No quinto dia do Festival de Cannes 2025, o trabalho foi longo, intenso e absolutamente cinematográfico – uma verdadeira maratona que começou às 8h30 da manhã e só terminou à noite.
O destaque do dia vai para La Petite Dernière, terceiro longa da atriz e diretora franco-tunisiana Hafsia Herzi. Com uma abordagem delicada e potente, o filme mergulha nas contradições de uma jovem argelina muçulmana que precisa conciliar sua fé islâmica com o despertar de sua sexualidade como mulher lésbica. O conflito é tratado com intimismo e sensibilidade, e a direção de Herzi propõe um olhar profundo sobre identidade, repressão e desejo. O favorito à Palma Queer deste ano, que conta com a presença de Marcelo Caetano, diretor de Baby, no júri.
Já o cinema japonês trouxe um drama mais lírico e emocional, centrado na visão de uma menina de 11 anos cujo pai enfrenta um câncer terminal. A obra mistura dor, imaginação e fantasia, explorando o papel das histórias como mecanismo de defesa – e possível armadilha. Embora visualmente belo, o filme pode provocar certa exaustão emocional ao longo da projeção.
Estreia atrás das câmeras: Harris Dickinson
Outro nome que despontou foi Harris Dickinson, que estreia na direção antes mesmo dos 30 anos com Urchin, um retrato cru e sincero de um dependente químico em processo (ou tentativa) de recuperação. O protagonista, apesar de ter todo o “potencial para dar certo”, mergulha repetidamente no caos sem que o filme ofereça explicações fáceis. O resultado é um retrato rcomovente de recaídas silenciosas, tão comuns quanto invisíveis.
Durante a apresentação do filme, Harris Dickinson mostrou-se visivelmente tímido ao comentar sobre seu trabalho como diretor. Ele parecia mais confortável em deixar que o filme falasse por si. A produção, protagonizada por Frank Dillane – conhecido por seu papel marcante em Fear The Walking Dead – foi calorosamente recebida, com aplausos que duraram vários minutos após a exibição. Entre os presentes na plateia, um dos rostos mais reconhecíveis era Paul Mescal.
Os Melhores do Dia: Richard Linklater e Pedro Pascal
Nouvelle Vague, de Richard Linklater, foi o grande evento do dia. Uma ode ao cinema francês dos anos 1960, o longa resgata o processo caótico, porém genial, de produção de Acossado, clássico de Jean-Luc Godard. Com atuações impecáveis e uma reconstituição de época primorosa, o filme emociona e fascina quem ama bastidores, cinebiografias e o legado da Cahiers du Cinéma. Para mim, é o melhor filme da competição até agora – e forte candidato a disputar prêmios maiores, incluindo uma campanha robusta para o Oscar 2026.
Além dos filmes, o dia também contou com a coletiva de imprensa de Endington, cujas primeiras impressões você já encontra no site. E para quem ama bastidores e cultura pop: Pedro Pascal roubou os flashes ao aparecer com regata, exibindo o novo visual para seu papel como super-heroi na Marvel, em breve nos cinemas.
Continuem acompanhando nossas coberturas, stories, reels e críticas completas. O festival segue a todo vapor e ainda temos muito cinema pela frente!
