Charli XCX é uma das artistas mais interessantes do cenário fonográfico contemporâneo – e uma das responsáveis por uma revolução artística que introduziu o PC music e o hyperpop ao escopo mainstream. Ao longo de sua carreira, a cantora, compositora e produtora se manteve fiel à identidade inesperada que calcara no começo de sua ascensão, à medida que se permitia explorar mais incursões que fugiam do convencionalismo instrumental.
No último dia 07 de junho, Charli lançou seu aguardado álbum ‘BRAT’ – e, para celebrar a recente estreia do compilado de originais, preparamos uma breve lista elencando suas dez melhores canções.
Confira nossas escolhas abaixo e conte para nós qual a sua favorita:
10. “PINK DIAMOND”
Álbum: how i’m feeling now
Pouco depois de seu álbum homônimo, Charli XCX lançou de surpresa o álbum ‘how i’m feeling now’ e, conhecendo o estilo da cantora, ela iria se respaldar com força no PC music que vem explorando com mais e mais afeição desde o início da década passada. Com “pink diamond”, Charli deixa claro que não tem medo de experimentar e unir gêneros conflitantes em um mesmo espectro.
9. “GOOD ONES”
Álbum: CRASH
Para promover sua quinta investida artística, a cantora e compositora originou o lead single “Good Ones”, uma mistura enérgica e irretocável de synthwave e electro-pop que nos convida para as pistas de dança em uma nostalgia gritante e uma sagacidade lírica invejável; talvez o aspecto mais interessante da faixa seja seu respaldo no mainstream em vez dos experimentalismos clássicos de sua imagética sonora, bem como o fato de uma quantidade considerável de compositores se unir para um bem em comum.
8. “LIGHTNING”
Álbum: CRASH
Retomar o passado vem se tornando uma estética bastante utilizada pelos artistas musicais, como vemos desde 2020 com o lançamento de álbuns que recuperaram os anos 1980 e 1990 com originalidade e mimetismo surpreendentes – e é claro que Charli não ficaria de fora. Todavia, diferente dos outros, ela se mantém fiel a si mesma e às raízes do PC music que a colocou no centro dos holofotes. Dessa forma, temos a presença da evocativa e sensorial “Lightning”, em que ela “espirala por todo lugar” ao sentir o amor de seu par romântico, aproveitando para destilar suas afeições à eletrônica e à performance robótica de outrora.
7. “NEXT LEVEL CHARLI”
Álbum: Charli
Charli consegue encontrar mensagens metafóricas muito bem articuladas que se provam à frente de seu tempo sem abandonar aspectos nostálgicos, emulando aqueles que sempre lhe inspiraram. Não é surpresa seu álbum homônimo abra com “Next Level Charli”, cuja construção insurge com a impactante e pesada preferência da artista pelos brutos sintetizadores oitentistas, remasterizados com uma verborrágica versificação coming-of-age.
6. “NEW SHAPES”
Álbum: CRASH
A parceria com Christine and the Queens e Caroline Polachek, “New Shapes”, é retumbante e não pensa duas vezes antes de se iniciar com uma impactante profusão de sintetizadores que se aglutina a vocais multiplicados e quase dêiticos. O reflexo oitentista é bem maior na track, principalmente quando paramos para prestar atenção à redundância proposital da bateria e do teclado eletrônico, aliados a uma narrativa divertida e a pincelada de um violino clássico – cortesia da produção conhecida de Lotus IV, que já trabalhou com Zedd e Avicii, por exemplo.
5. “VON DUTCH”
Álbum: BRAT
“Von Dutch” é uma mistura pungente e dançante de electroclash e dance-pop, cuja lírica é uma exploração de um autoempoderamento necessário e que é tradução quase direta da intitulação do álbum ‘BRAT’, com uma repetição antêmica da frase “eu sou sua número 1” (“I’m your number one”), quase funcionando como um epítome que resume as principais mensagens do compilado de originais.
4. “VROOM VROOM”
Álbum: Vroom Vroom
Se há uma música que define o estilo de Charli XCX, esta é a clássica “Vroom Vroom”. Lançada em 2016, a faixa é uma das principais representantes do movimento do PC music e do hyperpop, empregando novas camadas de sonoridade às fórmulas utilizadas ad nauseam pelos artistas mais conhecidos. Contando com a produção da saudosa SOPHIE, que também utilizou a canção para imprimir sua marca na indústria musical, a track mergulha em um pop industrial movido a batidas ressoantes e a sintetizadores propositalmente dissonantes para nos convidar a uma jornada sinestésica e bastante vanguardista.
3. “WHITE MERCEDES”
Álbum: Charli
O álbum ‘Charli’ aposta em seu hibridismo para voltar-se para a década passada em “White Mercedes” – que se configura, sem sombra de dúvida, como uma das melhores faixas. A delineação pop, travestida com certos elementos sintéticos que a tornam bastante diferente do normal. Aliás, se há algo do qual a lead singer foge é a normatização, e essa é a provável razão pela qual opta por não se importar com o que a indústria lhe exija: ela, em uma independência autoproclamada, arquiteta epopeias guiadas pela força descomunal do baixo, da guitarra e de alguns toques que vagamente nos trazem de volta para a atualidade
2. “USED TO KNOW ME”
Álbum: CRASH
Em ‘CRASH’, somos presenteados com um resumão do que a indústria fonográfica foi capaz de fazer, desde a intensa faixa-titular, que abre de forma irrefreável, até a ode ao electro-house e ao power-pop dos anos 2000 com “Used To Know Me”, pegando elementos emprestados de Steve Angello e Laidback Luke com a memorável “Show Me Love”.
1. “TRACK 10”
Álbum: Pop 2
A mixtape ‘Pop 2’ foi a responsável por cimentar a identidade sonora e a importância de Charli como uma das maiores artistas do século – movida pelo desejo de criar arte em vez apenas de emulá-la. E, dentro desse escopo absolutamente incrível, temos “Track 10”, uma de suas investidas mais conceituais e memoráveis, guiada pelo uso impactante de sintetizadores e pela impecável de vocais. Em 2019, Charli se reuniu com Lizzo para a colaboração “Blame It On Your Love”, apresentando uma nova versão da faixa.