No dia de hoje, 21 de junho, a icônica Lana Del Rey, alter-ego artístico de Elizabeth Grant, faz aniversário – e é claro que não deixaríamos essa data passar em branco.
Conhecida por sua impecável qualidade cinemática e por canções cujas narrativas são infundidas com temas melancólicos sobre o preço da fama, o contraste entre o glamour e a apatia e as tragédias românticas, Del Rey tornou-se precursora de um dos movimentos que remariam contra a maré do pop mainstream dos anos 2010 e a colocou no centro dos holofotes por uma persona bastante peculiar. Tendo recebido seis indicações ao Grammy Awards e uma ao Globo de Ouro, a artista é considerada por inúmeros especialistas como um dos nomes mais influentes da música no século XXI.
Para celebrar seu 37º aniversário, preparamos algumas matérias especiais para revisitar a carreira de Lana. A primeira delas seleciona suas dez melhores músicas, desde a memorável “National Anthem” até a recente “Breaking Up Slowly”.
Confira nossas escolhas abaixo e conte para nós qual a sua favorita:
10. “LET ME LOVE YOU LIKE A WOMAN”
Álbum: Chemtrails Over the Country Club
Pouco depois de entregar um dos melhores álbuns do século com ‘Norman Fucking Rockwell!’, Lana retornou com o poético e intimista ‘Chemtrails Over the Country Club’. Dentro da coesa produção, temos a vibrante e narcótica canção “Let Me Love You Like a Woman”, uma continuação digna de suas jornadas reflexivas e sensorialistas, seja pela urgência de seus versos amadurecidos, seja pela produção comandada por Jack Antonoff.
9. “WHITE MUSTANG”
Álbum: Lust for Life
Com ‘Lust for Life’, Del Rey apresentava ao mundo uma nova faceta de sua veia artística – e o álbum exala uma belíssima narrativa intitulada “White Mustang”. A track é movida pelo piano clássico e pelo mergulho em um indie-trap que a colocava a par das tendências musicais que dominavam as paradas no final dos anos 2010. Aqui, temos a utilização sutil das distorções vocais e uma poética invejável, recheada de rimas sagazes e uma teatralidade notável da própria personalidade da cantora.
8. “ARCADIA”
Álbum: Blue Banisters
Em ‘Blue Banisters’, Lana Del Rey desbrava um terreno cinemático e profundamente dramático – e a representação máxima desse respaldo vem com “Arcadia”, cuja carga sentimental transborda em uma teatralidade invejável e que, dentro do que se propõe a fazer, nem ao menos tangencia a imodéstia; marcada por versos como “meu corpo é um mapa de Los Angeles” e “não posso dormir em casa esta noite, me mande para o Hotel Hilton”, Del Rey continua a degustar as próprias metáforas através de uma elegância atemporal que atravessa gerações.
7. “NATIONAL ANTHEM”
Álbum: Born to Die
O penúltimo single de ‘Born to Die’, “National Anthem”, é uma das incursões mais ousadas de Lana – motivo pelo qual ela se encontra na nossa lista. Além da esplêndida produção de Emile Haynie e Jeff Bhasker, a faixa consagra-se como uma remodelação do assassinato de John F. Kennedy, em que a performer encarna uma versão aglutinada de Marilyn Monroe e Jacqueline Kennedy. A rendição da cantora é propositalmente forçada, posando como uma espécie de manequim que almeja à perfeição e a tudo que a sociedade capitalista preza de mais valioso – o dinheiro.
6. “BREAKING UP SLOWLY”
Álbum: Chemtrails Over the Country Club
“Breaking Up Slowly”, uma das mais belas faixas de ‘Chemtrails Over the Country Club’, é uma fenomenal track que merece toda a nossa atenção. Aqui, duas powerhouses, Lana e Nikki Lane, unem-se em uma harmônica química para celebrar a vertente do rock clássico de The Animals (uma das muitas inspirações para a carreira da lead singer).
5. “WITHOUT YOU”
Álbum: Born to Die
Apesar de não ter sida lançada como single, “Without You” certamente é uma das músicas mais memoráveis da carreira de Lana Del Rey. O comedido início, carregado pelos vocais melancólicos da artista, é marcado por batidas repetitivas que logo reverberam em um arranjo experimental que faz ótimo uso da bateria e dos sintetizadores – e vale lembrar que a canção serviu de inspiração sonora para que Taylor Swift dessa vida à sublime “Wildest Dreams”, do álbum ‘1989’.
4. “ULTRAVIOLENCE”
Álbum: Ultraviolence
“Ultraviolence”, faixa do álbum homônimo lançado em 2014, causou uma controvérsia gigantesca quando lançada – mas, até hoje, tais explicações não fazem sentido. Diferente do que certos especialistas comentaram à época, a música não glorifica a violência doméstica, e sim pinta o retrato de uma mulher presa em um relacionamento tóxico, que acredita piamente que seu companheiro não a maltrata por mal (ou seja, incapaz de perceber os abusos que sofre). No topo de tudo isso, temos uma dilacerante reconstrução do rock que explode em um incrível refrão, consagrando a faixa como uma das melhores de sua carreira.
3. “THE GREATEST”
Álbum: Norman Fucking Rockwell!
Movida por inclinações clássicas, a rock-ballad “The Greatest” é uma das melhores investidas da carreira de Lana. A aliança entre baixo e guitarra vem à tona em uma opressiva jornada psicológica que preconiza um icônico solo – sustentando uma performance dramática e narcótica. Ainda que não busque pela transgressão como outras faixas de ‘Norman Fucking Rockwell!’, a faixa tem uma arquitetura impactante o suficiente para ser convidativa e viciante.
2. “HOPE IS A DANGEROUS THING FOR A WOMAN LIKE ME TO HAVE – BUT I HAVE IT”
Álbum: Norman Fucking Rockwell!
No impecável ‘Norman Fucking Rockwell’, Del Rey deixa o melhor para o final com a viciante balada “Hope Is a Dangerous Thing for a Woman Like Me to Have – But I Have It”. A nada menos que ilustra composição é agraciada pelas mágicas habilidades de Jack Antonoff e ergue-se em uma premeditada redundância sonora – uma justaposição de teceduras vocais e simplicidades instrumentais -, respaldada em sagazes referências e um minimalismo conceitual trágico, refratados em uma lapidada e emocionante joia musical.
1. “BORN TO DIE”
Álbum: Born to Die
No subestimado ‘Born to Die’, Lana mergulha de cabeça em uma imagética sonora bastante específica, contrastando com a dominação do EDM que se alastrava pelo cenário fonográfico à época de seu lançamento. E, enquanto o álbum tem inúmeras construções memoráveis e belíssimas, a faixa-titular é que a mais condensa as explorações melancólicas e sinestésicas da performer, unindo-se a colaboradores competentes para arquitetar uma ode à música cinemática, que inclui o acompanhamento dramático das cordas e a fusão inesperada de gêneros.