capítulos.

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