domingo , 22 dezembro , 2024

Artigo | Há 15 anos, ‘Desperate Housewives’ revolucionava sua própria estrutura narrativa; Relembre!!

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Em 2008, Desperate Housewivesentregava uma das melhores temporadas de sua extensa jornada, nos convidando a um salto temporal de nada menos que cinco anos – e não é surpresa que várias coisas mudam drasticamente na vida de todas as nossas protagonistas. Porém, apesar de viradas inesperadas, a essência de cada uma das queridas donas de casa permaneceu a mesma e, mais do que nunca, parece tê-las unido num laço inquebrável. Afinal, depois de tantas tragédias, tendo início com o surpreendente suicídio de Mary Alice (Brenda Young), poucas são as atitudes que poderiam separá-las de vez. E, como se não bastasse, o criador Marc Cherry e seu competente time criativo retoma, mais uma vez, os aspectos mais deliciosos e desconstruídos do suspense televisivo, adicionando um antagonista de causar arrepio até nos mais céticos. 

A quinta temporada rouba nossa atenção, como supracitado, para as complexas mudanças no cotidiano das personagens principais. Gabby (Eva Longoria) é centro de algumas das sequências mais chocantes da série, ao revelar ao público que ficou pobre e agora tem duas filhas, mantendo uma gigantesca casa ao lado de Carlos (Ricardo Chavira), que ficou cego devido aos acontecimentos que sucederam o tornado (vide crítica da iteração anterior). Susan (Teri Hatcher), depois do infinito vai-e-vem com Mike (James Denton), acaba se divorciando do amor de sua vida e segue num relacionamento puramente carnal com o jovem e ingênuo Jackson (Gale Harold). Os filhos de Lynette (Felicity Huffman) cresceram e agora beiram a vida adulta, trazendo problemas ainda maiores para o casal Scavo – e levando. Bree (Marcia Cross) encontra sua verdadeira vocação e torna-se uma empresária de sucesso, abrindo sua própria franquia de comida caseira, lançado livros, participando de programas e reatando os laços conturbados com seu filho Andrew (Shawn Pyfrom). 



Entretanto, é o retorno chocante de uma memorável femme fatale, que algum tempo atrás havia dado adeus a Wisteria Lane, que consegue, como sempre, atrair os nossos olhares. A irreverente Edie Britt (Nicollette Sheridan) aparece anos depois para a mesma casa em que outrora morava, automaticamente levando todas as suas vizinhas a “cumprimentá-la” – ainda que a contragosto. A gritante diferença é que Edie agora se casou com o rico e simpático Dave Williams (Neal McDonough) e também teve uma mudança considerável em sua personalidade nem um pouco afável, transformando-se em uma espécie de dona de casa calma e controlada. 

Desde a temporada de estreia, sabemos que a excêntrica vizinhança esconde podres por trás das fachadas bem cuidadas e dos verdejantes jardins dos sobrados que se estendem ao longo da singela rua. Logo, não seria diferente com as recentes adições ao show, incluindo Dave, cujos macabros motivos logo se tornam bastante evidentes para os espectadores: ele, na verdade, casou-se com Edie para retornar a Fairview e dar início ao seu plano de vingança, arquitetado quando ainda estava internado numa instalação psiquiátrica após perder a esposa e a filha num acidente de carro. 

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Os nós logo se atam e, apesar da longevidade desnecessária da temporada, Cherry nos envolve em mais um mistério que demora a ruminar, mas alcança seu objetivo catártico. A tragédia supracitada foi acidentalmente causada por Mike e Susan, que voltavam de uma comemoração e acabaram por bater no carro das duas, tirando suas vidas num piscar de olhos. Desde então, o casal dos sonhos entrou em uma montanha-russa de emoções e resolveu terminar tudo antes que as coisas piorassem – eventualmente, a personagem de Hatcher observa impotente seu ex-marido se envolver com sua amiga, Katherine (Dana Delany). Mas o foco aqui é o modo como esperamos uma tragédia ainda maior acometer nossa querida Susan e seu filho de cinco anos, MJ (Mason Vale Cotton), que se torna alvo das perseguições. 

A construção psicótica de Dave é muito bem aproveitada ao longo da nova epopeia de Desperate Housewives, deixando bem claro até onde ele pode chegar para eliminar os obstáculos de seu caminho. Aliás, os momentos mais instigantes da temporada são causados por suas condenáveis atitudes – incluindo o incêndio no clube noturno local, no acesso de fúria da Sra. McCluskey (Kathryn Joosten) e numa caçada que dá terrivelmente errada. O personagem em questão até mesmo entra em um último arco de salvação antes de perceber o que está fazendo, quase matando a si mesmo antes de voltar a seu tratamento em um incômodo e agonizante vazio existencial. 

Não é apenas essa trama que ganha força ao longo dos episódios: Cherry nos mostra novamente que não pensará duas vezes antes de eliminar algum dos personagens principais em prol da continuidade de sua épica jornada tragicômica que transcende até mesmo as regras do suspense e do drama. Partindo desse princípio, Edie, após descobrir quem seu marido realmente é, parte em uma última tentativa de avisar a suas amigas (principalmente Susan e Katherine, que quase se tornam as vítimas) das reais intenções de Dave. Todavia, antes de conseguir qualquer coisa, é eletrocutada; mas diferente do que poderíamos imaginar, sua chocante morte logo é travestida com uma narração hilária que abre espaço para que as protagonistas rememorem os bons momentos que tiveram junto a ela. 

O mais impressionante de Desperate Housewives é o fato dela encantar em cada um de seus episódios, ainda que aqui alguns deslizes comecem a dar mais as caras. O roteiro persistente e coeso amarra as pontas soltas com habilidade aplaudível, deixando notável o modo como a série revoluciona a si própria. De qualquer forma, regressar a Wisteria Lane é sempre agradável – pelos motivos mais sórdidos possíveis.

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Thiago Nollahttps://www.editoraviseu.com.br/a-pedra-negra-prod.html
Em contato com as artes em geral desde muito cedo, Thiago Nolla é jornalista, escritor e drag queen nas horas vagas. Trabalha com cultura pop desde 2015 e é uma enciclopédia ambulante sobre divas pop (principalmente sobre suas musas, Lady Gaga e Beyoncé). Ele também é apaixonado por vinho, literatura e jogar conversa fora.

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Em 2008, Desperate Housewivesentregava uma das melhores temporadas de sua extensa jornada, nos convidando a um salto temporal de nada menos que cinco anos – e não é surpresa que várias coisas mudam drasticamente na vida de todas as nossas protagonistas. Porém, apesar de viradas inesperadas, a essência de cada uma das queridas donas de casa permaneceu a mesma e, mais do que nunca, parece tê-las unido num laço inquebrável. Afinal, depois de tantas tragédias, tendo início com o surpreendente suicídio de Mary Alice (Brenda Young), poucas são as atitudes que poderiam separá-las de vez. E, como se não bastasse, o criador Marc Cherry e seu competente time criativo retoma, mais uma vez, os aspectos mais deliciosos e desconstruídos do suspense televisivo, adicionando um antagonista de causar arrepio até nos mais céticos. 

A quinta temporada rouba nossa atenção, como supracitado, para as complexas mudanças no cotidiano das personagens principais. Gabby (Eva Longoria) é centro de algumas das sequências mais chocantes da série, ao revelar ao público que ficou pobre e agora tem duas filhas, mantendo uma gigantesca casa ao lado de Carlos (Ricardo Chavira), que ficou cego devido aos acontecimentos que sucederam o tornado (vide crítica da iteração anterior). Susan (Teri Hatcher), depois do infinito vai-e-vem com Mike (James Denton), acaba se divorciando do amor de sua vida e segue num relacionamento puramente carnal com o jovem e ingênuo Jackson (Gale Harold). Os filhos de Lynette (Felicity Huffman) cresceram e agora beiram a vida adulta, trazendo problemas ainda maiores para o casal Scavo – e levando. Bree (Marcia Cross) encontra sua verdadeira vocação e torna-se uma empresária de sucesso, abrindo sua própria franquia de comida caseira, lançado livros, participando de programas e reatando os laços conturbados com seu filho Andrew (Shawn Pyfrom). 

Entretanto, é o retorno chocante de uma memorável femme fatale, que algum tempo atrás havia dado adeus a Wisteria Lane, que consegue, como sempre, atrair os nossos olhares. A irreverente Edie Britt (Nicollette Sheridan) aparece anos depois para a mesma casa em que outrora morava, automaticamente levando todas as suas vizinhas a “cumprimentá-la” – ainda que a contragosto. A gritante diferença é que Edie agora se casou com o rico e simpático Dave Williams (Neal McDonough) e também teve uma mudança considerável em sua personalidade nem um pouco afável, transformando-se em uma espécie de dona de casa calma e controlada. 

Desde a temporada de estreia, sabemos que a excêntrica vizinhança esconde podres por trás das fachadas bem cuidadas e dos verdejantes jardins dos sobrados que se estendem ao longo da singela rua. Logo, não seria diferente com as recentes adições ao show, incluindo Dave, cujos macabros motivos logo se tornam bastante evidentes para os espectadores: ele, na verdade, casou-se com Edie para retornar a Fairview e dar início ao seu plano de vingança, arquitetado quando ainda estava internado numa instalação psiquiátrica após perder a esposa e a filha num acidente de carro. 

Os nós logo se atam e, apesar da longevidade desnecessária da temporada, Cherry nos envolve em mais um mistério que demora a ruminar, mas alcança seu objetivo catártico. A tragédia supracitada foi acidentalmente causada por Mike e Susan, que voltavam de uma comemoração e acabaram por bater no carro das duas, tirando suas vidas num piscar de olhos. Desde então, o casal dos sonhos entrou em uma montanha-russa de emoções e resolveu terminar tudo antes que as coisas piorassem – eventualmente, a personagem de Hatcher observa impotente seu ex-marido se envolver com sua amiga, Katherine (Dana Delany). Mas o foco aqui é o modo como esperamos uma tragédia ainda maior acometer nossa querida Susan e seu filho de cinco anos, MJ (Mason Vale Cotton), que se torna alvo das perseguições. 

A construção psicótica de Dave é muito bem aproveitada ao longo da nova epopeia de Desperate Housewives, deixando bem claro até onde ele pode chegar para eliminar os obstáculos de seu caminho. Aliás, os momentos mais instigantes da temporada são causados por suas condenáveis atitudes – incluindo o incêndio no clube noturno local, no acesso de fúria da Sra. McCluskey (Kathryn Joosten) e numa caçada que dá terrivelmente errada. O personagem em questão até mesmo entra em um último arco de salvação antes de perceber o que está fazendo, quase matando a si mesmo antes de voltar a seu tratamento em um incômodo e agonizante vazio existencial. 

Não é apenas essa trama que ganha força ao longo dos episódios: Cherry nos mostra novamente que não pensará duas vezes antes de eliminar algum dos personagens principais em prol da continuidade de sua épica jornada tragicômica que transcende até mesmo as regras do suspense e do drama. Partindo desse princípio, Edie, após descobrir quem seu marido realmente é, parte em uma última tentativa de avisar a suas amigas (principalmente Susan e Katherine, que quase se tornam as vítimas) das reais intenções de Dave. Todavia, antes de conseguir qualquer coisa, é eletrocutada; mas diferente do que poderíamos imaginar, sua chocante morte logo é travestida com uma narração hilária que abre espaço para que as protagonistas rememorem os bons momentos que tiveram junto a ela. 

O mais impressionante de Desperate Housewives é o fato dela encantar em cada um de seus episódios, ainda que aqui alguns deslizes comecem a dar mais as caras. O roteiro persistente e coeso amarra as pontas soltas com habilidade aplaudível, deixando notável o modo como a série revoluciona a si própria. De qualquer forma, regressar a Wisteria Lane é sempre agradável – pelos motivos mais sórdidos possíveis.

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