Desde os primórdios da sétima arte, o cinema já utilizou variadas fontes para suas histórias. De livros a histórias em quadrinhos, videogames e séries de TV, todo tipo de mídia já foi adaptada em versão cinematográfica. Uma das mais curiosas são os brinquedos mirados às crianças. Esses produtos fazem parte de uma indústria milionária e se tornaram com o passar dos anos cada vez mais sofisticados. Um dos brinquedos mais populares de todos os tempos é a boneca Barbie, que em 1959 revolucionaria para sempre a sociedade mundial criando um produto estritamente voltado para as meninas.
Criada pela fabricante Mattel, ‘Barbie’ é uma marca multimilionária que já gerou todo tipo de produto licenciado, para além do carro-chefe de suas bonecas; mas ganha finalmente em 2023 um longa-metragem em live-action para chamar de seu. O filme estreou hoje nos cinemas brasileiros e chega neste fim de semana em grande parte do mundo, já arrancando elogios dos críticos e do público. ‘Barbie’ é muito mais do que uma adaptação divertida da boneca e seu universo, pois utiliza em sua narrativa muita crítica social e reflexões trazidas pela cineasta Greta Gerwig, saída do cinema independente, que comanda a obra.
Pensando nisso, resolvemos relembrar com você as principais ocasiões em que Hollywood resolveu transformar brinquedos famosos em produções para o cinema. Confira abaixo e diga se você lembra de todas. PS. Aqui levaremos em conta apenas brinquedos, e não personagens surgidos anteriormente em outras mídias, como heróis da quadrinhos (da Marvel ou DC) ou videogames.
Transformers (2007)
Assim como a boneca Barbie para as meninas, a linha de brinquedos Transformers foi um verdadeiro fenômeno na década de 1980, e se mantém popular até hoje. Visando primordialmente o público masculino, os carros que se transformam em robôs caíram no gosto popular dos meninos do mundo todo, inclusive aqui no Brasil. Criados pela companhia americana Hasbro em parceria com a japonesa Takara Tomy, a linha de brinquedo original foi lançada em 1984. De lá para cá, os robôs ganharam todo tipo mídia, desde quadrinhos, desenhos animados e videogames.
Em 2007, produzido por Steven Spielberg e dirigido por Michael Bay, o produto recebia sua investida mais ambiciosa na forma de um blockbuster com atores reais para o cinema. A ideia se tornou uma lucrativa franquia de filmes, rendendo sete longas, com o último estreando este ano.
He-Man (1987)
Dois anos antes dos Transformers, He-Man e os Mestres do Universo, uma linha de brinquedos da mesma Mattel, a empresa criadora de Barbie, chegava às lojas especializadas nos EUA e depois em grande parte do mundo. Na Netflix, a série ‘Brinquedos que Marcaram Época’ conta de forma eficiente, divertida e dinâmica a criação destas e outras linhas de brinquedo. He-Man surgiu como uma possível adaptação do filme ‘Conan’ (1982) para a criançada, porém, os responsáveis desistiram porque o filme não atingiu o esperado. Assim, os executivos resolveram criar seu próprio universo de heróis, atrelando o lançamento dos bonecos para meninos com uma linha de quadrinhos.
Mas só isso não bastava, e logo no ano seguinte eles tiravam do papel um desenho animado do herói musculoso, seus aliados e vilões, criando uma das maiores febres dos anos 80. Talvez o filme de ‘He-Man’ com atores reais tenha demorado demais para ver a luz do dia, e quando o fez em 1987 (dois anos depois do fim do desenho), caiu nas mãos do estúdio picareta Cannon, que economizava tudo – e o longa se transformou num fracasso de crítica e público.
Comandos em Ação (2009)
Conhecidos nos EUA como G.I. Joe, os Comandos em Ação foram a primeira linha de bonecos mirados aos meninos da história, lançados justamente como uma resposta à Barbie pela fabricante Hasbro, rival da Mattel. As duas disputam o mercado até hoje como as duas maiores companhias de brinquedos no mundo. Os soldados americanos chegavam às lojas ainda em 1963, quatro anos depois da Barbie, e a primeira linha possuía personagens de 30 cm, do mesmo tamanho da boneca loira. Aqui no Brasil, essa versão ficaria conhecida como Falcon.
Mas o produto se popularizaria realmente com a linha dos bonecos menores, de 9.5 cm, e mais articulados, reimaginados em 1982. Assim como os demais produtores mirados a este público-alvo, ou seja, os meninos, ‘G.I. Joe’ ganhou o mundo com todo tipo de produto, desde lancheiras, roupas de cama, até desenhos animados e revistas em quadrinhos. Na esteira do sucesso de ‘Transformers’ em 2007, os Comandos em Ação ganhariam um filme com atores reais em 2009, sem o mesmo sucesso. Uma continuação seria forçada em 2013 e outra em 2021. Agora, a intenção é mesclar os dois produtos mais populares da Hasbro em um único filme.
Detetive (1985)
Nem só de bonecos e bonecas são feitos os brinquedos para a criançada. Detetive é um dos jogos de tabuleiro mais populares do mundo, popularizado pela mesma Hasbro, de Transformers e Comandos em Ação. Na verdade, o jogo foi lançado pela primeira vez ainda em 1943, criado pelo idealizador britânico Anthony E. Pratt e fabricado pela companhia Waddingtons. Como todos sabem, o jogo possui uma narrativa similar às obras de Agatha Christie, a rainha do suspense literário. Um assassinato ocorre em uma mansão, onde todos os convidados do jantar são suspeitos. Indicado para três a seis jogadores, a regra é descobrir quem dentre os jogadores é o assassino, em qual cômodo a vítima foi morta, e qual foi a arma utilizada no crime.
Em 1985, a Paramount levou às telas uma divertida adaptação da ideia. Na época, o filme não fez sucesso e ficou abaixo da bilheteria esperada, com muitas pessoas sequer tendo conhecimento de sua existência. Reprisando o nome original do jogo, ‘Clue’ recebeu o título ‘Os Sete Suspeitos’ no Brasil, e brinca muito com a narrativa trazendo bastante humor ao roteiro. Uma nova versão está sendo trabalhada, com Ryan Reynolds e Jason Bateman como protagonistas.
Batalha Naval (2012)
Batalha Naval é outro jogo de tabuleiro muito famoso que já recebeu sua versão para as telonas na forma de uma superprodução com atores reais. E se você não o está reconhecendo pelo nome, é porque assim como Detetive, no Brasil o título foi modificado. O jogo nasceu ainda na década de 1930, de forma simples, jogada com papel e lápis, sendo publicado por diversas companhias. Já a versão mais moderna criada como um jogo de tabuleiro de plástico foi criado por Milton Bradley em 1967. Hoje, a Hasbro é conhecida por ser a empresa por trás do título, que consiste em um jogo de estratégia elaborada (como uma espécie de jogo da velha aumentado), em que uma esquadrilha naval desafia outra numa verdadeira guerra, tentando afundar seus encouraçados.
Para o cinema, o jogo manteve o título original ‘Battleship’. Mas para pegar o filão de seu outro produto, os Transformers, a Hasbro decidiu por uma guerra intergaláctica, entre humanos e seres alienígenas – o que nunca esteve no cerne do produto original. Talvez também tenha sido uma forma de evitar um filme de guerra entre nações, sem ser o retrato histórico de uma guerra verdadeira do passado. Quem nos evitaremos irritar? Sim, os extraterrestres. Assim, navios americanos entram em guerra com um exército de outro planeta, com direito a Rihanna e Liam Neeson no nosso lado.
Max Steel (2016)
Mais um brinquedo da Mattel agora na lista. Já deu para perceber, como comentado, que as líderes do mercado de brinquedos no mundo são a Mattel e a Hasbro. E justamente por isso, por serem companhias bilionárias, puderam bancar suas superproduções no cinema – umas dando certo e outras não. Enquanto pensamos em quais serão as próximas investidas de seus produtos no cinema, lembramos de mais uma linha de bonecos dos criadores de Barbie e He-Man. Lançado no fim da década de 1990, Max Steel visava se tornar a nova sensação entre os meninos, e para isso os bonecos obviamente se tornavam desenho animado logo no ano seguinte, em 2000.
Um filme de relativo baixo orçamento foi lançado em 2016, com atores reais, mas sem um grande nome na frente ou atrás das câmeras. Com o valor de US$10 milhões – baixo para o padrão das superproduções de Hollywood – o longa veio e foi, e sequer conseguiu se pagar, sem que muitos sequer tomassem conhecimento de sua existência.
Bratz (2007)
Fracasso igual ao de ‘Max Steel’ no cinema obteve o longa das ‘Bratz’ em 2007. As bonecas cabeçudinhas, mas super estilosas, foram criação de Carter Bryant, ex-funcionário da Mattel, que as desenvolveu para a empresa MGA Entertainment. As bonecas se tornaram febre logo após seu lançamento em 2001. Seis anos depois chegariam aos cinemas, com distribuição da Lionsgate, num filme sobre quatro melhores amigas patricinhas. Com orçamento de US$20 milhões, o filme recebeu críticas negativas, mas não chegou a ser um fiasco de bilheteria pelo mundo.