Cuidado: muitos spoilers à frente.
Cinco anos depois do primeiro capítulo de ‘A Freira’ ter chegado aos cinemas de todo o mundo, fomos convidados a regressar para esse spin-off de ‘Invocação do Mal’ com uma sequência que, de quase todas as maneiras, é muito superior ao título original.
Na trama, Taissa Farmiga retorna a Irmã Irene e é recrutada novamente pelo Vaticano para investigar uma série de mortes misteriosas e demoníacas acontecendo na Europa e tendo como alvos membros da Igreja Católica. Não demora muito até que ela, ao lado da Irmã Debra (Storm Reid), descubra que, de alguma maneira, Valak escapou de sua prisão monasterial e agora está em busca de algo muito poderoso e que pode mudar o curso da própria história.
É notável como a produção é superior à anterior, principalmente no tocante à explicação das origens da icônica antagonista, além da relação entre ela e Irene. Pensando nisso, preparamos uma breve matéria explicando o final do longa-metragem – e de que forma as pontas soltas do primeiro capítulo são amarradas, para o bem ou para o mal, nessa sobrenatural aventura.
VALAK E IRENE
Como vimos no filme de 2018, Valak e Irene têm uma macabra ligação que perdura na sequência. Afinal, Irene foi a única ainda viva a ter enfrentado essa maligna entidade, visto que o Padre Burke (Demián Bichir), faleceu em virtude da pandemia de cólera que se espalhava pelo solo europeu no final dos anos 1950. Logo, por mais que tema os poderes inimagináveis desse demônio e acredita que ela está em busca de vingança por quase ter sido varrida de volta para o Inferno.
Mas as coisas são mais complicadas do que isso: Valak, na verdade, está em busca de uma relíquia sagrada que tem relação direta com Santa Lúcia, patrona dos cegos e que foi brutalmente assassinada por pagãos após ter tido seus olhos arrancados. Após descobrir essas informações, Irene percebe que Valak vem assassinando os membros clericais que são descendentes diretos de Santa Lúcia, como forma de encontrar seus olhos até descobrir que eles estão enterrados em um antigo monastério que foi convertido em um instituto para jovens meninas – isso mesmo, a escola em que Frenchie (Jonas Bloquet), possuído por Valak, trabalha como faz-tudo.
Eventualmente – e seguindo os passos do primeiro longa -, Irene encontra os olhos de Santa Lúcia através de pistas deixadas pelo instituto. Mas é claro que Valak, utilizando o corpo de Frenchie como receptáculo, também quer colocar as mãos nesse símbolo para, enfim, dar continuidade a um reinado de caos e violência sem precisar se preocupar com padres e freiras exorcistas que possam impedi-la. Como se não bastasse, Irene e Debra engajam em uma visceral batalha contra o demônio – com a personagem de Farmiga sendo incinerada.
O que Valak não esperava é que Irene, assim como a mãe, era descendente de Santa Lúcia. E, segundo a mitologia católica, os pagãos tentaram queimá-la sem sucesso, visto que ela não pegava fogo. Compartilhando de visões que atravessaram gerações, Irene descobre que possui as mesmas habilidades divinais que Santa Lúcia e que a mãe – e, talvez, com Lorraine Warren (Vera Farmiga), que é perseguida por Valak em ‘Invocação do Mal 2’. É através dessa ligação um tanto quanto ocasional que Irene consegue, por enquanto, banir a entidade de volta para o submundo, livrando Frenchie de seu tormento e salvando a escola de se tornar um palco para uma chacina sangrenta.
VALAK, ‘A FREIRA 2’ E ‘INVOCAÇÃO DO MAL 2’
Diferente do que esperávamos na pré-sequência de 2018, a narrativa se esqueceu de um ponto importante: explicar quem é, de fato, Valak. A única coisa apresentada no filme é que o Duque de Santa Carta, versado nas artes das trevas, abriu um portal para o submundo e invocou uma força maligna durante a Idade Média – mas não obteve sucesso após ser impedido pelos Cavaleiro Templários e pela Igreja Católica, que fecharam a passagem entre os dois universos com o sangue de Jesus Cristo.
Aqui, um amigo próximo de Irene revela que Valak era, na verdade, um anjo caído, renegado pelo próprio Deus. Após cair no Inferno, ela se alimentou do ódio e da profanidade para, de alguma forma, entrar no nosso mundo e conseguir o que sempre desejou. Todavia, por se tratar de um demônio, ela precisava de um corpo humano para possuir – e, ainda que Irene tivesse utilizado o sangue de Jesus para bani-la, uma parte dela em Frenchie, como vimos na cena em que uma serpente entra em sua garganta.
E isso não é tudo: Irene a enfrenta de novo e, mesmo com um “final feliz” (em que Frenchie é libertado de Valak e pode seguir em frente), sabemos que as coisas não são tão simples assim. Um demônio tão forte quanto Valak teria outros meios de “viver”, por mais que fosse através de uma fração. Como podemos nos recordar do final do primeiro filme, Ed e Lorraine exorcizam Frenchie apenas para reencontrar o demônio em Enfield. Mas de que forma essa entidade conseguiu sobreviver depois de tantas tentativas em mandá-la de volta para onde pertencia?
Além da pode descomunal de Valak, uma das hipóteses que podem explicar essa persistente permanência vem com ‘Invocação do Mal 2’. Antes de enfrentá-la, Lorraine é acometida por inúmeras visões e comentários que, a princípio, não fazem sentido. Nos momentos finais, ela percebe que conhecer o nome do demônio dá à pessoa controle sobre ele – e ela o profere com determinação imponente para mandá-la, de uma vez por todas, para o Inferno. Entretanto, isso não acontece com Irene: seja no filme anterior, seja neste, não vemos em nenhum momento a Irmã dizer, face a face, seu nome, muito provavelmente por falta dessa noção sobre os demônios; dessa maneira, há uma plausibilidade no retorno de Valak durante o caso enfrentado pelos Warren.
Lembrando que ‘A Freira 2’ já está em exibição nos cinemas nacionais.