terça-feira , 17 dezembro , 2024

À Prova de Morte

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Antes tarde do que nunca, meus amigos! Podem comemorar que finalmente (e desta vez é para valer) chega aos cinemas brasileiros a obra mais descompromissada de Quentin Tarantino, parte integrante do projeto Grindhouse, no qual o diretor uniu-se a Robert Rodriguez (Sin City) para formar um combo de filmes propositadamente tosco e ousado.



provademorte 4

Planeta Terror, a outra parte, estreou no Brasil há quase dois anos, não foi muito bem de bilheteria, mas acabou virando um pequeno cult-trash.  Lançadas separadamente e em versões ampliadas no Brasil, as obras me pareceram melhores como combo – mesmo porque os longas dialogam entre si, com personagens  que aparecem nas duas histórias e com seus diretores fazendo uma ponta, assim como o amigo e também diretor Eli Roth -, especialmente no caso do filme do Tarantino, que já é bom com 110 minutos, mas seria ainda mais dinâmico com a redução do tempo de algumas sequências, especialmente as sequências de longas e fúteis conversas de bar.

À Prova de Morte (Death Proof) é o nome do imponente e assustador carro do dublê Mike (Kurt Russell), pensado para cenas de acidentes, mas que Mike usa para outras finalidades. De passagem pelo Texas, ele tem sua atenção voltada para algumas garotas do local.

provademorte 3

Utilizando de equipamentos bem menos tecnológicos e pouca luz artificial, Tarantino assume uma estética trash oitentista e imagens muitas vezes embaçadas ou propositadamente cheias de falhas, inclusive falhas de montagem, cortes bruscos que antecipam-se ao término da cena – chegando inclusive a cortar clímaxes, como a ótima dança sensual de Rose McGowan – erros grotescos de continuidade e oscilações de colorização.

Mas incrivelmente boa parte da graça do filme vem dessas “falhas” e é possível perceber o quanto a equipe deve ter se divertido e feito um trabalho sem compromissos de entregar algo perfeito imageticamente. Na verdade, este é o filme que Tarantino pode se mostrar um tremendo tirador de sarro, mais do que costumeiramente o faz em outros longas.

provademorte 2

A história inicia-se morna, mas fica cada vez mais interessante, quando surge em cena Kurt Russell e quando entra nos últimos trinta minutos, eletrizantes e deliciosamente feministas, pela presença das vingativas Kim (Tracie Thoms), Abby (Rosario Dawson) e Zoe (Zoe Bell), esta última a melhor do filme – e olha que originalmente ela nem atua, pois é quase sempre dublê.

À Prova de Morte é um filme para poucos. É feito para aqueles que curtem um cinema descompromissado e que consigam entender a proposta do diretor, sem reclamar das falhas ou achar que foi realmente mal feito.

provademorte 1

No fim, a empolgação pode ser tanta que ficará difícil se conter ao som de Chick Habit, interpretada por April March.

Doido demais.

 
Crítica por: Fred Burle (Fred Burle no Cinema)

 

 

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Planeta Terror, a outra parte, estreou no Brasil há quase dois anos, não foi muito bem de bilheteria, mas acabou virando um pequeno cult-trash.  Lançadas separadamente e em versões ampliadas no Brasil, as obras me pareceram melhores como combo – mesmo porque os longas dialogam entre si, com personagens  que aparecem nas duas histórias e com seus diretores fazendo uma ponta, assim como o amigo e também diretor Eli Roth -, especialmente no caso do filme do Tarantino, que já é bom com 110 minutos, mas seria ainda mais dinâmico com a redução do tempo de algumas sequências, especialmente as sequências de longas e fúteis conversas de bar.

À Prova de Morte (Death Proof) é o nome do imponente e assustador carro do dublê Mike (Kurt Russell), pensado para cenas de acidentes, mas que Mike usa para outras finalidades. De passagem pelo Texas, ele tem sua atenção voltada para algumas garotas do local.

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Utilizando de equipamentos bem menos tecnológicos e pouca luz artificial, Tarantino assume uma estética trash oitentista e imagens muitas vezes embaçadas ou propositadamente cheias de falhas, inclusive falhas de montagem, cortes bruscos que antecipam-se ao término da cena – chegando inclusive a cortar clímaxes, como a ótima dança sensual de Rose McGowan – erros grotescos de continuidade e oscilações de colorização.

Mas incrivelmente boa parte da graça do filme vem dessas “falhas” e é possível perceber o quanto a equipe deve ter se divertido e feito um trabalho sem compromissos de entregar algo perfeito imageticamente. Na verdade, este é o filme que Tarantino pode se mostrar um tremendo tirador de sarro, mais do que costumeiramente o faz em outros longas.

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A história inicia-se morna, mas fica cada vez mais interessante, quando surge em cena Kurt Russell e quando entra nos últimos trinta minutos, eletrizantes e deliciosamente feministas, pela presença das vingativas Kim (Tracie Thoms), Abby (Rosario Dawson) e Zoe (Zoe Bell), esta última a melhor do filme – e olha que originalmente ela nem atua, pois é quase sempre dublê.

À Prova de Morte é um filme para poucos. É feito para aqueles que curtem um cinema descompromissado e que consigam entender a proposta do diretor, sem reclamar das falhas ou achar que foi realmente mal feito.

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No fim, a empolgação pode ser tanta que ficará difícil se conter ao som de Chick Habit, interpretada por April March.

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