2023 está prestes a terminar e, como já era de se esperar, nossos artistas favoritos voltaram com tudo para entregar músicas impecáveis.
Desde o retorno de Jessie Ware, Miley Cyrus e Caroline Polachek até a estreia oficial de RAYE, foram várias as canções que dominaram as paradas mundiais e as nossas playlists.
Pensando nisso, preparamos uma breve matéria elencando as 20 melhores músicas do ano.
Confira abaixo as nossas escolhas e conte para nós a sua favorita:
20. “WEEKENDS”, Freya Ridings
Freya Ridings vem ganhando força em solo britânico ano após ano – e, em 2023, entregou uma das melhores incursões musicais com a belíssima e dançante “Weekends”. Brincando com a ambiguidade entre a letra, que discorre sobre solidão e sobre autopercepção, e a sonoridade, que aposta fichas nas mais clássicas referências do disco, a track tem o drama e a teatralidade necessárias para guiar qualquer um que a ouça em uma saborosa jornada.
19. “ATTENTION”, Doja Cat
Desde o final da década passada, Doja Cat se transformou em uma powerhouse como nenhuma outra – e uma de suas habilidades mais invejáveis é o modo como ela reinventa a si própria música a música. Com “Attention”, isso não seria diferente: Doja aposta em uma mistura de hip hop, trip hop e rap que rememora a lendária Lauryn Hill e que traz elementos nostálgicos dos anos 1990 para uma exuberante narrativa de empoderamento e de afeição.
18. “WHAT DO YOU DO?”, Jess Glynne
Após um tempo de pausa em sua carreira, Jess Glynne regressou para o cenário fonográfico com uma canção que provavelmente passou longe de seu radar – mas que merece ser relembrada. “Silly Me” tem início com um melódico baixo que logo dá espaço para a presença potente da percussão e de inclinações para o reggae, tudo enquanto Glynne discorre sobre como foi boba de ter acreditado em alguém que nunca esteve ali, de fato, por ela.
17. “NOTHING YOU CAN TAKE FROM ME”, Rachel Zegler
‘Jogos Vorazes: A Cantiga dos Pássaros e das Serpentes’ se consagrou como um marco da cultura mundial este ano – principalmente por reavivar uma das melhores franquias cinematográficas do século. E, considerando que Rachel Zegler foi escalada como a protagonista Lucy Gray Baird, era apenas natural que ela emprestasse suas incríveis habilidades vocais ao longa-metragem. Foi assim que surgiu a ótima “Nothing You Can Take From Me”, uma mistura de blues e country que casa perfeitamente com o tom do filme e que arrebatou audiências ao redor do mundo com uma poderosa mensagem.
16. “HOLD ON TIGHT”, aespa
O filme ‘Tetris’ estreou em março deste ano na Apple TV+ e, além da instigante história, veio acompanhado de uma trilha sonora impecável – incluindo a faixa original “Hold on Tight”, do grupo sul-coreano aespa. A faixa explode no melhor do synth-pop dos anos 1980, pincelada com tons que fazem parte do próprio jogo. O resultado é simplesmente espetacular, com todos os elementos que esperaríamos desse grupo e uma infusão dançante e impactante que precisa estar na sua playlist.
15. “RUNNING OUT OF TIME”, Paramore
Em “Running Out of Time”, a banda Paramore traz o math rock de volta e se alia a um experimentalismo conceitual que parte desde o fraseamento vocal ao vibrante emplastro sonoro que não segue quaisquer regras – e que critica a efemeridade do tempo, cujo conceito foi, de fato, inventado por um capitalismo predatório que nos mantém reféns do relógio e da produtividade exacerbada. Aqui, a vocalista Hayley Williams inclusive aproveita para quebrar a quarta parede em uma reflexão metalinguística, convidando o ouvinte agente ativo da própria experiência fonográfica.
14. “LOGICAL”, Olivia Rodrigo
A mística e letárgica mistura de folk e dream-pop de “logical” é excruciante do começo ao fim: aqui, Olivia deixa que as frustrações de seu eu-lírico sejam exprimidas como ela bem entenda, permitindo que seu arrependimento fique marcado como um crucial coming-of-age. As impactantes notas do piano retornam como uma de suas marcas registradas, à medida que ela adentra o refrão com a pungente frase ” você me faz pensar: 2 + 2 = 5, e eu sou o amor da sua vida”.
13. “OSCAR WINNING TEARS.”, RAYE
No álbum de estreia de RAYE, somos introduzidos à antêmica semi-balada “Oscar Winning Tears”, que funde incursões orquestrais ao trap-hop e ao R&B, discorrendo sobre um ex-amante que trouxe muita dor à sua vida e que tentou se transformar na vítima (“Baby, siga em frente e chore suas lágrimas dignas de Oscar” tem tudo para se tornar uma das tendências de 2023, principalmente por seu teor sarcástico). E, enquanto a acética composição é um dos pontos altos, são os vocais da artista que explodem em uma rendição impecável e arrepiante.
12. “YOU”, Miley Cyrus
A ambientação antêmica de ‘Endless Summer Vacation’, novo álbum de Miley Cyrus, é contínua em sua completude e ganha camadas inesperadas com a faixa “You”. Embebida em uma celebração da independência e do amor verdadeiro, em que ela sabe que não precisa de alguém para completá-la, mas sim transbordá-la, a canção nos chama atenção pelos vocais e pela simplicidade instrumental (cortesia da produção de Jonny Coffer e J Moon). Temos bateria, violão, piano e baixo em uma rendição inenarrável e transcendente, traçando similaridades com Bonnie Tyler e SZA, por exemplo.
11. “RUSH”, Troye Sivan
Troye Sivan vem se provando como um powerhouse da música mainstream nos últimos anos e, em 2023, aproveitou para entregar o que apenas podemos considerar como o melhor álbum de sua carreira, intitulado ‘Something to Give Each Other’. E é claro que a produção viria acompanhada de um impecável lead single, “Rush”, que logo conquistou a crítica e os ouvintes por sua sensual produção house-pop e sua lírica hedonista e escapista que abre espaço para incursões sobre sexo, tesão e paixão ardente.
10. “VEGAS HIGH”, Kylie Minogue
Três anos depois de nos ter convidado a uma viagem no tempo com ‘Disco’, Kylie Minogue voltou com tudo ao cenário fonográfico com o antecipado ‘Tension’. Além de ter se tornado um sucesso crítico e comercial, o 16º álbum da princesa do pop australiana emergiu como um testamento para sua carreira, contando com faixas impecáveis – incluindo “Vegas High”, que nos arremessa para os anos 1990 e nos reencontra com ATC e Cascada para uma erupção vulcânica do club techno, regado a sintetizadores e a um refrão antêmico, declamatório e que preza pelo carpe diem, pela vivência do momento e pela efemeridade do agora.
9. “BEAUTIFUL PEOPLE”, Jessie Ware
Ao que tudo indicava, Jessie Ware planejava se aposentar da música depois de sua última incursão em 2020 – que entrou para nossas listas de Melhores do Ano e Melhores do Século. Felizmente, ela resolveu dar continuidade à sua carreira recheada de brilho e, dentro do espetacular ‘That! Feels Good!’, “Beautiful People” é facilmente uma das melhores da carreira da cantora: a faixa evoca um sentimento quase didático sobre como deixar os problemas descansarem e abraçar a noite (e ninguém poderia ter entregado os versos “sirva um drinque; mistura sua felicidade com tormento – tão doce” como ela).
8. “THE THRILL IS GONE.”, RAYE
Depois de muito esperar, a incrível RAYE fez sua estreia oficial no mundo da música com o exuberante ‘My 21st Century Blues’ – conseguindo se conectar com um público abrangente, que não necessariamente se restringe apenas à nova geração. Os motes que guiam as tracks são universais, transformados em acepções particulares; nesse âmbito, temos a explosão do funk de “The Thrill Is Gone” (considerada por este que vos escreve como a melhor faixa do álbum), navegando em movimentos de contração e dilatação e em uma narrativa de um relacionamento tóxico que precisa acabar – além de fazer uma reverência a Prince e a James Brown em cada uma das notas tocadas.
7. “HOUDINI”, Dua Lipa
Em 2020, Dua Lipa havia causado um grande impacto na cultura pop com o lançamento de ‘Future Nostalgia’, que lhe rendeu uma indicação ao Grammy de Álbum do Ano. Agora, a artista está pronta para sua próxima fase da carreira e nos presenteou este ano com “Houdini”, lead single de seu vindouro terceiro álbum de estúdio. A produção traz elementos dos anos 1980, mas mergulha no ítalo-disco eternizado por Giorgio Moroder e no electro-pop de seus primeiros anos de carreira para nos guiar em uma dançante e narcótica narrativa musical.
6. “WHAT WAS I MADE FOR?”, Billie Eilish
Quando Billie Eilish foi anunciada como uma das artistas do compilado de músicas originais que integrariam o filme ‘Barbie’, já sabíamos que a múltipla vencedora do Grammy traria mais uma potente balada à sua discografia. O resultado emergiu com a tocante e emotiva “What Was I Made For?”, uma faixa que carrega inúmeras referências a reflexões sobre o próprio eu e sobre as crises de identidade que temos ao longa da vida – possivelmente lhe garantindo mais uma indicação ao Oscar e, quiçá, sua segunda estatueta da premiação.
5. “THE GRUDGE”, Olivia Rodrigo
Já ficou bem claro que Rodrigo não tem nenhum problema em dizer o que pensa, principalmente com os títulos de suas músicas – e “the grudge” não é nenhuma exceção. Traduzida para “o ressentimento”, a música permite que a cantora construa uma ponte estrutural com “drivers license” de maneira poética e que acrescenta mais uma obra-prima à sua jovem carreira. Aqui, ela pondera o término de um relacionamento que ainda machuca e que culmina com alguns dos versos mais dilacerantes da memória recente (“é preciso de força para perdoar, mas não me sinto forte”).
4. “SUNSET”, Caroline Polachek
Em “Sunset”, Caroline Polachek mostra que não se importa em encabeçar incursões mais mercadológicas, seguindo o panorama clássico das músicas pop à medida que delineia aspectos latinos com o flamenco e o violão espanhol e fala sobre o conforto que sente nos braços daquele que ama; entretanto, é preciso comentar que, mesmo adotando uma perspectiva mais familiar, ela não deixa de colocar sua identidade nos versos, como em “estou usando preto em luto pela perda súbita da inocência”.
3. “CONTACT”, Kelela
Seis anos depois de sua estreia oficial no mundo da música, Kelela voltou com o impecável ‘Raven’ – e, dentre as múltiplas faixas que nos chamam a atenção, “Contact” é a que melhor representa as mensagens que a cantora e compositora quer nos entregar. A faixa é uma narcótica viagem ao passado, sustentada por inflexões do house, do EDM e do disco em uma sensual e incrível jornada – que pega elementos mais contemporâneos, como os explorados por Azealia Banks e Beyoncé.
2. “BEGIN AGAIN”, Jessie Ware
Três anos depois da espetacular obra-prima ‘What’s Your Pleasure’, Jessie Ware voltou para nos agraciar com mais uma impecável jornada pela música com ‘That! Feels Good!’, uma ode ao prazer e à alegria que caminha por inúmeros estilos musicais que nos arremessam diretamente à pista de dança. E um dos carros-chefe do compilado é “Begin Again”, uma deliciosa e operística gama de elementos conflituosos que criam mágica através de uma trama hedonista e cheia de paixão – e que traz, inclusive, elementos brasileiros da bossa nova.
1. “A&W”, Lana Del Rey
O destaque de ‘Did You Know That There’s a Tunnel Under Ocean Blvd.’, oitavo álbum de Lana Del Rey, destina-se à “A&W”. A música, lançada como segundo single do compilado, ergue-se sobre uma estrutura indie-country melodramática, comungando com os belíssimos vocais abafados de Lana e sua intrínseca conexão com a arte que faz com tanto esmero. O enredo é centrado em uma profunda crítica aos estereótipos de gênero que ainda estão enraizados na sociedade – além de lançar-se a uma análise sociopolítica da vida das mulheres. E nada (repito, nada) poderia nos preparar para a brusca mudança do americana para um sensual trap-pop que traz o melhor de Del Rey à tona e nos relembra o motivo de termos nos apaixonado por ela tantos anos atrás.