domingo , 22 dezembro , 2024

Cannes 2021 | Titane é o Vencedor da Palma de Ouro e Diretora faz discurso Emocionante

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Neste sábado, dia 17 de julho, a 74ª edição do Festival de Cannes chegou ao fim com a consagração do perturbador e nauseante Titane, segundo filme da diretora francesa Julia Ducournau (Grave). Ela tornou-se a segunda diretora a ganhar o maior prêmio do evento, seguindo Jane Campion, por O Piano (1993), a qual obteve um empate com Adeus, Minha Concubina (1993), de Kaige Chen. Julia Ducournau é, portanto, a primeira mulher a ganhar sozinha a maior láurea do Festival de Cannes

Leia também: Crítica | Titane | Outra vez Julia Ducournau faz a plateia passar mal, mas não seduz



Emocionada e surpresa com a premiação, Julia Ducournau subiu ao palco ao lado dos atores Agathe Rousselle e Vincent Lindon e agradeceu principalmente ao júri e ao presidente Spike Lee por escolher um filme fora dos “padrões” do evento. “Obrigada júri por aclamar por mais diversidade no cinema e em nossas vidas. Obrigada, júri, por deixar entrar os monstros”, declarou a diretora no Théâtre Lumière.

Sharon Stone entrega a Palma de Ouro a Julia Ducournau. (Foto: © Andreas Rentz / Getty Images)

Em um discurso tocante e repleto de lágrimas, Julia Ducournau agradeceu também aos atores, produtores, distribuidores e aos seus pais por apoiá-la e deixá-la ser livre. Leia abaixo as palavras de agradecimento da ganhadora de 2021: 

Assista também:
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Quando eu era pequena, era um ritual assistir a cerimônia na televisão com os meus pais e, nessa época, eu tinha certeza que todos os filmes premiados deviam ser perfeitos, porque eles tinham a honra de estar neste palco… E, esta noite, eu estou neste palco e eu sei que o meu filme não é perfeito. Eu sei que meu filme não é perfeito, mas eu acho que nenhum filme é perfeito aos olhos daqueles que o fizeram. Dizem que ele é monstruoso. 

Agora que me tornei adulta e diretora me dei conta que a perfeição é uma ilusão passada… E a monstruosidade, que assusta algumas pessoas e permeia o meu trabalho, é uma arma, uma força para repelir o mundo da normatividade que nos cerceia e nos separa. Há tanta beleza, emoção, liberdade a serem descobertas no que não se pode colocar numa caixa…

Quero agradecê-los infinitamente. Ao júri, por reconhecer com esse prêmio a necessidade ávida e visceral que temos de um mundo mais inclusivo e fluído. Obrigado ao júri por aclamar por mais diversidade no cinema e em nossas vidas. Obrigada, júri, por deixar entrar os monstros”. 

Antes desse momento, o presidente do júri Spike Lee quase estragou o fim da festa ao anunciar logo no início o vencedor da Palme d’Or. É rápido, mas é perceptível a palavra ‘Titane’. O rosto de desespero de Mélanie Laurent é compreensível, assim como resto da reação do júri. Veja o vídeo:

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Entre os demais prêmios da noite, o ator norte-americano Caleb Landry Jones ganhou o de interpretação masculina, por seu papel em Nitram, enquanto a atriz Renate Reinsve recebeu a láurea feminina por The Worst Person in the World (A Pior Pessoa do Mundo). Já o diretor israelense Nadav Lapid (Ahed’s Knee) e o tailandês Apichatpong Weerasethakul (Memoria) compartilharam um empate no Prêmio do Júri. 

A Melhor Direção foi dada para Leos Carax pela ópera rock Annette, filme de abertura do Festival. O encerramento da 74ª edição também foi marcada pela entrega da Palma de Honra ao diretor italiano Marco Bellocchio, responsável por filmes como Vincere (2009) e O Traidor (2019). A atriz e diretora Jodie Foster recebeu a mesma honraria na cerimônia de abertura.

Veja a lista de todos os premiados:

Palme d’or: Titane, de Julia Ducournau
Grand prix ex aequo: A Hero, de Asghar Farhadi e Compartiment Nº 6, de Juho Kuosmanen
Interpretação Masculina: Caleb Landry Jones (Nitram)
Prêmio do Júri ex aequo: Ahed’s Knee, de Nadav Lapid e Memoria, de Apichatpong Weerasethakul
Direção: Annette, de Leos Carax
Interpretação feminina: Renate Reinsve (The Worst Person in the World)
Roteiro: Drive my car, de Ryūsuke Hamaguchi e Takamasa Oe
Caméra d’or (Câmera de Ouro – Primeiro Filme): Murina, de Antoneta Alamat Kusijanovic
Palme d’or de curta-metragem: Tous les corbeaux du monde, de Tang Yi
Menção Especial de curta-metragem: Céu de Agosto,  de Jasmin Tenucci
Prêmio Un Certain Regard: Les Poings Desserres, de Kira Kovalenko

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Letícia Alassë
Crítica de Cinema desde 2012, jornalista e pesquisadora sobre comunicação, cultura e psicanálise. Mestre em Cultura e Comunicação pela Universidade Paris VIII, na França e membro da Associação Brasileira de Críticos de Cinema (Abraccine). Nascida no Rio de Janeiro e apaixonada por explorar o mundo tanto geograficamente quanto diante da tela.

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Neste sábado, dia 17 de julho, a 74ª edição do Festival de Cannes chegou ao fim com a consagração do perturbador e nauseante Titane, segundo filme da diretora francesa Julia Ducournau (Grave). Ela tornou-se a segunda diretora a ganhar o maior prêmio do evento, seguindo Jane Campion, por O Piano (1993), a qual obteve um empate com Adeus, Minha Concubina (1993), de Kaige Chen. Julia Ducournau é, portanto, a primeira mulher a ganhar sozinha a maior láurea do Festival de Cannes

Leia também: Crítica | Titane | Outra vez Julia Ducournau faz a plateia passar mal, mas não seduz

Emocionada e surpresa com a premiação, Julia Ducournau subiu ao palco ao lado dos atores Agathe Rousselle e Vincent Lindon e agradeceu principalmente ao júri e ao presidente Spike Lee por escolher um filme fora dos “padrões” do evento. “Obrigada júri por aclamar por mais diversidade no cinema e em nossas vidas. Obrigada, júri, por deixar entrar os monstros”, declarou a diretora no Théâtre Lumière.

Sharon Stone entrega a Palma de Ouro a Julia Ducournau. (Foto: © Andreas Rentz / Getty Images)

Em um discurso tocante e repleto de lágrimas, Julia Ducournau agradeceu também aos atores, produtores, distribuidores e aos seus pais por apoiá-la e deixá-la ser livre. Leia abaixo as palavras de agradecimento da ganhadora de 2021: 

Quando eu era pequena, era um ritual assistir a cerimônia na televisão com os meus pais e, nessa época, eu tinha certeza que todos os filmes premiados deviam ser perfeitos, porque eles tinham a honra de estar neste palco… E, esta noite, eu estou neste palco e eu sei que o meu filme não é perfeito. Eu sei que meu filme não é perfeito, mas eu acho que nenhum filme é perfeito aos olhos daqueles que o fizeram. Dizem que ele é monstruoso. 

Agora que me tornei adulta e diretora me dei conta que a perfeição é uma ilusão passada… E a monstruosidade, que assusta algumas pessoas e permeia o meu trabalho, é uma arma, uma força para repelir o mundo da normatividade que nos cerceia e nos separa. Há tanta beleza, emoção, liberdade a serem descobertas no que não se pode colocar numa caixa…

Quero agradecê-los infinitamente. Ao júri, por reconhecer com esse prêmio a necessidade ávida e visceral que temos de um mundo mais inclusivo e fluído. Obrigado ao júri por aclamar por mais diversidade no cinema e em nossas vidas. Obrigada, júri, por deixar entrar os monstros”. 

Antes desse momento, o presidente do júri Spike Lee quase estragou o fim da festa ao anunciar logo no início o vencedor da Palme d’Or. É rápido, mas é perceptível a palavra ‘Titane’. O rosto de desespero de Mélanie Laurent é compreensível, assim como resto da reação do júri. Veja o vídeo:

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Entre os demais prêmios da noite, o ator norte-americano Caleb Landry Jones ganhou o de interpretação masculina, por seu papel em Nitram, enquanto a atriz Renate Reinsve recebeu a láurea feminina por The Worst Person in the World (A Pior Pessoa do Mundo). Já o diretor israelense Nadav Lapid (Ahed’s Knee) e o tailandês Apichatpong Weerasethakul (Memoria) compartilharam um empate no Prêmio do Júri. 

A Melhor Direção foi dada para Leos Carax pela ópera rock Annette, filme de abertura do Festival. O encerramento da 74ª edição também foi marcada pela entrega da Palma de Honra ao diretor italiano Marco Bellocchio, responsável por filmes como Vincere (2009) e O Traidor (2019). A atriz e diretora Jodie Foster recebeu a mesma honraria na cerimônia de abertura.

Veja a lista de todos os premiados:

Palme d’or: Titane, de Julia Ducournau
Grand prix ex aequo: A Hero, de Asghar Farhadi e Compartiment Nº 6, de Juho Kuosmanen
Interpretação Masculina: Caleb Landry Jones (Nitram)
Prêmio do Júri ex aequo: Ahed’s Knee, de Nadav Lapid e Memoria, de Apichatpong Weerasethakul
Direção: Annette, de Leos Carax
Interpretação feminina: Renate Reinsve (The Worst Person in the World)
Roteiro: Drive my car, de Ryūsuke Hamaguchi e Takamasa Oe
Caméra d’or (Câmera de Ouro – Primeiro Filme): Murina, de Antoneta Alamat Kusijanovic
Palme d’or de curta-metragem: Tous les corbeaux du monde, de Tang Yi
Menção Especial de curta-metragem: Céu de Agosto,  de Jasmin Tenucci
Prêmio Un Certain Regard: Les Poings Desserres, de Kira Kovalenko

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Letícia Alassë
Crítica de Cinema desde 2012, jornalista e pesquisadora sobre comunicação, cultura e psicanálise. Mestre em Cultura e Comunicação pela Universidade Paris VIII, na França e membro da Associação Brasileira de Críticos de Cinema (Abraccine). Nascida no Rio de Janeiro e apaixonada por explorar o mundo tanto geograficamente quanto diante da tela.

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