Vindoura produção pode trazer mais pontos de vistas inéditos sobre a batfamília
Tradicionalmente a DC Comics sempre operou suas decisões editorais baseadas em três personagens muito importantes e muito valiosos. A assim chamada trindade formada por Superman, Batman e Mulher Maravilha por certo tempo ao longo do século passado, estiveram na ponta da lança da empresa em quaisquer adaptações de suas histórias que viessem a ocorrer.
Ainda que na atualidade essa trindade, do ponto de vista financeiro, seja formada por Superman, Batman e Arlequina (hoje a personagem feminina mais lucrativa e comercial da DC), em termos de importância cultural a formação original do trio se mantém. Agora, dentre os três, Batman surge indubitavelmente como a propriedade mais adaptada da empresa pelos mais diversos motivos que dialogam, por sua vez, com o período em que cada adaptação foi realizada.
Por exemplo sua famosa versão para o seriado estrelado por Adam West nos anos 60 estava intimamente ligada à situação que tanto os quadrinhos do Homem Morcego quanto a indústria no geral tinham que se submeter às regulações da Comic Code Authority em vista de entregar histórias mais leves e infantis. Por sua vez o seriado fez um sucesso cultural tão grande que a versão animada do Batman lançada alguns anos depois, no programa dos Super Amigos, demonstrava uma ligação evidente com o estilo absurdo do seriado.
Porém, mesmo com tantas produções realizadas sobre o protetor de Gotham City é interessante notar que seu microcosmo (integrado por personagens que interagem mais próximo a ele) nunca tiveram a mesma variedade ou cuidado que muitas vezes as produções do Batman recebem.
Por exemplo, no início dos anos 2000 o antigo canal The WB (hoje sendo a CW) se aventurou no terreno dos quadrinhos ao produzir Birds of Prey, adaptando as aventuras do grupo Aves de Rapina formado pela Caçadora, Oráculo e Canário Negro. O que seria hoje uma adaptação interessante no contexto da febre de quadrinhos, no ano de 2002 foi um fracasso tão profundo que por muito tempo manteve a equipe feminina longe dos holofotes – até 2020 com Aves de Rapina: Arlequina e sua Emancipação Fabulosa.
Mais recentemente houveram tentativas de expansão com as séries Gotham e Batwoman mas sem jamais atingir a aclamação com crítica e público. Enquanto que a série sobre Jim Gordon apresentou um design de produção muito interessante do início ao fim, ela sempre patinou na forma como adaptava os vilões do Homem Morcego e o próprio jovem Bruce Wayne. Já com Batwoman jamais foi ofertado para o público quaisquer visuais minimamente interessantes como Gotham fez e, de quebra, ainda tinha tramas e personagens feitos aos moldes do assim chamado Arrowverse da CW, logo tornando esse produto nichado desde o início.
A confirmação de que o serviço de streaming HBO Max tem planejada o lançamento de uma adaptação da Batgirl vem no momento propício, com a migração em massa das produções de quadrinhos para os serviços de streaming de maneira mais acelerada do que era até então devido a paralisação dos cinemas no contexto da pandemia.
Porém, o histórico de produções relacionadas ao universo do Batman concede uma carga de pessimismo para o projeto. Além disso foi confirmado que a dupla de diretores responsáveis por Bad Boys Para Sempre, Adil El Arbi e Bilall Fallah, vão comandar a produção enquanto que acompanhados pela produtora do recente Cruella; Kristin Burr. Ainda que não tenham sido revelados maiores detalhes como enredo ou elenco, é possível que o filme se baseie em Batgirl of Burnside.
Esse arco solo da personagem ganhou muita fama desde o lançamento por ter sido uma abordagem bastante pessoal para ela e em um contexto mais jovem do que o usual para a vigilante, já que normalmente ela está sempre junto de algum membro da batfamília ou vilão de Gotham. É uma oportunidade para se acompanhar de perto e que está inclusa no projeto de expansão do universo DC proposto pela HBO Max.