sábado , 28 dezembro , 2024

As Trágicas Versões de ‘Dumbo’

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A história do elefantinho Dumbo é amada por crianças e adultos ao redor do mundo. De volta aos cinemas, agora em uma versão Live Action, o paquiderme voador segue à risca uma característica básica inerente a todas as versões do conto de Dumbo: a vida trágica do animal de circo.

Neste texto, vamos comparar as três versões mais famosas: a animação da Disney , o Live Action e a história real. Já aviso de pronto que é uma matéria bastante triste e pode afetar aos mais sensíveis. Como o filme já estreou há algumas semanas, vamos colocar alguns pequenos spoilers no texto. Então fique ligado. Confira!



Lançado em 1941, Dumbo foi um verdadeiro fenômeno da Disney. A animação contava a história do filhote da Senhora Jumbo, que nascia com orelhas gigantes. Diferente dos outros elefantes do circo, o pequeno Dumbo não era admirado nem popular entre as crianças. Suas orelhas, na verdade, eram motivo de chacota da plateia, que ria dele e jogava coisas contra ele e quem mais estivesse dividindo o picadeiro com o elefantinho.

A reação negativa do público causou a ira dos outros elefantes, que se sentiam ofendidos e consideravam a existência de Dumbo uma ofensa à raça. Deprimido, isolado e ofendido, Dumbo só encontra conforto em sua Mãe, a Senhora Jumbo, capaz de fazer qualquer coisa para proteger seu bebê, e no Ratinho Timóteo, uma espécie de Rato Empreendedor.

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Certo dia, durante um perigoso número de Circo, a Senhora Jumbo intervém e acaba destruindo o picadeiro. Ela é afastada do bebê e dos outros elefantes. Agora em uma gaiola, a Senhora Jumbo é tratada como “Elefante Louco”.

Nesse período, Dumbo passa a viver com Timóteo, que descobre uma coisa impressionante: as orelhas do elefantinho o permitem voar! Para aumentar a confiança de Dumbo, o ratinho dá uma “Pena Mágica” que o auxilia no voo. Com a habilidade do Voo, Dumbo se vinga dos artistas do circo e os humilha em frente a todo o público.

O número acaba sendo um sucesso e um dos palhaços deixa sua bebida (alcoólica) cair na vasilha de água de Dumbo. Bêbado, o elefante tem um pesadelo terrível e acorda em uma árvore. Diante da situação de risco, e sem a Pena Mágica, ele busca sua autoconfiança para enfim voar de vez e rumar ao estrelato, como o único elefante voador do mundo.

O filme termina com Dumbo e Timóteo milionários, viajando o país com o circo, enquanto a Senhora Jumbo viaja num vagão de luxo no trem. Rico, tendo dado a volta por cima da humilhação e com sua mãe de volta numa situação confortável, a vida parece enfim ter sorrido para Dumbo.

Essa é a versão mais famosa, que conquistou o coração de milhões de crianças ao longo dos anos, inclusive de Angelina Jolie, que afirmou chorar toda vez que vê a cena na qual Dumbo aceita sua aparência e alça voo.

 

 

No Live Action, dirigido por Tim Burton, temos a história da animação contada em mais ou menos 20 minutos. Mas a situação ganha contornos dramáticos com os eventos que sucedem o voo do sucesso de Dumbo. Nesta versão, o Elefantinho Voador chama a atenção de um bem-sucedido Empresário, que vem de encontro ao dono do circo (Danny DeVito) para fazer uma proposta irrecusável.

O empresário, que tem um jeitão de Walt Disney do mal, é interpretado pelo polivalente Michael Keaton. Após ter a oferta de compra de Dumbo negada, ele decide comprar o circo inteiro. Levando a trupe para seu parque, eles fazem ensaios com Dumbo para que ele seja uma grande estrela. Mas as coisas fogem de controle quando o elefantinho sai voando em sua primeira apresentação. O motivo? Ele descobriu que sua mãe (que diferente da animação, fora vendida após o lance do Elefante Louco) estava sendo exibida em uma outra atração, como um monstro terrível.

De volta à tromba de sua mãe, Dumbo causa um tumulto no Parque. O empresário decide então sacrificar a Senhora Jumbo para evitar mais problemas. Os artistas do circo descobrem o plano de matar a elefanta e se unem para salvar Dumbo e sua mãe. Eles fazem um plano que culmina num incêndio que devasta o parque inteiro.

No final, Dumbo e Senhora Jumbo voltam para a Ásia, onde passam a viver em liberdade com outros elefantes num tipo de santuário.

Mas se vocês acharam que as versões da ficção sofreram, vocês não fazem ideia do que o Dumbo da vida real enfrentou.

Capturado em 1862, na Etiópia, o bebê elefante teve sua mãe morta e foi levado para a França numa viagem mortal. Ao chegar quase morto a Paris, seu comprador decidiu vendê-lo para um Zoológico Britânico. Como ele era um elefante africano, algo muito raro de ser visto na Europa, considerando que os elefantes asiáticos eram menores e mais dóceis, os ingleses foram à loucura com a aquisição.

Chamado de Jumbo, que significa “Olá!” em Suaíli, a primeira atitude do zoológico foi chamar um treinador para colocar o elefantinho na linha. É aí que entra Matthew Scott, que se dedicou demais ao Jumbo. Ele chegou a dormir na mesma cela que Jumbo por vários meses. Dessa forma, Scott conquistou a confiança e amizade de Jumbo.

Recuperado, Jumbo rapidamente virou a maior atração de Londres. Pessoas vinham de todo lugar para vê-lo e fazer passeios montados em suas costas. Ele era tão amado pelo povo do zoológico que as pessoas, além das moedas pagas a Matthew pelo passeio, davam tortas de presente ao elefante.

Mas, infelizmente, essa combinação causou muitos problemas na vida do paquiderme. O transporte de pessoas fez com que seus ossos e cartilagens desgastassem muito mais rápido, causando muita dor a ele. Além disso, as tortas apodreceram seus dentes e o deixaram com um comportamento bipolar. Ele era dócil com as crianças pela manhã, mas tinha gigantes acessos de raiva à noite, causados pelas fortes dores que ele sentia.

Matthew surgiu com uma solução incomum e antiética: dar Whisky para o elefante que, bêbado, ficava narcotizado e diminuía o estresse.

Temendo pelo pior, o dono do zoológico decidiu vender Jumbo. O Rei do Show circense, o infame P.T. Barnum, vai atrás e compra o elefante em uma transação ridiculamente cara. Para vocês terem uma ideia, fazendo a correção monetária, o valor pago pelo elefante foi praticamente o mesmo que o PSG pagou por Neymar na maior transação da história do futebol. O povo londrino ficou revoltado e fez vários protestos. Em uma cena emblemática, Jumbo se recusou a entrar na caixa que iria transportá-lo para Nova York.

Nos Estados Unidos, P.T., famoso por suas pilantragens e picaretagens, começou a espalhar cartazes com Jumbo e os dizeres: “A Maior Criatura da Terra!”. Jumbo era, de fato, um animal de três metros, mas longe do tamanho colossal dos cartazes de Barnum. Mas a verdade pouco importava no circo e o elefante caiu nas graças do povo Novaiorquino.

Em 1885, aos 24 anos, Jumbo foi atropelado por um trem enquanto subia em seu vagão. A pancada causou uma hemorragia pesada no elefante, que sangrou até a morte. Visando obter publicidade e recuperar parte do dinheiro investido, P.T. Barnum vendeu a história de que ele teria morrido ao salvar um bebê elefante de ser atropelado.

Com isso, ele também vendeu os ossos para estudo e o resto do corpo para taxidermistas. Em seu último grande “milagre”, Jumbo teve seu estômago aberto, onde encontraram mais de 300 moedas dadas para que Matthew conduzisse os visitantes do Zoológico de Londres nas costas de Jumbo.

Ele teve uma vida triste, humilhante e incrivelmente curta. Na natureza, elefantes africanos podem chegar até 70 anos. Jumbo se foi aos 24.

 

Não importa qual a versão, o sofrimento do elefantinho de circo é a trama central de Dumbo. Atualmente, animais são proibidos de atuarem em circos. Esperamos que histórias como a do elefante Jumbo possam permanecer no passado para sempre.

 

Dumbo está em cartaz em todo o Brasil.

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Pedro Sobreirohttp://cinepop.com.br/
Jornalista apaixonado por entretenimento, com passagens por sites, revistas e emissoras como repórter, crítico e produtor.

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A história do elefantinho Dumbo é amada por crianças e adultos ao redor do mundo. De volta aos cinemas, agora em uma versão Live Action, o paquiderme voador segue à risca uma característica básica inerente a todas as versões do conto de Dumbo: a vida trágica do animal de circo.

Neste texto, vamos comparar as três versões mais famosas: a animação da Disney , o Live Action e a história real. Já aviso de pronto que é uma matéria bastante triste e pode afetar aos mais sensíveis. Como o filme já estreou há algumas semanas, vamos colocar alguns pequenos spoilers no texto. Então fique ligado. Confira!

Lançado em 1941, Dumbo foi um verdadeiro fenômeno da Disney. A animação contava a história do filhote da Senhora Jumbo, que nascia com orelhas gigantes. Diferente dos outros elefantes do circo, o pequeno Dumbo não era admirado nem popular entre as crianças. Suas orelhas, na verdade, eram motivo de chacota da plateia, que ria dele e jogava coisas contra ele e quem mais estivesse dividindo o picadeiro com o elefantinho.

A reação negativa do público causou a ira dos outros elefantes, que se sentiam ofendidos e consideravam a existência de Dumbo uma ofensa à raça. Deprimido, isolado e ofendido, Dumbo só encontra conforto em sua Mãe, a Senhora Jumbo, capaz de fazer qualquer coisa para proteger seu bebê, e no Ratinho Timóteo, uma espécie de Rato Empreendedor.

Certo dia, durante um perigoso número de Circo, a Senhora Jumbo intervém e acaba destruindo o picadeiro. Ela é afastada do bebê e dos outros elefantes. Agora em uma gaiola, a Senhora Jumbo é tratada como “Elefante Louco”.

Nesse período, Dumbo passa a viver com Timóteo, que descobre uma coisa impressionante: as orelhas do elefantinho o permitem voar! Para aumentar a confiança de Dumbo, o ratinho dá uma “Pena Mágica” que o auxilia no voo. Com a habilidade do Voo, Dumbo se vinga dos artistas do circo e os humilha em frente a todo o público.

O número acaba sendo um sucesso e um dos palhaços deixa sua bebida (alcoólica) cair na vasilha de água de Dumbo. Bêbado, o elefante tem um pesadelo terrível e acorda em uma árvore. Diante da situação de risco, e sem a Pena Mágica, ele busca sua autoconfiança para enfim voar de vez e rumar ao estrelato, como o único elefante voador do mundo.

O filme termina com Dumbo e Timóteo milionários, viajando o país com o circo, enquanto a Senhora Jumbo viaja num vagão de luxo no trem. Rico, tendo dado a volta por cima da humilhação e com sua mãe de volta numa situação confortável, a vida parece enfim ter sorrido para Dumbo.

Essa é a versão mais famosa, que conquistou o coração de milhões de crianças ao longo dos anos, inclusive de Angelina Jolie, que afirmou chorar toda vez que vê a cena na qual Dumbo aceita sua aparência e alça voo.

 

 

No Live Action, dirigido por Tim Burton, temos a história da animação contada em mais ou menos 20 minutos. Mas a situação ganha contornos dramáticos com os eventos que sucedem o voo do sucesso de Dumbo. Nesta versão, o Elefantinho Voador chama a atenção de um bem-sucedido Empresário, que vem de encontro ao dono do circo (Danny DeVito) para fazer uma proposta irrecusável.

O empresário, que tem um jeitão de Walt Disney do mal, é interpretado pelo polivalente Michael Keaton. Após ter a oferta de compra de Dumbo negada, ele decide comprar o circo inteiro. Levando a trupe para seu parque, eles fazem ensaios com Dumbo para que ele seja uma grande estrela. Mas as coisas fogem de controle quando o elefantinho sai voando em sua primeira apresentação. O motivo? Ele descobriu que sua mãe (que diferente da animação, fora vendida após o lance do Elefante Louco) estava sendo exibida em uma outra atração, como um monstro terrível.

De volta à tromba de sua mãe, Dumbo causa um tumulto no Parque. O empresário decide então sacrificar a Senhora Jumbo para evitar mais problemas. Os artistas do circo descobrem o plano de matar a elefanta e se unem para salvar Dumbo e sua mãe. Eles fazem um plano que culmina num incêndio que devasta o parque inteiro.

No final, Dumbo e Senhora Jumbo voltam para a Ásia, onde passam a viver em liberdade com outros elefantes num tipo de santuário.

Mas se vocês acharam que as versões da ficção sofreram, vocês não fazem ideia do que o Dumbo da vida real enfrentou.

Capturado em 1862, na Etiópia, o bebê elefante teve sua mãe morta e foi levado para a França numa viagem mortal. Ao chegar quase morto a Paris, seu comprador decidiu vendê-lo para um Zoológico Britânico. Como ele era um elefante africano, algo muito raro de ser visto na Europa, considerando que os elefantes asiáticos eram menores e mais dóceis, os ingleses foram à loucura com a aquisição.

Chamado de Jumbo, que significa “Olá!” em Suaíli, a primeira atitude do zoológico foi chamar um treinador para colocar o elefantinho na linha. É aí que entra Matthew Scott, que se dedicou demais ao Jumbo. Ele chegou a dormir na mesma cela que Jumbo por vários meses. Dessa forma, Scott conquistou a confiança e amizade de Jumbo.

Recuperado, Jumbo rapidamente virou a maior atração de Londres. Pessoas vinham de todo lugar para vê-lo e fazer passeios montados em suas costas. Ele era tão amado pelo povo do zoológico que as pessoas, além das moedas pagas a Matthew pelo passeio, davam tortas de presente ao elefante.

Mas, infelizmente, essa combinação causou muitos problemas na vida do paquiderme. O transporte de pessoas fez com que seus ossos e cartilagens desgastassem muito mais rápido, causando muita dor a ele. Além disso, as tortas apodreceram seus dentes e o deixaram com um comportamento bipolar. Ele era dócil com as crianças pela manhã, mas tinha gigantes acessos de raiva à noite, causados pelas fortes dores que ele sentia.

Matthew surgiu com uma solução incomum e antiética: dar Whisky para o elefante que, bêbado, ficava narcotizado e diminuía o estresse.

Temendo pelo pior, o dono do zoológico decidiu vender Jumbo. O Rei do Show circense, o infame P.T. Barnum, vai atrás e compra o elefante em uma transação ridiculamente cara. Para vocês terem uma ideia, fazendo a correção monetária, o valor pago pelo elefante foi praticamente o mesmo que o PSG pagou por Neymar na maior transação da história do futebol. O povo londrino ficou revoltado e fez vários protestos. Em uma cena emblemática, Jumbo se recusou a entrar na caixa que iria transportá-lo para Nova York.

Nos Estados Unidos, P.T., famoso por suas pilantragens e picaretagens, começou a espalhar cartazes com Jumbo e os dizeres: “A Maior Criatura da Terra!”. Jumbo era, de fato, um animal de três metros, mas longe do tamanho colossal dos cartazes de Barnum. Mas a verdade pouco importava no circo e o elefante caiu nas graças do povo Novaiorquino.

Em 1885, aos 24 anos, Jumbo foi atropelado por um trem enquanto subia em seu vagão. A pancada causou uma hemorragia pesada no elefante, que sangrou até a morte. Visando obter publicidade e recuperar parte do dinheiro investido, P.T. Barnum vendeu a história de que ele teria morrido ao salvar um bebê elefante de ser atropelado.

Com isso, ele também vendeu os ossos para estudo e o resto do corpo para taxidermistas. Em seu último grande “milagre”, Jumbo teve seu estômago aberto, onde encontraram mais de 300 moedas dadas para que Matthew conduzisse os visitantes do Zoológico de Londres nas costas de Jumbo.

Ele teve uma vida triste, humilhante e incrivelmente curta. Na natureza, elefantes africanos podem chegar até 70 anos. Jumbo se foi aos 24.

 

Não importa qual a versão, o sofrimento do elefantinho de circo é a trama central de Dumbo. Atualmente, animais são proibidos de atuarem em circos. Esperamos que histórias como a do elefante Jumbo possam permanecer no passado para sempre.

 

Dumbo está em cartaz em todo o Brasil.

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Pedro Sobreirohttp://cinepop.com.br/
Jornalista apaixonado por entretenimento, com passagens por sites, revistas e emissoras como repórter, crítico e produtor.

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