Depois de doze longos meses, 2025 está terminando – o que significa que está na hora de revisitar as produções mais incríveis do ano.
Após selecionarmos os melhores álbuns do ano, está na hora de transferir nosso foco para as canções que mais nos encantaram, incluindo artistas como Lady Gaga, ROSALÍA e Bad Bunny, que voltaram com força descomunal para o show business com suas respectivas obras-primas, além de nomes como RAYE, Miles Catton e Charli XCX, que nos conquistaram com pequenas gemas fonográficas.
Confira abaixo as nossas escolhas e conte para nós qual a sua favorita (ou qual deixamos de fora):
10. “WHERE IS MY HUSBAND!”, RAYE
“Where Is My Husband!” é uma explosiva mixórdia de gêneros construída com minúcia invejável e notável pela artista e pelo seu frequente colaborador Mike Sabath – e já havia sido performada em diversos festivais antes de ser oficializada como single nas plataformas digitais (e acompanhada de um belíssimo videoclipe retrô). E, se ambos os nomes haviam criado mágica em um passado não muito distante, retomam parceria para uma das melhores canções do ano e o início de uma era artística que promete encantar os ouvintes.
9. “WALK OF FAME”, Miley Cyrus feat. Brittany Howard
Conan Gray fez sua estreia no cenário fonográfico em 2020 com o ótimo álbum ‘Kid Krow’ e, cinco anos mais tarde, retornou com um amadurecido corpo de trabalho que ficaria conhecido como ‘Wishbone’. E, na segunda metade desse sólido projeto, o cantor e compositor nos encanta com um dos melhores singles do ano e de sua carreira, “Caramel”, uma exuberante e vibrante construção electro-rock e pop-rock marcada pela dissonância da guitarra e por uma rendição vocal que nos arremessa para meados dos anos 2000 com uma narcótica e pungente nostalgia.
8. “MAN OF THE YEAR”, Lorde
Iniciando com as cândidas notas de um impactante baixo, Lorde promove uma autoanálise que discorre sobre identidade de gênero e a necessidade mandatória de se encaixar em algum rótulo para, consequentemente, se encaixar em algum grupo. Afinal, em 2023, ela já havia comentado sobre sua expressão identitária entrando em conflito com escolhas de vestimentas e como se portar – algo que a propulsionava a “tentar visualizar uma versão de mim mesma que era representativa de como [a questão do] gênero soava àquele momento”. Dessa forma, a track emerge como um emblemático discurso que se apoia com força em aspectos semióticos para que Lorde reclame a coroa que lhe pertence – seja da forma como deseja se mostrar.
7. “EVERYBODY SCREAM”, Florence and the Machine
Três anos depois de lançar o impecável ‘Dance Fever’, Florence Welch voltou a atuar com seu ato musical Florence and the Machine para mais uma incursão memorável e digna de uma carreira expressiva e memorável. Com ‘Everybody Scream’, a banda manteve sua intrínseca identidade em foco – e faixa-título, que mistura indie rock, folk rock e chamber pop é um sólido carro-chefe que deu o tom dessa jornada mística e inebriante. Aliando-se a Mark Bowen e a Mitski, Welch se inspirou no que existe no plano invisível que recobre o mundo, apostando fichas em uma atmosfera mais sombria e fabulesca para nos envolver logo com as primeiras notas.
6. “CHAINS OF LOVE”, Charli XCX
“Chains of Love” mantém-se fiel às dissonâncias já esquadrinhadas pela carreira da vencedora do Grammy Charli XCX – mas colocadas em uma atmosfera mais palpável e “mercadológica”, por assim dizer. De fato, é impossível colocar um rótulo de mainstream à faixa, porém, é notável como ela e seu colaborador de longa data, Finn Keane, procuram um retrato dialógico que usa e abusa do chamber-pop e de uma fantasmagórica distorção eletrônica para falar sobre as mazelas de um amor controverso que a torna prisioneira de um sentimento, a princípio, puro e imaculado.
5. “I LIED TO YOU”, Miles Caton
‘Pecadores’ se tornou um dos filmes mais elogiados do ano – e, para além de uma competente e envolvente história de vampiros ambientada no interior dos Estados Unidos dos anos 1930, o longa discorreu sobre o poder atemporal da música. Nesse contexto, “I Lied To You”, performada pelo estreante Miles Caton, é o suprassumo do magnífico cosmos arquitetado pelo diretor Ryan Coogler, iniciando-se com uma mistura de country e blues que atravessa as cortinas do espaço-tempo para um vórtice musical que conta com as expressivas notas do rap, da música eletrônica, do R&B, do pop experimental e do rock.
4. “THE SUBWAY”, Chappell Roan
Chappell Roan já se mostrou uma competente e habilidosa compositora, principalmente com o single “Good Luck, Babe!”, em que discorreu acerca da problemática da heterossexualidade compulsória de forma inteligente, irônica e melancólica. Logo, não é nenhuma surpresa que ela tenha repetido o feito com “The Subway”: aqui, ela se une às conhecidas predileções de Dan Nigro, também responsável pela produção da faixa, para construir uma tristonha história de um relacionamento falido que ainda deixa marcas na cantora – e que a compele a tentar recuperar seu amor perdido. Ademais, a tocante lírica serve como um arauto de cura após um coração partido, abrindo espaço para os familiares arrependimentos que ganham uma máscara original e muito envolvente.
3. “DTMF”, Bad Bunny
Trazendo elementos do reggaeton, do rap e do plena, “DTMF”, que empresta seu nome completo, ‘Debí Tirar Más Fotos’, Bad Bunny caiu nas graças da crítica e do público com uma das melhores canções de sua carreira. O carro-chefe do sexto álbum de estúdio do artista porto-riquenho é uma celebração da cultura latina através de uma narrativa testamentária e memorialística sobre as pessoas importantes que compuseram e compõe sua vida – contando com uma preciosidade musical de tirar o fôlego e que continua a ser celebrada ao redor do planeta.
2. “BERGHAIN”, ROSALÍA feat. Björk & Yves Tumor
ROSALÍA é uma artista formidável – e, obra a obra, mostra que sabe como remar contra o mainstream sem renegá-lo por completo através de obras-primas sonoras que nos arrebatam em narcóticas jornadas sinestésicas. Com ‘LUX’, seu mais recente álbum, isso não seria diferente, e o lead single “Berghain” é apenas um gostinho de um espetacular corpo artístico que ela nos presenteia. Contando com a colaboração de Björk e Yves Tumor, a faixa se inicia com a simbiótica explosão da Orquestra Sinfônica de Londres antes de reunir, em um mesmo lugar, um turbilhão de emoções e estilos que variam da música clássica ao art pop.
1. “VANISH INTO YOU”, Lady Gaga
O conceito de caos em ‘MAYHEM’, o mais recente álbum da titânica Lady Gaga é diferente do que imaginávamos por colocá-la em controle de uma entidade intangível. Dessa maneira, a diferença estrutural das faixas faz todo o sentido – e “Vanish Into You”, dentro desse espectro, dá ares de uma balada melódica antes de se render às incursões dos anos 1970 e 1980, apostando em um envolvente baixo que traz funk e disco pincelando versos impecáveis como “uma vez em uma lua azul, eu me esqueço de você; e, uma vez na sua vida, você será meu”.