terça-feira , 5 novembro , 2024

Após quase quatro anos, China voltará a lançar filmes da MARVEL nos Cinemas; Entenda

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Considerada o segundo mercado mais lucrativo do mundo, perdendo apenas para o norte-americano, a China confirmou o lançamento de dois filmes da Marvel para o mês de fevereiro. Pantera Negra: Wakanda Para Sempre e Homem-Formiga e a Vespa: Quantumania chegarão às telonas chinesas no mês que vem. Isso é notícia porque serão os primeiros filmes do estúdio a estrearem oficialmente no país em quase quatro anos. Para se ter uma ideia, o último longa do MCU a tomar os cinemas da China foi Vingadores: Ultimato (2019), que encerrou a chamada Saga do Infinito do estúdio. E para ter uma noção da importância do mercado chinês, a conclusão da passagem dos Vingadores originais fechou as bilheterias como a terceira maior da história do país, arrecadando mais de US$ 614 milhões, praticamente 1/3 da bilheteria total do longa no mundo inteiro.

Depois de Ultimato, a Marvel já lançou mais oito filmes e mais um punhado de séries e especiais. No entanto, nenhum deles estreou no país, o que inclui Shang-Chi e a Lenda dos Dez Anéis (2021), que foi pensado justamente para ser um sucesso no mercado chinês.


Por que os filmes da Marvel foram vetados?

Antes de mais nada, é bom frisar que a China não tem problema com a Marvel em específico. Não é como se os chineses fossem “DCzetes” que odeiam a rival. Na verdade, esse veto é a produções Hollywoodianas em geral. Para ter uma noção, durante o ano de 2021, apenas 21 longas vindos de Hollywood fizeram sua estreia no mercado chinês. E isso faz parte de uma estratégia do governo local para incentivar o cinema e a economia chinesa. Afinal, a menos que você more numa caverna, todos sabem que o investimento na arte, principalmente na indústria cinematográfica, é uma ferramenta poderosíssima na geração de empregos de um país, o que ajuda a fazer a economia girar e se fortalecer.

Outra estratégia adotada pelo governo chinês foi investir nas salas de cinema do país, disponibilizando para a população mais de 80 mil salas, dentre cinemas reformados, expandidos ou construídos do zero. A ideia é transformar a ida a uma sessão em uma experiência sensorial de conforto e apreciação da arte. Isso porque eles entenderam o cinema como um grande difusor cultural. Ou seja, enquanto grande parte do mundo fica sendo exposta a filmes que exaltam e promovem a cultura e o modo de vida dos Estados Unidos, ajudando da divulgação do país, a China priorizou para seu público a exibição de filmes que exaltem os valores e a cultura chinesa. E ter uma sala de cinema confortável e novinha definitivamente ajuda na experiência.

Quando a lei de incentivo teve início, houve um grande fortalecimento dos longas estatais da China, que lançavam filmes sobre casos históricos do país e que exaltavam os heróis nacionais da história da China, assim como as centenas de filmes norte-americanos sobre a Segunda Guerra Mundial que chegam às telonas quase que semanalmente. Porém, com o avanço do cinema e o desejo do público local por mais produções, a indústria privada chinesa, que se beneficiou muito dos incentivos, cresceu de forma colossal, formando novas produtoras e uma geração importante de cineastas, e já é responsável por alguns dos maiores sucessos da história do país. Em outras palavras: geraram empregos, fizeram a economia girar e consolidaram um mercado interno forte.

Para nós, no Brasil, o cinema chinês ainda está muito distante. Por isso, alguns o tratam como um segmento menor. No entanto, a estratégia de incentivo da China deu tão certo que o cinema do país superou a arrecadação dos filmes dos EUA em 2020 e 2021. Paralelamente a isso, o Ocidente vem lidando anualmente com uma queda significativa dos públicos nos cinemas, que arrecadam cada vez menos e tentam compensar aumentando o preço dos ingressos. Enquanto isso, filmes como Terra à Deriva (2019), uma interessante ficção científica chinesa que está disponível na Netflix, encerrou sua passagem nas salas da China com mais de US$ 700 milhões em bilheteria, um valor mais do que expressivo.

Em 2019, houve uma discussão parecida no Brasil sobre a presença extensiva dos filmes hollywoodianos no mercado nacional. Na época, o “embate” se deu entre Vingadores: Ultimato e De Pernas Pro Ar 3. Sem comparar em momento algum a temática ou a qualidade dos envolvidos, o debate começou porque praticamente 90% das sessões dos cinemas brasileiros na época eram dedicadas ao blockbuster norte-americano, criando uma competição desleal. Não que houvesse chance de alguma outra produção, independentemente do país de origem, superar o capítulo final dos Vingadores, mas que houvesse um limite de salas e permitisse que o público escolhesse o que queria assistir. Como de costume, a discussão acabou não dando em nada.


Polêmica internacional

Percebendo o perigo desse quase monopólio norte-americano, a China foi ao extremo e instaurou uma cota de filmes hollywoodianos para estrearem anualmente em suas salas. Em um acordo com os EUA, foi estabelecido um número final de até 34 filmes do país que poderão estrear na China por ano. Eles passam por um órgão que avalia se há mensagens de ódio contra o país ou se promovem valores contrários aos orientais.

Nesse meio, surgiram polêmicas de filmes que foram vetados por questões polêmicas. No centro delas estava a homofobia. Apesar de não ser proibido ser LGBTQIA+ no país, há relatos de filmes norte-americanos que só foram aprovados após a remoção ou edição de cenas que envolvessem homossexualidade, como no longa Animais Fantásticos: Os Segredos de Dumbledore (2022). Há também casos de filmes vetados no país supostamente por conterem cenas de casais homossexuais, como Doutor Estranho no Multiverso da Loucura (2022). Por fim, o caso recente que se tornou mais famoso foi justamente envolvendo o filme que reaqueceu o cinema no mundo todo e se tornou o primeiro longa pós-pandêmico a superar a casa de US$ 1 bilhão: Homem-Aranha: Sem Volta Para Casa (2021). Assim como Ultimato, o evento que reuniu os três Homens-Aranha das telonas monopolizou as salas de cinema pelo mundo. Na China, entretanto, o filme não foi lançado após a Disney não atender à solicitação do órgão regulador chinês de alterar o local da batalha final do filme – a Estátua da Liberdade segurando um escudo do Capitão América. Para a agência, o cenário fazia forte propaganda norte-americana. Já para a Sony, seria financeiramente inviável alterar a localização final do confronto.

Mas vale lembrar que raramente o governo chinês divulga ao mundo os critérios de avaliação que levam aos vetos de cada filme. Então, a maioria dessas notícias vêm de tabloides britânicos ou norte-americanos. No caso de Homem-Aranha, um suposto insider da Sony que revelou ao portal Puck. E como há uma grande rivalidade não apenas ideológica, mas mercadológica entre esses países, fica no ar a dúvida se foram notícias plantadas ou não. A única forma de desmentir seria o governo chinês, muito fechado ao resto do mundo, revelar ou justificar tais vetos, o que é virtualmente impossível.


Relaxamento

Nesses últimos anos, os filmes com super-heróis se tornaram as principais produções hollywoodianas vetadas. No entanto, o ano de 2022 deu sinais de que essa rigidez no controle a produções estrangeiras deve começar a relaxar nos próximos anos. Agora que a indústria cinematográfica chinesa já é financeiramente capaz de competir com mercados fortes não apenas do ocidente, como o norte-americano, mas também do oriente, como a potente indústria sul-coreana – que foi outra que cresceu de forma colossal por conta da Lei de Incentivo-, a tendência é que os grandes sucessos mundiais voltem a ter espaço no país. O primeiro a conseguir exibição na China foi justamente The Batman (2022), sucesso da Warner que trouxe Robert Pattinson no papel principal. O fenômeno Avatar: O Caminho da Água (2022), de James Cameron, também está em cartaz no país.

Agora, em fevereiro, a Marvel voltará a lançar dois filmes na China. O primeiro, Pantera Negra: Wakanda Para Sempre (2022) – que fechou 2022 com US$ 799,5 milhões em bilheteria – ,supostamente havia sido banido do país, mas agora chegará às telonas no começo do mês. Já o segundo, Homem-Formiga e a Vespa: Quantumania (2023), se tornará o primeiro filme do MCU em quase quatro anos a ter um lançamento simultâneo ao resto do mundo.

Pantera Negra: Wakanda Para Sempre chega ao Disney+ em 1º de fevereiro de 2023. Já Homem-Formiga e a Vespa: Quantumania estreia nos cinemas brasileiros em 16 de fevereiro de 2023.

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Pedro Sobreirohttp://cinepop.com.br/
Jornalista apaixonado por entretenimento, com passagens por sites, revistas e emissoras como repórter, crítico e produtor.

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Depois de Ultimato, a Marvel já lançou mais oito filmes e mais um punhado de séries e especiais. No entanto, nenhum deles estreou no país, o que inclui Shang-Chi e a Lenda dos Dez Anéis (2021), que foi pensado justamente para ser um sucesso no mercado chinês.


Por que os filmes da Marvel foram vetados?

Antes de mais nada, é bom frisar que a China não tem problema com a Marvel em específico. Não é como se os chineses fossem “DCzetes” que odeiam a rival. Na verdade, esse veto é a produções Hollywoodianas em geral. Para ter uma noção, durante o ano de 2021, apenas 21 longas vindos de Hollywood fizeram sua estreia no mercado chinês. E isso faz parte de uma estratégia do governo local para incentivar o cinema e a economia chinesa. Afinal, a menos que você more numa caverna, todos sabem que o investimento na arte, principalmente na indústria cinematográfica, é uma ferramenta poderosíssima na geração de empregos de um país, o que ajuda a fazer a economia girar e se fortalecer.

Outra estratégia adotada pelo governo chinês foi investir nas salas de cinema do país, disponibilizando para a população mais de 80 mil salas, dentre cinemas reformados, expandidos ou construídos do zero. A ideia é transformar a ida a uma sessão em uma experiência sensorial de conforto e apreciação da arte. Isso porque eles entenderam o cinema como um grande difusor cultural. Ou seja, enquanto grande parte do mundo fica sendo exposta a filmes que exaltam e promovem a cultura e o modo de vida dos Estados Unidos, ajudando da divulgação do país, a China priorizou para seu público a exibição de filmes que exaltem os valores e a cultura chinesa. E ter uma sala de cinema confortável e novinha definitivamente ajuda na experiência.

Quando a lei de incentivo teve início, houve um grande fortalecimento dos longas estatais da China, que lançavam filmes sobre casos históricos do país e que exaltavam os heróis nacionais da história da China, assim como as centenas de filmes norte-americanos sobre a Segunda Guerra Mundial que chegam às telonas quase que semanalmente. Porém, com o avanço do cinema e o desejo do público local por mais produções, a indústria privada chinesa, que se beneficiou muito dos incentivos, cresceu de forma colossal, formando novas produtoras e uma geração importante de cineastas, e já é responsável por alguns dos maiores sucessos da história do país. Em outras palavras: geraram empregos, fizeram a economia girar e consolidaram um mercado interno forte.

Para nós, no Brasil, o cinema chinês ainda está muito distante. Por isso, alguns o tratam como um segmento menor. No entanto, a estratégia de incentivo da China deu tão certo que o cinema do país superou a arrecadação dos filmes dos EUA em 2020 e 2021. Paralelamente a isso, o Ocidente vem lidando anualmente com uma queda significativa dos públicos nos cinemas, que arrecadam cada vez menos e tentam compensar aumentando o preço dos ingressos. Enquanto isso, filmes como Terra à Deriva (2019), uma interessante ficção científica chinesa que está disponível na Netflix, encerrou sua passagem nas salas da China com mais de US$ 700 milhões em bilheteria, um valor mais do que expressivo.

Em 2019, houve uma discussão parecida no Brasil sobre a presença extensiva dos filmes hollywoodianos no mercado nacional. Na época, o “embate” se deu entre Vingadores: Ultimato e De Pernas Pro Ar 3. Sem comparar em momento algum a temática ou a qualidade dos envolvidos, o debate começou porque praticamente 90% das sessões dos cinemas brasileiros na época eram dedicadas ao blockbuster norte-americano, criando uma competição desleal. Não que houvesse chance de alguma outra produção, independentemente do país de origem, superar o capítulo final dos Vingadores, mas que houvesse um limite de salas e permitisse que o público escolhesse o que queria assistir. Como de costume, a discussão acabou não dando em nada.


Polêmica internacional

Percebendo o perigo desse quase monopólio norte-americano, a China foi ao extremo e instaurou uma cota de filmes hollywoodianos para estrearem anualmente em suas salas. Em um acordo com os EUA, foi estabelecido um número final de até 34 filmes do país que poderão estrear na China por ano. Eles passam por um órgão que avalia se há mensagens de ódio contra o país ou se promovem valores contrários aos orientais.

Nesse meio, surgiram polêmicas de filmes que foram vetados por questões polêmicas. No centro delas estava a homofobia. Apesar de não ser proibido ser LGBTQIA+ no país, há relatos de filmes norte-americanos que só foram aprovados após a remoção ou edição de cenas que envolvessem homossexualidade, como no longa Animais Fantásticos: Os Segredos de Dumbledore (2022). Há também casos de filmes vetados no país supostamente por conterem cenas de casais homossexuais, como Doutor Estranho no Multiverso da Loucura (2022). Por fim, o caso recente que se tornou mais famoso foi justamente envolvendo o filme que reaqueceu o cinema no mundo todo e se tornou o primeiro longa pós-pandêmico a superar a casa de US$ 1 bilhão: Homem-Aranha: Sem Volta Para Casa (2021). Assim como Ultimato, o evento que reuniu os três Homens-Aranha das telonas monopolizou as salas de cinema pelo mundo. Na China, entretanto, o filme não foi lançado após a Disney não atender à solicitação do órgão regulador chinês de alterar o local da batalha final do filme – a Estátua da Liberdade segurando um escudo do Capitão América. Para a agência, o cenário fazia forte propaganda norte-americana. Já para a Sony, seria financeiramente inviável alterar a localização final do confronto.

Mas vale lembrar que raramente o governo chinês divulga ao mundo os critérios de avaliação que levam aos vetos de cada filme. Então, a maioria dessas notícias vêm de tabloides britânicos ou norte-americanos. No caso de Homem-Aranha, um suposto insider da Sony que revelou ao portal Puck. E como há uma grande rivalidade não apenas ideológica, mas mercadológica entre esses países, fica no ar a dúvida se foram notícias plantadas ou não. A única forma de desmentir seria o governo chinês, muito fechado ao resto do mundo, revelar ou justificar tais vetos, o que é virtualmente impossível.


Relaxamento

Nesses últimos anos, os filmes com super-heróis se tornaram as principais produções hollywoodianas vetadas. No entanto, o ano de 2022 deu sinais de que essa rigidez no controle a produções estrangeiras deve começar a relaxar nos próximos anos. Agora que a indústria cinematográfica chinesa já é financeiramente capaz de competir com mercados fortes não apenas do ocidente, como o norte-americano, mas também do oriente, como a potente indústria sul-coreana – que foi outra que cresceu de forma colossal por conta da Lei de Incentivo-, a tendência é que os grandes sucessos mundiais voltem a ter espaço no país. O primeiro a conseguir exibição na China foi justamente The Batman (2022), sucesso da Warner que trouxe Robert Pattinson no papel principal. O fenômeno Avatar: O Caminho da Água (2022), de James Cameron, também está em cartaz no país.

Agora, em fevereiro, a Marvel voltará a lançar dois filmes na China. O primeiro, Pantera Negra: Wakanda Para Sempre (2022) – que fechou 2022 com US$ 799,5 milhões em bilheteria – ,supostamente havia sido banido do país, mas agora chegará às telonas no começo do mês. Já o segundo, Homem-Formiga e a Vespa: Quantumania (2023), se tornará o primeiro filme do MCU em quase quatro anos a ter um lançamento simultâneo ao resto do mundo.

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Pedro Sobreirohttp://cinepop.com.br/
Jornalista apaixonado por entretenimento, com passagens por sites, revistas e emissoras como repórter, crítico e produtor.

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