terça-feira , 5 novembro , 2024

Artigo | Revisitando ‘Abracadabra’, o clássico de Dia das Bruxas de Kenny Ortega

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Antes de dirigir a adorada franquia High School Musical, Kenny Ortega, aclamado coreógrafo que já trabalhou com nomes como Gloria Estefan e Michael Jackson, encantava as crianças do mundo inteiro ao dar vida ao clássico de Dia das Bruxas Abracadabra.

Lançado em 1993, o longa-metragem não foi bem recebido pela crítica (amargando meros 38% de aprovação) e fez um sucesso comedido de bilheteria, cruzando a marca dos US$44 milhões. Dentre os principais comentários acerca da produção, os especialistas comentaram acerca do roteiro desiquilibrado e do fato da história ser destinada apenas a um público mais jovem – ou seja, nem um pouco apelativo para os adultos.

Mas será mesmo que isso é verdade?

Quando Abracadabra chegou aos cinemas, este que vos fala ainda não havia nascido. Descobri o longa anos mais tarde, por volta dos meus oito anos de idade, e me apaixonei de cara pela trama envolvendo as Irmãs Sanderson e as múltiplas referências ao julgamento de Salem – afinal, a química entre Bette Midler, Sarah Jessica Parker e Kathy Najimy é inegável. Após me envolver com críticas de filmes e séries, fui atrás de textos que falavam sobre o filme e não compreendi o ódio que os autores sentiam dele; é claro que, assim como boa parte das incursões hollywoodianas, a obra peca em certos aspectos estruturais – mas isso não significa que não seja uma aventura divertida e completamente despretensiosa.

Para aqueles não familiarizados, o enredo é centrado em Winifred, Sarah e Mary (interpretadas respectivamente pelo trio mencionado no parágrafo acima), um trio de bruxas nada convencional que é trazido de volta à vida por um grupo de adolescentes (vividos por Omri Katz, Thora Birch e Vinessa Shaw) e que retoma a missão que tinha no século XVII, antes de serem condenadas à morte: a busca pela vida eterna.

Tecnicamente, a trama não é e nem tem o propósito de revolucionar qualquer coisa; pelo contrário, Ortega, aliando-se aos roteiristas Mick Garris e Neil Cuthbert, tem plena ciência da universo formulaico que adentra e abraça todos os clichês dos contos sobrenaturais para construir uma singela homenagem ao Halloween – algo que teria melhores resultados caso o filme tivesse estreado alguns meses mais tarde, e não poucas semanas depois do feriado de 04 de julho. Aqui, as linhas entre o bem e o mal são bem delineadas e separam os dois núcleos protagonistas como um sólido muro – algo também bem-vindo, considerando o óbvio convite às crianças para entenderem a diferença entre o que é certo e errado.

Ano após ano – e com as constante exibições de Abracadabra tanto no Disney Channel quanto no canal Freeform (agora, no streaming do Disney+), as crianças dos anos 1990 puderam reassistir com outros olhos ao longa e recuperarem um pouco da nostalgia de quando eram infantes; além disso, a estética da iteração, por mais teatral que pareça, envelheceu muito bem, de certa maneira, contribuindo para que as novas gerações se apaixonassem pela arrepiante atmosfera criada por Ortega – e pela atuação de nomes como Midler, Parker e Najimy, sendo reintroduzidas para aqueles que não as conheciam. Não é surpresa que, 28 anos mais tarde, o título seja imprescindível para celebrar essa data tão mística.

Tal fama tardia permitiu que o filme alcançasse o status de cult, angariando uma legião de fãs que jamais o deixariam ser esquecido – e, no final das contas, essa é a maior honra que uma produção pode receber. Em seu aniversário de duas décadas, Abracadabra, o evento D23, da Casa Mouse, fez uma exibição especial e conseguiu nove membros do elenco original para comentar sobre sua experiência no set de filmagens e sobre a imortalização inesperada da história – além de garantir que centenas de espectadores comparecessem ao especial. Em 2015, o Magic Kingdom (um dos parques do complexo Disney) introduziu o Hocus Pocus Villain Spelltacular, contratando novas atrizes para interpretarem as irmãs Sanderson; três anos mais tarde, a cidade de Salem comemorou o 25º aniversário do longa e inaugurou um parque temático em homenagem ao filme e ao fato da produção ter chamado vários turistas que notaram a relação entre as duas partes.

A cereja do bolo veio há pouco tempo: em 2020, a Walt Disney anunciou que, em virtude do pedido constante de vários membros do elenco e de inúmeros fãs ao redor do mundo, estava trabalhando em uma merecida sequência – com Midler, Parker e Najimy reprisando os papéis do longa original. Com poucas informações reveladas, sabe-se que a continuação terá direção de Anne Fletcher (‘A Proposta’) e que Jen D’Angelo ficará responsável pelo roteiro – se tornando, em poucos meses, um dos títulos mais aguardados de 2022.

É notável como Abracadabra teve uma jornada interessante, passando de um dos grandes fracassos da Casa Mouse a uma injustiçada iteração que começou a ter reconhecimento muito tempo depois – e, para aqueles que ainda têm dúvida sobre conferi-lo ou não, deixo abaixo uma das cenas mais icônicas e divertidas para que assistam e tirem as próprias conclusões.

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Thiago Nollahttps://www.editoraviseu.com.br/a-pedra-negra-prod.html
Em contato com as artes em geral desde muito cedo, Thiago Nolla é jornalista, escritor e drag queen nas horas vagas. Trabalha com cultura pop desde 2015 e é uma enciclopédia ambulante sobre divas pop (principalmente sobre suas musas, Lady Gaga e Beyoncé). Ele também é apaixonado por vinho, literatura e jogar conversa fora.

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Lançado em 1993, o longa-metragem não foi bem recebido pela crítica (amargando meros 38% de aprovação) e fez um sucesso comedido de bilheteria, cruzando a marca dos US$44 milhões. Dentre os principais comentários acerca da produção, os especialistas comentaram acerca do roteiro desiquilibrado e do fato da história ser destinada apenas a um público mais jovem – ou seja, nem um pouco apelativo para os adultos.

Mas será mesmo que isso é verdade?

Quando Abracadabra chegou aos cinemas, este que vos fala ainda não havia nascido. Descobri o longa anos mais tarde, por volta dos meus oito anos de idade, e me apaixonei de cara pela trama envolvendo as Irmãs Sanderson e as múltiplas referências ao julgamento de Salem – afinal, a química entre Bette Midler, Sarah Jessica Parker e Kathy Najimy é inegável. Após me envolver com críticas de filmes e séries, fui atrás de textos que falavam sobre o filme e não compreendi o ódio que os autores sentiam dele; é claro que, assim como boa parte das incursões hollywoodianas, a obra peca em certos aspectos estruturais – mas isso não significa que não seja uma aventura divertida e completamente despretensiosa.

Para aqueles não familiarizados, o enredo é centrado em Winifred, Sarah e Mary (interpretadas respectivamente pelo trio mencionado no parágrafo acima), um trio de bruxas nada convencional que é trazido de volta à vida por um grupo de adolescentes (vividos por Omri Katz, Thora Birch e Vinessa Shaw) e que retoma a missão que tinha no século XVII, antes de serem condenadas à morte: a busca pela vida eterna.

Tecnicamente, a trama não é e nem tem o propósito de revolucionar qualquer coisa; pelo contrário, Ortega, aliando-se aos roteiristas Mick Garris e Neil Cuthbert, tem plena ciência da universo formulaico que adentra e abraça todos os clichês dos contos sobrenaturais para construir uma singela homenagem ao Halloween – algo que teria melhores resultados caso o filme tivesse estreado alguns meses mais tarde, e não poucas semanas depois do feriado de 04 de julho. Aqui, as linhas entre o bem e o mal são bem delineadas e separam os dois núcleos protagonistas como um sólido muro – algo também bem-vindo, considerando o óbvio convite às crianças para entenderem a diferença entre o que é certo e errado.

Ano após ano – e com as constante exibições de Abracadabra tanto no Disney Channel quanto no canal Freeform (agora, no streaming do Disney+), as crianças dos anos 1990 puderam reassistir com outros olhos ao longa e recuperarem um pouco da nostalgia de quando eram infantes; além disso, a estética da iteração, por mais teatral que pareça, envelheceu muito bem, de certa maneira, contribuindo para que as novas gerações se apaixonassem pela arrepiante atmosfera criada por Ortega – e pela atuação de nomes como Midler, Parker e Najimy, sendo reintroduzidas para aqueles que não as conheciam. Não é surpresa que, 28 anos mais tarde, o título seja imprescindível para celebrar essa data tão mística.

Tal fama tardia permitiu que o filme alcançasse o status de cult, angariando uma legião de fãs que jamais o deixariam ser esquecido – e, no final das contas, essa é a maior honra que uma produção pode receber. Em seu aniversário de duas décadas, Abracadabra, o evento D23, da Casa Mouse, fez uma exibição especial e conseguiu nove membros do elenco original para comentar sobre sua experiência no set de filmagens e sobre a imortalização inesperada da história – além de garantir que centenas de espectadores comparecessem ao especial. Em 2015, o Magic Kingdom (um dos parques do complexo Disney) introduziu o Hocus Pocus Villain Spelltacular, contratando novas atrizes para interpretarem as irmãs Sanderson; três anos mais tarde, a cidade de Salem comemorou o 25º aniversário do longa e inaugurou um parque temático em homenagem ao filme e ao fato da produção ter chamado vários turistas que notaram a relação entre as duas partes.

A cereja do bolo veio há pouco tempo: em 2020, a Walt Disney anunciou que, em virtude do pedido constante de vários membros do elenco e de inúmeros fãs ao redor do mundo, estava trabalhando em uma merecida sequência – com Midler, Parker e Najimy reprisando os papéis do longa original. Com poucas informações reveladas, sabe-se que a continuação terá direção de Anne Fletcher (‘A Proposta’) e que Jen D’Angelo ficará responsável pelo roteiro – se tornando, em poucos meses, um dos títulos mais aguardados de 2022.

É notável como Abracadabra teve uma jornada interessante, passando de um dos grandes fracassos da Casa Mouse a uma injustiçada iteração que começou a ter reconhecimento muito tempo depois – e, para aqueles que ainda têm dúvida sobre conferi-lo ou não, deixo abaixo uma das cenas mais icônicas e divertidas para que assistam e tirem as próprias conclusões.

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