domingo , 22 dezembro , 2024

Artigo | Há 16 anos, ‘Desperate Housewives’ entregava sua melhor temporada

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Após retornar à sua glória na terceira temporada, Desperate Housewives tinha um trabalho árduo em continuar a entregar episódios competentes e manter o ar de mistério e intriga que nos entregou ainda em 2004, quando tornou-se uma das sensações mais viciantes da televisão contemporânea. E Marc Cherry, retornando mais uma vez como o showrunner e o principal supervisor da nova narrativa, felizmente nos entregou uma iteração tão apaixonante quanto as outras, inovando seu estilo de contar histórias ao mesmo tempo que se respaldou nos temas a que já estávamos acostumados – traições, mentiras, assassinatos, adultério, entre outros. De qualquer forma, o quarto ano da série nos introduziu a personagens desconhecidos, tramas espetaculares, e um season finale de tirar o fôlego.

Para aqueles que não se recordam, os últimos episódios da temporada anterior trouxeram inúmeras reviravoltas para os habitantes de Wisteria Lane, principalmente para Bree (Marcia Cross) e Orson (Kyle Maclachlan), que passaram por diversos obstáculos até se livrarem de duas personalidades mesquinhas e vilanescas. Porém, para aqueles que criam piamente que a vida da nossa querida e metódica dona de casa melhoraria, sinto lhes informar que as coisas foram de mal para pior: afinal, é aqui que as verdades começam a insurgir como ervas daninhas – inclusive a revelação de que seu marido foi o responsável por colocar Mike (James Denton) sob um profundo coma durante seis meses (e mesmo com todas as explicações possíveis, Bree simplesmente não consegue perdoá-lo).



Gabby (Eva Longoria) percebe que seu casamento não passa de uma farsa e volta a ter um caso com Carlos (Ricardo Chavira) e, já nos primeiros episódios, percebemos que o arco da traição retorna para aqueles que não suportavam que isso acontecesse dentro do casamento. Mais uma vez, Cherry e seu incrível time de roteiristas conseguem nos entregar uma virada espetacular em que Victor (John Slattery) e Carlos se enfrentam em praticamente uma batalha inesperada, regada a tiros e a uma conclusão inesperada e chocante. Entretanto, não é exatamente essa sequência que nos tira o fôlego, mas sim o pano de fundo que rege cada um dos protagonistas para uma revolução narrativa que seria a principal base às temporadas futuras.

Apesar da aguardada e vindoura união de Mike e Susan (Teri Hatcher) finalmente acontecer – depois de um drama novelesco que ocupou boa parte do show durante as primeiras iterações -, não é essa dupla que rouba a cena. É claro que Hatcher encontra novamente um terreno fértil para construir sua personagem, emergindo como mãe, esposa e agora uma independente mulher que ama de paixão aqueles à sua volta, mas essa doçura é ofuscada pelo conturbado relacionamento entre Lynette (Felicity Huffman) e Tom (Doug Savant), que lidam com inúmeras tragédias que acometem os Scavo.

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O quarto ano de Desperate Housewives nos introduz a um rosto novo, que ganha forma na insuportável Katherine Mayfair (Dana Delany), antiga amiga de Susan que retorna para Wisteria Lane depois de anos, visando reconstruir sua antiga vida com um novo marido e com a sua bizarra filha. Porém, apesar de Katherine emergir como a suposta antagonista da temporada, sua bruta e introspectiva personalidade na verdade esconde um dos maiores segredos de toda a série – alcançando um patamar similar ao obscuro passado de Mary Alice (Brenda Young). Ela, na verdade, enterrou a própria filha depois de um trágico acidente envolvendo o ex-esposo, e adotou uma nova criança, com a promessa de mantê-la longe dos cruéis dos fantasmas de outrora que insistem em assombrá-la.

O arco de Delany talvez seja um dos mais bem construídos, permitindo ao público que a ame e a odeie ao mesmo tempo. Mesmo com um início excessivamente melodramático, a atriz dá a volta por cima conforme inúmeras revelações são feitas – até culminar em um irretocável e memorável ápice. E, como se não bastasse, o showrunner não pensa duas vezes antes de realizar diversos sacrifícios, talvez mais tocantes que aqueles que já vimos. Além de Katherine, Lynette também se vê em um catártico coming-of-age que traz como narrativa principal a ocorrência de um tornado que mantém sua família inteira sob os escombros de um casarão, além de matar uma das adoradas coadjuvantes, Ida Greenberg (Ida Greenberg).

 

Os Scavo voltam a ganhar os holofotes na tragédia final que paira sobre a família: Kayla (Rachel G. Fox), filha bastarda de Tom, após o trauma de perder a mãe, transforma-se em uma criatura maquiavélica que a todo custo quer ver seu pai separar da mulher que culpa por absolutamente todas as coisas ruins que lhe aconteceram – até mesmo chegando a ameaçar os filhos de Lynette e fazê-la ser presa por agressão. Porém, descobrimos que Kayla se vale de mentiras e, num último e desgastante ato, Tom a manda para viver com os avós – e nessas últimas cenas, o casal Scavo protagoniza uma impressionante construção cênica que tira o fôlego dos telespectadores.

Desperate Housewives, em sua quarta temporada, consegue manter seu dinâmico ritmo ao mesmo tempo em que não satura as tramas e subtramas que conhecemos. Ao aumentar a complexidade de seus personagens e dar um salto no tempo nos últimos segundos do season finale, é inegável dizer que o show, sem sombra de dúvida, se configura como um dos melhores dramas de mistério a chegar à televisão.

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Thiago Nollahttps://www.editoraviseu.com.br/a-pedra-negra-prod.html
Em contato com as artes em geral desde muito cedo, Thiago Nolla é jornalista, escritor e drag queen nas horas vagas. Trabalha com cultura pop desde 2015 e é uma enciclopédia ambulante sobre divas pop (principalmente sobre suas musas, Lady Gaga e Beyoncé). Ele também é apaixonado por vinho, literatura e jogar conversa fora.

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Após retornar à sua glória na terceira temporada, Desperate Housewives tinha um trabalho árduo em continuar a entregar episódios competentes e manter o ar de mistério e intriga que nos entregou ainda em 2004, quando tornou-se uma das sensações mais viciantes da televisão contemporânea. E Marc Cherry, retornando mais uma vez como o showrunner e o principal supervisor da nova narrativa, felizmente nos entregou uma iteração tão apaixonante quanto as outras, inovando seu estilo de contar histórias ao mesmo tempo que se respaldou nos temas a que já estávamos acostumados – traições, mentiras, assassinatos, adultério, entre outros. De qualquer forma, o quarto ano da série nos introduziu a personagens desconhecidos, tramas espetaculares, e um season finale de tirar o fôlego.

Para aqueles que não se recordam, os últimos episódios da temporada anterior trouxeram inúmeras reviravoltas para os habitantes de Wisteria Lane, principalmente para Bree (Marcia Cross) e Orson (Kyle Maclachlan), que passaram por diversos obstáculos até se livrarem de duas personalidades mesquinhas e vilanescas. Porém, para aqueles que criam piamente que a vida da nossa querida e metódica dona de casa melhoraria, sinto lhes informar que as coisas foram de mal para pior: afinal, é aqui que as verdades começam a insurgir como ervas daninhas – inclusive a revelação de que seu marido foi o responsável por colocar Mike (James Denton) sob um profundo coma durante seis meses (e mesmo com todas as explicações possíveis, Bree simplesmente não consegue perdoá-lo).

Gabby (Eva Longoria) percebe que seu casamento não passa de uma farsa e volta a ter um caso com Carlos (Ricardo Chavira) e, já nos primeiros episódios, percebemos que o arco da traição retorna para aqueles que não suportavam que isso acontecesse dentro do casamento. Mais uma vez, Cherry e seu incrível time de roteiristas conseguem nos entregar uma virada espetacular em que Victor (John Slattery) e Carlos se enfrentam em praticamente uma batalha inesperada, regada a tiros e a uma conclusão inesperada e chocante. Entretanto, não é exatamente essa sequência que nos tira o fôlego, mas sim o pano de fundo que rege cada um dos protagonistas para uma revolução narrativa que seria a principal base às temporadas futuras.

Apesar da aguardada e vindoura união de Mike e Susan (Teri Hatcher) finalmente acontecer – depois de um drama novelesco que ocupou boa parte do show durante as primeiras iterações -, não é essa dupla que rouba a cena. É claro que Hatcher encontra novamente um terreno fértil para construir sua personagem, emergindo como mãe, esposa e agora uma independente mulher que ama de paixão aqueles à sua volta, mas essa doçura é ofuscada pelo conturbado relacionamento entre Lynette (Felicity Huffman) e Tom (Doug Savant), que lidam com inúmeras tragédias que acometem os Scavo.

 

O quarto ano de Desperate Housewives nos introduz a um rosto novo, que ganha forma na insuportável Katherine Mayfair (Dana Delany), antiga amiga de Susan que retorna para Wisteria Lane depois de anos, visando reconstruir sua antiga vida com um novo marido e com a sua bizarra filha. Porém, apesar de Katherine emergir como a suposta antagonista da temporada, sua bruta e introspectiva personalidade na verdade esconde um dos maiores segredos de toda a série – alcançando um patamar similar ao obscuro passado de Mary Alice (Brenda Young). Ela, na verdade, enterrou a própria filha depois de um trágico acidente envolvendo o ex-esposo, e adotou uma nova criança, com a promessa de mantê-la longe dos cruéis dos fantasmas de outrora que insistem em assombrá-la.

O arco de Delany talvez seja um dos mais bem construídos, permitindo ao público que a ame e a odeie ao mesmo tempo. Mesmo com um início excessivamente melodramático, a atriz dá a volta por cima conforme inúmeras revelações são feitas – até culminar em um irretocável e memorável ápice. E, como se não bastasse, o showrunner não pensa duas vezes antes de realizar diversos sacrifícios, talvez mais tocantes que aqueles que já vimos. Além de Katherine, Lynette também se vê em um catártico coming-of-age que traz como narrativa principal a ocorrência de um tornado que mantém sua família inteira sob os escombros de um casarão, além de matar uma das adoradas coadjuvantes, Ida Greenberg (Ida Greenberg).

 

Os Scavo voltam a ganhar os holofotes na tragédia final que paira sobre a família: Kayla (Rachel G. Fox), filha bastarda de Tom, após o trauma de perder a mãe, transforma-se em uma criatura maquiavélica que a todo custo quer ver seu pai separar da mulher que culpa por absolutamente todas as coisas ruins que lhe aconteceram – até mesmo chegando a ameaçar os filhos de Lynette e fazê-la ser presa por agressão. Porém, descobrimos que Kayla se vale de mentiras e, num último e desgastante ato, Tom a manda para viver com os avós – e nessas últimas cenas, o casal Scavo protagoniza uma impressionante construção cênica que tira o fôlego dos telespectadores.

Desperate Housewives, em sua quarta temporada, consegue manter seu dinâmico ritmo ao mesmo tempo em que não satura as tramas e subtramas que conhecemos. Ao aumentar a complexidade de seus personagens e dar um salto no tempo nos últimos segundos do season finale, é inegável dizer que o show, sem sombra de dúvida, se configura como um dos melhores dramas de mistério a chegar à televisão.

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Em contato com as artes em geral desde muito cedo, Thiago Nolla é jornalista, escritor e drag queen nas horas vagas. Trabalha com cultura pop desde 2015 e é uma enciclopédia ambulante sobre divas pop (principalmente sobre suas musas, Lady Gaga e Beyoncé). Ele também é apaixonado por vinho, literatura e jogar conversa fora.

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