Nunca antes o Festival de Cannes selecionou tantas diretoras em uma competição oficial. Este ano, são sete, contra 14 homens, ou seja, um terço na disputa pela Palma de Ouro. Uma delas pode se tornar a terceira mulher a obtê-la dois anos depois da francesa Julia Ducournau e 30 anos depois de Jane Campion. Guarde na memória os nomes abaixo!
Catherine Breillat
Grande nome do cinema francês por quase 50 anos, Catherine Breillat dirigiu filmes de sucesso de crítica como Parfait amour! (1996) e Romance (1999). Versátil na profissão e polêmica pela temática sexual, ela já atuou como atriz, romancista e roteirista, contribuindo com Federico Fellini (E la Nave Va, 1983) e Maurice Pialat (Polícia, 1985).
Esta é sua segunda apresentação em Cannes, a primeira foi com o controverso A Última Amante, em 2007. Desta vez, Breillat apresenta O Último Verão (L’Été Dernier), uma história de amor entre uma mulher e seu enteado.
Justine Triet
Segunda francesa da lista, Justine Triet concorre pela segunda vez à Palma de Ouro. Em 2019, ela subiu os degraus do Palácio do Festival grávida de oito meses ao lado de Virginia Elfira, Adèle Exarchopoulos e o saudoso Gaspard Ulliel, para a promoção do elogiado Sibyl.
Dessa vez, a diretora de 44 anos apresentará Anatomia de uma Queda (Anatomie d’une Chute), um drama policial que conta o julgamento de uma mulher acusada do assassinato do marido.
Catherine Corsini
Inicialmente demitida devido a acusações de assédio moral no set de seu último filme, Catherine Corsini foi adicionada à lista aos 45 minutos do segundo tempo. A terceira francesa na competição é presença habitual na Croisette, desde que foi membro do júri de curtas-metragens em 2004 e presidente do júri da Caméra d’Or em 2016.
Em 2021, ele ganhou a Palma Queer, por melhor filme LGBTQIA + na Seleção Oficial, com a comédia A Fratura. Sua obra mais conhecida é o romance Um Amor Impossível, no qual Virginia Elfira e Niels Schneider contracenaram juntos e tornaram-se um casal na vida real. Desta vez em competição, com O Retorno (Le Retour), ela se prepara para responder às polêmicas do drama envolvendo cena de sexo com um menor de idade.
Jessica Hausner
Nascida na Áustria, Jessica Hausner alcançou notoriedade internacional em 2000 com Lovely Rita, o retrato de uma jovem pouco à vontade no meio familiar. Em seguida, a diretora lança o thriller psicológico Hotel (2004).
Após participar da seleção oficial em Cannes com o filme Little Joe (2019), a austríaca foi membro do júri em 2021, presidido por Spike Lee. Este ano, a cineasta compete com o suspense Club Zero, no qual uma professora cria um misterioso clube fechado de educação alimentar numa escola do Ensino Médio.
Alice Rohrwacher
Conhecida da Croisette, Alice Rohrwacher já ganhou dois prêmios em competição em Cannes. O primeiro foi o Grand Prix do Júri por As Maravilhas (2014), em seguida o prêmio de roteiro por Feliz como Lázaro (2018).
Irmã da atriz Alba Rohrwacher, ambas trabalharam juntas no curta-metragem Le Pupille (2022) [disponível no Disney +] nomeado ao Oscar. Membro do júri em 2019, Alice Rohrwacher apresentará La Chimera na disputa pela Palma de Ouro. O elenco conta com a brasileira Carol Duarte e narra a trajetória de ladrões de sepultura e sítios arqueológicos.
Kaouther Ben Hania
Ascensão do cinema mundial, Kaouther Ben Hania tornou-se a primeira tunisiana indicada ao Oscar de filme estrangeiro, por O Homem que Vendeu sua Pele, em 2021. Ex-aluna da Escola de Artes e Cinema de Tunis, a cineasta deu seus primeiros passos na apresentação do angustiante A Bela e os Cães, em 2017 na seção Un Certain Regard.
Após esse dois sucesso, discutindo o contexto político de seu país depois da Primavera Árabe, Kaouther Ben Hania mostra na Croisette o documentário As Filhas de Olfa (Les Filles d’Olfa), no qual a mãe de quatro meninas luta para encontrar duas delas desaparecidas.
Ramata-Toulaye Sy
Após várias figurinhas repetidas, o Festival abre espaço para novatas como Ramata-Toulaye Sy. A senegalesa concorre à Palma de Ouro com seu primeiro filme, Banel & Adama, cujo roteiro é retirado de seu trabalho de graduação em La Fémis, famosa escola de cinema de Paris.
Antes de ir para trás das câmeras, Ramata-Toulaye Sy trabalhou como roteirista. Em particular ao lado de Atiq Rahimi, membro do júri este ano, com quem colaborou para a adaptação cinematográfica do romance Notre-Dame du Nil.
No total, o Festival de Cannes selecionou 19 filmes dirigidos por mulheres na Seleção Oficial.