A música é parte indispensável da vida – e o estilo dance é, sem sombra de dúvidas, um dos que tem maior apreço por parte dos ouvintes.
Diferente do que muitos acreditam, o gênero em questão passou por diversas mudanças com o passar dos anos, mas é descrita, originalmente, como uma peça musical que facilita ou acompanha a dança. Tendo como surgimento mais primitivo os povos da antiguidade e suas clássicas cantigas, passando pelos cortejos reais e pelos bailes do século XIX, o dance atingiu seu ápice de popularidade durante os anos 1920, quando caiu nas graças da classe operária.
A partir de então, foi notável a evolução exponencial do gênero, que começou a ser amalgamado com o jazz, o swing, o R&B, a salsa, o disco, o EDM, o nu-disco, o hi-NRG, o house e inúmeras outras incursões – até culminar no dance que conhecemos na contemporaneidade e que é frequentemente associado a nomes como Madonna, Lady Gaga, Beyoncé, Jessie Ware e várias outras divas da cultura pop.
Pensando nisso, preparamos uma breve lista elencando as dez melhores músicas dance da década até agora – levando em consideração a construção do gênero como ele é.
Veja abaixo as nossas escolhas e conte para nós qual a sua favorita:
10. “TAKE MY BREATH”, The Weeknd
O lead single de ‘Dawn FM’, recente álbum de The Weeknd, veio na forma de “Take My Breath”, uma das melhores canções da carreira do artista. Mantendo um belíssimo diálogo com a clássica “Blinding Lights”, a faixa se lança a um ambicioso projeto que estende ramificações pelo pop psicodélico e pelo disco, fazendo um incrível e desmedido uso de sintetizadores que remontam a Donna Summer com “I Feel Love” e ao lendário pai do disco, Giorgio Moroder. Além de uma coesa e soberba produção, somos agraciados com uma evocativa progressão e vocais poderosos que respaldam a sensual narrativa que se desenrola.
9. “PHYSICAL”, Dua Lipa
O implacável sucesso crítico e comercial de ‘Future Nostalgia’, 2º álbum de Dua Lipa, não poderia existir sem levarmos em conta a iteração intitulada “Physical”, que exala uma mistura bastante equilibrada e enérgica das explorações de Olivia Newton-John décadas atrás e da idealização da performer em homenagear todos os nomes que a influenciaram como musicista.
8. “LUV U SO”, One Bit
One Bit é uma dupla que pode não ser conhecida mundialmente, mas que causou um alvoroço significativo em 2020 com uma das produções mais subestimadas do ano. “Luv U So” é uma breve faixa que transforma o gênero house numa investida quintessencial, marcada pela explosão bem demarcada do piano e dos sintetizadores.
7. “WHAT’S YOUR PLEASURE?”, Jessie Ware
Jessie Ware exalou toda sua glória com o requinte sensorial de ‘What’s Your Pleasure?’ – e a faixa titular do álbum é tudo o que esperaríamos de uma obra desse calibre. Nutrindo-se de um disco mais amadurecido e mergulhando de cabeça nas recriações uptempo do EDM (sendo inspirada inclusive por Lady Gaga), a sutileza vocal e a onírica atmosfera são o bastante para nos tirar do chão.
6. “OUT OF TIME”, The Weeknd
‘Dawn FM’ veio acompanhado de uma aclamação crítica aplaudível e representou uma das melhores entradas da elogiada discografia de The Weeknd. E, nesse soberbo álbum, o cantor e compositor foi impulsionado a fazer o que bem entender e inclusive a lançar tendências (como provavelmente veremos nos meses seguintes, em que outros artistas farão um movimento exploratório e metadiegético promovido pelo artista). É nesse espectro que faixas como “Out of Time”, fazendo alusão a nomes como Marvin Gaye e a Michael Jackson, insurge como um belíssimo laço entre passado, presente e futuro.
5. “VEGAS HIGH”, Kylie Minogue
Três anos depois de nos ter convidado a uma viagem no tempo com ‘Disco’, Kylie Minogue voltou com tudo ao cenário fonográfico com o antecipado ‘Tension’. Além de ter se tornado um sucesso crítico e comercial, o 16º álbum da princesa do pop australiana emergiu como um testamento para sua carreira, contando com faixas impecáveis – incluindo “Vegas High”, que nos arremessa para os anos 1990 e nos reencontra com ATC e Cascada para uma erupção vulcânica do club techno, regado a sintetizadores e a um refrão antêmico, declamatório e que preza pelo carpe diem, pela vivência do momento e pela efemeridade do agora.
4. “CONTACT”, Kelela
Seis anos depois de sua estreia oficial no mundo da música, Kelela voltou com o impecável ‘Raven’ – e, dentre as múltiplas faixas que nos chamam a atenção, “Contact” é a que melhor representa as mensagens que a cantora e compositora quer nos entregar. A faixa é uma narcótica viagem ao passado, sustentada por inflexões do house, do EDM e do disco em uma sensual e incrível jornada – que pega elementos mais contemporâneos, como os explorados por Azealia Banks e Beyoncé.
3. “BEGIN AGAIN”, Jessie Ware
Três anos depois da espetacular obra-prima ‘What’s Your Pleasure’, Jessie Ware voltou para nos agraciar com mais uma impecável jornada pela música com ‘That! Feels Good!’, uma ode ao prazer e à alegria que caminha por inúmeros estilos musicais que nos arremessam diretamente à pista de dança. E um dos carros-chefe do compilado é “Begin Again”, uma deliciosa e operística gama de elementos conflituosos que criam mágica através de uma trama hedonista e cheia de paixão – e que traz, inclusive, elementos brasileiros da bossa nova.
2. “BABYLON”, Lady Gaga
Após anos de súplicas feitas pelos fãs, Lady Gaga voltou em 2020 com o lançamento de um dos seus melhores álbuns, ‘Chromatica’. Promovendo um retorno ao auge do EDM e house – e contribuindo para o resgate dos gêneros ao lado de Dua Lipa e Beyoncé, por exemplo -, o álbum é marcado por músicas impecáveis, como “Babylon”, nutrindo de similaridades progressivas com as icônicas produções dos anos 1990, pincelando-as com um dêitico coro gospel.
1. “ALIEN SUPERSTAR”, Beyoncé
Com ‘Renaissance’, Beyoncé veio para mudar o jogo novamente. Apostando fichas na cultura do ballroom dos anos 1970 e 1980 dos Estados Unidos e reclamando um dos inúmeros estilos da comunidade afro-americana, entregou um dos melhores projetos do século. Em meio a tantas iterações impecáveis, “Alien Superstar” (que foi desperdiçado como single oficial do compilado de originais) é um convite às pistas de dança e aposta fichas em um hedonismo surreal para nos arrancar da realidade e nos arremessar em uma narcótica jornada de libertação e sensualidade.