sábado, abril 20, 2024

Artigo | Diretor de ‘Cavaleiro da Lua’ afirma que o Egito é mal representado no cinema; Você concorda?

Região já foi palco para diversas histórias exóticas que perpetuam um pensamento incorreto

Em meio a divulgação da vindoura série do Disney Plus, Cavaleiro da Lua, o diretor dos episódios, Mohammed Diab, concedeu um enfoque a como ele fez questão que elementos culturais do Egito, seu país natal, fossem estritamente respeitados na elaboração da trama sobre o novo vigilante da Marvel. No entanto, ele não se limitou apenas a esse ponto.

Para exemplificar seu argumento de que a representação de sua terra era tradicionalmente imprópria, o cineasta mencionou duas obras recentes da DC Comics como exemplos a não serem seguidos: Adão Negro e Mulher Maravilha 1984

No primeiro caso ele chamou a atenção para a ausência de um ator egípcio para interpretar o protagonista homônimo do país e como isso se distanciava de uma representatividade. Já no segundo caso, ele criticou como a nação foi apresentada no filme de Patty Jenkins, citando que o local é como se fosse um ponto isolado no deserto.

Diretor teceu duras críticas à forma como seu país foi representado

Ao que tange o ponto de vista do cineasta, o Egito normalmente é representado sob uma ótica de estereótipos, sejam eles de hipersexualização ou violência; ou seja, perpetuando o conceito de orientalismo no cinema. Resumidamente o termo data de 1978, proposto inicialmente por Edward Said no livro de mesmo nome, para definir uma forma muito específica com o ocidente retrata o oriente e suas múltiplas culturas nacionais.

Em resumo, tais países acabam sendo representados, primordialmente, por locais que pouco falam sobre como aquele povo se comporta com a modernidade, porém muito mais com seu passado misterioso, para o público ocidental, e acima de tudo exótico; perpetuando conceitos extremamente rasos ou incorretos sobre culturas estrangeiras.

A relação do cinema com o Egito data desde a parte final do século XIX, mais especificamente 1899, quando o cineasta francês George Méliès realizou uma obra acerca da histórica rainha Cleópatra. Entretanto, a abordagem concedida pelo cineasta não foi biográfica, até pela curta duração do filme, mas sim do terror.

Apesar de hoje ser um material praticamente perdido, houve uma versão da rainha feita pelo lendário diretor francês

No que ficou conhecido como um dos primeiros exemplares do gênero a serem lançados, Cleópatra 1899 contava a história de um explorador que, acidentalmente, quebra um artefato que pertenceu à governante. O incidente desencadeia uma vingança perpetrada pelo espírito furioso. A obra foi a primeira do cineasta, que já tinha em seu currículo Viagem à Lua, a ganhar reconhecimento nos Estados Unidos.

Todavia, tal lançamento solidificou na cultura popular o mencionado pensamento irreal acerca da nação africana e, mais que isso, abriu caminho para uma longa sucessão de projetos do gênero terror que adaptaram o conceito da “maldição da múmia” como The Mummy (filme mudo de 1911) e, verdadeiramente impactante, A Múmia em 1932 produzida pela Universal Studios como parte de sua franquia muito bem sucedida de monstros.

Não deixe de assistir:

A partir desse ponto o tema “Egito Antigo” seguiu quase como uma exclusividade de filmes de terror de baixo orçamento como em outro projeto de mesmo nome, dessa vez dirigido por Terence Fisher em 1959 e produzido pela Hammer Films e 1940 quando a Universal lançou uma sequência ao filme original intitulada A Mão da Múmia.

A Hammer deu continuidade a conceitos errados a cerca da cultura egípcia

Todavia, o ano de 1963 é essencial para se compreender uma outra visão orientalista que Hollywood desenvolvia pelo Egito: a da sensualidade e riquezas imensuráveis. Esse foi o ano que Joseph Mankiewicz lançou seu projeto mais famoso, Cleópatra estrelada por Elizabeth Taylor.

Já na época de lançamento o filme já havia conquistado status diferenciado principalmente pelo seu design de produção, uma recriação vibrante com tecnologia Technicolor que, famosamente, quase faliu a 20th Century Fox com seu orçamento de US$ 44 milhões, fora os problemas de bastidores envolvendo Elizabeth Taylor e Richard Burton.

O filme não concretizou a imagem de um antigo Egito feito quase que literalmente de ouro como a regra informal de escalar elencos inteiros de etnia branca para papéis que dialogam mais com as etnias do Oriente Médio. Muito pode ser colocado nas costas do período, porém a problemática se mantém intacta até o século XXI tendo como exemplos os filmes Deuses do Egito e Êxodo: Deuses e Reis.

O filme de Ridley Scott recebeu duras críticas quanto a representatividade

Num plano menor esse vício torna ainda mais difícil que atores e atrizes de pele escura consigam papéis maiores, principalmente em ambientações que pedem tal escolha, e por um contexto maior apenas continua com um processo errado de compreensão de como eram tais nações.

Apesar da reclamação pontual de Mohamed Diab é válido apontar que ela ainda vai, não só permanecer, como possivelmente ser revisitada em muito pouco tempo, visto que a cineasta Patty Jenkins está em vias de produzir uma nova versão para a mencionada rainha do Egito tendo Gal Gadot no papel principal, escolha essa que, quando anunciada, gerou críticas em diversos segmentos.

 

 

 

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