Filmes mirados a uma fatia específica do público jovem, que desde a década de oitenta conquistou sua audiência cativa. Quem cresceu na época citada teve durante toda a infância e juventude os exemplos de “Sexta-Feira 13” e “A Hora do Pesadelo” (abominados pela imprensa), moldando seus primórdios cinematográficos. Agora ao invés dos assassinos físicos dos chamados “slashers”, temos no subgênero do terror adolescente as tendências de assombrações invisíveis e da tortura pornográfica. Opto certamente pela primeira. A estrada não foi fácil para “Atividade Paranormal” e seu sucesso é quase merecido. Lançado originalmente em 2007, o primeiro filme só conseguiu apoio para deslanchar quando o grande Steven Spielberg decidiu bancá-lo com seu Dreamworks em 2009, após ter assistido e adorado. O primeiro “Atividade Paranormal”, que estreou oficialmente dez anos depois de “A Bruxa de Blair”, soube utilizar e seguir com a estética do found footage (imagens documentais amadoras falsas, encontradas posteriormente interminadas de forma trágica) de forma eficiente.
Como os melhores filmes de terror adulto, a obra soube fazer uso de um suspense contínuo, onde pouco era mostrado e tudo era induzido. Criativo, “Atividade Paranormal” era uma fonte pura de diversão, que trazia novos ares ao cansado gênero, e reproduzia o nervosismo no público como uma ida ao trem fantasma, ou a um simulador do gênero. Não era tanto um filme (atores, diálogos, etc.), mas sim uma grande brincadeira satisfatória e, é claro, uma máquina de sustos. Foi também um dos maiores sucessos do gênero, arrecadando quase 200 milhões de dólares em todo o mundo (em contraste a seu orçamento de 15 mil dólares). E aí começou a maldição do filme. O estúdio vendo a mina de ouro que tinha em mãos decidiu continuar apostando em algo que não necessitava de continuação. Para que pagar os realizadores para fazerem algo novo, expandindo sua criatividade, se podem apostar no time que está vencendo. Chegando agora a seu quarto exemplar, que assim como as séries citadas dos anos oitenta carimbou cada ano da nova década com um filme dessa franquia, “Atividade Paranormal 4” segue a linha narrativa se mantendo fiel ao que foi confeccionado desde o filme original: um terror minimalista onde pouco é mostrado, muito é imaginado, e o clima tenso reina.
O vídeo acima explica a cronologia de toda a série, onde aparentemente esse quarto episódio se encaixaria logo após o primeiro filme, sendo o segundo e o terceiro de fato os primeiros. Aqui, uma típica família americana de classe média alta começa a ser aterrorizada por estranhos eventos. Essa é a sinopse de basicamente todos os filmes dessa série. Tudo começa quando um menino, que mora na casa em frente, tem sua mãe hospitalizada. Sem nenhum parente próximo, a família protagonista decide ficar com o menino (só mesmo em filmes de terror mirados aos jovens temos explicações tão capengas e simplistas). As situações bizarras e improváveis (e não estou me referindo ao terror) não importam muito aqui, afinal o que o público pagante quer ter é sua cota de sustos, e isso é mais que garantido em “Atividade Paranormal 4”; que no geral, dentro dos padrões do subgênero, não desaponta muito e consegue inclusive criar cenas genuinamente assustadoras (como o impressionante e histérico final). O maior problema quanto a essa série (assim como as outras citadas) é: por que iríamos querer ver sempre mais do mesmo? E outro, por quanto tempo os fãs irão pagar para ter sempre a mesma coisa repetida, se podem exigir novidades?
Crítica por: Pablo Bazarello (Blog)