O feriado da Páscoa, dentro da crença cristã, representa o renascimento. Uma nova chance para o bem, já que marca a ressurreição de Jesus três dias após ser crucificado no Calvário. Como personagem bíblico, Jesus já foi retratado inúmeras vezes nos cinemas de maneira visceral, respeitosa, metafórica ou até mesmo satírica. Reunimos nesta matéria algumas das versões de Jesus Cristo nos cinemas.
Claude Heater
Remake de um filme de 1925 e baseado na novela Ben-Hur: A História de Cristo, a versão histórica de Ben-Hur é um épico sem precedentes que enfileirou impressionantes 11 estatuetas do Oscar de 1960, sendo até o maior vencedor da premiação (junto a Titanic e O Senhor dos Anéis: O Retorno do Rei, ambos também com 11). Foi o filme mais caro da época e contava a história do príncipe Judah Ben-Hur, que é condenado a ser escravo. Em seu caminho, Ben-Hur vira escravo, liberta os escravos, se torna campeão de corrida de bigas, retorna para casa, sofre um duro golpe, se vinga em uma corrida de bigas lendária, e buscando auxílio para quem ama, acaba presenciando a crucificação de Jesus Cristo. É um filmaço com o mais alto selo de qualidade. Nesta versão, Jesus é vivido por Claude Heater.
Willem DafoeDirigido pelo lendário Martin Scorsese, A Última Tentação de Cristo é um dos filmes mais controversos da história do cinema. Baseado em um livro homônimo dos anos 50, a trama mostra Jesus como uma figura extremamente humana, cheia de medos, questionamentos e sujeito a tentações. Jesus Cristo, vivido pelo excêntrico Willem Dafoe, então ganha um viés revolucionário e até mesmo sujeito a contrariar certas expectativas de Deus, como a de se manter casto. O filme não foi aceito pela comunidade cristã americana, que fez um pesado boicote à obra.
Christian BaleO Batman da trilogia de Christopher Nolan já se mostrou ser um ator ridiculamente versátil, chegando a ficar famoso por suas transformações físicas incríveis. Em Maria, Mãe de Jesus, um filme feito para TV, vemos a história de Jesus Cristo pelos olhos de sua mãe, Maria, uma adolescente de 16 anos que se vê grávida do messias. Neste drama, Bale vive Jesus e ressalta o tempo toda a importância de Maria na história do filho de Deus.
Will FerrellSuperstar: Despenca Uma Estrela está longe de ser uma boa comédia e mais longe ainda de ser um bom filme. Baseado em uma esquete do Saturday Night Live, o longa da esquisitona Mary, uma estudante de um colégio católico, que sonha em encontrar seu lugar na turma e virar uma estrela de cinema. Seus parentes não apóiam a decisão, mas influenciada por Jesus (Will Ferrell) em uma visão, ela faz um teste para tentar ser figurante de Hollywood.
Maurício GonçalvesObra prima da literatura e do cinema nacional, O Auto da Compadecida é um daqueles filmes que quando estão passando na TV, você para o que estava fazendo, assiste – mais uma vez – e se diverte como se estivesse assistindo pela primeira vez. É uma obra que mostra a dura vida do sertão nordestino pela visão dos vigaristas Chicó e João Grilo. No clímax do filme, João e seus conhecidos são julgados por Jesus Cristo, Satanás e Maria. Interpretado por Maurício Gonçalves, este é o único Jesus negro da lista. Fato esse que rende até brincadeiras de João Grilo na história.
Jim CaviezelDirigido por Mel Gibson, A Paixão de Cristo é um filme extremamente violento, todo falado em hebraico, que mostra as últimas 12 horas de vida de Jesus Cristo, interpretado brilhantemente por Jim Caviezel. É um longa que agrada alguns fieis e também aos fãs do cinema gore. As cenas prezam em mostrar o quanto Jesus sofreu física e mentalmente em seus últimos dias. É bastante triste e gráfico, não sendo recomendado para aqueles que não possuem estômago forte.
Liam NeesonEssa aqui é controversa, mas achei pertinente entrar na lista por ser uma representação linda. Em As Crônicas de Nárnia: o Leão, a Feiticeira e o Guarda-roupas, o Leão Aslan, é imponente, sábio, poderoso, compreensivo, humilde e justo. Filho do Imperador-sobre-o-mar, Aslan é praticamente uma alegoria a Jesus Cristo (se há alguma dúvida, relembre sua morte e ressurreição na Mesa de Pedra, na qual ele se entrega para que seu povo tenha chance de viver e passa por diversas humilhações antes de ser morto). No entanto, o autor da obra, C.S. Lewis – um cristão fervoroso – foi mais além. Ele nunca disse que Aslan era uma alegoria para o Jesus que conhecemos, mas que o Leão seria o Jesus Cristo de Nárnia. No filme distribuído pela Disney, Aslan foi vivido por Liam Neeson.
Constante fonte de memes da internet dos anos 10, o visual messiânico de Obi Wan Kenobi rendeu diversas imagens hilárias de avós rezando para a imagem de Ewan McGregor que, convenhamos, parecia mesmo com a visão eurocêntrica de Jesus Cristo. Porém, em 2015, o sonho de ver Ewan como Jesus aconteceu no FILMAÇO Últimos Dias no Deserto, que faz uma verdadeira análise psicológica de Jesus e de Satanás durante as tentações nos 40 dias que o Messias passou no deserto, enquanto reflete sobre o motivo da Criação. É uma versão que humaniza seus personagens, principalmente o demônio, que ganha ares humanistas, enquanto Jesus passa por maus bocados enquanto tenta defender uma família no deserto e resistir às tentações e questionamentos feitos a respeito de seu pai, Deus.
Rodrigo SantoroNo dispensável remake de 2016 do clássico imortal Ben-Hur, o brasileiro Rodrigo Santoro foi escalado para viver Jesus Cristo. A trama é a mesma do clássico de 1959, que segue até hoje como recordista do Oscar. Tendo todo esse peso nas costas, fica o questionamento de como alguém aprovou esse remake, ainda mais tendo o filme original envelhecido tão bem.
Joaquin PhoenixNo drama de 2018, Maria Madalena, o versátil – e agora Oscarizado – Joaquin Phoenix interpreta Jesus Cristo. O filme conta a história da controversa Maria Madalena (Rooney Mara) em seu caminho junto a Jesus e os efeitos que isso causava nos apóstolos, que não a aceitavam tão bem quanto o Messias.
Menção Honrosa: Mãe!Polêmico como poucos filmes recentes, Mãe! é um dos filmes de terror mais angustiantes e pretensiosos dos últimos anos. Estrelado por Jennifer Lawrence, o longa traz uma grande alegoria bíblica junto a relação conflituosa entre a Mãe Natureza (Lawrence) e Deus (Javier Bardem). A direção mostra do ápice à queda da relação entre os dois, que culmina em uma das cenas mais cruéis e visualmente impactantes da década passada. Após o bebê dos dois – que teoricamente seria Jesus – nascer, os fãs de Deus, que é representado como um grande artista, invadem a casa destruindo e sujando tudo, enquanto a Mãe tenta proteger seu bebê e seu lar. Porém, o artista entrega o bebê para seus fãs, que o quebram todinho e começa a comê-lo em frente à Mãe, que entra em desespero. Assim como Jesus, o bebê foi entregue à humanidade, que não o tratou de forma justa. Se alimentando do sangue e do corpo do filho de Deus, eles seguem adorando o artista e destruindo a Mãe Natureza. É um filme realmente pesado e sufocante, mas cheio de alegorias fascinantes para quem estudou a bíblia.