Ano após ano, a comunidade LGBTQIA+ ganha mais representatividade no cenário mainstream, conquistando um espaço que, poucas décadas atrás, era confinado a um papel coadjuvante e estereotipado.
Ainda que existam vários pontos que precisam ser melhorados, principalmente em relação às pessoas não-binárias e às pessoas transexuais, é notável como os personagens, título a título, se tornam mais complexos, críveis e com problemas pessoais que vão para além do preconceito enraizado, espalhando-se para obstáculos cotidianos através dos quais os memebros dessa comunidade se sentem representados.
Pensando nisso, preparamos uma breve lista elencando as melhores produções LGBTQIA+ de 2025 até agora, celebrando o fim de um primeiro semestre que vêm nos entregando algumas joias audiovisuais da contemporaneidade.
Confira abaixo as nossas escolhas e conte para nós qual a sua favorita:
5. UM TERROR DE PARENTES
Apesar de nem sempre funcionar, a comédia sobrenatural ‘Um Terror de Parentes’ é sólida o suficiente para nos satisfazer, ainda mais contando com atores que desfrutam de uma química irretocável nas telas. Apresentando uma narrativa centrada em um casal gay cujos pais ainda não se conheceram – e cujos problemas vão ganhando espaço dia após dia – o filme traz fórmulas do gênero remodeladas em uma modernização interessante e que se afasta de quaisquer possíveis estereótipos.
A trama acompanha os namorados Josh e Rohan, que planejam um fim de semana para apresentar seus pais, apenas para descobrir que o imóvel alugado é o lar de um poltergeist de 400 anos. Lidando com a presença mortal dessa aparição vingativa, os dois também enfrentam obstáculos internos entre as duas famílias e entre si próprios.
4. MID-CENTURY MODERN
Trazendo referências claras a ‘Supergatas’ e ‘No Calor de Cleveland’, ‘Mid-Century Modern’ chegou ao catálogo do Disney+ sem muito barulho – e sagrando-se como uma das joias da comédia de 2025. Apostando fichas nos tropos das sitcoms, mas contando com uma originalidade inesperada e o coração no lugar certo, a atração é guiada pela química exemplar e muito envolvente de Nathan Lane, Matt Bomer e Nathan Lee Graham, que lidam com as constantes e irrefreáveis mudanças da vida para se reencontrarem como membros da comunidade queer através de pautas importantes e necessárias.
Criada por Max Mutchnick e David Kohan, além de contar com Linda Lavin em seu último papel antes de falecer, a trama acompanha três melhores amigos gays que, após uma morte inesperada, decidem aproveitar seus anos dourados juntos na ensolarada Palm Springs, onde o mais rico mora com sua mãe.
3. OS BUCANEIROS – 2ª TEMPORADA
Recém-chegada ao catálogo da Apple TV+, ‘Os Bucaneiros’ mantém o alto nível de qualidade da temporada anterior com uma leva de episódios inéditos que continua explorando temas sáficos, trazendo mais camadas ao relacionamento entre Mabel Elmsworth e Honoria Marable – e fazendo isso ao nos levar a uma propositalmente anacrônica remodelação da história, ambientada na Idade Dourada no século XIX.
Para aqueles que não conhecem, a trama acompanha um grupo de jovens americanas que adora diversão invade a tradicional Londres de 1870 e dá início a um choque cultural anglo-americano. Agora, elas já não são mais invasoras – a Inglaterra é seu novo lar. Na verdade, elas praticamente comandam o lugar. Forçadas a amadurecer, as jovens agora lutam para serem ouvidas, enfrentando romances, desejos, ciúmes, nascimentos e perdas, temas que atravessam a vida de cada uma das mulheres – não importa a época.
2. MUITO ESFORÇADO
Benito Skinner deu vida a uma série incrível com ‘Muito Esforçado’, inspirando-se na própria vida para discorrer sobre uma questão que é comum a quase toda a comunidade LGBTQIA+: o momento da autodescoberta. Enclausurado em um vórtice de não querer decepcionar todos que sempre estiveram a seu lado, Skinner navega pelas atribulações da faculdade de maneira hilária e despojada, contando com um time impecável de atores que inclui Wally Baram, Mary Beth Barone, Adam DiMarco, Connie Britton, Kyle Maclachlan e outros.
Uma grata surpresa disponível no Prime Video, a narrativa funciona como uma jocosa declaração pessoalista e íntima que é analisada sob uma ótica original e, ao mesmo tempo, recheada de incursões clássicas do gênero. Os oito capítulo que integram a primeira temporada passam em um piscar de olhos e nos deixam ansiosos para um provável segundo ciclo que, com certeza, tem muito a nos contar.
1. HOMEM COM H
“Quando eu for ‘viado’, o mundo todo vai ficar sabendo”.
A cinebiografia de Ney Matogrosso, ‘Homem com H’, serviu como lembrete não apenas do impacto de um dos artistas mais únicos e irreverentes da história do Brasil, mas do poder das histórias que eternizamos no nosso cenário audiovisual. Aqui, Jesuíta Barbosa faz um trabalho irretocável ao encarnar os trejeitos, as expressões e o modo de enxergar vida de um artista que quebrou tabus de gênero e nunca teve medo de enfrentar obstáculos – e que imortalizou uma estética andrógina que seria abraçada por incontáveis performers contemporâneos.
Comandado por Esmir Filho, o longa é uma grata surpresa que faz jus ao legado e à arte de Matogrosso – contando com atuações irretocáveis e um comprometimento estético e criativo que deixa nossos olhos mareados mesmo depois dos créditos de encerramento subirem à tela.