A Marvel Studios está de parabéns. Uma das maiores forças empresariais do nosso tempo, a Marvel tem uma história tão interessante quanto suas criações. De editora de quadrinhos a uma das mais rentáveis máquinas de cinema de Hollywood, são mais de 70 anos de história. Algo que merece no mínimo o nosso respeito. No percurso de altos e baixos, chegamos ao presente, dizendo de forma segura que a transição para o cinema foi feita de forma satisfatória.
Desde que recuperou os direitos da maioria de seus personagens, a empresa emplacou um sucesso atrás do outro. E conseguiu ir além inclusive dos antigos estúdios portadores de suas propriedades, vide a Fox (X-Men e Quarteto Fantástico) e a Sony (Homem-Aranha). São nove filmes do estúdio, sendo este Capitão América: O Soldado Invernal (ainda bem que decidiram optar mesmo pelo título original), o terceiro da chamada fase dois – que serão sempre fechadas por um filme dos Vingadores.
Dentro de seus próprios direitos, a Marvel cria filmes de heróis bem diferentes entre si. Temos explorados, mundos tecnológicos (Homem de Ferro), mundos de fantasia (Thor), sagas espaciais (Os Guardiões da Galáxia, que estreia em breve) e com Capitão América 2, temos suprida a necessidade de thriller de ação e espionagem. Como já foi muito dito, o segundo Capitão América é o Bourne dos filmes da Marvel. E logo na primeira cena temos um gostinho disso, quando o protagonista, ao lado de sua equipe de agentes treinados da SHIELD, invadem um navio sequestrado por piratas. A ação é de tirar o fôlego.
Com um elenco maior e mais tempo para o desenvolvimento da trama (são 136 minutos nesta continuação), o novo filme traz a ação da Segunda Guerra Mundial para os tempos atuais e acrescenta toda a relevância e urgência da era da perda da privacidade imposta pela própria bandeira vestida pelo herói. Em um determinado momento, o protagonista Steve Rogers (Chris Evans), o homem fora de seu tempo, questiona os princípios do superior Nick Fury (Samuel L. Jackson) num pequeno debate sobre liberdade e medo. Mas o que acontece quando o próprio Fury é traído pelo que conhecia como certo?
O segundo Capitão América pega como gancho a trama dos quadrinhos O Soldado Invernal, que fala justamente sobre o surgimento de um implacável e misterioso antagonista, saído do passado do herói. Vilão esse que a maioria dos fãs já deve estar ciente de sua identidade e caso não saibam, eu não serei o portador da notícia. Mas o filme dos irmãos Russo ainda possui tempo para desenvolver mais um pouco da Viúva Negra (Scarlett Johansson) e criar um interessante relacionamento de bate e volta entre ela e o Capitão, cujas personalidades não poderiam ser mais distintas.
Atingindo todos os níveis do inusitado, um dos maiores veteranos do cinema norte-americano ainda em atividade, aceita participar do seu primeiro filme de super-herói. Robert Redford, um dos maiores ídolos do cinema, disse em entrevista ter aceitado fazer um filme destes por ser algo totalmente avesso em sua filmografia. Aqui, o monstro sagrado é Alexander Pierce, graúdo da SHIELD, superior inclusive de Fury, que responde diretamente aos líderes mundiais. O personagem de Redford é também um dos mais intrigantes do novo filme e esconde ele mesmo grandes segredos pessoais.
Falcão (Anthony Mackie), Sharon Carter (Emily VanCamp), Maria Hill (Cobie Smulders), Brock Rumlow (Frank Grillo), Arnim Zola (Toby Jones) e até mesmo Peggy Carter (Hayley Atwell) dão as caras. Todos com bastante espaço dentro da trama e com relevância para a história. O ritmo acelerado da obra faz sua longa duração passar desapercebida e com que os críticos que já puderam conferi-lo, o elegessem como um dos melhores filmes do estúdio (incluindo o que vos fala). O interessante do personagem é o nível de realismo que pode ser impresso aqui. Tá certo que corpos (e escudos) ainda voam desafiando a gravidade, mas vocês entenderam.
É curioso também a importância e peso que é dado para Capitão América 2, tudo propositalmente calculado pelos realizadores responsáveis por essa estrutura da casa de ideias. As coisas que acontecem no desfecho do filme irão repercutir diretamente em outras obras deste universo, muitas das quais não terão mais volta. Uma ponta ainda fica para um terceiro filme solo do herói, mas nem pensem em sair antes de todos os créditos (os do meio e os finais), ou perderão a ligação direta com Os Vingadores 2 – A Era de Ultron.