domingo , 24 novembro , 2024

Caçadores de Obras-Primas

YouTube video

George Clooney e Grant Heslov colaboram mais uma vez, em seu projeto mais irregular 

Planejado inicialmente para estrear no fim do ano passado, o que o traria diretamente para a corrida deste Oscar, Caçadores de Obras-Primas é o quinto filme dirigido pelo astro George Clooney. O status do ator como diretor é tanto que tenho certeza de que não fui o único que acreditava que seu novo filme seria um dos chamarizes desta nova edição do Oscar. Vejam por este prisma: seu filme de estreia (Confissões de uma Mente Perigosa, 2002) foi sucesso no Festival de Berlim, Boa Noite e Boa Sorte (2005) foi indicado para seis Oscar – incluindo melhor filme e Tudo Pelo Poder (2011) recebeu indicações no Globo de Ouro e Oscar.

É seguro dizer que Clooney, o diretor, possui o prestígio da Academia. Sua desistência da disputa poderia ser explicada pela quantidade de produções de grande nível candidatadas. O lançamento em janeiro, época para projetos “abandonados” pelos estúdios, causa suspeitas. E essas desconfianças tornam-se verdade uma vez tendo assistido ao produto final. Caçadores de Obras-Primas é o primo pobre, distante e sem graça de Bastardos Inglórios. Baseado no livro de Robert M. Edsel e Bret Witter, o filme usa como tema a missão de historiadores e eruditos alistados na Segunda Guerra Mundial, com a finalidade de resgatar obras de arte e artefatos históricos das mãos dos nazistas.



2

Tais objetos estavam com os dias contados, já que Hitler havia ordenado sua destruição. Muitos inclusive não conseguiram salvação e outros ainda encontram-se perdidos. Adaptado para o cinema por Grant Heslov (parceiro de Clooney em Boa Noite e Boa Sorte e Tudo Pelo Poder) e pelo próprio diretor, Caçadores soa como uma obra inacabada, picotada por algum motivo, aonde deixaram de fora as partes realmente interessante. O filme abusa da exposição ao fazer os personagens martelarem a trama o tempo todo para o público. Um dos grandes defeitos, talvez o principal, é fazer uso de diversos personagens – todos interpretados pela nata de Hollywood, sem que seu desenvolvimento seja apropriado.

E assim seguem cenas que não dão em nada, subtramas abandonadas e personagens cuja importância temos que aprender depois da morte (e sem senti-la). Existe, por exemplo, uma desavença entre os personagens do grande Bill Murray (completamente desperdiçado) e Bob Balaban que nunca ficamos sabendo o motivo e que ao mesmo tempo não leva a nada. Em um momento de tensão, os dois ao lado de um soldado nazista mantém a calma ao dividirem um cigarro. A falta de diálogos, ou piadas sequer, torna a cena falha e esquecível. O mesmo pode ser dito de John Goodman, Jean Dujardin (O Artista), do próprio Clooney e o resto do elenco. Seus personagens poderiam ser interpretados por qualquer ator.

3

O texto de Clooney não lhes permite espaço para brilhar. Outro grande desperdício é com Cate Blanchett, a atriz indicada ao Oscar pela obra-prima Blue Jasmine fica à deriva com sua personagem, a valente viúva francesa e curadora de um museu, que auxilia os soldados americanos em sua busca. Matt Damon é seu contato e os dois iniciam um relacionamento de carinho e confiança, que mais uma vez não chega a lugar algum.

As tentativas de humor são simplistas e também fracassam. O maior exemplo é quando Damon pisa em uma mina terrestre dentro de uma caverna, ao que os outros repetem a mesma frase: “Mas por que você iria fazer isso?”. Infelizmente Clooney utiliza o mais baixo denominador comum. Nem mesmo as cenas de ação possuem magnitude. E ao desfecho o cineasta tenta passar emoção com um discurso (utilizando seu próprio pai como seu personagem mais velho), que realmente não será sentida nem mesmo pelo maior entusiasta de artes.

YouTube video

Mais notícias...

Artigo anterior
Próximo artigo

Siga-nos!

2,000,000FãsCurtir
372,000SeguidoresSeguir
1,620,000SeguidoresSeguir
195,000SeguidoresSeguir
162,000InscritosInscrever

ÚLTIMAS NOTÍCIAS

MATÉRIAS

CRÍTICAS

Caçadores de Obras-Primas

YouTube video

George Clooney e Grant Heslov colaboram mais uma vez, em seu projeto mais irregular 

Planejado inicialmente para estrear no fim do ano passado, o que o traria diretamente para a corrida deste Oscar, Caçadores de Obras-Primas é o quinto filme dirigido pelo astro George Clooney. O status do ator como diretor é tanto que tenho certeza de que não fui o único que acreditava que seu novo filme seria um dos chamarizes desta nova edição do Oscar. Vejam por este prisma: seu filme de estreia (Confissões de uma Mente Perigosa, 2002) foi sucesso no Festival de Berlim, Boa Noite e Boa Sorte (2005) foi indicado para seis Oscar – incluindo melhor filme e Tudo Pelo Poder (2011) recebeu indicações no Globo de Ouro e Oscar.

É seguro dizer que Clooney, o diretor, possui o prestígio da Academia. Sua desistência da disputa poderia ser explicada pela quantidade de produções de grande nível candidatadas. O lançamento em janeiro, época para projetos “abandonados” pelos estúdios, causa suspeitas. E essas desconfianças tornam-se verdade uma vez tendo assistido ao produto final. Caçadores de Obras-Primas é o primo pobre, distante e sem graça de Bastardos Inglórios. Baseado no livro de Robert M. Edsel e Bret Witter, o filme usa como tema a missão de historiadores e eruditos alistados na Segunda Guerra Mundial, com a finalidade de resgatar obras de arte e artefatos históricos das mãos dos nazistas.

2

Tais objetos estavam com os dias contados, já que Hitler havia ordenado sua destruição. Muitos inclusive não conseguiram salvação e outros ainda encontram-se perdidos. Adaptado para o cinema por Grant Heslov (parceiro de Clooney em Boa Noite e Boa Sorte e Tudo Pelo Poder) e pelo próprio diretor, Caçadores soa como uma obra inacabada, picotada por algum motivo, aonde deixaram de fora as partes realmente interessante. O filme abusa da exposição ao fazer os personagens martelarem a trama o tempo todo para o público. Um dos grandes defeitos, talvez o principal, é fazer uso de diversos personagens – todos interpretados pela nata de Hollywood, sem que seu desenvolvimento seja apropriado.

E assim seguem cenas que não dão em nada, subtramas abandonadas e personagens cuja importância temos que aprender depois da morte (e sem senti-la). Existe, por exemplo, uma desavença entre os personagens do grande Bill Murray (completamente desperdiçado) e Bob Balaban que nunca ficamos sabendo o motivo e que ao mesmo tempo não leva a nada. Em um momento de tensão, os dois ao lado de um soldado nazista mantém a calma ao dividirem um cigarro. A falta de diálogos, ou piadas sequer, torna a cena falha e esquecível. O mesmo pode ser dito de John Goodman, Jean Dujardin (O Artista), do próprio Clooney e o resto do elenco. Seus personagens poderiam ser interpretados por qualquer ator.

3

O texto de Clooney não lhes permite espaço para brilhar. Outro grande desperdício é com Cate Blanchett, a atriz indicada ao Oscar pela obra-prima Blue Jasmine fica à deriva com sua personagem, a valente viúva francesa e curadora de um museu, que auxilia os soldados americanos em sua busca. Matt Damon é seu contato e os dois iniciam um relacionamento de carinho e confiança, que mais uma vez não chega a lugar algum.

As tentativas de humor são simplistas e também fracassam. O maior exemplo é quando Damon pisa em uma mina terrestre dentro de uma caverna, ao que os outros repetem a mesma frase: “Mas por que você iria fazer isso?”. Infelizmente Clooney utiliza o mais baixo denominador comum. Nem mesmo as cenas de ação possuem magnitude. E ao desfecho o cineasta tenta passar emoção com um discurso (utilizando seu próprio pai como seu personagem mais velho), que realmente não será sentida nem mesmo pelo maior entusiasta de artes.

YouTube video
Artigo anterior
Próximo artigo

Siga-nos!

2,000,000FãsCurtir
372,000SeguidoresSeguir
1,620,000SeguidoresSeguir
195,000SeguidoresSeguir
162,000InscritosInscrever

ÚLTIMAS NOTÍCIAS

MATÉRIAS

CRÍTICAS