No dia de hoje, 04 de setembro, celebramos o aniversário de um dos maiores nomes não apenas da música contemporânea, mas da história da indústria fonográfica: Beyoncé Knowles-Carter.
Dona de algumas músicas de maior sucesso de todos os tempos, Beyoncé começou sua carreira como membro do girl group Destiny’s Child, lançando-se à carreira solo a partir de 2003, com o lançamento de ‘Dangerously in Love’. Desde então, quebrou inúmeros recordes de vendas e de aclamação, eventualmente tornando-se a mulher mais premiada do Grammy Awards e consagrando um legado infindável e imortal.
Para comemorar esse dia tão especial, o CinePOP montou uma lista elencando suas dez melhores canções, focando em sua carreira solo (então, não espere encontrar faixas como “I’m a Survivor” e “Bootylicious” nas nossas escolhas).
Veja abaixo e conte para nós qual a sua favorita ou qual deixamos de fora:
10. “I WAS HERE”
Álbum: 4
Em uma de suas várias reinvenções, Beyoncé deu vida a ‘4’, um de seus álbuns mais memoráveis (se bem que é difícil não adotar todos seus lançamentos como memoráveis). A conclusão dessa aventura sonora vem acompanhada da aplaudível “I Was Here”, facilmente uma das melhores músicas do catálogo da Queen B – cujas mensagens ultrapassam o mero conceito de exaltar quem você é, atravessando uma linha etérea que discorre sobre a própria existência (“eu estava aqui, eu vivi, eu amei, eu estava aqui”) e movendo-se por uma pessoalidade emocionante.
9. “LISTEN”
Álbum: B’Day
‘B’Day’, segundo álbum de Beyoncé, traz inúmeros singles e é pincelado com baladas poderosas que nos encantam do começo ao fim. “Listen”, configurando-se como uma dessas incursões, mistura soul e R&B e fez parte da trilha sonora do filme ‘Dreamgirls’. Construindo uma narrativa que fala sobre amor e sobre a recusa a abandonar os sonhos, a faixa o tempo necessário para se construir em um emocionante enredo (“ouça: eu estou sozinha em uma encruzilhada”), que rendeu à cantora inúmeros prêmios.
8. “PURE/HONEY”
Álbum: Renaissance – Act I
‘Renaissance – Act I’ tornou-se um evento ao finalmente ser divulgado para os fãs de Beyoncé, reiterando, mais uma vez, a versatilidade invejável de uma das maiores artistas da história. E, como já é de se esperar, escolher as melhores músicas dentro deste imaculado e testamentário compilado não é um trabalho fácil; de qualquer forma, é notável como “Pure/Honey” é uma das entradas que nos roubam a atenção por sua construção ostensiva e elegante, pautada no electro-house e neo-disco (que é resumida pelo honrável verso “deve custar um bilhão para parecer tão bem”).
7. “ALREADY”
Álbum: The Lion King: The Gift
Apesar de ‘The Lion King: The Gift’ ter os seus problemas, o álbum ganha importância considerável quando justaposto à curadoria de Beyoncé e à celebração da importância da cultura negra para, bem, tudo o que conhecemos. A mixórdia de dancehall e afrobeat de “ALREADY”, a melhor faixa do disco, é espetacular do começo ao fim e consagra-se como uma joia num vasto oceano – contando com a colaboração de Shatta Wale e Major Lazer. Mais do que isso, é notável como a performer se diverte na apresentação da faixa, explorando todas as habilidades que conhecemos muito bem.
6. “HOLD UP”
Álbum: Lemonade
“Hold Up” traz Beyoncé como Oxum, divindade iorubá do amor, da sensualidade e da fertilidade – ora, não é nenhuma surpresa que a artista declare no refrão “eles não te amam como eu te amo”, partindo de um escopo bastante pessoal para uma universalidade incrível que já se provou próprio de sua identidade musical. A canção, por sua vez, traz batidas próprias de um delicioso reggae, além de fazer claras referências de bandas que a influenciaram para construir o CD em si – como Soulja Boys. Talvez aqui, Knowles-Carter abra espaço para explorar timbres vocais sem qualquer peso artificial, fluidamente escorrendo em uma sutileza categórica e emocionante.
5. “LOVE ON TOP”
Álbum: 4
Em ‘4’, a cantora e compositora resolveu construir um escopo que abraçava tanto o mainstream quanto as pulsões conceituais que vinham crescendo desde o início da década. E, nesse preceito que se tornara uma marca reconhecida de seus compilados, a track supracitada nos engolfa em uma exuberância vocal R&B e pop se tirar o fôlego – principalmente quando ela nos dá uma aula de canto ao subir oitavas e mais oitavas na parte final da canção. Não é à toa que diversos especialistas musicais, incluindo este que vos escreve, considerem “Love On Top” como uma das investidas mais bem produzidas e escritas da carreira da performer (cortesia dela e da parceria com o produtor Shea Taylor).
4. “DADDY LESSONS”
Álbum: Lemonade
“Daddy Lessons” é um dos vários ápices de ‘Lemonade’ e uma das canções que merecia mais reconhecimento que tem.. Com a música em questão, a lead singer eleva as expectativas de sua própria sonoridade, iniciando com os primórdios do jazz apenas para cultivar um terreno propício à insurgência de um country texano que louva, como premedita o título, as lições que seu pai lhe ensinou: “ele me disse para não chorar; meu pai disse ‘atire’”, repetindo o refrão inúmeras vezes como forma de encontrar as forças necessárias para seguir em frente; tudo isso incluso em um escopo paradoxalmente nostálgico e modernizado.
3. “BLACK PARADE”
Álbum: The Lion King: The Gift (Deluxe)
Queen B sabe muito bem como usar sua arte a favor de questões sociais importantes e, em 2020, utilizou sua indignação com os acontecimentos nos Estados Unidos para arquitetar a impecável “Black Parade” – que merecia mais destaque do que tem e prova que Beyoncé permanece na ativa como uma das artistas mais versáteis e sagazes da última geração, seguindo viva com um legado que nunca será apagado. Guiada pela brutal morte de George Floyd e para a crescente e retrógrada discriminação da comunidade negra – e auxiliada pela conhecida produção de Derek Dixie -, a performer pinta um cru retrato do que se enfrenta nos dias de hoje. Ela não poupa ácidas incursões sociológicas sobre a supremacia branca e sobre a constante segregação promovida por seus agressores, resumindo esse extenso e bem-vindo anthem em “ser negro, talvez essa seja a razão pela qual estão sempre irritados”.
2. “ALIEN SUPERSTAR”
Álbum: Renaissance – Act I
Beyoncé voltou com força total em 2022 ao lançar o aguardado e antecipadíssimo ‘Renaissance – Act I’. O projeto, primeiro capítulo de uma ambiciosa trilogia sonora, já ascendeu ao patamar dos melhores do ano e da década (ao menos na opinião desta que vos fala) e honrou a cultura negra com uma celebração antêmica do house e do disco. E, dentre as várias canções, “Alien Superstar” nos chama a atenção pela produção impecável e pelo caráter explosivo de suas texturas, mergulhando no poder dos sintetizadores, do voguing e dos ballrooms do Brooklyn dos anos 70 e 80 (“olhos em você quando performa, olhos em mim quando eu coloco”)
1. “FORMATION”
Álbum: Lemonade
“Formation”, buscando elementos de um vanguardista R&B, borbulha com referências imagéticas e sonoras que ganham vida e nos levam através de uma história apagada pelo egocentrismo branco. É aqui que a cantora abraça de vez sua herança provinda de “meu pai, [do] Alabama; minha mãe, [de] Louisiana”, além de cutucar com sarcasmos deliciosos as múltiplas teorias da conspiração que insurgiram nos últimos anos para renegar a importância que trouxe para a valorização da cultura afro-americana. Em outras palavras, a track em questão alcança níveis de perfeição que sarcasticamente grita “eu tenho orgulho de ser quem eu sou”.
BÔNUS: “BREAK MY SOUL”
Álbum: Renaissance – Act I
Na nossa seção bônus, resolvemos dar o devido crédito a “Break My Soul”. Apesar de não ter entrado oficialmente na nossa lista das dez melhores músicas de Beyoncé, a faixa carrega uma importância inegável para a carreira da musicista e para seu reclame da cultura negra. Na track, há várias referências aglutinadas na ótima e concisa abertura dessa nova era da artista, perpassando, por exemplo, a envolvência noventista de Crystal Waters e a nostalgia vibrante de Steve Angello. E, apesar de não sintetizar uma originalidade urgente, Beyoncé não abandona as peculiaridades estilísticas que a colocaram no centro dos holofotes e aproveita para transformar inflexões mercadológicas em uma antêmica e funcional narrativa (você não vai quebrar minha alma, direi a todo mundo).