Através do seu X/Twitter, J.K. Rowling (‘Harry Potter’) usou do Dia da Mentira para destilar transfobia e fazer novos ataques à comunidade trans.
Em uma série de postagens, a autora destacou diversas criminosas – todas identificadas como mulheres trans –, antes de escrever:
“Só estou brincando. Obviamente, todas as pessoas mencionadas não são mulheres. Nenhuma delas.”
Seu ataque foi uma resposta a uma nova lei na Escócia, que foi criada especificamente para “conter a onda de ódio”.
Os defensores da nova lei afirmam que a medida proporciona uma maior proteção contra ameaças e comportamentos abusivos que tenham a “intenção de incitar ódio” com base em idade, deficiência, orientação sexual e identidade de gênero.
“A nova legislação está aberta a abusos por parte de ativistas que desejam silenciar aqueles que falam abertamente sobre os perigos de eliminar os espaços apenas para mulheres. Vai ser um absurdo ver dados criminais de agressões violentas e sexuais cometidas por homens sendo registadas como os crimes femininos. É uma grotesca injustiça de permitir que os homens compitam em esportes femininos e roubem empregos, honras e oportunidades de mulheres,” declarou a autora.
Rowling ainda desafiou a nova lei e debochou: “Estou ansiosa para ser presa quando eu retornar para minha cidade natal na Escócia.”
Anteriormente, a jornalista India Willoughby havia denunciado a autora à polícia após uma fala transfóbica proferida pela romancista (via Variety).
Willoughby revelou que denunciou Rowling à Polícia de Northumbria por repetidamente errar seus pronomes como parte de uma contínua rivalidade nas redes sociais.
“J.K. Rowling definitivamente cometeu um crime. Eu sou legalmente uma mulher. Ela sabe que sou mulher e me chamou de homem”, a locutora afirmou. “É uma característica protegida e isso constitui uma violação tanto da Lei da Igualdade como da Lei de Reconhecimento de Gênero. Ela tweetou isso para 14 milhões de seguidores”.
Ela continua: “Denunciei J.K. Rowling à polícia pelo que ela disse, o que não sei se será tratado como um crime de ódio, comunicações maliciosas – mas é uma ofensa direta, no que me diz respeito”.
Em declaração à Variety, um porta-voz da Polícia de Northumbria disse: “nesta segunda-feira, 04 de março, recebemos uma reclamação sobre uma postagem nas mídias sociais. Estamos, atualmente, aguardando falar mais com a reclamante”.
Através do X, Rowling respondeu aos comentários de Willoughby, dizendo que havia consultado um advogado que lhe disse que “eu não só tinha um caso claramente vencível contra India Willoughby por difamação, mas que o ataque obsessivo de India contra mim nos últimos anos pode atingir o limite legal para assédio”.
A escritora também alega que “as visões críticas de género podem ser protegidas pela lei como uma crença filosófica. Nenhuma lei obriga ninguém a fingir acreditar que India é uma mulher.”
Por fim, Rowling diz:
“Consciente como estou de que é um crime mentir às autoridades, terei simplesmente de explicar à polícia que, na minha opinião, India é um exemplo clássico do narcisista masculino que vive num estado de raiva perpétua que ele não pode obrigar as mulheres a aceitá-lo segundo seu próprio valor”.
Vale lembrar que, recentemente, Rowling reafirmou seu posicionamento transfóbico em uma série de tweets, respondendo a questionamentos sobre a possibilidade de ser presa caso comentários transfóbicos se tornassem crimes no Reino Unido.
Em resposta a um projeto de lei que discutia a possibilidade de ataques à identidade de gênero se tornarem uma ofensa criminal, Rowling declarou:
“Aceitaria feliz em cumprir dois anos se a alternativa for o discurso forçado e a negação forçada da realidade e da importância do sexo”.
I’ll happily do two years if the alternative is compelled speech and forced denial of the reality and importance of sex. Bring on the court case, I say. It’ll be more fun than I’ve ever had on a red carpet.
— J.K. Rowling (@jk_rowling) October 17, 2023