Famoso arco do mangá foi o mais adaptado para anime
*SPOILERS DO SEGUNDO ARCO DE BERSERK
Berserk, do eternamente talentoso Kentaro Miura, é uma narrativa ambientada em um cenário medieval europeu repleto de magia e criaturas demoníacas. A narrativa, inicialmente, segue o protagonista Guts enquanto ele percorre esse mundo extremamente perigoso sendo unicamente norteado pela sua sede por vingança, que de início não é revelada ao leitor. Porém, essa linha temporal ambientada no presente logo é interrompida para iniciar outra linha do tempo, dessa vez focada no passado.
É dessa maneira que o mangá inicia seu arco mais famoso, mais adaptado e melhor avaliado: a Era de Ouro. Todo esse trecho narrativo se passa na juventude de Guts e tem a função de mostrar como sua vida começou (sendo ela bem ruim logo de saída) e como ela mudou quando ele passou a integrar o Bando do Falcão liderado por Griffith. Este sendo, aliás, outro elemento importante do arco, pois é também sua introdução mais aprofundada ao leitor e o início dos problemas de Guts.
5) A história de Casca
Que o mundo de Berserk é sombrio e perigoso, o leitor já fica sabendo logo nas primeiras páginas do primeiro capítulo. O que o torna um lugar tão hostil não são só as variedades (e elas são bem amplas) de monstros e criaturas demoníacas, mas também a corrupção dos homens que detém poder, bem como a selvageria gratuita que pode ser aplicada por indivíduos errantes.
Essa é a problemática que pauta a vida de Casca antes dela entrar para o Bando do Falcão. Apresentada inicialmente como uma comandante do grupo, abaixo apenas de Griffith, ela tem essa personalidade de extrema confiança e adoração por seu líder que, eventualmente, é confrontada com a chegada de Guts no conjunto; este que logo de início já conta com uma confiança de Griffith que Casca demorou para obter.
Sua história pregressa é eventualmente apresentada com ela sendo vítima, ainda criança, de um homem de grande fortuna que a perseguiu para fins violentos. Ela então é salva por Griffith que lhe oferece a oportunidade de matar seu perseguidor como uma forma de abandonar sua antiga vida e começar uma nova. Desde então ela desenvolve a mencionada adoração a seu salvador até o momento que Guts chega em sua vida.
4) Guts contra um exército
Esse é um momento crítico que, narrativamente falando, tem a função de mostrar o lado “berserk” de Guts em uma situação crítica. No contexto tanto ele quanto Casca haviam sido atacados por um grupo de soldados e, determinados a sobreviver, passam a noite em uma caverna onde acabam por ter a oportunidade de deixar aflorar os sentimentos intensos que um sentia pelo outro já há algum tempo.
Devido ao alto número de combatentes inimigos, Guts sabe que ele e Casca não conseguiriam fugir então ele fica para trás para ganhar tempo enquanto ela retorna ao acampamento do Bando do Grifo. O que se segue para Guts é uma verdadeira carnificina, com ele sendo tomado por um sentimento de fúria, massacrando esse pequeno exército utilizando unicamente sua espada longa.
3) Intrigas na Corte
A história de Guts não se propõe apenas a adaptar os elementos fantásticos da mitologia medieval europeia mas também seu sistema de interações sociais, mais especificamente os da aristocracia e corte real; sempre tendo em mente o objetivo de mostrar que até mesmo pessoas comuns podem ser tão monstruosas quanto os perigos naturais do mundo. A ascensão de Griffith, e do Bando do Falcão como um todo, acaba por apresentar uma situação similar.
Durante uma festa oferecida pelo rei para honrar a mais recente missão bem sucedida do grupo, é revelado que certos círculos próximos do monarca estão descontentes com o sucesso de Griffith e assim armam uma trama para mata-lo. Nesse momento é introduzido ao leitor a habilidade do guerreiro em antever diversos cenários possíveis em sua mente, o que lhe permite armar uma estratégia com Guts antes do atentado. A conclusão desse incidente também apresenta um lado mais sombrio e impiedoso de Griffith que até então não havia sido mostrado.
2) Entra em cena Nosferatu Zodd
Como dito antes, o mundo de Berserk é povoado de criaturas perigosas bem como horrores além da compreensão que mais parecem ter saído das páginas de uma história de Junji Ito (mangaká especializado em histórias do gênero terror). Entretanto, Nosferatu Zodd se destaca dos demais tanto pela sua estética como pela sua habilidade em combate.
Uma criatura de tamanho imenso, chifres, rosto de leão e asas; isso quando em forma humanoide pois ele tem uma segunda forma ainda mais monstruosa. Enfim, ele inicialmente é apresentado como uma lenda, um Deus da guerra que nunca perdeu um combate sequer. É somente quando Guts e o bando o confrontam pela primeira vez que é mostrado a extensão de seu poder e ferocidade, sendo um inimigo que Guts não consegue vencer. Fora que eventualmente Nosferatu Zodd se torna um personagem mais recorrente na trama e com certa importância, o que torna essa apresentação ainda mais eficaz.
1) A traição de Griffith
O evento mais importante da Era de Ouro de Berserk pois solidificou de vez os caminhos que seriam percorridos por Guts e Griffith. Um leitor mais atento já percebe, de longe, que algo não batia bem no líder do Bando do Falcão; por mais que ele fosse perfeito em tudo que se propusesse a fazer e todos o adorassem, Miura sempre deixou evidente, do ponto de vista desse personagem, que existia um longo espaço entre ele e todo o resto do mundo, até mesmo de pessoas tidas como mais próximas.
Todo o caminho prévio, percorrido por Griffith mais especificamente, levou a esse ato; com ele sendo preso, torturado e mutilado ao passo que apenas seus olhos eram capaz de transmitir seus sentimentos, que por sua vez não eram positivos. Quando ele invoca os integrantes da Mão de Deus, naquela que é a cena mais conhecida da série, a alma de seus companheiros são entregues por ele e Guts sente uma mistura de raiva e confusão, sendo traumatizado para o resto da vida.