sábado , 28 dezembro , 2024

Artigo | Como ‘Transformers: O Despertar das Feras’ despertou minha “criança interior”

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Uma das características mais fascinantes do cinema é conseguir sintetizar em algumas poucas horas sentimentos de anos, transportando o público para épocas distantes, seja pela ambientação de uma trama passada em outras eras, seja por remeter a tempos melhores na vida do próprio espectador. E não importa qual viagem o longa proporcione, é sempre mágico embarcar nessa jornada das telonas.

E quando Transformers foi lançado, próximo ao meu aniversário de dez anos, aquele jovem Pedro se encantou com os carros tunados se transformando em robôs cheios de personalidade. Na época, os efeitos especiais foram tão incríveis, trazendo um cuidado em apresentar as transformações de forma que o público realmente prestasse atenção neles passando de carros para robôs e vice-versa, que me fizeram comprar a ideia que alienígenas poderiam se esconder na Terra como automóveis que custam mais do que um apartamento e ficar tudo bem. E claro que ninguém com nove anos de idade definiu seus conceitos de bom ou ruim, já que ainda é um ser humano em formação, mas sinceramente… Naquela época, pouco importava questões como roteiro ou direção. O que valia era uma trama compreensível e personagens carismáticos. E foi assim que acompanhar os filmes da saga Transformers se tornou um passatempo muito divertido com o passar dos anos, por mais que as aventuras fossem piorando a cada capítulo.



Então, quando penso na trilogia original dos robôs, minha mente remete quase de imediato àquele sentimento puro de entrar numa sala de cinema e me divertir sem compromisso. De comentar sobre o filme com os amiguinhos da escola, pedir os brinquedos do filme de aniversário, apostar corrida com os carrinhos dos amigos no recreio. Ou seja, me remete ao mais simples conceito de infância. E com o passar dos anos, a saga parece ter se distanciado dessa proposta inicial de fazer aventuras para todas as idades, inserindo tramas cada vez mais confusas e com uma seriedade que não combina com o conceito de “robôs alienígenas que se transformam em carros”.

Por isso, quando a Hasbro decidiu recomeçar a saga com Bumblebee (2018), contando uma história mais família, bateu um calorzinho gostoso no coração de estar vendo uma aventura que por mais batida que fosse, trazia algo especial em sua concepção. E cá entre nós, o filme acertou em cheio ao abandonar os visuais cada vez mais tecnológicos e adotar uma estética retrô nos robôs. Com formas mais rudimentares, eles deixaram o Bumblebee redondinho como os faróis de um fusquinha e o Optimus Prime tão quadrado quanto os para-brisas de sua forma de caminhão. Pode parecer besteira, mas esse visual aproximou os personagens do design da animação clássica e deu ainda mais personalidade a eles.

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No entanto, ainda assim, ficou aquela sensação de que ainda faltava alguma coisa. Por mais mágico que fosse Bumblebee, ele ainda não conseguia despertar aquela sensação legal de ver um Transformer ganhar vida pela primeira vez.

Agora, com Transformers: O Despertar das Feras, a Hasbro e a Paramount conseguiram fazer algo realmente especial. Não é nenhuma obra de arte, ele não tenta revolucionar o cinema, mas consegue despertar um sentimento muito bom com sua aventura despretensiosa e seus personagens criativos. Ambientado na Nova York de 1994, o filme acompanha um ex-militar que apesar de sua inteligência, não consegue arrumar emprego. E dinheiro é fundamental para sua família, já que ele tem um irmão doentinho que precisa de tratamento. Então, após uma nova negativa numa entrevista, ele decide usar seus talentos para o mal e acaba cruzando o caminho com um Transformer bastante espirituoso, que o leva em uma aventura inesquecível pelos EUA e pelo Peru.

Diferentemente de Sam Witwicky (Shia LaBeouf), que era um jovem meio de saco de cheio de tudo e queria desesperadamente negar a aventura em que se meteu, o Noah de Anthony Ramos é otimista, de certa forma, e quer provar que tem seu valor, apesar das constantes recusas que recebe na vida. Para completar o elenco humano, eles chamaram a atriz Dominique Fishback para interpretar Elena, uma estagiária do museu que se envolve nessa trama por uma coincidência do destino. Juntos, os dois se completam e funcionam perfeitamente em tela, unidos por diferentes formas de otimismo.

E é justamente esse otimismo constante que se mescla ao fascínio de ver os robozões tradicionais e os Maximals, que são o mais puro suco de alegria infantil em tela. Se já era legal ver um carro virar um robô no meio de uma corrida, imagine ver um carro-robô batendo um racha na mata peruana com um guepardo-robô gigante?  É uma criatividade visual muito divertida. Sem contar que o filme ainda traz uma subtrama ao estilo Indiana Jones de caça ao tesouro, que certamente não vai agradar a todos, mas me cativou, por mais simples e superficial que tenha sido.

O filme assume um compromisso de criar uma aventura família, apoiado numa trama bastante simples. Inclusive, se tirassem os robôs, facilmente seria uma história adaptável para ser um tipo de “Dora, a Aventureira”. No entanto, o carisma dos personagens e essa dose cavalar de inocência, brincando com aquele otimismo de que tudo pode dar certo a qualquer momento, conseguem trabalhar uma aventura que por muitas vezes me fez sentir novamente como uma criança de dez anos presenciando a mais simples magia do cinema.

Repito, não é uma obra-prima, um filmaço ou um daqueles projetos que vai revolucionar o cinema, até porque em momento algum ele se propõe a isso, mas é de encher os olhos ver novamente uma aventura de desenvolvimento simples, que busca encantar públicos de todas as idades enquanto se preocupa exclusivamente em explorar a criatividade do diretor para esses personagens nas situações mais divertidas possíveis. E o melhor de tudo: ele mal tem 2h de duração, então passa com certa tranquilidade, sem cansar o público.

Sinceramente, Transformers: O Despertar das Feras é uma aventura que vai agradar em cheio o público infantil e talvez consiga algo tão difícil quanto, que é colocar a criança interior do público adulto para se manifestar por cerca de duas horas de pura diversão e encantamento estético. Uma grata surpresa que abriu portas para um crossover pra lá de inesperado, que parece também abraçar essa ideia de aventura para todas as idades e que vai animar a todos que já brincaram com os clássicos brinquedos da Hasbro.

Transformers: O Despertar das Feras está em cartaz nos cinemas.

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Pedro Sobreirohttp://cinepop.com.br/
Jornalista apaixonado por entretenimento, com passagens por sites, revistas e emissoras como repórter, crítico e produtor.

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Artigo | Como ‘Transformers: O Despertar das Feras’ despertou minha “criança interior”

Uma das características mais fascinantes do cinema é conseguir sintetizar em algumas poucas horas sentimentos de anos, transportando o público para épocas distantes, seja pela ambientação de uma trama passada em outras eras, seja por remeter a tempos melhores na vida do próprio espectador. E não importa qual viagem o longa proporcione, é sempre mágico embarcar nessa jornada das telonas.

E quando Transformers foi lançado, próximo ao meu aniversário de dez anos, aquele jovem Pedro se encantou com os carros tunados se transformando em robôs cheios de personalidade. Na época, os efeitos especiais foram tão incríveis, trazendo um cuidado em apresentar as transformações de forma que o público realmente prestasse atenção neles passando de carros para robôs e vice-versa, que me fizeram comprar a ideia que alienígenas poderiam se esconder na Terra como automóveis que custam mais do que um apartamento e ficar tudo bem. E claro que ninguém com nove anos de idade definiu seus conceitos de bom ou ruim, já que ainda é um ser humano em formação, mas sinceramente… Naquela época, pouco importava questões como roteiro ou direção. O que valia era uma trama compreensível e personagens carismáticos. E foi assim que acompanhar os filmes da saga Transformers se tornou um passatempo muito divertido com o passar dos anos, por mais que as aventuras fossem piorando a cada capítulo.

Então, quando penso na trilogia original dos robôs, minha mente remete quase de imediato àquele sentimento puro de entrar numa sala de cinema e me divertir sem compromisso. De comentar sobre o filme com os amiguinhos da escola, pedir os brinquedos do filme de aniversário, apostar corrida com os carrinhos dos amigos no recreio. Ou seja, me remete ao mais simples conceito de infância. E com o passar dos anos, a saga parece ter se distanciado dessa proposta inicial de fazer aventuras para todas as idades, inserindo tramas cada vez mais confusas e com uma seriedade que não combina com o conceito de “robôs alienígenas que se transformam em carros”.

Por isso, quando a Hasbro decidiu recomeçar a saga com Bumblebee (2018), contando uma história mais família, bateu um calorzinho gostoso no coração de estar vendo uma aventura que por mais batida que fosse, trazia algo especial em sua concepção. E cá entre nós, o filme acertou em cheio ao abandonar os visuais cada vez mais tecnológicos e adotar uma estética retrô nos robôs. Com formas mais rudimentares, eles deixaram o Bumblebee redondinho como os faróis de um fusquinha e o Optimus Prime tão quadrado quanto os para-brisas de sua forma de caminhão. Pode parecer besteira, mas esse visual aproximou os personagens do design da animação clássica e deu ainda mais personalidade a eles.

No entanto, ainda assim, ficou aquela sensação de que ainda faltava alguma coisa. Por mais mágico que fosse Bumblebee, ele ainda não conseguia despertar aquela sensação legal de ver um Transformer ganhar vida pela primeira vez.

Agora, com Transformers: O Despertar das Feras, a Hasbro e a Paramount conseguiram fazer algo realmente especial. Não é nenhuma obra de arte, ele não tenta revolucionar o cinema, mas consegue despertar um sentimento muito bom com sua aventura despretensiosa e seus personagens criativos. Ambientado na Nova York de 1994, o filme acompanha um ex-militar que apesar de sua inteligência, não consegue arrumar emprego. E dinheiro é fundamental para sua família, já que ele tem um irmão doentinho que precisa de tratamento. Então, após uma nova negativa numa entrevista, ele decide usar seus talentos para o mal e acaba cruzando o caminho com um Transformer bastante espirituoso, que o leva em uma aventura inesquecível pelos EUA e pelo Peru.

Diferentemente de Sam Witwicky (Shia LaBeouf), que era um jovem meio de saco de cheio de tudo e queria desesperadamente negar a aventura em que se meteu, o Noah de Anthony Ramos é otimista, de certa forma, e quer provar que tem seu valor, apesar das constantes recusas que recebe na vida. Para completar o elenco humano, eles chamaram a atriz Dominique Fishback para interpretar Elena, uma estagiária do museu que se envolve nessa trama por uma coincidência do destino. Juntos, os dois se completam e funcionam perfeitamente em tela, unidos por diferentes formas de otimismo.

E é justamente esse otimismo constante que se mescla ao fascínio de ver os robozões tradicionais e os Maximals, que são o mais puro suco de alegria infantil em tela. Se já era legal ver um carro virar um robô no meio de uma corrida, imagine ver um carro-robô batendo um racha na mata peruana com um guepardo-robô gigante?  É uma criatividade visual muito divertida. Sem contar que o filme ainda traz uma subtrama ao estilo Indiana Jones de caça ao tesouro, que certamente não vai agradar a todos, mas me cativou, por mais simples e superficial que tenha sido.

O filme assume um compromisso de criar uma aventura família, apoiado numa trama bastante simples. Inclusive, se tirassem os robôs, facilmente seria uma história adaptável para ser um tipo de “Dora, a Aventureira”. No entanto, o carisma dos personagens e essa dose cavalar de inocência, brincando com aquele otimismo de que tudo pode dar certo a qualquer momento, conseguem trabalhar uma aventura que por muitas vezes me fez sentir novamente como uma criança de dez anos presenciando a mais simples magia do cinema.

Repito, não é uma obra-prima, um filmaço ou um daqueles projetos que vai revolucionar o cinema, até porque em momento algum ele se propõe a isso, mas é de encher os olhos ver novamente uma aventura de desenvolvimento simples, que busca encantar públicos de todas as idades enquanto se preocupa exclusivamente em explorar a criatividade do diretor para esses personagens nas situações mais divertidas possíveis. E o melhor de tudo: ele mal tem 2h de duração, então passa com certa tranquilidade, sem cansar o público.

Sinceramente, Transformers: O Despertar das Feras é uma aventura que vai agradar em cheio o público infantil e talvez consiga algo tão difícil quanto, que é colocar a criança interior do público adulto para se manifestar por cerca de duas horas de pura diversão e encantamento estético. Uma grata surpresa que abriu portas para um crossover pra lá de inesperado, que parece também abraçar essa ideia de aventura para todas as idades e que vai animar a todos que já brincaram com os clássicos brinquedos da Hasbro.

Transformers: O Despertar das Feras está em cartaz nos cinemas.

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