Cuidado: muitos spoilers à frente.
Sete anos depois da conclusão da saga de César, a franquia-reboot de ‘Planeta dos Macacos’ ganhou um novo e merecido capítulo com a estreia de ‘Planeta dos Macacos: O Reinado’.
Dirigido por Wes Ball (‘Maze Runner’), a trama é ambientada três séculos depois dos eventos do filme anterior e acompanha Noa (Owen Teague), um jovem chimpanzé que vive ao lado da família e de sua comunidade em um clã isolado em meio à floresta. Não demora muito tempo até que o protagonista veja seu mundo virar de cabeça para baixo após um grupo de símios invadir seu lar, assassinar o pai e sequestrar os sobreviventes – levando-o em uma compulsória jornada para além da própria realidade, unindo-o com a humana Mae (Freya Allan) e com o orangotango Raka (Peter Macon), para resgatá-los e trazê-los de volta para casa.
Entretanto, as coisas são muito mais complexas do que imaginamos: a verdade é que esse perigoso bando de símios que sequestra sua família responde aos desejos de Proximus César (Kevin Durand), um ambicioso bonobo que tem o desejo de colocar as mãos em um poderoso arsenal bélico escondido a sete chaves e, com isso, varrer os últimos resquícios da humanidade de uma vez por todas para reassegurar o controle dos macacos sobre o planeta. E, como podemos imaginar, Mae é a chave para que ele se apodere dessas armas, considerando que ela é diferente dos outros humanos e tem a habilidade de se comunicar – algo perdido há muitas gerações em virtude do vírus que diminuiu drasticamente a capacidade cognitiva das pessoas e garantiu uma melhoria significativa das habilidades símias.
Vendo-se no centro de uma batalha pelo poder, Noa percebe que tanto Mae quanto Proximus têm suas próprias perspectivas destrutivas: de um lado, o bonobo utiliza as ideias defendidas por César (Andy Serkis) em suas investidas para libertar os macacos da subjugação humana ao distorcê-las em prol de uma benesse egoica e da reafirmação de seu poder demagógico; de outro, Mae quer defender o que resta de sua raça ao manter-se calada sobre a entrada ao cofre subterrâneo que contém o arsenal bélico – e escalando a ajuda de Noa e seus amigos para recuperar um dispositivo que possa devolver a fala às pessoas. Noa, por sua vez, compreende que as ideias defendidas por César clamavam pela união símia e pela co-existência dos macacos com os homens, por mais difícil que isso seja – e aprende que nem tudo é “preto e branco”.
No terceiro ato, somos levados a acreditar que Mae, de fato, quer ajudar Noa a resgatar sua família e seu clã das garras de Proximus – e, juntando-se ao chimpanzé, implanta uma série de bombas que irá explodir a fortaleza construída pelos escravos do antagonista e literalmente inundar seu império e destruir qualquer possibilidade de acesso ao armamento. E, de fato, é isso o que acontece; entretanto, ao serem emboscados por Proximus e seus asseclas, Mae comete uma decisão drástica de pensar no futuro de sua raça, apertando o gatilho que coloca um fim naquele reino e que quase tira a vida de Noa e seu clã. É claro que, considerando que este é o primeiro capítulo de uma nova saga, as coisas acabam por dar certo e o protagonista retorna para sua casa são e salvo – e sem quaisquer causalidades, com exceção de hematomas da luta final contra Proximus.
Mas isso não é tudo: Mae retorna para o clã de Noa para tentar explicar o motivo de ter feito tudo aquilo, levando o chimpanzé a perceber que, no final das contas, ambas as raças podem não ter a capacidade de coexistir. Noa, eventualmente, continua a explorar ao mundo ao lado de seu par romântico, Soona (Lydia Peckham), parecendo almejar às estrelas em um provável foreshadowing para o próximo longa-metragem, enquanto Mae chega a um assentamento humano para devolver um dispositivo eletrônico que de volve a capacidade da fala àqueles que tinham perdido – mas não do jeito que imaginávamos.
O dispositivo que Mae recupera do cofre subterrâneo é, na verdade, a peça que falta para que os sobreviventes consigam conectar enormes antenas parabólicas aos satélites que ainda rodeiam o planeta – e, dessa forma, entrar em contato com outros abrigos humanos espalhados pelo que restou dos Estados Unidos e dos outros países. Isso significa que, diferente do que imaginávamos, a raça humana ainda persiste, mesmo ofuscada pelo império símio e com boa parte reduzida a um estado de puro primitivismo bárbaro. Assim, é certo esperar que o próximo filme tenha foco na ressurgência dos homens e num confronto que resultará, por fim, em uma nova dinâmica de dominância e dominados para o que restou do mundo.
Lembrando que ‘Planeta dos Macacos: O Reinado’ já está em exibição nos cinemas nacionais.