sábado , 23 novembro , 2024

Cannes 2023 | Exclusivo | Após lançamento de Retratos Fantasmas, Kleber Mendonça Filho planeja filme com Wagner Moura nos anos 1970

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Em Sessão Especial em Cannes, no último sábado, dia 19 de maio, Kleber Mendonça Filho realizou o lançamento do seu documentário Retratos Fantasmas, seu quinto longa-metragem. Fruto de sete anos de trabalho de pesquisa, o projeto é composto 60% por fotografias e vídeos de acervos pessoais, da produção pernambucana de cinema, televisão e outras instituições. 

Em bate-papo exclusivo com o CinePOP, o diretor dos premiados O Som ao Redor (2012), Aquarius (2016) e Bacurau (2019) fala do processo de montagem do filme, suas inspirações e seu próximo projeto com Wagner Moura



Leticia Alassë e Kleber Mendonça Filho no Festival de Cannes 2023

Começo do projeto Retratos Fantasmas

Ele é todo composto por pedaços de imagens, fotografias, lembranças e um texto que precisava ser escrito para fazer aquilo funcionar”, comenta Kleber Mendonça Filho sobre o seu processo criativo. Com o título advindo de uma foto com um borrão fantasmagórico do arquivo pessoal do cineasta, Retratos Fantasmas foi um árduo processo de encaixe.

Segundo Mendonça Filho, no início, a montagem do filme não estava funcionando por conta da narração. O destrave, no entanto, ocorreu quando o diretor começou a escrever o roteiro de Agente Secreto, seu próximo filme ambientado em 1977. 

Escrevendo Agente Secreto, eu comecei a entender melhor Retratos Fantasmas, porque o primeiro se passa no centro de Recife. (…) Da mesma maneira, quando voltei para o projeto Agente Secreto, o roteiro do filme ficou muito melhor. Ou seja, foi o intercâmbio de dois filmes completamente diferentes.”, explica o Kleber. 

Referências de documentários 

Kleber elegeu dois “santos padroeiros” para este projeto: Manoel de Oliveira e Agnès Varda. O primeiro lhe ajudou a conceber a ideia dos espaços da sua casa a partir da obra Visita ou Memórias e Confissões (1982), filme­­ autobiográfico sobre a vida e a casa do cineasta Manoel de Oliveira (1908-2015). 

A partir de confissões e reminiscências, o documentário relata a importância da residência na vida do diretor português, sendo apresentado somente depois de sua morte.Eu o vi aqui em Cannes, em 2015, quando finalmente foi mostrado e, nessa época, eu já tinha o projeto do que viria a ser Retratos Fantasmas. (…) Ele me deu uma base emotiva e estética para fazer meu filme”; confessa o brasileiro.  

Documentário Retratos Fantasmas, de Kléber Mendonça Filho, estreia em Sessão Especial em Cannes.

Na época da montagem, os documentários de Agnés Varda foram lançados na plataforma de streaming MUBI e o processo de se colocar na história da cineasta franco-belga também o ajudou a compôr sua própria assinatura. Além das cenas de seus filmes e arquivos da cidade de Recife, os filhos do diretor estão presentes em seus momentos em família, assim como a memória da sua mãe historiadora. 

Política nacional no cinema

Com a linguagem documental na sua cinematografia, desde Crítico, Kleber Mendonça Filho não pensa em retratar a política brasileira no cinema. De acordo com ele, Pedra Costa e Maria Augusta Ramos fazem trabalhos maravilhosos nesse aspecto, mas seu interesse é sobre a lógica das pessoas na sociedade. 

Os filmes que eu faço são sobre a vida no mundo e quando você fala sobre a vida, naturalmente aspectos políticos surgem. Aquarius, por exemplo, é sobre uma mulher que não aceita a proposta de alguns homens e a sua renúncia torna-se um ato político. (…) Bacurau é um faroeste de aventura, mas torna-se muito político porque fala das relações de poder no Brasil. (…) Prefiro fazer filmes sobre a vida em sociedade e a lógica das pessoas e sobre a história também, eu gosto muito de filmes de história.”

Wagner Moura em Agente Secreto

Após o lançamento de Retratos Fantasmas, previsto para o segundo semestre deste ano nos cinemas brasileiros, Kleber Mendonça Filho planeja começar as filmagens do seu projeto com Wagner Moura. Com o título de Agente Secreto, o diretor já adianta o período e a localização na cidade de Recife. 

Espero filmar no próximo ano. É um filme de ficção e se passa em 1977, mas não é sobre a ditadura, é sobre o Brasil quase 50 anos atrás. Um retrato bem áspero. O Brasil ainda tem muitos problemas, mas 50 anos atrás era bem mais hard. É um thriller de aventura e eu estou querendo muito filmar.”, declara Kleber entusiasmado com o futuro trabalho. 

Veja a entrevista completa no video abaixo: 

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Letícia Alassë
Crítica de Cinema desde 2012, jornalista e pesquisadora sobre comunicação, cultura e psicanálise. Mestre em Cultura e Comunicação pela Universidade Paris VIII, na França e membro da Associação Brasileira de Críticos de Cinema (Abraccine). Nascida no Rio de Janeiro e apaixonada por explorar o mundo tanto geograficamente quanto diante da tela.

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Em bate-papo exclusivo com o CinePOP, o diretor dos premiados O Som ao Redor (2012), Aquarius (2016) e Bacurau (2019) fala do processo de montagem do filme, suas inspirações e seu próximo projeto com Wagner Moura

Leticia Alassë e Kleber Mendonça Filho no Festival de Cannes 2023

Começo do projeto Retratos Fantasmas

Ele é todo composto por pedaços de imagens, fotografias, lembranças e um texto que precisava ser escrito para fazer aquilo funcionar”, comenta Kleber Mendonça Filho sobre o seu processo criativo. Com o título advindo de uma foto com um borrão fantasmagórico do arquivo pessoal do cineasta, Retratos Fantasmas foi um árduo processo de encaixe.

Segundo Mendonça Filho, no início, a montagem do filme não estava funcionando por conta da narração. O destrave, no entanto, ocorreu quando o diretor começou a escrever o roteiro de Agente Secreto, seu próximo filme ambientado em 1977. 

Escrevendo Agente Secreto, eu comecei a entender melhor Retratos Fantasmas, porque o primeiro se passa no centro de Recife. (…) Da mesma maneira, quando voltei para o projeto Agente Secreto, o roteiro do filme ficou muito melhor. Ou seja, foi o intercâmbio de dois filmes completamente diferentes.”, explica o Kleber. 

Referências de documentários 

Kleber elegeu dois “santos padroeiros” para este projeto: Manoel de Oliveira e Agnès Varda. O primeiro lhe ajudou a conceber a ideia dos espaços da sua casa a partir da obra Visita ou Memórias e Confissões (1982), filme­­ autobiográfico sobre a vida e a casa do cineasta Manoel de Oliveira (1908-2015). 

A partir de confissões e reminiscências, o documentário relata a importância da residência na vida do diretor português, sendo apresentado somente depois de sua morte.Eu o vi aqui em Cannes, em 2015, quando finalmente foi mostrado e, nessa época, eu já tinha o projeto do que viria a ser Retratos Fantasmas. (…) Ele me deu uma base emotiva e estética para fazer meu filme”; confessa o brasileiro.  

Documentário Retratos Fantasmas, de Kléber Mendonça Filho, estreia em Sessão Especial em Cannes.

Na época da montagem, os documentários de Agnés Varda foram lançados na plataforma de streaming MUBI e o processo de se colocar na história da cineasta franco-belga também o ajudou a compôr sua própria assinatura. Além das cenas de seus filmes e arquivos da cidade de Recife, os filhos do diretor estão presentes em seus momentos em família, assim como a memória da sua mãe historiadora. 

Política nacional no cinema

Com a linguagem documental na sua cinematografia, desde Crítico, Kleber Mendonça Filho não pensa em retratar a política brasileira no cinema. De acordo com ele, Pedra Costa e Maria Augusta Ramos fazem trabalhos maravilhosos nesse aspecto, mas seu interesse é sobre a lógica das pessoas na sociedade. 

Os filmes que eu faço são sobre a vida no mundo e quando você fala sobre a vida, naturalmente aspectos políticos surgem. Aquarius, por exemplo, é sobre uma mulher que não aceita a proposta de alguns homens e a sua renúncia torna-se um ato político. (…) Bacurau é um faroeste de aventura, mas torna-se muito político porque fala das relações de poder no Brasil. (…) Prefiro fazer filmes sobre a vida em sociedade e a lógica das pessoas e sobre a história também, eu gosto muito de filmes de história.”

Wagner Moura em Agente Secreto

Após o lançamento de Retratos Fantasmas, previsto para o segundo semestre deste ano nos cinemas brasileiros, Kleber Mendonça Filho planeja começar as filmagens do seu projeto com Wagner Moura. Com o título de Agente Secreto, o diretor já adianta o período e a localização na cidade de Recife. 

Espero filmar no próximo ano. É um filme de ficção e se passa em 1977, mas não é sobre a ditadura, é sobre o Brasil quase 50 anos atrás. Um retrato bem áspero. O Brasil ainda tem muitos problemas, mas 50 anos atrás era bem mais hard. É um thriller de aventura e eu estou querendo muito filmar.”, declara Kleber entusiasmado com o futuro trabalho. 

Veja a entrevista completa no video abaixo: 

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Crítica de Cinema desde 2012, jornalista e pesquisadora sobre comunicação, cultura e psicanálise. Mestre em Cultura e Comunicação pela Universidade Paris VIII, na França e membro da Associação Brasileira de Críticos de Cinema (Abraccine). Nascida no Rio de Janeiro e apaixonada por explorar o mundo tanto geograficamente quanto diante da tela.

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