quarta-feira , 20 novembro , 2024

Berlim 2023 | Crítica | Ingeborg Bachmann – Journey into the Desert – Vicky Krieps é destaque em apática cinebiografia da escritora austríaca

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Dirigida pelo alemã Margarethe von Trotta, responsável pelas cinebiografias Rosa Luxemburgo (1986) e Hannah Arendt (2012), Ingeborg Bachmann – Journey into the Desert (em português, Ingeborg Bachmann – Viagem ao Deserto) conta as aventuras amorosas da escritora e poetisa austríaca do título e seu gosto pela liberdade. 

Se você não conhece a poetisa em questão, tudo bem, seu nome não é tão celebrado na América do Sul. Por aqui, talvez, ela seja conhecida pela adaptação para os cinemas do seu único romance, Malina (1991). Com interpretação de Isabelle Huppert, o enredo é sobre uma escritora e sua relação com dois homens diferentes. 



Dessa maneira, a encantadora Vicky Krieps (Trama Fantasma) incorpora uma áurea mágica, encantadora e libertária da poetisa austríaca. Capaz de atuar em quatro línguas durante o filme, Krieps nos apresenta Ingeborg como uma mulher à frente do seu tempo, aventureira e sonhadora. Adjetivos dados às icônicas escritoras feministas Virgínia Woolf (1882-1941) e Simone De Beauvoir (1908-1986). 

Para além do magnetismo da atriz principal, Ingeborg Bachmann é um caracol narrativo sem linearidade. Com objetivo de trazer mais dinâmica para o enredo, a roteirista e diretora perpassa momentos distintos da vida de Ingeborg antes, durante e depois da sua conturbada relação com o escritor suíço Max Frisch (Ronald Zehrfeld). A sensação, no entanto, é de um redemoinho de repetições.

As suas obras são marcadas por essa relação curta e instável, ou seja, é digno mostrar desde a faísca de paixão até as feridas desse jogo de sedução. Entre Alemanha, Itália e Suíça, o casal vive idas e vindas, ciúmes e acusações em um cenário de batalha, onde as batidas na máquina de escrever é a trilha sonora dos escritores em crise.

Em busca de redenção após o fracasso da relação com Frisch, Ingeborg parte em uma aventura pelo deserto com um jovem aspirante. As imagens são bonitas, a atriz é ótima, mas o enredo não consegue mostrar o talento da artista ou desenvolver uma trama instigante. 

Relacionar-se com pessoas da mesma profissão não é aconselhado por psicanalistas. Para além dos embates normais da vida a dois, soma-se a guerra de egos. Contemplar a atuação de Vicky Krieps e as paisagens do deserto é uma das coisas mais aprazíveis do filme. Por fim, Ingeborg Bachmann – Viagem ao Deserto parece ter três horas, quando na verdade é apenas modorrento durante 1h e 50 minutos. 

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Letícia Alassë
Crítica de Cinema desde 2012, jornalista e pesquisadora sobre comunicação, cultura e psicanálise. Mestre em Cultura e Comunicação pela Universidade Paris VIII, na França e membro da Associação Brasileira de Críticos de Cinema (Abraccine). Nascida no Rio de Janeiro e apaixonada por explorar o mundo tanto geograficamente quanto diante da tela.

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Se você não conhece a poetisa em questão, tudo bem, seu nome não é tão celebrado na América do Sul. Por aqui, talvez, ela seja conhecida pela adaptação para os cinemas do seu único romance, Malina (1991). Com interpretação de Isabelle Huppert, o enredo é sobre uma escritora e sua relação com dois homens diferentes. 

Dessa maneira, a encantadora Vicky Krieps (Trama Fantasma) incorpora uma áurea mágica, encantadora e libertária da poetisa austríaca. Capaz de atuar em quatro línguas durante o filme, Krieps nos apresenta Ingeborg como uma mulher à frente do seu tempo, aventureira e sonhadora. Adjetivos dados às icônicas escritoras feministas Virgínia Woolf (1882-1941) e Simone De Beauvoir (1908-1986). 

Para além do magnetismo da atriz principal, Ingeborg Bachmann é um caracol narrativo sem linearidade. Com objetivo de trazer mais dinâmica para o enredo, a roteirista e diretora perpassa momentos distintos da vida de Ingeborg antes, durante e depois da sua conturbada relação com o escritor suíço Max Frisch (Ronald Zehrfeld). A sensação, no entanto, é de um redemoinho de repetições.

As suas obras são marcadas por essa relação curta e instável, ou seja, é digno mostrar desde a faísca de paixão até as feridas desse jogo de sedução. Entre Alemanha, Itália e Suíça, o casal vive idas e vindas, ciúmes e acusações em um cenário de batalha, onde as batidas na máquina de escrever é a trilha sonora dos escritores em crise.

Em busca de redenção após o fracasso da relação com Frisch, Ingeborg parte em uma aventura pelo deserto com um jovem aspirante. As imagens são bonitas, a atriz é ótima, mas o enredo não consegue mostrar o talento da artista ou desenvolver uma trama instigante. 

Relacionar-se com pessoas da mesma profissão não é aconselhado por psicanalistas. Para além dos embates normais da vida a dois, soma-se a guerra de egos. Contemplar a atuação de Vicky Krieps e as paisagens do deserto é uma das coisas mais aprazíveis do filme. Por fim, Ingeborg Bachmann – Viagem ao Deserto parece ter três horas, quando na verdade é apenas modorrento durante 1h e 50 minutos. 

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Crítica de Cinema desde 2012, jornalista e pesquisadora sobre comunicação, cultura e psicanálise. Mestre em Cultura e Comunicação pela Universidade Paris VIII, na França e membro da Associação Brasileira de Críticos de Cinema (Abraccine). Nascida no Rio de Janeiro e apaixonada por explorar o mundo tanto geograficamente quanto diante da tela.

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