quarta-feira , 18 dezembro , 2024

‘Borat 2’ e o gênero do Mockumentário: A ficção sob abordagem real

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Gênero dos mockumentários se destaca por sua abordagem estruturalmente similar aos documentários

Com o recente lançamento de Borat 2: Fita de Cinema Seguinte, o saudoso repórter nº 2 do Cazaquistão, interpretado por Sacha Baron Cohen, voltou à boca popular pelos burburinhos que sua mais recente empreitada está causando. Assim como no filme de 2006, a produção optou por utilizar uma estrutura narrativa similar a de um documentário visando intensificar não só o tino cômico de seu astro como trabalhar de maneira crua questões da sociedade norte-americana.



Borat, entretanto, não é um caso único, mas sim parte de todo um gênero cinematográfico chamados mockumentários. Esse estilo visa primeiramente enriquecer suas narrativas sempre com uma visão bastante similar a documentários de fato, ou seja, com a presença de entrevistados, uso de narração e câmera de mão em muitas situações de gravações externas. 

Normalmente esse estilo acaba se ligando muito a obras de comédia, mas ele não necessariamente é um subgênero desse grupo. Sua similaridade com o gênero documental pode lhe garantir um efetivo efeito de ilusão, principalmente quando a audiência não está a par de que o que está sendo mostrado é uma ficção.

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Borat se destacou em muito das outras comédias de seu tempo

Nenhum caso explorou melhor esse poder de convencimento dos mockumentários do que justamente seu primeiro exemplar. Em 1938 uma transmissão de rádio causou pânico por todo os Estados Unidos. A mensagem trazida pelo locutor, ninguém menos que Orson Welles, era que o país estava sendo atacado por forças alienígenas; inspiração que veio do livro Guerra dos Mundos de H. G. Wells.

Utilizando a estrutura informativa padrão dos noticiários da época, Welles realmente conseguiu tornar tal história como algo verídico. No artigo The History of Mockumentary Artform, cuja a autoria é de Zeke para a New York Film Academy é dito que talvez a audiência tenha deixado passar o aviso de que a notícia era fictícia. 

“Enquanto havia um aviso no início do programa, suspeita-se que muitas pessoas o perderam devido a conjunção da programação e sintonizaram apenas dez minutos mais tarde, no momento que Welles realizou a transmissão. Em decorrência da alta tensão pela guerra acontecendo na Europa a transmissão não havia terminado até as autoridades notificarem a CBS e tentarem interrompê-la baseados em relatórios de histeria em massa”.  

Orson Welles durante sua infame transmissão de Guerra dos Mundos

Em uma matéria da Deutsche Welle intitulada 1938: Pânico após transmissão de “Guerra dos Mundos” é explicado quais os métodos foram utilizados no mockumentário para fazer a audiência acreditar no fantasioso ataque. “…Reportagens externas, entrevistas com testemunhas que estariam vivenciando o acontecimento, opiniões de peritos e autoridades, efeitos sonoros, som ambiente, gritos, a emoção dos repórteres e comentaristas. Tudo dava a impressão do fato estar sendo transmitido ao vivo”.

O gênero, porém, não receberia a nomeação atual até os anos 60 com o lançamento de David Holzman’s Diary. A película tinha a proposta de, segundo Richard Bordy na matéria DVD of the Week: “David Holzman’s Diary”, acompanhar um jovem cuja ida para a guerra do Vietnã era iminente e então decide gravar seu dia a dia para garantir que ele já existiu. Pela primeira vez a audiência teria uma experiência visual de um mockumentário e, segundo consta, muitos não souberam desassociar o que viam de um documentário real. 

Um outro exemplar do gênero mostraria o potencial dos mockumentários para a comédia com a estreia em 1984 de This is Spinal Tap. O filme dirigido por Rob Reiner acompanha os bastidores de um tour da banda fictícia Spinal Tap enquanto que utilizando o humor satiriza todos os excessos que são indissociáveis do estilo de vida de músicos famosos, principalmente nos anos 80.

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This is Spinal Tap se tornou um clássico ao longo do tempo

O termo acabou se popularizando quando referido muitas vezes pelo diretor ao descrever seu projeto em entrevistas. Seu sucesso eventual também é notável, tendo até hoje aclamação crítica e uma classificação de 95% no Rotten Tomatoes por parte dos críticos e de 92% por voto popular. Constantemente ele também é celebrado como uma das melhores comédias de todos os tempos.

Já se tratando de tempos mais recentes, a metade dos anos 2000 é bastante interessante para o gênero, não só pelo lançamento de Borat mas também pelo sucesso alcançado pela versão americana de The Office. O seriado encabeçado por Steve Carrell talvez seja a grande referência de mockumentário na televisão, mostrando uma forma de unir comédia e estrutura documental em formato serializado que serviu de base para American Vandal, por exemplo.

Independente da abordagem conferida, mockumentários possuem um grande potencial de propor reflexões sobre sociedade, independente se for por meios realistas ou cômicos. Seu pé na realidade lhe garante veracidade enquanto que o outro na ficção concede liberdade para o exagero, de modo que até mesmo realce a própria realidade mencionada antes.  

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Gênero dos mockumentários se destaca por sua abordagem estruturalmente similar aos documentários

Com o recente lançamento de Borat 2: Fita de Cinema Seguinte, o saudoso repórter nº 2 do Cazaquistão, interpretado por Sacha Baron Cohen, voltou à boca popular pelos burburinhos que sua mais recente empreitada está causando. Assim como no filme de 2006, a produção optou por utilizar uma estrutura narrativa similar a de um documentário visando intensificar não só o tino cômico de seu astro como trabalhar de maneira crua questões da sociedade norte-americana.

Borat, entretanto, não é um caso único, mas sim parte de todo um gênero cinematográfico chamados mockumentários. Esse estilo visa primeiramente enriquecer suas narrativas sempre com uma visão bastante similar a documentários de fato, ou seja, com a presença de entrevistados, uso de narração e câmera de mão em muitas situações de gravações externas. 

Normalmente esse estilo acaba se ligando muito a obras de comédia, mas ele não necessariamente é um subgênero desse grupo. Sua similaridade com o gênero documental pode lhe garantir um efetivo efeito de ilusão, principalmente quando a audiência não está a par de que o que está sendo mostrado é uma ficção.

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Borat se destacou em muito das outras comédias de seu tempo

Nenhum caso explorou melhor esse poder de convencimento dos mockumentários do que justamente seu primeiro exemplar. Em 1938 uma transmissão de rádio causou pânico por todo os Estados Unidos. A mensagem trazida pelo locutor, ninguém menos que Orson Welles, era que o país estava sendo atacado por forças alienígenas; inspiração que veio do livro Guerra dos Mundos de H. G. Wells.

Utilizando a estrutura informativa padrão dos noticiários da época, Welles realmente conseguiu tornar tal história como algo verídico. No artigo The History of Mockumentary Artform, cuja a autoria é de Zeke para a New York Film Academy é dito que talvez a audiência tenha deixado passar o aviso de que a notícia era fictícia. 

“Enquanto havia um aviso no início do programa, suspeita-se que muitas pessoas o perderam devido a conjunção da programação e sintonizaram apenas dez minutos mais tarde, no momento que Welles realizou a transmissão. Em decorrência da alta tensão pela guerra acontecendo na Europa a transmissão não havia terminado até as autoridades notificarem a CBS e tentarem interrompê-la baseados em relatórios de histeria em massa”.  

Orson Welles durante sua infame transmissão de Guerra dos Mundos

Em uma matéria da Deutsche Welle intitulada 1938: Pânico após transmissão de “Guerra dos Mundos” é explicado quais os métodos foram utilizados no mockumentário para fazer a audiência acreditar no fantasioso ataque. “…Reportagens externas, entrevistas com testemunhas que estariam vivenciando o acontecimento, opiniões de peritos e autoridades, efeitos sonoros, som ambiente, gritos, a emoção dos repórteres e comentaristas. Tudo dava a impressão do fato estar sendo transmitido ao vivo”.

O gênero, porém, não receberia a nomeação atual até os anos 60 com o lançamento de David Holzman’s Diary. A película tinha a proposta de, segundo Richard Bordy na matéria DVD of the Week: “David Holzman’s Diary”, acompanhar um jovem cuja ida para a guerra do Vietnã era iminente e então decide gravar seu dia a dia para garantir que ele já existiu. Pela primeira vez a audiência teria uma experiência visual de um mockumentário e, segundo consta, muitos não souberam desassociar o que viam de um documentário real. 

Um outro exemplar do gênero mostraria o potencial dos mockumentários para a comédia com a estreia em 1984 de This is Spinal Tap. O filme dirigido por Rob Reiner acompanha os bastidores de um tour da banda fictícia Spinal Tap enquanto que utilizando o humor satiriza todos os excessos que são indissociáveis do estilo de vida de músicos famosos, principalmente nos anos 80.

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This is Spinal Tap se tornou um clássico ao longo do tempo

O termo acabou se popularizando quando referido muitas vezes pelo diretor ao descrever seu projeto em entrevistas. Seu sucesso eventual também é notável, tendo até hoje aclamação crítica e uma classificação de 95% no Rotten Tomatoes por parte dos críticos e de 92% por voto popular. Constantemente ele também é celebrado como uma das melhores comédias de todos os tempos.

Já se tratando de tempos mais recentes, a metade dos anos 2000 é bastante interessante para o gênero, não só pelo lançamento de Borat mas também pelo sucesso alcançado pela versão americana de The Office. O seriado encabeçado por Steve Carrell talvez seja a grande referência de mockumentário na televisão, mostrando uma forma de unir comédia e estrutura documental em formato serializado que serviu de base para American Vandal, por exemplo.

Independente da abordagem conferida, mockumentários possuem um grande potencial de propor reflexões sobre sociedade, independente se for por meios realistas ou cômicos. Seu pé na realidade lhe garante veracidade enquanto que o outro na ficção concede liberdade para o exagero, de modo que até mesmo realce a própria realidade mencionada antes.  

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